A construção do futuro começa cedo




Por Lurdinha Henriques

Crianças desde bem pequenas precisam aprender a conviver. A pré-escola, de alguma forma, já é vista como momento importante para o desenvolvimento das crianças e tem-se, no tempo, estruturado de forma mais profissional para atendimento adequado. Nem a formalidade dos estudos, nem a simples brincadeira desorganizada, sem conteúdo pedagógico. Mas há um longo caminho pela frente, para que a compreensão deste estágio como momento fundamental para o futuro das crianças tenha se tornado universal.

As crianças pequenas precisam de espaço próprio, materiais adequados, brinquedos que reflitam o conteúdo necessário à faixa de idade. As experiências educativas de boa qualidade, nessa faixa de idade, lhes proporcionará desenvolvimento e crescimento equilibrado. É necessário, sim, que haja uma base curricular. É também necessário que se estimule a autonomia, espírito de iniciativa, criatividade, interatividade. Assim, construirão as bases de um futuro melhor. Não se trata de antecipação de conteúdos, característica da escolaridade precoce. Não é pressão para excelência de desempenho antes do momento adequado.  É processo de desenvolvimento que servirá de base para o processo formal mais à frente.

Se isso ainda não se tornou universal na pré-escola, o que dizer então das creches? A creche, por muito tempo, ficou compreendida como guarda de crianças bem pequenas. Com a desprofissionalização do atendimento, tornou-se mais risco que cuidado. Ainda é segmento com baixo atendimento e  qualidade questionável. Fora isso, as mulheres que trabalham precisam fazer verdadeiras maratonas para garantir as crianças naquele espaço. Horários burocratizados, atendimentos por pessoas sem formação adequada, convênios não fiscalizados.

As crianças bem pequenas são cidadãs e cidadãos e, como tal, têm direito a abordagens de acordo com sua faixa etária e condições físicas e emocionais. Por tempo demais, o conceito de cuidar de criança pequena ficou descolado da função educacional, o que levou a poucos avanços no número de atendimentos e a uma prática equivocada. Numa sociedade baseada no conhecimento e em crise econômica e ética, cresce a necessidade de se discutir com clareza o que se quer construir para o futuro da humanidade. Porque essa construção começa bem cedo.



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