Poemas do "cárcere" de Anderson Mineiro Luiz









Oração à clínica Santa Maria (centro de atenção em psiquiatria)
Santa Maria dos loucos e das loucas Rogai por nós... Santa Maria dos dementes e Dependentes (“de-mentes” químicas ou não), Rogai por nós. Santa Maria dos depressivos (passivos e ativos), Rogai por nós. Santa Maria das bixas passivas e ativas (enrustidas ou não) Rogai por nós Santa Maria dos suicidas (dos egoístas e altruístas) Rogai por nós. Dos não aceitos, dos não queridos, Dos doídos, dos caídos... Dai-nos mais de seu torpor Curai-nos Livrai-nos de nós Amém!...













Nos corredores do Santa Maria Limpeza!... 
Ambientes livres de fumaça, Sem cigarros, QUE PAVOR! Mas ela se esgueirava, a fumaça, a maconha, E o que mais pudéssemos querer e ter Sempre há um jeito e havia. Do torpor, mais entorpecer. Com menos limpeza e com mais cheiros e aromas Ninguém via ou fingia não ver. Era nosso alivio, nossa fuga, “nosso eu?” (alguns viam, confiscavam e puniam, mas o “foda-se” pairava) Da limpeza, a sujeira que nos lavava a alma. Mais entorpecidos em meio ao torpor, Vivos, insanos, rebeldes, presos, mas na alma, libertos. Libertos de nós mesmos e das paredes grades que nos cercavam


(Anderson Luiz Mineiro)

Comentários

Anderson Luiz disse…
Só um pequeno e ousado comentário:"não acredito em reclupenação plena".
Olá, Anderson.

Também não acredito em recuperação plena. Aliás, seja numa clínica, num divã, num aconselhamento espiritual ou no próprio esforço da pessoa sem a ajuda de terceiros, sempre continuamos doentes. Falo não só dos CIDs da Medicina mas também de todos os comportamentos humanos ruins.

Nunca estive internado numa clínica psiquiátrica, ou de recuperação alcoólica, porém já ouvi muitos relatos de que, nesses estabelecimentos, muitas vezes entra droga e bebida. Geralmente são os "amigos" que visitam o paciente, mas também tem funcionários corruptos que são coniventes.

Todavia, se o paciente está disposto a se livrar dos vícios, ele pode fazer a internação um instrumento. Basta que entre lá com atitude! Hoje mesmo conversei com um senhor alcoólatra na praia que disse que irá se internar amanhã, porém hoje ele ainda estava bebendo uma daquelas garrafas plásticas de pinga de má qualidade. Sugeri inutilmente a ele que tomasse a atitude hoje mesmo, sem se despedir da droga.

Atualmente já não falo tanto em religião diante dessas situações. Acho que muitas igrejas ajudam, inclusive a tal da IURD, ainda que possamos questionar a qualidade da assistência dada por tais instituições interesseiras no dinheiro das pessoas. Só que, apesar do mal causado pelo fanatismo (muitos crentes ex-dependentes viram mesmo fanáticos e bitolados), dos males o menor.
Ivani Medina disse…
Anderson, parece que somos um só que de tão dividido perdeu-se da razão. Ilhas parecem pessoas/ com o ocenao a iludir/ o memso chão submerso/ se mostra nos versos que nos vem unir/ assim se dão as palavras/ barcos no mar da ilusão/ ao visitarem os portos/ nos caminhos tortos/ do bom coração. Abraço.
Ivani Medina disse…
Anderson, parece que somos um só que de tão dividido perdeu-se da razão. Ilhas parecem pessoas/ com o ocenao a iludir/ o memso chão submerso/ se mostra nos versos que nos vem unir/ assim se dão as palavras/ barcos no mar da ilusão/ ao visitarem os portos/ nos caminhos tortos/ do bom coração. Abraço.
Unknown disse…
Grato por sua réplica Rodrigo.

O que mais dificulta é a "entrada escondida", o proibido que não atrai apenas nossos corpos, mas hipnotiza nossas mentes.

Não vejo a IURD fazendo tal trabalho,masse vc assim diz, acredito.
Unknown disse…
não consegui postar dirito Rodrigo, mas soou eu, o Anderson
Anônimo disse…
Grato Ivani e vc disse tudo.

Anderson
Anderson Luiz disse…
Agora deu certo. Eu eu
estava usando o login de meu caçula rsrsrsrsrssrs
Anderson Luiz disse…
Sou adicto, confesso e minha luta tá longe do fim.
José Lopes disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
José Lopes disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
José Lopes disse…
Caro amigo Anderson Luiz, parabéns pelo Blog e pela coragem de expor um tema tão difícil de de tecer comentários. Todos nós temos as nossas lutas, porém e níveis diferentes. Mas o mais importante é não desistir jamais! lute, e continuem escrevendo para que possamos estar presentes.
Meu caro brother And.

Acredito que os luminares eternos estejam sempre rogando por nós, seres imperfeitos e necessitados.

Cabe a nós perceber a chegada dessa ajuda e nos permitirmos recebê-la de coração aberto.
Anita disse…
A primeira oração poderia ser minha "oração de travesseiro". Pefeita pra mim
Anita disse…
Minha dependência é nada comparada ao nível do autor. Mas queria, gostaria, isso mesmo, no futuro do pretérito, pois no fundo não sei se quero e falhei várias vezes. Quem sabe um dia eu pare, em vença. No imperativo ordenando a mim mesmo e cumprido minhas vontades.
Eduardo Medeiros disse…
Dependência química é um assunto complexo.

"Cheiradores" e "fumantes de maconha" já foram vistos simplesmente como "marginais", "dissolutos", "inconsequente", etc. Depois veio a compreensão de que dependência química é uma doença com características bem específicas, pois uma vez "curado" você ainda não está, curado.

A que se falar porque as pessoas se drogam. E isso é tão antigo quanto a humanidade. Se lá na antiguidade substâncias entorpecentes eram usadas em rituais de magias e religiosos, pois "alteravam a consciência", a droga passou a ser "barato" nos anos 60 por conta dos hippies. A droga era uma fuga do mundo que não fazia mais sentido. E é esse aspecto que eu acho o mais preponderante: droga-se para fugir. Fugir de quê?

Cada um sabe do que foge. Da falta de sentido, da falta de futuro, da falta de amor, da falta de autoestima, da falta de uma situação social mais favorável.

Fuga. Tudo se resume a fuga. Você e eu, nós, todos nós, fugimos de que? Mas para onde vamos quando fugimos?
Anderson Luiz disse…
Obrigado Lopes e ao voltar da psicoterapeuta, infelizmente descubro que minha luta tá longe do fim e que é pra vida toda.
Anderson Luiz disse…
Obrigado, mas as vezs não percebemos. Nos damos conta da cocaína (ALEGRIA) PARA SÓ DEPOIS VERMOS A DECEPEÇÃO
Anderson Luiz disse…
Tome-a pra voce, é toda suas, é nossa.
Anderson Luiz disse…
Não ouse flertar com drogas (digamos), mais pesadas. Este monstro e seguirá por toda minha vida

Gratto
Anderson Luiz disse…
Fujo de mim e de tudo que sou Eduardo
Unknown disse…
Anderson, realmente não conseguimos nos livrar dos nossos medos. Acredito q não ha uma cura. Creio q temos dentro de nós duas personalidades q lutam entre si. Uma briga constante entre o eu e o eu. O bem e o mal, se é q seja certo colocar assim. Mas sei que sempre podemos vencer, não é fácil, mas não é impossível. É uma batalha q temos q travar todos os dias, horas, minutos...mas sempre vou estar com VC. Perto ou longe, vou sempre estar com VC.
Anderson Luiz disse…
Obrigado Kélen, maninha querida. Vou vencer!!!
Unknown disse…
Anderson, realmente não conseguimos nos livrar dos nossos medos. Acredito q não ha uma cura. Creio q temos dentro de nós duas personalidades q lutam entre si. Uma briga constante entre o eu e o eu. O bem e o mal, se é q seja certo colocar assim. Mas sei que sempre podemos vencer, não é fácil, mas não é impossível. É uma batalha q temos q travar todos os dias, horas, minutos...mas sempre vou estar com VC. Perto ou longe, vou sempre estar com VC.
Unknown disse…
Te amo❤❤❤❤
Que eu saiba, o trabalho da IURD seria mais com o publico fora das casas de recuperação. Seria uma espécie de CAPS religioso (rsrsrs). Claro que sem o apoio técnico necessário. É mais na base de um fanatismo.

Sobre o proibido, você acha que essas entradas às escondidas geram um interesse nos pacientes? Mas, se bem pensarmos, então seria melhor que haja estabelecimentos onde as visitas sejam bem restritas ou o paciente renuncie a esse direito. Ou melhor, que criem um setor livre de visitações onde todos ali internados tenham voluntariamente recusado receber visitas nos primeiros três meses de tratamento.

O que acha?
O importante é continuar lutando Não desistir jamais!

Também parabenizo-o pela coragem!
Em tempo!

Essa opção de tratamento sem visitas ou com visitação bem restrita não iria contra a reforma psiquiátrica porque seria uma opção do paciente.

Todavia, a diferença estaria no ambiente sem visitas, o que reduziria as chances de alguém consumir drogas numa casa de recuperação.
Olha, Edu, não sei se cada qual tem mesmo a consciência do que ou de quem foge, mas entendo que este conhecimento seja de algum modo condição necessária para nos libertarmos. Só que aí vem o segundo passo que é o enfrentamento da situação adversa, a tomada de atitude.

Confesso que embora nunca tenha cheirado e nem sentido qual o "barato" da maconha (apenas a catinga do fumo dos outros), tenho minhas dificuldades de encarar de frente certas coisas na vida.

Mas quanto à droga usada no contexto religioso, a exemplo do que fazem os seguidores do Daime e da UDV no que diz respeito à ayahuasca, pode ser que exista também uma ferramenta para o indivíduo "se achar". Só que é a consciência quem deve agir e não a substância externa que apenas pode contribuir para a mudança do estado consciencial da pessoa permitindo uma auto-análise de si própria. É o que certos medicamentos também fazem quando receitados pelos psiquiatras sendo óbvia que, em via de regra, um tratamento não pode dispensar um acompanhamento psicoterápico com o psicólogo.
Lembra um pouco aquilo que Paulo ensinou em Romanos:

"Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo" (Romanos 7:19; NVI)

Sem querer doutrinar ninguém com a Bíblia, o que quero dizer lembrando das palavras do apóstolo é sobre nossa ambiguidade e aquela luta interna que parece não cessar. Só que aí o autor sagrado termina o capítulo falando em graça:

"Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado." (Romanos 7:25)

Assim, eu diria que a graça não nos cura de maneira literal quanto à tendência para o vício, mas ela nos trás uma auto-compreensão no sentido de que somos aceitos por Deus como somos. Daí devemos nos auto-aceitar e aceitarmos o outro em sua condição. E o prazer íntimo em fazer o bem ou na busca pelo bem, sendo deste modo reconhecido pelo autor, mostra que o amor divino pelo ser humano estaria acima dos resultados aqui alcançados.
Anderson Luiz disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
anita disse…
Obrigada
Eduardo Medeiros disse…
Anderson,

você declara: "Fujo de mim e de tudo que sou Eduardo"

A maior des-graça (já que o Rodrigo citou o tema da Graça cristã) e não estarmos bem com nós mesmos. É ter que lutar todos os dias com alguém que você conhece bem; aliás, com alguém que só você de fato conhece: você mesmo. Mas isso já é um grande passo: se conhecer. Pois parece ser óbvio que todo mundo se conhece mas não é assim. Se fosse o filósofo não teria dito "conhece-te a ti mesmo". Só ao procurarmos nos conhecer melhor é que é possível ser melhor. É ter consciência daquilo que há em você e que você não quer que esteja lá. A Graça pode ajudar. A Graça diz: aceite o que você é, mas saiba que há uma força dentro de ti que pode acalmar o monstro que há em você. Quando temos tal consciência fica mais fácil controlar o que somos e o que não gostaríamos de ser.
Anderson Luiz disse…
Obrigado Eduardo. Mas é exatamente deste mostro que não consigo fujir. E meio sem querer, descobri as drogas e a "fuga"
Anderson Luiz disse…
Grato pela ressonância Rodrigo.
Anderson Luiz disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anderson Luiz disse…
creio que todos saibam que já tentei auto-extermínio. Pois bem, minha ex-psicóloga (uma 2° tenente do EB) ameaçou tomar a guarda d meus filho e eu Eduardo, tentei matar ela usando minha própria arma.

O monstro em mim é por demais frio, calculista e sem remorso algum.
Anderson Luiz disse…
Mudando um pouco o tema, quero fazer outro comentário:

Estive por longo período internado na casa de saúde santa maria para tratamento psiquiátrico (drogas e álcool).
Acontece que o que mais notamos lá são gays depressivos por não serem aceitos e são tratados como depressivos aí vem a questão:
Em depressivos a procedimentos de eletroconvulsoterapia (nome bonitinho para eletrochoque), que também são aplicados nos gays que claro, ficam depressivos por não serem aceitos pela família.
Lamentável saber que ainda fazem "tratamentos" assim em pleno século XXI. Tenho dúvidas sobre a eficácia dos eletrochoques. a meu ver, o que pode ajudar mesmo são as sessões de psicoterapia, dependendo da atitude de cada paciente.