É preciso valorizar mais os psicólogos!



De uns anos para cá, depois que precisei depender essencialmente de meu trabalho para ganhar o pão de cada dia, tornei-me um firme defensor das profissões, buscando compreender melhor as demandas específicas de cada uma delas. Passei a reconhecer tanto o mérito dos trabalhadores de nível básico quanto os de curso superior, chegando à conclusão que a grande maioria não é valorizada aqui no Brasil.

No último domingo (27/08), em que foi comemorado o Dia do Psicólogo, data em que o então presidente João Goulart sancionou a Lei Federal n.º 4.119/62, nem todos sabem o que faz  esse profissional da área da saúde mental que é o responsável por estudar e orientar o comportamento humano. Alguns até hoje ignoram ou estimam em pouco a Psicologia, em que chegam a considerá-la como "ciência inútil" destinada a "gente fresca", justamente por não atentarem para a necessidade cada vez maior de se conhecer a misteriosa mente humana.

Verdade é que o psicólogo, na atualidade, cumpre um papel que é importantíssimo. Hoje ele pode fazer muito mais do que contribuir para cada paciente aprender a lidar com os próprios sentimentos, traumas e crises. Tanto é que a Psicologia vem sendo aplicada a ambientes de trabalhos, escolas, treinamentos militares, audiências judiciais, práticas esportivas, nos testes vocacionais, no trato das empresas com os seus clientes, no cuidado com os animais, etc. Inclusive, nos litígios, muitos acordos são obtidos graças à atuação dos psicólogos, conseguindo eles conciliar conflitos que se arrastavam por anos entre as partes num processo.

Todavia, o que muito me preocupa hoje em dia é o progressivo aumento das doenças psicológicas. Na postagem Tentando compreender a felicidade, publicada aqui dia 25/08, comentei, com base em dados da OMS, que a depressão já atinge 4,4% da população global e 5,8% dos brasileiros. Porém, há outros distúrbios que devem ser considerados também como a ansiedade, a anorexia, o TOC e o transtorno bipolar.

Sinceramente, acredito que todo mundo tem um pouco desses problemas ainda que não se situem dentro de uma condição doentia. Até quem não sofre de anorexia, muitas das vezes se torna um compulsivo por comida e daí temos hoje um surto de obesidade de modo que as clínicas de emagrecimento costumam ter tanto um nutricionista quanto um psicólogo.

Ora, se melhor refletirmos, quantos problemas incapacitantes e que afetam a saúde da coletividade não poderiam ser prevenidos com o apoio da Psicologia?!

Pois bem. Embora hoje as indústrias de medicamentos estejam lucrando horrores com o fato de muita gente andar "surtando", fato é que os governos, instituições, empresas e fundos previdenciários sofrem graves prejuízos financeiros com os trabalhadores dentro de uma faixa etária considerada ativa mas que deixam o mercado de mão-de-obra. Repentinamente, quando milhões profissionais encontram-se no auge da carreira, eles adoecem precisando se afastar de suas atividades laborais e muitos até se aposentam cedo por invalidez.

Minha conclusão é que, juntamente com a valorização dos psicólogos (os salários pagos em várias prefeituras chegam a ser pouco acima do mínimo), os governos precisam de políticas públicas verdadeiramente amplas e presentes. Há que se investir muito mais na área da saúde mental, oferecendo acessivelmente terapias até para quem não se acha numa situação clínica ter a oportunidade de avaliar a si mesmo, corrigindo rotas doentias em seus comportamentos habituais.

Portanto, quero aproveitar este momento para não somente homenagear os nossos psicólogos e também esclarecer a sociedade sobre a importância dos serviços por eles prestados, os quais são da mais alta relevância diante dos desafios a serem enfrentados neste século XXI.

Ótima quarta-feira a todos!

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