Misantropia

Eventos climáticos extremos como enchentes, secas, tornados, ondas de calor e de frio, tsunamis têm aumentado em freqüência e intensidade em todo o mundo. Eventos extremos são aquelas ocorrências que ficam 10% acima ou abaixo de uma variável particular.
Um volume de chuva inferior a 10% da média configura uma seca severa, ou 90% acima resulta numa enchente histórica. É exatamente nestes extremos que se dá o impacto com perdas de vida humana e danos à propriedades. Os extremos estão ficando mais extremos.
Só nos EUA, de janeiro a junho o NWS (National Weather Service) contabilizou 1.238 tornados enquanto a média anual até esta data é de 688. No dia 22/05 um tornado com ventos atingindo 300km/h ceifou a vida de 132 pessoas causando uma destruição jamais vista. Foi o tornado mais letal desde 1947. Até 01/06 os EUA já haviam contabilizado 520 vítimas letais de tornados.
Os recordes também acontecem em outras partes do mundo. Moscou nunca havia passado um dia tão quente quanto em 29/07/2010, quando seus termômetros atingiram 39°C. O verão japonês de 2011 foi o mais quente registrado na história. Com temperaturas acima de 30°C, morreram 170 pessoas e 54 mil passaram por hospitais em conseqüência do calor.
Em janeiro de 2011, uma chuva de 300mm durante 24 horas causou o maior desastre climático na região serrana do Rio de Janeiro  matando 916 pessoas e deixando 345 desaparecidas. No Paquistão, uma chuva de 305mm durante 36 horas causou a morte de 1.975 pessoas sendo o maior desastre natural da história do país.
O terremoto de Sumatra-Andamam causou o tsunami do Oceano Índico, o tsunami do sul da Ásia e o tsunami da Indonésia em 26/12/2004, matando 230.000 pessoas em 14 países diferentes banhados pelo Oceano Índico. No Chile, 500 pessoas foram mortas e mais de 20.000 foram deixadas desabrigadas em conseqüência de um terremoto no dia 27/02/2010.
No dia 11/03/2011, um terremoto de magnitude 9 atingiu o Japão provocando um tsunami que destruiu várias cidades na costa nordeste do país causando mais de 1.000 vítimas letais e um prejuízo que ultrapassa os 170 bilhões de dólares. O Japão é atingido por 20% dos terremotos de magnitudes superior a 6 que acontecem em todo o planeta.
As mudanças estão acontecendo e suas medidas projetadas. Áreas afetadas pela seca : aumenta. Número de ciclones tropicais: aumenta. Incidência de elevação do nível do mar: aumenta. Temporadas quentes e ondas de calor: aumenta. Eventos de precipitação intensa: aumenta. Descongelamento dos pólos: aumenta. Os esforços mundiais no sentido de coibir a degradação ambiental e o aquecimento global existem, mas caminham a passos vagarosos demais para as necessidades do planeta.
A atmosfera do planeta já está hoje, abafada por um manto de 800 bilhões de toneladas de carbono, metano e outros gases. Eu não odeio a humanidade, não sou um misantropo. Odeio a forma como a humanidade se conduz perante a natureza que dá sustentabilidade à sua existência. Os cálculos indicam que o consumo global ultrapassou a capacidade de regeneração do planeta em 1987 quando éramos 5 bilhões de almas e se continuarmos com o ritmo atual precisaremos de dois planetas em 2050. Não é preciso conhecimento sofisticado para ver que estamos degradando de maneira insustentável a capacidade de regeneração da biodiversidade.
“E nós estamos financiando a reprodução de párias e a superlotação de presídios.”

Comentários

Muito importante a temática deste artigo sendo a questão ambiental o grande desafio da humanidade neste século XXI cujo enfrentamento certamente se relaciona com o aspecto ético da coisa. Digo isto pois o que mais parece dificultar a mudança de condutas quanto à produção e consumo seria o modelo atual de economia de mercado escolhido pelos países. Não acho que o aumento da população hoje em 7 bilhões e com projeções de chegar até 11 bi seja a principal causa de tudo isso. Até mesmo porque um cidadão norte-americano consome por muitos indianos e paquistaneses.

Quanto ao texto, faço a observação de que, na análise dos extremos, não cabe a inclusão dos tremores de terra, tsunamis ou erupções vulcânicas. Já os tornados, tempestades, secas, altas e baixas temperaturas devem ser levados em conta na instabilidade climática.

Enfim, eis aí algo para as pessoas realmente se preocuparem ao invés de ficarem comentando partidas de futebol. Amanhã a Copa de 2014 vai acabar e as atenções do brasileiro novamente se tornarão para os jogos da série A do Brasileirão. Ou seja, o planeta está aí explodindo e o povo se divertindo...
Em tempo! Preciso comentar essa parte:


“E nós estamos financiando a reprodução de párias e a superlotação de presídios.”


De fato, a população carcerária é hoje enorme. Só no meu RJ foram 31.674 em 2012! Mas aí questiono o que isso teria a ver com o problema ambiental do planeta?

Por causa do aquecimento global então vamos tratar os condenados da Justiça de uma maneira mais desumana como se eles fossem a causa? Adotaremos a pena de morte para uma quantidade maior de delitos?

De fato, os problemas ambientais impõem à humanidade uma nova disciplina, principalmente no combate à cultura do desperdício, na economia de energia, numa alimentação mais adequada e nutritiva, no melhor aproveitamento dos resíduos sólidos, no tratamento de esgotos, no respeito aos espaços protegidos como parques, reservas ecológicas e outros tipos de unidades de conservação, no consumo responsável, no planejamento familiar, no controle da poluição, no desestímulo ao uso do automóvel, e, principalmente, em relação a governos e ao capital. Estes sim eu os vejo como os maiores vilões da natureza.

Apesar de tudo, a democracia precisa ser preservada e po de muito b em conviver com uma nova ética mais ecológica.
Eduardo Medeiros disse…
Tenho lá minhas dúvidas se as mudanças climáticas são apenas resultado da ação humana. Muitos cientistas dizem que não, que o planeta passa por variações de temperaturas de tempos em tempos. Mas o que vejo mesmo é o colapso das megalópolis. Compra-se carros e não se tem mais estradas para andar. Falta de saneamento básico, excesso de lixo sem reciclagens, a violência, a poluição, a falta de grandes áreas verdes... Nossas grandes cidades estão ficando insuportáveis. Se as ações humanas não influenciam o clima de uma forma mais ampla, o mal planejamento de nossas cidades são exclusivamente nossa culpa.
De fato, as mudanças climáticas não são resultados exclusivos das nossas ações. Na história planetária houve outros acontecimentos, Uns bem paulatinos (as glaciações) enquanto outros mais acelerados (a queda de um meteoro). Mas, no momento, vejo que o aquecimento global acelerado como está seria mesmo antrópico.

Quanto ao colapso das megalópolis, concordo com você. Vejamos, pois, como que o abastecimento de São Paulo anda comprometido. E por que isso? Será somente a falta de chuvas no começo do ano ou a concentração populacional ali já não estaria além da capacidade do vale? Aí, por mais que se busque um melhor planejamento e a SABESP resolva captar água em mananciais cada vez mais distantes, são se resolverá definitivamente o problema dos paulistanos já que mais pessoas deverão nascer ou migrar para lá. É fato que as metrópoles não são ecologicamente viáveis por multiplicarem em excesso as necessidades.
Rodrigo, parece que você vê o mundo por um prisma diferente do meu. Não leve esta afirmação como uma discordância. Eu entendo que toda espécie está fadada ao colápso quando assina seu atestado de incompetência para gerir sua existência no seu habitat. Quando perde a capacidade de raciocinar a longo prazo. Nossa espécie humana está inserida neste contexto. Na frase; “E nós estamos financiando a reprodução de párias e a superlotação de presídios.” Eu deixo muito claro o financiamento da reprodução humana e a premiação indevida com fins eleitoreiros praticados no curral eleitoral do norte e nordeste, produzindo, assim, a futura população carcerária.São os excluidos desde o útero. Este feto já nasce com aptidão para pária devido suas parcas oportunidades. Nossa sociedade não dispõe de recursos culturais e financeiros para garantir dignidade alguma a superpopulação carente.
Não é oferecendo um auxílio natalidade e uma lata de leite numa bolsa miséria que iremos resolver os problemas sociais como violência, fome, necessidade e miséria. Ao contrário, estamos financiando-os. Temos que resolver o problema melhorando as sementes, e não, adocicando os frutos podres. Haverá escassez de água e por si só está determinado o colápso.
Eu cito o problema da fome de útero por que é inerente aos nossos atos. Sei que no contexto do colápso mundial este é uma gota de água numa chapa quente mas eu sou parte financiadora dele com meu voto. Este problema eu posso ajudar a amenizar com meu conhecimento e honestidade.
Bom dia, Altamirando.

Há entre nós vários ponto de divergência e isso se relaciona mais com os nossos valores embora com o raciocínio também. Ora, vc diz:

"Nossa sociedade não dispõe de recursos culturais e financeiros para garantir dignidade alguma a superpopulação carente."

Discordo! Dinheiro o Brasil tem mas os governos das três esferas (União, estados e municípios) investem mal o que arrecada. Grande parte da riqueza nacional já está nas mãos do Estado e falta uma iniciativa de efetivamente educar essas crianças dado a elas bons valores de respeito, honestidade, ética, tradição e civismo. E eu acrescentaria ainda valores bíblicos, mas não vou entrar agora neste debate para não dispersarmos do principal.

Mas é bem contraditório exigir do povo um comportamento "padrão FIFA" se o governo não cumpre com sua parte. Se os políticos têm sido relapsos no licenciamento de atividades poluidoras e cedem aos interesses empresariais contrários à conservação do meio ambiente. Logo, se a pessoa joga papel no chão e sofre uma multa, não haveria aí uma desproporcionalidade?

Ao mesmo tempo que sou contra atacar somente os governantes sem incluir a colaboração do povo, bem como mirar na conduta das empresas e passar a mão na cabeça do consumidor que adquire seus produtos nocivos à natureza, considero que em tudo isso as elites políticas e econômicas têm maior responsabilidade.

Ora, neste contexto, torna-se vil e hipócrita os governos suspenderem as ações assistenciais às quais se referiu nos últimos dois comentários feitos. Pois quem produziu a miséria foi justamente a classe dominante com seus 388 anos de escravidão e mais 26 de exploração da mão-de-obra assalariada juntamente com as políticas de opressão dos mais humildes perpetradas pelos governantes parceiros das elites. E, por favor, nem pense em culpar os negros pelos problemas que eles sofrem hoje já que, assim como os índios e a grande maioria dos pobres, são vítimas de todo processo histórico (daí eu defender as cotas nas universidades e no serviço público como uma medida capaz de ajudar na inclusão dos menos favorecidos)

Como se vê, não é pela marginalização do indivíduo que se alcançará justiça social numa nação. Da´eu considero necessária toda a assistência que hoje tem sido dada pelos governos sendo certo que o Bolsa Família mudou mesmo a realidade do trabalhador brasileiro. Pois graças a esse recurso muita gente já não aceita mais trabalhar por menos de um salário mínimo como ocorria antigamente em várias regiões, principalmente na roça. Hoje o trabalhador se valoriza mais, o que considero super positivo e uma contribuição à marcha histórica rumo a um futuro com menos desigualdades.
Em tempo!


Paralelamente, vejo que o meio ambiente tende a se beneficiar com o bem estar social. Ainda que o consumo aumente, há que se considerar que pessoas mais esclarecidas tendem a se tornar mais conscientes como hoje ocorre em sociedades de países mais desenvolvidos a exemplo da Alemanha, França, Holanda, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Áustria e Japão. Até Portugal, mesmo fazendo parte da periferia da UE, está muito mais à frente do que o Brasil no trato com o meio ambiente.

Evidente que erá necessário uma aceleração quanto aos valores ambientais porque, quando há uma melhora nas condições econômicas, de imediato as pessoas tendem a consumir mais e irresponsavelmente até se acostumarem à nova realidade. Por exemplo, quem nunca teve carro, se aumenta um pouquinho a sua renda, vai querer adquirir um veículo mesmo que de segunda mão. E isto se explica pela má formação que o Estado ofereceu pelo falido sistema educacional e também pelos equivocados valores consumistas que foram gerados no decorrer das gerações. Até mesmo pelo fato de que o aumento do consumo sempre foi usado para estimular o aquecimento da economia dentro do capitalismo e também para baratear os valores dos bens através de uma produção em larga escala.

Verdade seja dita, meu caro, que a preservação ambiental exige a imposição de freios ao capitalismo que, no "terceiro mundo", é muito mais selvagem do que nos países desenvolvidos.
Nada justifica os excessos populacionais num ambiente insuportável. Veja bem Rodrigo; O ambiente terrestre só produz bem-estar para cinco bilhões de almas responsáveis. Agora eu gostaria que você gerisse seu município. Qual a população. Faixa etária. Produtivos em ação e inativos. Aposentados. Indigentes. Mendigos. Encarcerados. Ponha estes índices numa tabela e me informe de qual faixa você eliminaria os 30% excedentes para que seu município se torne auto suficiente.Já sei. Me dirá que existem leis divinas que inibem o extermínio em massa. Tudo bem... Mas por onde você iniciaria seu projeto?
Eu inibiria a reprodução dos párias e aplicaria o maior recurso no desenvolvimento cultural. Ninguém faz bom bom de alho.
Jesus quando iniciou o seu discipulado preferiu os miseráveis, os pobres pescadores, publicanos preteridos e as prostitutas. Eu como sou cristão sei que há potencial nos que vc chama de "párias". Sei que entre mendigos, indigentes, alcoólatras, pessoas com transtornos psíquicos e encarcerados podemos encontrar mentes brilhantes que não tiveram da sociedade a devida compreensão. Mas não quero falar com romantismo porque bem sei o quanto é difícil trabalhar com essas pessoas, mas não descarto que, por meio delas, pode-se fazer uma revolução de amor na humanidade. Elas, aliás, têm algo a nos ensinar, uma rica experiência a compartilhar e podem pastorear outras vidas em condições semelhantes.

Já em relação aos aposentados, nunca nos esqueçamos da importância dos velhos numa sociedade. O Japão que é um país evoluído sabe como valorizá-los e lá os idosos não são excluídos do mercado de trabalho como acontece aqui. Mas vivendo inclusos no meio social têm muito conhecimento a transmitir para os mais jovens acerca da vida, da história, da cultura, da religião, etc.

Pode ser que nunca mais o mundo volte a ter menos de 5 bilhões de habitantes. Talvez a nossa crescente população vá ainda aprender a não poluir tanto, mudar seus hábitos alimentares, usar fontes sustentáveis de energia e encher o Universo de vida. E aí quanto mais cérebros, mais conhecimento e tecnologia serão produzidos.
Eu já esperava esta sua saída pela tangente. Não respondeu meu questionamento.
A natureza não quer saber quem é cristão ou não, ela não perdoa e vinga com crueldade independente se mendigo, doente, pobre, velho, jovem ou rico.
Questionei o fato de excluir 30% da população para que o restante da espécie sobrevivesse ao colápso. Não disse que o improdutivo é desprovido de capacidade física e mental. Mas convenhamos, se as tivesse não seria um pária. Não inclui aposentados na categoria de párias, ainda mais se aposentou é por que um dia foi produtivo e sua aposentadoria não é uma cesta básica. Foi conquistada com trabalho. Mas voltando ao quesito, De quais faixas da sociedade de seu município você eliminava os 30%? Ou você vai correr o risco de seu município se tornar uma Ilha de Páscoa?
E tem mais. Além do genocídio você terá que adotar o controle da natalidade. Nada de financiar gestação de indigentes ou seu projeto de sobrevivência vira projeto político. Crescei e multiplicai só após o próximo colápso da espécie.
Segundo meu Senhor e Mestre (pena que não seja o seu), "os últimos serão os primeiros", mas não cabe a mim fazer qualquer seleção para "a espécie sobreviver". Isso é com Deus que, se for agir conforme a natureza, eliminará tanto a cultos como a incultos, ricos e pobres, velhos e jovens, capazes e incapazes, homens e mulheres. Como nos relatos apocalipticos em que não haveria distinção nos juízos que ocorreriam com a humanidade rebelde. Cabe sim sermos solidários e não privilegiarmos uns em detrimento de outros de modo que, se acontecer um colapso, será como Deus permitir. E quanto ao controle da natalidade, talvez o aumento populacional seja uma grande chance de sobrevivência da espécie e da cultura cristã. Penso a este respeito que, se cada casal tiver dois filhos em média, já dá para manter o mesmo quantitativo populacional. A média de 2,1 filhos por mulher, considerando a mortalidade incidente, seria a chamada taxa de reposição. Para sermos conscientes e, considerando os erros da China quanto à desastrosa "política do filho único", duas crianças tá bom demais. E que isso seja seguido democraticamente por todas as classes e pessoas de todos os níveis e graus de instrução, contemplando a democracia e os princípios cristãos.
Quer dizer,então: Que a solução a Deus pertence. Lamentável...
Eu respondo em seu lugar e na ausência de seu Deus.

Eu eliminaria o excesso através de qualquer método que não agredisse a natureza de acordo sua contingência:
Para cada mil indigentes, párias, encarcerados ou improdutivos eu atrelava dois dentistas, dois médicos, um advogado, quatro policiais, três militares e assim por diante para não desestabilizar a economia. Neste rol iriam padeiros, açougueiros, garís, pastores, padres e até prostitutas se no meu município houvessem. Não privilegiaria nenhuma camada social. Todos na sua devida importância ambiental.
Há de convir que um presidiário vale menos que uma cibalena vencida e dá mais prejuízo do que toda população de ratos.
Eduardo Medeiros disse…
vejam um problema: se os países em desenvolvimento chegarem ao nível de consumo dos EUA ou alguns países da Europa, a conta simplesmente não fecha. Não concordo em simplesmente eliminar "párias" só se eliminar os párias da elite também.

Eu não sei qual a saída, mas vamos ter que encontrá-la senão em breve estaremos vendo um colapso em nossa sociedade no mundo todo.
talvez a solução passe por uma mudança profunda no nosso sistema de bem-estar e produção, mas perder dinheiro ninguém quer.
O capitalismo está fadado também ao colapso
Eduardo Medeiros disse…
Mas eu concordo também com controle de natalidade ou que o Estado faça um programa amplo de educação sexual e distribuição de anticoncepcionais para as populações mais pobres.
Certamente pessoas como eu, que sou defensor do cristianismo e de uma teologia de libertação, entrariam logo neste seu rol de eugenia.

Mas não foi o que Hitler fez na Alemanha antes de iniciar o extermínio de judeus? Primeiro ele teve que eliminar a oposição dos próprios compatriotas para então iniciar seu plano diabólico.

Será que entre os que pretende excluir não estariam os negros?
Há dois mil anos, Jesus Cristo apontou o caminho, mas parece que poucos compreenderam e menos gente se dispôs a praticar:

"Amai-vos uns aos outros"

Ora, é esse modelo de consumo perverso importado dos países ricos que devemos rejeitar. Não são os miseráveis e párias que estão destruindo o planeta, mas os mais abastados. Não é o mendigo da esquina quem polui nossa atmosfera com seus automóveis mas sim aqueles que têm poder aquisitivo mais elevado (da classe média para cima).

O ser humano quando recebe um banho de dignidade pode muito bem decidir por um consumo responsável e viver em harmonia consigo mesmo e com o Universo. Quem compreende que não é preciso ter para ser, dispensa certos bens excedentes passando a valorizar o que realmente supre suas reais necessidades tornando-se também uma pessoa solidária.

Ora, é estabelecendo uma nova ética inclusiva e harmônica em relação à natureza que formaremos um ambiente social favorável para encarar os desafios climáticos e revertermos o atual quadro de degradação planetária. E, com isso, ao invés da economia ser motivada pela busca da rentabilidade, será norteada pela busca construtiva de recriar o mundo no qual vivemos.

Paralelamente há que se investir em tecnologia e, principalmente em produção limpa e renovável de energia. Afinal, há muitos benefícios confortáveis que o progresso trouxe e por que não continuarmos a tê-los sem prejuízos para o meio ambiente? Logo esse papo do Altamirando sobre "eliminar párias" é algo tacanho e ultrapassado.
Caro Edu,

Há que se distinguir controle da natalidade de planejamento familiar.

Controle de natalidade seria um conceito que tem um foco mais higienista, ou seja, de limpeza social. Quando se utiliza esse termo, geralmente é associado ao controle da força reprodutiva de determinada parcela da população, o que não é nada compatível com o Estado Democrático de Direito. Podem ser listadas como ações de controle a laqueadura de trompas compulsória (ou seja, sem a necessidade de autorização da paciente), bem como a condenação moral dos casais de baixa renda que possuem mais de um filho, abortos forçados, etc.

Já o planejamento familiar trata-se de uma política pública que leva em consideração a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos da população como um todo. Seu foco recai sobre a prevenção e orientação, sendo que sua condução deverá ser pautada no respeito ao indivíduo.

Ora, informação e acesso são duas palavras-chave quando falamos em planejamento familiar, o que vai de encontro ao que colocou acima - "um programa amplo de educação sexual".

Vale ressaltar que não assumir uma postura agressiva com o usuário dos serviços de saúde não significa desresponsabilizá-lo frente à questão da sua vivência sexual. Uma vez que o indivíduo é o protagonista de sua história, cabe a ele ou ela decidir seus passos e tomar as decisões que afetem seus direitos, o que requer conhecimento dos métodos contraceptivos, acesso aos mesmos (a distribuição de anticoncepcionais que falou) e responsabilidade sobre suas ações.

Inegavelmente que a discussão é grande e a controvérsia também, sendo que estou de acordo apenas que o governo deva investir em informação e material para prevenção sem jamais interferir na liberdade de escolha das pessoas, pensando assim os direitos sexuais e reprodutivos como uma questão de saúde nunca preza a valores morais ou religiosos de determinados grupos da sociedade.

Finalmente, vale a pena destacar que, no Brasil, a taxa de fecundidade caiu muito nas últimas décadas de acordo com os dados do Censo Demográfico de 2010. Segundo o IBGE, a queda da fecundidade ocorreu em todas as faixas etárias, mas houve uma mudança na tendência de concentração da fecundidade entre jovens de 15 a 24 anos, observada nos censos de 1991 e 2000. As mulheres estariam tendo filhos com idades um pouco mais avançadas. Principalmente em áreas urbanas.

Os números mostram que a taxa de fecundidade brasileira caiu de 6,16, em 1940, para 1,9, entre 2000 e 2010. Para a população continuar crescendo, o nível mínimo, chamado de reposição, é de 2,1. No país, apenas a região Norte, com 2,47, está acima da média.
Em tempo!

Olha que, na década passada, o bolsa família beneficiou muitos casais. Mesmo assim a fecundidade ficou abaixo da taxa de reposição. Porém o Altamirando parece não querer ver isso.
Não excluiria pela cor, mas pela inutilidade.
Rodrigo Ancora da luz, por acaso você conhece o Vale do Jequitinhonha, o noroeste da Bahia, o nordeste, a Amazônia, o Acre, Roraima e Rondônia, não? Uma pena!.. Você deveria conhecer as jovens de 13 anos que engravidam para ter acesso à bolsa família. Você deveria conhecer as jovens de 20 anos que tem quatro filhos recebendo o bolsa família e procurando grávidas arrastando seus filhos mal nutridos quando não são abandonados na beira da estrada ou em sacos plásticos. A idéia do programa da bolsa família não era fomentar a indústria assistencialista na formação de excluídos. Que futuro tem uma criança gerada sem estrutura familiar e social?
Você foi bem nascido, cursou UFMG e não sabe o que é fome de ùtero. Advogado, produtivo, casado, classe média e usa terno. Vá conhecer seus conterrâneos que não conhecem um vaso sanitário.
Para sua informação, um pária bebe a mesma quantidade de água que você, come os mesmos 3% de seu peso em alimentos, produz mais lixo que você, causa mais prejuízo ao sistema de saúde que você, dissemina mais doenças que você e facilita a propagação de mais pragas urbanas que você. Ele tem o mesmo custo que você para o meio ambiente com o agravante de ser mais nocivo. Você tem razão...Eu não quero ver isto.
Acho repugnante essa ideia de excluir quem quer que seja. E mesmo na visão antiga da legislação mosaica, ainda baseada na regra do talião do Direito mesopotâmico, a eliminação do mal se dava pelas más condutas praticadas pelo indivíduo como, p. ex., os assassinatos dolosos. O incapaz, como no caso da viúva, do órfão e do estrangeiro peregrino, deveria ser sustentado. Condenava-se a preguiça, obrigava-se o ladrão a restituir em quádruplo, disciplinava-se os assistidos e o trabalho diligente era encorajado, mas ninguém poderia sofrer discriminações pelo que chamou de "inutilidade". Daí a Torá dizer:

"Se o teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então, sustenta-lo-ás. Como estrangeiro e peregrino ele viverá contigo. Não receberás dele juros nem ganho; teme, porém, ao teu Deus, para que viva teu irmão contigo. (Lv 25: 35-36) - destaquei

É através deste princípio amoroso e basilar, "viva o teu irmão contigo", que não se pode excluir ninguém com base na inutilidade econômica.
Engana-se por achar que elo fato de eu ter me formado em Direito desconheço a realidade social de outras pessoas e regiões do Brasil. Saiba que não só já andei pelas comunidades carentes do Rio de Janeiro, as "favelas" como já estive no sertão nordestino e também na precária Amazônia. Quando estive no estado, o Pará, não fiquei hospedado em nenhum desses "hotéis de selva", mas encarei 520 quilômetros de rodovia Transamazônica indo de Marabá até Altamira, bem como permaneci por uns nove dias bem ali na bacia do Xingu e depois fui de barco de Vitória do Xingu até Belém, dormindo uma noite numa precária pousada de madeira na cidade de Gurupá. Vi as casinhas de palha, ouvi os relatos de quem já trabalhou no garimpo, os assaltos, os policiais cobrando propina, jabutis sendo traficados no barco e quase nos acidentamos na baía de Belém. Corremos o risco de ser assaltados quando desembarcamos na capital e conheci os riscos de viajar por aquelas estradas de noite. No Nordeste, via gente pedindo esmolas a balde, valendo lembrar que aquele ainda era o Brasil de FHC, ainda muito pior do que na atualidade.

Entretanto, como coloquei, o Brasil está mudando sendo que, no Norte, a realidade custa a mudar justo pela falta de uma melhor assistência, corrupção e poucas oportunidades de trabalho. As pessoas já vêm de um processo de exploração iniciado há muito tempo, o que antes ocorria no país inteiro e foi sanado no Sudeste, no Sul e em boa parte do Nordeste. Até Belém e Manaus já são capitais bem melhores de se viver e acho que, no interior de seu estado, os movimentos políticos como a pastoral da terra está produzindo excelentes resultados ainda que com vozes tentando ser silenciadas pelos latifundiários, políticos e donos de madeireiras. Mataram uma freira americana e o nosso herói Chico Mendes, mas os ideais desses servos do Senhor continuam vivos na memória do trabalhador do campo.

Enfim, estamos aí diante de um longo processo de luta por inclusão social que é dialético com avanços e recuos. Um processo em que a qualidade ambiental depende diretamente do bem estar social e de investimentos em educação, saúde, moradia digna, urbanismo, saneamento básico, geração de trabalho e de renda, além da assistência espiritual. Eliminar quem está sendo vitimado pela sociedade e pelo sistema capitalista não é a solução. Aliás, quem tem causado tudo isso são as podres elites nacionais e internacionais. A elas sim é que deveriam receber as primeira penas do talião se este pudesse ser apiado. Só que para o seu desgosto temos no Brasil uma Constituição. Viva Ulisses Guimarães!
Para meditar...

"Eis como em tudo o forte e culpado se salva à custa do inocente e fraco." (Jean-Jacques Rousseau)
Pena que o meu ultimo comentário de ontem não apareceu...