Uma explicação não cartesiana para consciência


Como este é um assunto que tenho por muito interessante (a conexão entre ciência e espiritualidade), posto aqui essa interessante matéria que eu li no blog Expansão da Consciência para os confrades e amigos que visitam esta Confraria matutem sobre a questão.




O texto a seguir é do site Spirit Science and Metaphysics. Considero oportuno postá-lo aqui porque se trata da validação de um cientista renomado de assuntos que expomos neste blog. Negritos por minha conta.


“Um livro intitulado "O biocentrismo: Como a vida e a consciência são as chaves para entender a natureza do Universo" agitou a Internet, porque contém uma noção de que a vida não acaba quando o corpo morre, e ela pode durar para sempre. O autor desta publicação, o cientista Dr. Robert Lanza, que foi eleito o terceiro mais importante cientista vivo pelo NY Times, não tem dúvidas de que isso é possível.

Além do tempo e do espaço

Lanza é um especialista em medicina regenerativa e diretor científico da Advanced Cell Technology Company. Antes ele ficou conhecido por sua extensa pesquisa que tratava com células-tronco, também era famoso por várias experiências bem sucedidas sobre clonagem de espécies animais ameaçadas de extinção.

Mas não há muito tempo, o cientista se envolveu com física, mecânica quântica e astrofísica. Esta mistura explosiva, deu à luz a nova teoria do biocentrismo, que o professor vem pregando desde então. O biocentrismo ensina que a vida e a consciência são fundamentais para o universo. É a consciência que cria o universo material, e não o contrário.

Lanza aponta para a estrutura do próprio universo e que as leis, forças, e as constantes do universo parecem ser afinadas para a vida, o que implica inteligência existindo antes da matéria. Ele também afirma que o espaço e o tempo não são objetos ou coisas, mas sim ferramentas de nosso entendimento animal. Lanza diz que carregamos espaço e tempo em torno de nós “como tartarugas com conchas." O que significa que quando a casca sai (espaço e tempo), nós ainda existimos.

A teoria sugere que a morte da consciência simplesmente não existe, só existe como um pensamento porque as pessoas se identificam com o seu corpo. Eles acreditam que o corpo vai morrer, mais cedo ou mais tarde, pensando que a sua consciência vai desaparecer também. Se o corpo gera a consciência, então a consciência morre quando o corpo morre. Mas se o corpo recebe a consciência da mesma forma que uma caixa de cabos recebe sinais de satélite, então é claro que a consciência não termina com a morte do veículo físico. Na verdade, a consciência existe fora das restrições de tempo e espaço. Ela é capaz de estar em qualquer lugar: no corpo humano e no exterior da mesmo.Em outras palavras, é não-local, no mesmo sentido que os objetos quânticos são não-local.

Lanza também acredita que múltiplos universos podem existir simultaneamente. Em um universo, o corpo pode estar morto. Em outro ele continua a existir, absorvendo consciência que migrou para esse universo. Isto significa que uma pessoa morta, enquanto viaja através do mesmo túnel acaba não no inferno ou no céu, mas em um mundo semelhante em que ele ou ela uma vez habitou. E assim por diante, infinitamente. É quase como um efeito “boneca russa” cósmico de vida após vida.

Alma

Assim, há abundância de lugares ou outros universos, onde a nossa alma poderia migrar após a morte, de acordo com a teoria de neo-biocentrismo. Mas será que a alma existe? Existe alguma teoria científica da consciência que poderia acomodar tal afirmação? Segundo o Dr. Stuart Hameroff, uma experiência de quase-morte acontece quando a informação quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dissipa no universo. Ao contrário de explicações materialistas da consciência, Dr. Hameroff oferece uma explicação alternativa de consciência que pode, talvez, apelar para a mente racional científica e as intuições pessoais.
Consciência reside, de acordo com Stuart e físico britânico Sir Roger Penrose, nos microtúbulos das células cerebrais, que são os sítios primários de processamento quântico. Após a morte, essa informação é liberada do corpo, o que significa que a  consciência vai com ela. Eles argumentaram que a nossa experiência da consciência é o resultado de efeitos da gravidade quântica nesses microtúbulos, uma teoria que eles batizaram redução objetiva orquestrada (Orch-OR).

Consciência, ou pelo menos proto-consciência, é teorizado por eles como sendo uma propriedade fundamental do universo, presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big Bang. Em um desses esquemas - “experiência proto- consciente” é uma propriedade básica da realidade física, acessível ao processo quântico associado com atividade cerebral.

Nossas almas estão, de fato, construídas a partir da própria estrutura do universo - e podem ter existido desde o início dos tempos. Nossos cérebros são apenas receptores e amplificadores para a proto-consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, há realmente uma parte de sua consciência, que é não-material e vai viver após a morte de seu corpo físico?

(...) Esta explicação de consciência quântica explica coisas como experiências de quase-morte, projeção astral, experiências fora do corpo e até mesmo a reencarnação , sem a necessidade de recorrer a ideologias religiosas. A energia de sua consciência potencialmente é reciclada de volta em um corpo diferente em algum momento, e nesse meio tempo, ela existe fora do corpo físico em algum outro nível de realidade, e, possivelmente, em outro universo.”


Imagem: http://www.spiritscienceandmetaphysics.com

Comentários

"Teoria do Bioentrismo" e "Triângulo Disperso".

Na teoria do biocentrismo nós não podemos ser tão insignificantes comparados á dimensão do universo conhecido. Esta nanonização humana ocorre por que não nos inserimos na teoria da relatividade espaço/tempo criada por Einstein. Vou citar aqui, um ensaio da nova teoria do universo do "Triângulo Disperso". Obra do mesmo autor citado.
A teoria do Biocentrismo refere sete princípios:
1 A nossa percepção da realidade é um processo que envolve a consciência. Uma realidade "externa" se existisse, teria, por definição, que existir no espaço. Mas isto não tem qualquer significado porque espaço e tempo não são realidades absolutas, senão meras ferramentas do humano e cérebro animal.
2 As nossas percepções internas e externas estão inextricavelmente entrelaçadas. São diferentes lados de uma mesma moeda e não se podem divorciar uma da outra.
3 O comportamento das partículas sub-atómicas, de facto de todas as partículas e objectos, está inextricavelmente ligado à presença de um observador. Sem a presença consciente do observador, as partículas existem, no melhor dos casos, apenas no estado indeterminado de probabilidade de onda.
4 Sem consciência a matéria permanece num indeterminado estado de probabilidade. Qualquer universo que poderia ter precedido a consciência apenas existiu em estado de probabilidade.
5 A estrutura do universo só pode ser explicada através do Biocentrismo.O universo está sintonizado com a vida, o que faz sentido, porque a vida cria o universo e não o contrário. O universo é simplesmente o conjunto lógico espaço-temporal do Eu.
6 O tempo não tem real existência fora da percepção do sentido-animal. É o processo pelo qual perceptimos mudanças no universo.
7 O espaço, como o tempo, não é um objecto ou uma coisa. O espaço é uma outra forma de compreensão animal, e não uma realidade independente. Carregamos o espaço-tempo como tartarugas as suas carapaças. Portanto não há nenhuma matriz existindo por si própria na qual ocorram acontecimentos independentes da vida.
Eduardo Medeiros disse…
***** O que é "não-localidade": termo tirado da física quântica, que é a influência ou comunicação instantânea, sem qualquer troca de sinais através do espaço-tempo; uma totalidade intacta ou não-separabilidade que transcende o espaço-tempo.
O termo remete também ao DOMÍNIO TRANSCENDENTAL que seria um reino da realidade que se situa paradoxalmente dentro e fora do espaço-tempo físico. O reino transcendente deve ser interpretado como não-local - ele pode influenciar eventos no espaço-tempo, ao tornar possíveis conexões sem comunicação pelos sinas através do espaço-tempo.
O termo POTENTIA também se relaciona com essas definições. Potentia é o domínio transcendente das ondas de probabilidade da física quântica.

(Amit Goswami, físico quântico)
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha, esse tema é mesmo fascinante. O resumo que você postou do biocentrismo é bem relevante para a maior compreensão do tema. Um outro grande físico quântico, Amit Goswani no seu livro O Universo Autoconsciente defende teses parecidas com o biocentrismo. ele também parte do princípio que é a consciência que cria a matéria e não o oposto.

Os físicos mais ortodoxos (os que torcem o nariz para os estranhos fenômenos quânticos) procuram desesperadamente uma explicação para o fenômeno que você cita no ítem 3, onde o fato de um observador entrar em contato com partículas subatômicas exerce sobre elas uma influência "comportamental". Li há uns meses um físico tentando explicar isso de forma radical: ela diz que apenas pensamos que o observador influencia as partículas. tudo passa de uma ilusão. mas acho que ele não convence nem a ele mesmo.
O ruim é que, facilmente, vira um monólogo. Mas vamos torcer para que este assunto não esteja na sala errada.Roger Penrose já ajudou muita gente a entender sobre a morte, universos paralelos, multiuniversos em diferentes dimensões.
A única viagem que, obrigatoriamente, você faz sozinho.Sua mente não morre com o corpo. Que tipo de tempo é o que separa um homem de seu passado - que separa um agora a partir do próximo - e ainda assim dá continuidade ao fio da consciência? O espaço/tempo tem várias dimensões e somos movidos a energia.A física nos diz que a energia nunca é perdida, e que nossos cérebros, mentes e, portanto, o sentimento da vida funciona por energia elétrica e, portanto, esta energia como todos os outros simplesmente não podem desaparecer. A visão biocêntrica dos intemporal, cosmos sem espaço de consciência não permite nenhuma verdadeira morte, em qualquer sentido real.
Hubner Braz disse…
Prefiro ficar no pensamento de David Chalmers pois ele é um dos que afirmam que a consciência não é uma propriedade física. Por isso, admite que ela é um mistério insolúvel. Se ela é um mistério insolúvel, logo cremos que um dia será revelado.

Lembrei até do caso de um rapaz que foi atingido por uma lança no cerebro e logo após a cirurgia ele está muito bem. Levaram ele para os EUA, onde estão estudando o porque não afetou em nada sua vida.

Alguém poderia explicar? Lógico que não, então permanece a teoria que a conciencia é um mistério onde poucos que aprofundam, não conseguem desvenda-las por completo.

hubnerbraz@gmail.com
Levi B. Santos disse…
Hubner

A Ciência refez o prólogo grego do evangelho de João, que poderia ser lido assim:


No princípio era a consciência e a consciência universal é o que a religião denomina Deus. Sem a consciência nada se fez. E por aí vai... (rsrs)
A finitude temporal do nosso universo-hoje aqui, ontem não a amanhã não mais faz com que sua existência paraça muito insegura. Seria improvável que um mundo de sólidos alicerces ontológicos se comportasse dessa maneira. Haveria de ser eterno, imperecível.Um mundo assim, ao contrário do Big Bang, teria uma aura de autossuficiência. Poderia até conter a causa de seu próprio ser.
Einstéin demonstra que a teoria da relatividade tem por base a persepção de um acontecimento. Talvez quando se fala de ciências, deveríamos colocar o sufixo "neuro" à frente. Teríamos assim, a neurofísica, a neuroquímica e a neuromaemática.Esta teoria tem o mérito de colocar o cérebro humano como parte das equações científicas, talvez assim entenderíamos melhor as vicissitudes da vida.
Hubner Braz disse…
Meio confuso isso Levi, kkkkk saquei sua estratégia. E se existe a consciência, logo, quem criou a consciência? (rsrsrs)
Levi B. Santos disse…
Acho impossível que algum dia a deusa da razão possa explicar todos os atos e fatos de nossa vida.

O irracional está sempre contaminando ou agindo dentro do ser humano. Não devemos esquecer que até os físicos reconhecem que o impacto que o observador sente diante do que é observado influe sobremaneira em suas conclusões. Ou seja, por mais que o cientista esteja profundamente determinado naquilo que pensa encontrar, a parte do cérebro responsável pela subjetividade irá afetar a sua percepção.

Uma grande parte de nossa vida interior mescla e determina em parte aquilo que se deseja alcançar
Mariani Lima disse…
Achei muito legal. A migração da minha fé para um certo espiritualismo fez com que me deparasse de forma mais simplificada com essas teorias. Fora disso, espiritismo fala em vários mundos e a própria bíblia em várias moradas da casa de meu pai. Gostei. Li só o texto. Depois leio os comentários.
Abraços.
Muito boa a matéria! Vale a penar estudarmos o assunto assim como os relatos sobre as experiências de quase morte (EQMs).

Na Bíblia, diz o texto sagrado que, se o homem comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele certamente morreria (Gn 2:17). Embora pra mim o falecimento do corpo físico sempre foi algo natural, mesmo antes da condição mítica de "queda" do homem, a ideia equivocada de que a consciência morreria surgiu devido ao pecado. Como a humanidade deu as costas ao Autor da Vida, ela se desconectou com a Essência alienando-se da realidade espiritual. Mas ao se arrepender voltando-se para o Criador, o homem pode retornar à visão de eternidade. E o grande barato é que isto não depende de elaborados conhecimentos científicos daí a acessibilidade das mensagens bíblicas.

Para onde vai a consciência? Bem, esta é uma pergunta em que as metáforas do "céu" e "inferno" podem realmente nos ensinar que há lugares bons e ruins na realidade extrafísica, sendo que muitos já vivem infernamente aqui de modo que o falecimento do corpo, por si só, parece não mudar a condição do indivíduo. Todavia, a mensagem pregada por Jesus mostrada nos evangelhos mostra que o homem pode transcender existencialmente. E aceitar o ensino do Mestre trás vida experimentada no aqui e agora.

Ótima semana a todos!
Oi, Mariani.

As ideias desse cientista estariam mais para a conscienciologia do que para o espiritismo. Para os conscienciólogos que seguem os estudos do Waldo Vieira, a dotrina de Kardec estaria carente de uma atualização. Entretanto, vejo na simplicidade da Bíblia uma suficiênia de ensinos que, se compreendidos e aceitos, reconectam o homem à consciência da eternidade como expus no comentário ao texto escrito abaixo.
Hubner,

Não acho que seja por aí que o Levi se expressou. Quando ele disse "e a consciência universal é o que a religião denomina Deus", não acho que ee tenha se referido à pré-existência de um Ser Criador.

Aguardemos uma nova participação do confrade.
Também acho que ideias como a existência de Deus, vida após a "morte" e as experiências extrassensoriais estão mais para o campo da subjetividade. Pode-se, porém utilizar uma liguagem mais "racional" ou próxima da nossa cosmovisão atual, mas que não se afastam da intuição. Mas o fato é que, na investigação dessa extrassensorialidade, pode haver o auto-engano assim como pode acontecer nas ciências.
"A visão biocêntrica dos intemporal, cosmos sem espaço de consciência não permite nenhuma verdadeira morte, em qualquer sentido real."


Exato, Altamirando! A morte foi um equívoco que entrou na mentalidade humana devido ao pecado, isto é, à nossa alienate desconexão com o Eterno.

É preciso que o homem se reencontre com o seu Criador!
Eduardo Medeiros disse…
Eu estou achando ótimas as intervenções dos confrades. Realmente um assunto para ficarmos um mês debatendo!!

O Mirandinha fez uma pergunta: "Que tipo de tempo é o que separa um homem de seu passado - que separa um agora a partir do próximo - e ainda assim dá continuidade ao fio da consciência?"

E o Levi modificando o Evangelho de João disse: "No princípio era a consciência "

É exatamente com essa afirmação "No princípio era a consciência" que os físicos idealistas trabalham para provar que antes da matéria, veio a consciência. A base para tais afirmações são exatamente todos os estudos que se tem feito atualmente para decifrar a consciência. Para muitos neurocientistas, ela é indecifrável. Mas os cientistas materialistas não abrem mão de dizer que é o artefato físico do cérebro que produz a consciência, mesmo essa afirmação levantando tantas contradições.

Gosto muito da abordagem do físico quântico indiano Amit Goswani que trabalha essa ideia de que no princípio era a consciência e não a matéria. Ele vai além e afirma com todas as letras que o universo sem Deus é inexplicável.
Mas como também observou o Levi, Deus em questão é exatamente a Consciência Universal de onde tudo veio a surgir. Aqui não cabe um ser com características pessoais, apesar de eu achar que o Deus pessoal da tradição judaica-cristã não ser em tese, um absurdo. Absurdo é tudo o que construíram em cima da ideia do Deus pessoal.

Mas o certo é que a visão idealista vê nessa Consciência Universal a fonte da nossa própria consciência. Por isso que a nossa consciência seria imaterial, pois está "ligada" e aqui lembro do comentário do Mirandinha, a esta Consciência Universal. Goswani se utiliza dos fenômenos quânticos para construir sua teoria como a NÃO-LOCALIDADE.

NÃO LOCALIDADE é um fenômeno que se observa nas partículas subatômicas. É uma influência ou comunicação instantânea, sem qualquer troca de sinais através do espaço-tempo; isso se prova em experimentos onde partículas subatômicas separadas continuam ligadas umas às outras, sendo uma influenciada pela outra.
Eduardo Medeiros disse…
Eu entendo que as grandes tradições místicas e religiosas do passado, souberam pela intuição (citada pelo RODRIGO) que nós estamos ligados a essa Consciência Universal e dela, recebemos influência. Talvez daí tenham surgido todos os folclores e mitologias religiosas.

Aliás, a intuição é uma dimensão humana que ficou relegada ao esquecimento depois do determinismo de Kant que dizia que nós só poderíamos conhecer o "fenômeno", pois ele é nada mais do que a maneira como nossa razão organiza a realidade. A COISA EM SI estaria completamente fora do alcance do nosso intelecto. Isso foi um tiro de misericórdia na metafísica

Mas precisou vir alguém como Henri Bergson para dizer que Kant tinha sido muito radical. Para ele, o REAL pode vir a ser apreendido pela INTUIÇÃO. Outros filósofos de peso como SHOPENHAUER, que interpretou a vida como o fluxo de uma VONTADE CEGA, destoou de Kant.
Este comentário foi removido pelo autor.
O Deus cristão não é um produto de lógica. Tem um livre arbítrio que transcende qualquer tautologia. Existe no tempo mas não é tão grande no sentido requerido pelo argumento ontológico, já que sua onisciência é limitada pela incapacidade de saber com antecedência de que maneira nós, suas criaturas, vamos exercer o livre arbítrio. Porém, ele próprio não possui um alicerce ontológico e sua essência não inclui a existência. Seu ser não é logicamente necessário.
A ciência levantou o véu do mistério que obscurecia muitos fenômenos para grande benefício da espécie humana, mas nos defronta com um mistério básico:o mistério da existência.
Os cientistas são capazes de explicar a organização do universo físico. Podem lançar alguma luz sobre a maneira como o universo evoluiu ao longo de sua história. Mas, em relação a origem primeva da realidade, nada tem a dizer. Trata-se de um enígma que deve ficar com a metafísica.
Intuição e razão podem servir a um mesmo propósito construtivo. Ser racional não importa em ignorar a intuição e vice-versa.
Altamirando,

Acho que está inobservando a onisciência e a eternidade de Deus! O fato do Criador ter nos concedido livre arbítrio não significa que Ele se torne incapaz de pré-conhecer as nossas decisões. E justamente sabendo que o homem iria pecar, diz lá numa das cartas de Pedro que o Cordeiro foi "morto antes da fundação do mundo". Lembro também que, na revelação do Sinai, Deus se revelou a Moisés como o "Eu Sou", motivo pelo qual se verifica aí a ideia de um Ser Eterno

Como bem reconheceu, "a origem primeva da realidade" cuida-se de "um enígma que deve ficar com a metafísica". Ou seja, indo por este caminho a meu ver aristotélico, você não estaria longe de crer em Deus.
O aprofundamento dessa teoria da "não localidade" não nos levaria à descoberta de novos tipos de comunicações? Mas muito antes que alguns cientistas chegassem a essas conclusões hoje surpreendentes, inúmeras orações foram registadas na Bíblia, sobretudo no livro de Salmos...
Rodrigo, eu acredito em todos os deuses. Respeito a todos e acho primordial a contribuição que deram a seus seguidores numa época em que o arco-írs era um fenômeno da luz divina. Até hoje, parte da sociedade ainda acredita em lendas e necessita de seus cuidados. Para mim, sua forma imaterial se faz desnecessária tndo em vista que ainda não estive dentro de um avião caindo, num naufrágio nem perdido num deserto. É mais fácil o cristão atribuir os poderes do seu Deus às explicações naturais.
Se olharmos para o panteão de deuses do nosso Olimpo veremos que o Deus cristão foi o único que criou o próprio tempo, estava por traz do Big Bang mas não foi anterior a ele. Eu não estou muito longe de acreditar nele. He, he, he...
No início do século XX considerava-se que o nosso universo consistia apenas da galáxia Via Láctea plantada sozinha num espaço infinito. De lá para cá ficamos sabendo que a Via Láctea é só uma entre, aproximadamente, cem bilhões de galáxias semehantes apenas no universo observável.
A nova cosmologia inflacionária prevê que explosões geradoras de universos como o Big Bang devem ser acontecimentos rotineiros. Na visão inflacionária nosso universo espocou no espaço-tempo de um universo preexistente. Em vez de constituir toda a realidade física, ele não passa de uma parte infinitezimal de um multiverso em eterna reprodução.
Embora cada um dos universos que espocaram nesse multiverso tivesse um início definido no tempo, todo este conjunto autoreplicador pode ter idade indefinida. Recupera-se assim a eternidade que parecia perdida com o Big Bang.
Este comentário foi removido pelo autor.
Continuando...

O homem se vê, de repente, existindo após milhões de anos de não existência, vive por algum tempo e então transcorre um novo período igualmente longo em que ele não existe mais. A mente humana rebela-se contra isso sentindo que o vazio da exisência não pode ser verdade. É mais difícil imaginar deixar de existir após a morte do que imaginar não existir antes de nascer. Na verdade achamos a não existência póstuma mais assustadora que a não existência pre-natal. Eu volto...
Rodrigo, Colocar religião nesta historia é como afirmar que o carro de fogo bíblico era um disco voador.

Quem sabe, morrendo descobriremos nossa importância?
adeildes disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, seus recentes comentários foram muito interessantes. Deixa eu tirar umas dúvidas:

Concordo que o Deus Bíblico não é produto da razão, pois esse negócio de razão e filosofia era coisa de grego, não de hebreu. O hebreu sempre foi pragmático. Javé é um Deus pragmático. Ele está ali para dar a lei, para cuidar do seu povo em suas andanças e conquistas, para construir mesmo o dia a dia. Tanto que não existe nenhuma teologia muito elevada no Pentateuco, vindo isso acontecer talvez nos grandes profetas. (não sei se o teólogo RODRIGO vai concordar com isso).

Mas eu encontro em Exodo uma declaração bem elevada sobre o nome de Deus. "Eu sou", ou "Eu tenho sido", ou ainda "sou o que devo ser", etc. Essa expressão sugere que Deus não "existe", na verdade ele é. Creio que isso foi o mais longe que o pensamento hebreu antigo conseguiu filosofar sobre seu Deus, e era uma afirmação original para um deus.

Gostaria de saber sua opinião teológica sobre isso.
Eduardo Medeiros disse…
Mais umas dúvidas, Mirandinha, agora sobre cosmologia.

A tese de multiversos e universos eternos não é aceita pela maioria dos cientistas não é? Isso por que essa tese contraria o Big Bang. Se a teoria do Big Bang está certa, o universo teve um início numa singularidade. Seria possível haver uma singularidade milhões de vezes? Ai deixaria de ser singularidade...e curiosamente, você tocou um ponto que os apologistas cristãos gostam de repetir: Que a teoria do Big Bang está de acordo com a concepção teísta, já que na Bíblia, Deus é quem cria o tempo e o espaço; mas não fica muito claro se o próprio Deus estava fora do tempo e do espaço ao criá-los e se estava, como criá-los? A ideia mais coerente ao meu ver, é que Deus cria tudo "dentro de si mesmo". Talvez tal metáfora nos sirva para alguma coisa rss
Não acho que a experiência religiosa seja tão absurda, Altamirando. Ela pode conter falhas, ser passível de vários questionamentos além de posicionamentos que chegam a ser absurdos. Porém, trata-se de algo considerável em ossa caminhada individual e coletiva.
Mas esses vários "universos" (preferiria chamar então de sub-universos) não formariam então um super universo? Mesmo considerando que haja um conjunto de galáxias originárias de uma explosão original e outros grupos quase infinitos decorrentes de outras explosões, dentro de um espaço e um tempo que seriam a meu ver realmente infinitos, tudo acaba formando um só mega UNI-verso.Algo que respalda a confissão bíblica de Deuteronômio: "O Eterno é UM"
Há um só Deus, meu amigo! Os deuses são ficções humanas. Aliás, a palavra "deus" também não seria suficiente para definir o nosso Criador, a Causa Primeira, o Grande Arquiteto do Universo, o Eterno.
Tanto o tempo em que não havia vida quanto a imensidão de espaço vazio inabitável do Universo seriam períodos que para a nossa mente tornam-se desconsiderados. Saindo um pouco da ciência, eu compararia essas imensas porções e tempo e de espaço aos universos paralelos, ao potencial de existência da partícula "se" e às muitas moradas das quais Jesus teria falado no Evangelho de João aproveitando um pouco da participação da Mariani. Também seriam potencialidades que podemos preencher de vida assim como nossa pré e pós-existência encarnatória. Isso sim eu entendo como encarar tal vazio. Do contrário seria uma atitude de conformismo e desesperança. A crença na eternidade faz com que o homem queira mudar e transformar a sua realidade , o que nos impulsiona em nossas mais diversas realizações.
Achei bem interessante essa sua visão, Edu.

A Torá nos dá uma percepção mais imediata de Deus digamos assim. O verbo "ser" podemos considerar como algo até mas forte do que "existir", alcançando a dimensão da eternidade.

Deus tem vários nomes e cada um deles seria uma representação da forma como Ele é percebido pelos seres humanos.

Ora, obviamente que os antigos hebreus conheciam os diferentes nomes de Deus, mas o que interessava seria coo Ele iria se manifestar no curso da história da nação. Em outras palavras, como significariam Deus na vida deles, sendo que nos três momentos em que Deus se revela a Moisés (versos 2, 4 e 7 do cap. 3 de Êxodo), seu nome denota misericórdia, demonstrando assim, que a sua intenção primordial é redimir Israel numa histórica demonstração.
Ao se considerar a existência de outros "universos", passamos a entender a grande explosão como a fonte geradora de um sub-universo como respondi acima ao Altamirando. Para o nosso ponto de vista, esses conjuntos de galáxias formam todo o Universo que cabe hoje na nossa mente assim como um dia foi só a Via Láctea, ou o sistema solar, a Terra ou um continente habitado. Para o autor de Gênesis, seu Universo talvez correspondesse apenas ao Oriente Próximo e regiões em volta, mal conhecendo o que pudesse haver no oeste da bacia mediterrânea ou na Índia, assim como nas terras para lá do Mar Negro ou ao sul da Etiópia. Ora, se há várias explosões ocorrendo pela imensidão do espaço e outros processos formadores de qualquer coisa, tudo vai se inserir dentro do tabuleiro da realidade. Aí Podemos ver Deus como essa Suprema Realidade. Realidade que está para além do tempo e do espaço até por estas duas dimensões seriam criações humanas.
Edu, aí você me apertou, Como eu posso ter opinão teológica se eu não acrdito na bíbia nem uso técnicas de exegese para interpretá-la?
A teologia trata do conhecimento de Deus e sua relação com o universo e o homem. Se eu não acredito em Deus (escrevo em maiúscula por respeito a vocês) algum, como posso dissertar sobre seus feitos?
Na verdade Edu, o universo tem segredos que até o Deus cristão com sua oniciência desconhece.Prova de oitiva não é fundamento para discutir realidades científicas. Toda teoria sobre a formação do universo e sua magnitude ainda está esperando confirmação. Não é uma lenda de nomades primitivos que vai ter a pretensão de explicar. A realidade é bem mais complexa e a natureza ignora a fé.
Triste decepção a de vocês quando descobrirem que seu Deus, o Eterno, o arquiteto,O Rei dos Reis na verdade é uma sociedade extraterrestre que ajudou uma tribo de andarilhos a se livrar da escravidão matando gigantes, domando leões,derrubando muralhas. abrindo as águas do mar, ressusscitando mortos. Daí eu quero ver onde será depositado tanta fé. É bom por a barba de molho.
Einstéin demonstra que a teoria da relatividade tem por base a persepção de um acontecimento. Talvez quando se fala de ciências, deveríamos colocar o sufixo "neuro" à frente. Teríamos assim, a neurofísica, a neuroquímica e a neuromaemática.Esta teoria tem o mérito de colocar o cérebro humano como parte das equações científicas, talvez assim entenderíamos melhor as vicissitudes da vida.
Só estou repetindo por que parece que este parágrafo não foi lido.
Altamirando,

E o que tem a me dizer quanto ao Deus dos ETs que teriam ajudado o povo hebreu?

Você veio com o milho, mas já tenho o bolo de fubá pronto pois já conheço esse argumento!

Se Deus contou com agentes na criação, que teriam feito o homem à sua imagem e semelhança, não será por isso que consideraremos por inexistente a Inteligência Superior que comanda o Universo.

Agora entendi porque disse que acreditava nos "deuses"... (rsrsrs)
Acho que ele pretendeu se referir a mim pois sabe que você se considera ateu, Altamirando.
Mas a tal "lenda de nomades primitivos" nunca teve mesmo a pretensão de explicar cientificamente a origem do Universo. Quem se equivocou a esse respeito a Igreja pois a preocupação da Torá é mais com o aspecto ético das condutas humanas e não com a historicidade dos fatos nela narrados.
Não discordo de Albert Einstein, o qual, inclusive, era judeu e ao seu modo cria em Deus.
Unknown disse…
Foi bom. Pensei que o assunto não renderia tanto.
Unknown disse…
Foi bom. Pensei que o assunto não renderia tanto.
Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha, eu sei que você conhece a Bíblia muito bem. Na verdade eu queria que você dissesse o que achava da expressão "Eu Sou" enquanto designiação original para o Deus hebreu.

A colocação de "neuro" à frente das ciências me parece justa; afinal de contas, toda ciência tem origem no pensamento humano.

E conforme o Rodrigo disse, também não acho que o escritor do gênesis tinha pretensões científicas; ele queria era colocar a criação no contexto da fé javista a partir do que pensava a cosmologia mediterrânea da época, fazendo uma confrontação entre as divindades mediterrâneas e Javé. Tanto que tanto sol e lua, tidos como divindades na Babilônia, foram postos como simples astros celestes criador por Javé.

Não precisa ser teísta, Mirandinha, para discutir esses aspectos bíblicos.
O tema que propôs, Edu, foi muito bom. Há muito o que ser aprofundado nesse campo e aí acabamos nos deparando com algumas ideias que compõem as crenças espíritas, esbarrando nos estudos sobre retrocognições (supostas lembranças de vidas passadas), fenômenos premonitórios, auto-consciência, multidimensionalidade, parapsiquismo e projeções da consciência, etc. São áreas de estudo que estariam a meu ver totalmente no campo do subjetivismo e passível dos mais diversos auto-enganos. Há quem duvide da existência desses "fenômenos" e também quem os considere como "manifestações demoníacas". No futuro talvez haja maior esclarecimento.
Apesar da nova postagem feita pelo Levi, continua rendendo assunto.
Pois é Rodrigo, dentre os maiores auto-enganos o de acreditar que o universo teve um criador com as características do cristão ganha em disparate. Extraindo as manifestações demoníacas (quais?) o quesionamento rendeu bem, mas poderia ser melhor pelo potencial.
Edu, eu não sou herege, aredito em minhas conficçoes. O "Eu sou" designado pelo Deus cristão caiu no vazio como as afirmações de Gigamesh. E daí? Faz diferênça se não for?
Rodrgo, seu Deus não foi o criador do milho. Noé não o coocou na Arca. O milho é cultura Inca cujo Deus é outro. Portanto seu bolo de fubá é falso tanto quanto seus ETs co sua inteligência superior. Falta evidências apesar de que não seja impossível. Aí seu Deus se torna um ET no sentido científico. Uma civilização extra terrestre pderia ter sido criada por outra mais evoluida também criada por oura. Então nossa civilização não passa de uma boneca russa. Ai você terá a coragem de dizer que o criador da boneca russa foi o Deus cristão?
Pois...pois... cada boneca tem um Deus para chamar de criador. Se... eu acredito em deuses. Não?...Continuo ateu.
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha, no meu entender, a expressão "Eu Sou" daria uma boa matéria de interesse histórico, teológico, até mesmo psicológico. Mas deixemos isso para outra oportunidade. Pretendo voltar outras vezes ao tema, e você também poderia publicar mais nessa área.
A palavra "deus" quer dizer "radiante" e, portanto, trata-se de um vocábulo para o Altíssimo assim como qualquer outro nome. Se fomos criados através de ETs, isto nunca vai invalidar a minha em crença em HaShem ("O Nome"), o Deus que tirou Israel do Egito e abriu o Mar Vermelho. Se diante do povo o Seu Anjo teria sido quem guiou Moisés e depois conduziu a Josué, então a quem o Anjo (ou o ET) recebia ordens? Mas vc entendeu o meu raciocínio quando falou da "boneca russa" e a crença em Deus será ainda assim uma questão de fé por mais que a humanidade venha a descobrir um dia seus milenares mistérios. Vale lembrar que entre todos os povos, mesmo entre os índios pré-colombianos das Américas, parece tê-los acompanhado a figura de uma Divindade Suprema em seus respectivos panteões.
É preciso distinguir o que há de cultural da experiência mística dos homens quando tratamos da visão sobre Deus em qualquer religião. Mas posso dizer-lhe que até hoje a Bíblia foi meu principal instrumento nessa caminhada de buscar conhecer Deus além de minhas experiências pessoais e devoções. Particularmente creio, segundo os exemplos bíblicos, que o Eterno se revela conforme os valores de um indivíduo e até mesmo de seu povo. Deus, o Altíssimo e sempre Transcendente, está nos céus, mas nós O conhecemos na imanência através de Jesus, o Filho do Homem, o Emanuel. Convido você a ter uma experiência com Deus em Cristo.