Eugenia intelectual.

       Os  neandertalenses se separaram do ancestral que partilharam conosco entre 600 e 550 mil anos atrás. Tinham uma capacidade craniana parecida com a nossa que fica numa média de 1.520 centímetros cúbicos. Eram fisicamente mais robustos que nós, com peito cilíndrico e músculos mais fortes e usavam cerca de 60 utensílios diferentes. Muitos encontrados naturalmente em seu habitat.
   Teoricamente os neandertalenses tinham as mesmas chances de se tornarem como nós no sentido de uma espécie hominídea inteligente capaz de viajar no espaço e comunicação interestelar. Não existem provas de que os neandertalenses tenham avançado além do ponto em que desapareceram há 30 mil anos atrás. Embora os paleontólogos discordem sobre muitas coisas, existe uma concordância quase total na literatura de que os neandertalenses não estavam a caminho de uma evolução substancial como a nossa. Eles eram organismos perfeitamente adaptados ao seu ambiente. Viviam em harmonia com a natureza, suas ferramentas continuaram imutáveis por mais de 200 mil anos. Só quando as culturas do alto paleolítico surgiram, há 35 mil anos, a inovação e a ordem arbitrária se diferenciaram.
  Mas, segundo a interpretação do paleontólogo Ian Tattersal, quando se compara a base do crânio nos registros arqueológicos sobre a capacidade do homem de Neandertal e seus precursores é difícil evitar a conclusão de que uma linhagem articulada como conhecemos hoje, é atribuição única de humanos modernos. A estrutura craniana dos mamíferos tem a base plana, mas nos humanoides é arqueada. No homem de Neandertal ela quase desaparece. A julgar por sua base do crânio, (posição relacionada com a altura com que a laringe se localiza na garganta) os neandertalenses tinham habilidades verbais mais fracas do que outros arcaicos sapiens que viveram milhares de anos antes. O abismo entre nós e o resto da espécie hominídea seria então transposto por nossos ancestrais. Será que só a inabilidade verbal causou este suicídio intelectual?
  O Homo Sapiens evoluiu posteriormente como descendente dos primeiros humanos, mas não houve nada de inevitável nisto. O Homo Sapiens porém, não é um organismo muito diferente do Homem de Neandertal, faz o mesmo que seus antepassados faziam mas um pouco melhor e muito diferente. Se a inteligência é um resultado previsível dos poderes da natureza, por que apenas uma espécie hominídea conseguiu sobreviver por tempo suficiente para fazer a pergunta: O que aconteceu com aqueles australopitecos bípedes e usuários de ferramentas?  O que aconteceu com aqueles Homos de grandes cérebros produtores da cultura habilis, erectus e neandertalenses?  Se os cérebros eram tão grandes, por que todas as espécies, menos uma, foram extintas?.
  Há milhares de anos atrás uma espécie de hominídeo classificada como Homo Sapiens sentiu necessidade de usar mais a sua capacidade cerebral provando que a necessidade é a mãe da invenção. Pelo fato de a evolução biológica ser basicamente um passeio aleatório no espaço de todas as possibilidades genéticas, ele tem sido muito lento. O cérebro não possui uma CPU única que processa cada comando em sequência. Ao contrário, possui milhões de processadores trabalhando juntos e ao mesmo tempo. O cérebro é constituído de cerca de 100 bilhões de neurônios de centenas de tipos, cada um deles contendo corpo celular, axônio, numerosos derdrídos e terminais axônicos que se ramificam para outros neurônios em aproximadamente mil trilhões de conexões sinápticas entre estas centenas de bilhões de neurônios.
   A criatividade envolve um processo de padronicidade ou de descobrir novos elementos e gerar produtos ou ideias originais a partir dele, mas carece de certo exercício cerebral constante. Os neandertalenses não tinham ou não desenvolveram esta capacidade. Apesar de todo este esforço para atingir este estado evolutivo, a raça humana precisa melhorar suas qualidades mentais aumentando sua complexidade para enfrentar novos desafios. No decorrer dos últimos milênios o homem descobriu que a terra não é plana, não é o centro do universo e que há um infinito número de sistemas iguais ao solar em outras galáxias muito maiores que a Via Láctea além de desvendar inúmeros mitos formados por sua crença primitiva.
Apesar das evidências, uma substancial parcela da humanidade continua acorrentada à idade média. Como os Neandertais, esta parcela da humanidade não está a caminho de uma evolução eminente. Suas crenças continuam imutáveis por mais de três mil anos. A involução psíquica tem cerceado a esperança destes elementos a trilharem o caminho da inteligência. Como, talvez, no passado ocorreu com o homem de Neandertal e o homo Sapiens que por algum motivo um se extinguiu enquanto o outro está contando sua história.
 Do  lado biológico o limite da inteligência humana  tem sido fixado pelo tamanho do cérebro que é determinado pelo canal do parto.
   Acredito que nos próximos cem anos conseguiremos desenvolver bebês fora do corpo humano de modo a eliminar esta limitação favorecendo os implantes neurais, aumento de memória e pacotes de informações mil. Tais seres parecerão menos conosco. Como será batizada esta nova espécie, Homem Cibernético?

E no 4º, 40º ou no 400º século dC estarão perguntando: Qual o tamanho da força que levou os cristãos, muçulmanos, budistas e outros fundamentalistas a optarem pela extinção? 

 * * * *

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Comentários

Caros confrades, sei que estou em falta e à margem da escala de postagem mas só agora consegui percentual de sinal para editar o texto. Espero que renda alguma polêmica.
Tenham um bom dia.
Anônimo disse…
Não duvido disso nem um pouco. No final veremos que realmente éramos só nós mesmos a trilharmos nossos caminhos. Nada mais.
Anônimo disse…
Excelente texto.
Entrega o seu caminho ao senhor e ele tudo fará.. Fará...o quê?
Temos que aprender a andar só e a evolução tem direção.
É uma interessante questão para refletirmos. Por que os nossos primos do gênero Homo foram extintos se tinham tudo para evoluir? Tenho pra mim que a nossa espécie realmente competiu com os neandertalenses na disputa pelo mesmo espaço a partir do momento em que não houve mais isolamento geográfico entre ambos. Ou seja, nossos ancestrais provavelmente partiram para uma contínua guerra com paus e pedras até se tornarem a única vida inteligente debaixo do sol.

Neste sentido, devemos ter muito cuidado com o nosso processo auto-evolutivo. Segundo o renomado físico britânico Stephen Hawking, é preciso cautela no contato com os extraterrestres, os quais, a seu ver, vão tentar dominar o nosso planeta. Pode parecer coisa de filme, mas tem fundamento se olharmos para a nossa história e pré-história. Daí ele se opor aos constantes sinais de nossa existência que estamos mandando ao espaço em busca do contato extraterrestre.

A teoria de Hawking baseia-se na lógica matemática que sempre regeu seu cérebro. "Os extraterrestres que recebam nosso sinal, ou não dispõem da tecnologia suficiente para nos responder, ou têm uma muito superior que lhes permitirá vir até aqui". E se essa civilização alienígena que tanto chamamos for hostil? O físico afirma que melhor do que enviar sinais, o que deveríamos fazer é nos esconder. Hawking alerta de que pode ser produzido o mesmo efeito de quando os espanhóis chegaram a América em 1492. Uma civilização mais desenvolvida inutiliza e acaba com os recursos de outra em menor grau de desenvolvimento que, inclusive, pode ser levada a seu desaparecimento.

Em 2011, Hawking voltou ao ônus em uma entrevista publicada pelo The Guardian na qual fez questão de salientar que "a noção de vida extraterrestre é real, mas perigosa". Esta teoria espaço-apocalíptica ganhou críticas entra a comunidade científica ao longo dos últimos meses. "Se os alienígenas quisessem conquistar nosso planeta já poderiam tê-lo feito nos últimos 4.500 milhões de anos", afirmou Paul Davies, cientista do projeto Search for Extraterrestrial Intelligence [Busca por Inteligência Extraterrestre, SETI].
Em tempo! Considero bem questionáveis essas refutações feitas por Paul Davies a Hawking. Em termos cosmológicos, a nossa evolução seria bem recente se pensarmos nas distâncias entre as constelações medidas pela velocidade da luz. A zona habitável da Via Láctea e que tenha vida inteligente como a nossa pode estar há pelo menos uns 5 ou 10 mil anos-luz. Pode ser até que alguma expedição de ET tenha nos visitado alguns milênios trás e, se obtiverem algum sinal do perigoso nível intelectual e destrutivo que hoje nos encontramos, será que permitirão a continuidade da espécie humana?
Levi B. Santos disse…
A longa ausência (ou hibernação) do confrade Miranda, fez com que seus neurônios nos brindasse com este excelente texto.. Parabéns!

E no final, fechou com chave de ouro ao fazer a provocativa e instigante indagação, a qual, faço questão de replicá-la, rindo aos borbotões comigo mesmo:

”E no 4º, 40º ou no 400º século dC estarão perguntando: Qual o tamanho da força que levou os cristãos, muçulmanos, budistas e outros fundamentalistas a optarem pela extinção? “

Mas Miranda, você esqueceu de que eles vão gozar eternamente, em uma outra galáxia.

Mesmo que cristãos e os muçulmanos tenham, através da uma grande hecatombe, se destruídos mutuamente. Quem sabe se lá em “cima” , depois do arrebatamento (ou arrebentamento) não estarão de novos juntos tracando um novo plano de convivência?

Claro que os êxtases serão tremendamente espetaculares. Os cristãos na glória com suas coroas de ouro, e os muçulmanos (mais sábios?), cada um com dez virgens, a rirem de um canto a outra da boca. O risco é se Lucifer aparecer por lá para tentar, não uma, mas milhares de Evas. (kkkkkk)

Quanto aos budistas, que hoje, na maioria são lights, segundo o estudioso das religiões, Felipe Pondé, continuarão com seus vícios ou virtudes de rejeitar uma picanha argentina para saborear uma folha de alface. (kkkkkkk)

Amigo Rodrigo, Tenha em mente de que quem está numa lenta evolução somos nós que ainda assassinamos nosso semelhante, roubamos nosso irmão e matamos nossos pais. Além de 2/3 da nossa espécie ainda acreditar que fomos criados num conto de fadas por um ser lendário mesmo tendo acesso a milhões de evidências negativas. Se, provavelmente, não estamos sós neste imenso universo e formos contactados por outra civilização, logicamente ela está milhões de anos mais evoluída do que nós. Acredito que se isto ocorrer será para nos ensinar a viver em nosso próprio ambiente, já que ainda não aprendemos. A guerra faz parte de culturas primitivas e os extra terrestres estão em outra dimensão.Vá dormir tranquilo e reze para que venham antes de entrarmos em colapso.
Meu caro Levi Bronzeado,
No céu deve ser muito bom mesmo. Os melhores médicos estarão na portaria assessorando S.Pedro recondicionando períneo.Uma guilda de intelectuais psicólogos e psiquiatra imputando caráter aos criminosos hediondos que aceitaram Jesus nos presídios. As virgens para o deleite
dos muçulmanos e os eunucos santos rezando.Eu não quero ir para lá.
Levi B. Santos disse…
Entende-se por Eugenia, o aprimoramento genético do ser humano.

Mas há quem explique o termo “Eugenia”, do ponto de vista religioso, na medida em que uma “imago-dei” internalizada na psique do religioso o leva a buscar a perfeição e a ética.

Pode até passar despercebido, mas segundo, Sérgio M. Levy, ( autor do Livro - “O Livre Arbítrio: Uma Análise Apoiada na Relatividade e na Mecânica Quântica), “há um aspecto eugênico na religião: as regras e ensinamentos sagrados visam a perfeição e melhoria do indivíduo, e a inobservância e o descumprimento dos preceitos “divinos” levam, consequentemente, a punição”.

Tem até respaldo nos evangelhos, na bem conhecida frase: “Muitos são chamados e poucos escolhidos!”

E aí, Miranda, que diz você a respeito dessa “eugenia metafísica”? (rsrs)
Eduardo Medeiros disse…
Bem-vindo de volta, Mirandinha.

A sua questão é: por que os neandertais se extinguiram e os sapiens, não.
Não sei.

No final do seu texto ao fazer menção da futura extinção de cristãos, islâmicos, budistas, etc, acho que você sugere que a causa da extinção dos neandertais foi a burrice que impediu a inteligência evoluir, já que religiosos serão extintos basicamente por serem burros.

Para mim essa teoria é mais que furada.(se é que você sugere isso)

O sentido religioso foi fundamental para a sobrevivência intelectual da nossa espécie, assim como os mitos. Não haveria ciência hoje se não houvessem as religiões e os mitos. Se é verdade que a grande maioria dos sapiens ainda estão presos a mitos e religiões (o que é um mal sinal para o futuro da espécie se sua tese estiver certa), esses mesmos não estão fechados para a evolução do pensamento científico.

Abandonar a religião não significa evolução, visto que o campo cerebral de onde brotam as sensações "de mistério e transcendência" continuam ativas em um ateu. Estes apenas direcionaram tais sensações para outras coisas.

A instância cerebral de onde surge o sentimento religioso nos foi dado pela evolução. Se foi ela quem nos deu, era um atributo que nos permitia sobreviver.

Mas acho mesmo que um dia chegará onde não haverá mais cristianismo, nem islamismo, nem religião alguma conhecida hoje. Assim como várias religiões primitivas se extinguiram, as atuais também se extinguirão.

Faz parte do processo evolutivo do ser humano também a mudança cultural, e tenho a religião como um ente cultural. Mas daqui há 1000 mil anos, com toda certeza, haverá algum tipo de religião e algum entendimento sobre algo "Superior" a nós, mesmo que não seja algo parecido com o que temos hoje nas religiões tradicionais.

A não ser que nosso cérebro já não tenha a mesma arquitetura que hoje, o que acho duvidoso.

Eduardo Medeiros disse…
Quanto a ETs, acho que o renomado Hawking está indo longe demais. E digo isso baseado na opinião de outras renomados físicos.

A questão é a seguinte: Se o processo evolutivo que começou no Big Bang e terminou na criação da nossa espécie - seres inteligentes e conscientes - foi mero acaso, , um encadeamento absurdo de acidentes, então, com toda certeza, estamos sozinhos em todo o universo. Por que? Ora, por que um processo evolutivo como o nosso sendo casual e acidental, só acontece uma vez em um universo.

Agora, se de alguma forma, o "universo sabia que nós estávamos chegando" como disse um respeitado cientista, então é possível que haja inteligência em outras partes do universo, visto que então, seria propriedade inerente à matéria, evoluir de encontro à inteligência e consciência.
Eduardo Medeiros disse…
Mas gostei mesmo da frase que estampa a ilustração do texto.

"Quando você muda o modo de observar as coisas,as coisas que você observa, muda"

Este é exatamente o cerne do pensamento idealista monista. Para cientistas e filósofos idealistas, a consciência tem primazia sobre a matéria, e a molda segundo suas percepções. Não que isso seja uma metáfora, mas que realmente, ela molda.

Para filósofos e cientistas idealistas monistas, no princípio não era a matéria, no princípio era a consciência.
A eugenia daqual eu falo nada tem de metafísica, nem aprimoramento genético pois a inteligência não tem cor, pátria nem credo.A eugenia que falo é no sentido de extermínio mesmo.Ou seja;o suicídio intelectual causa a aniquilação da espécie. Só sobrevive o que evolui.
Edu meu caro.
Você saiu do nada para lugar nenhum. Meu título é "Eugenia intelectual". Isto quer dizer que o uso da inteligência torna a crença em lenda. O que se abstem de usar vive no inferno sonhando com um céu. Você é que denomina de burro este insistente.
A ciência nunca esteve atrelada à crenças. Digo mais; as descobertas científicas nos tirou da idade das trevas e você acaba concordando comigo querendo discordar.
". Mas daqui há 1000 mil anos, com toda certeza, haverá algum tipo de religião e algum entendimento sobre algo "Superior" a nós, mesmo que não seja algo parecido com o que temos hoje nas religiões tradicionais." He, he, he...
Eu falo do assunto que o Rodrigo P A da Luz citou acima sobre ETs e o EDU também comentou.Para vossa reflexão, leia:
http://oladoouaparte.blogspot.com.br/2013/02/di-ie-deus_16.html
A consciência tem primazia sobre a matéria e a molda segundo suas percepções. Mas carece de inteligência para despertar esta consciência. Há os que não a despertam por falta de conhecimento, há os tradicionais tementes a Deus e há os fanáticos ou lunáticos.De certa forma é um suicídio intelectual que leva a eugenia. Daqui a 1000 anos não haverá nenhum cristão, muçulmano, maometano ou candomblezeiro, macumbeiro ou coisa que o valha.
Levi B. Santos disse…
Faltou a réplica do Miranda, sobre a estocada abaixo, do Pastor, psicólogo e filósofo, Eduardo de Jesus:

Abandonar a religião não significa evolução, visto que o campo cerebral de onde brotam as sensações "de mistério e transcendência" continuam ativas em um ateu. Estes apenas direcionaram tais sensações para outras coisas (Edu)

Prezado Altamirando,

Na imensidão do Universo, ou mesmo da nossa galáxia, devem existir infinitas formas de vida em estágios evolutivos diferentes.

O fato é que a nossa evolução científica está bem a frente da ética assim como ocorreu com vários povos conquistadores de nossa história. Logo, não concordo com a generalização que, se uma civilização de extraterrestres vier a nos contactar, ela será necessariamente mais evoluída em termos éticos. Pode ser que sim como pode ser que apenas estejam numa processo expansionista mais a nossa frente. A Voyager precisa ser trazida de volta a Terra!

Abraços.
Não temos todas essas possibilidades de prever o futuro. Pode ser que daqui um milênio a humanidade esteja vivendo numa nova Idade das Trevas como na Idade Média. E se a Europa tornar-se muçulmana ainda neste século por causa do aumento na população de imigrantes? Ou se houver uma grande epidemia e reduzir a humanidade a um percentual bem pequeno da população de hoje? Neste caso, será que o remanescente saberia gerir e utilizar toda a tecnologia produzida?
Levi B. Santos disse…

“A instância cerebral de onde surge o sentimento religioso nos foi dado pela evolução” ― assim se expressou o nobre confrade Edu em sua primeira intervenção.

O que o amigo Edu, aqui escreveu, me remete a um texto que postei no “Ensaios&Prosas”, em outubro de 2011 , onde narro um “encontro” que tive com um amigo, o qual, decepcionado com as instituições religiosas, debandou-se para combater com todas as suas forças o malefício da religião pelo mundo afora. {LINK:http://levibronze.blogspot.com.br/2011/10/inesqueciveis-momentos-com-meu-amigo-x.html ]

No sentido de aprofundar o debate, quiçá, pelo ângulo da Neuropsicanálise, é que trago alguns trechos, do que escrevi em negrito naquela ocasião. Se não servir de subsídio ao debate, que me perdoem os amigos.

Nestes três trechos que reproduzo abaixo, percebo algum elo com o debate aqui iniciado. Se não vejamos:


“embora uma pessoa rejeite toda a crença, dogma e ilusão religiosa, não significa que ela tenha anulado o sentimento nobre de ‘re-ligar-se’ a um éden utópico”.

“a dependência psicológica não só se reflete naquele que não pode viver sem praticar seus rituais religiosos regularmente”.

“Ao longo da vida adulta, mesmo em pessoas intelectualmente sofisticadas esse sentimento nobre não abandona o homem, antes estabelece novos e fortes vínculos...”




Levi, você respondeu...
"“Ao longo da vida adulta, mesmo em pessoas intelectualmente sofisticadas esse sentimento nobre não abandona o homem, antes estabelece novos e fortes vínculos...”
Significa evolução sim. Você transforma lenda em realidade através do conhecimento. Toda sensação é cerebral. O cérebro tem o comando, ele age de acordo seu aprendizado. Se você aceita Jesus como seu salvador não sabendo se ele existiu ou não, o problema não é do seu cérebro.
As sensações de mistério e transcendências estão no cérebro, diferentes são as direções.
Este comentário foi removido pelo autor.
Sentimento religioso é adquirido. è tanto que há mil e uma religiões com milhares de seguidores com sentimentos iguais: A crença. Eu acho que minha descrença é fruto de uma evolução adquirida pelo ínfimo conhecimento da razão. E esta evolução está em ascensão pois há algum tempo eu desprezava crentes, achava-os idiotas. Hoje tenho vontade de ajudá-los. Se eu tivesse posses iria para as portas de igrejas distribuir livros de ciência. Hawking, Dawkins, Mlodnow, Aslan, Feynman, Bernouille, Fermat e mil outros papas.
Levi B. Santos disse…
“As sensações de mistério e transcendências estão no cérebro, diferentes são as direções”

Concordo plenamente com o que você escreveu acima, Miranda.

A Ciência e a Religião obedecem a uma mesma força ou motivação subjetiva; canalizadas em direções diferentes.

O mundo judaico cristão (ortodoxo) diz que seu Deus é onipotente e onisciente, e almeja um dia vê-lo cara a cara.

O Cientista vive numa eterna busca de um Design inteligente primevo
Ambos são movidos pela esperança. Até agora, ninguém viu Deus, nem esse Ser Extra-terrestre, e o Jogo, ainda no início do primeiro tempo, continua no 0x0. A partida é longa, podendo ter até prorrogação.

Consolemo-nos então: por enquanto, tudo é desejo e utopia. (rsrs)
Levi B. Santos disse…
Distribuir nas portas das igrejas os livros que você elencou, Miranda, vai ser uma luta inglória.

Veja que aqui nas terras de Dom João VI, o livro “Nada a Perder I” do Edir Macedo, passou um tempão em primeiro lugar na lista dos livros mais vendidos.
Ele ainda achou pouco, lançou o “Nada a Perder II”, que há cinco meses está na primeira posição do ranking dos mais vendidos.

Bem, lhe adianto que não li, nem sinto vontade de conferir nenhum desses dois manuais gospel.
Urgindo, que o tempo é curto, tenho selecionado leituras, que me ajudem a evoluir, ou mergulhar mais dentro de mim. (rsrs)
Conhecer os planos de Deus pode mudar e dar sentido a sua vida já que você não tem conhecimento algum sobre ela.
Levi B. Santos disse…
O termo “Mergulho”, aqui, eu usei justamente com esse significado ou sentido: o de se poder ver hoje o que não se via antes no sombrio oceano das relações humanas ― Em consonância com a frase da figura do topo do seu ensaio.

No frigir dos ovos, o que denominei de “mergulho dentro de mim”, acho que tem algo em comum com a sua experiência evolutiva, que fez mudar o seu ângulo de visão, como bem atesta essa sua preciosa confissão:

” Há algum tempo eu desprezava os crentes. Hoje tenho vontade de ajudá-los.” (rsrs)


P.S.:

Miranda!

Estamos tabelando em um campo vazio. Os confrades fugiram do debate. (rsrs)
A leitura de cordel ou bíblica também enriquece. Você tira bons proveitos até pelo tempo perdido lendo-as. O que não pode é mergulhar na escuridão do livro de capa preta e entregar seu caminho a um senhor inexistente . Daqui há 100 anos a humanidade se tornará uma tribo bárbara ou várias colônias no espaço. Os que não acreditarem que estamos entrando em colapso através da superpopulação irão para o céu. No inferno eles já estão. Religar ao quê?
Estão sem tempo, fugiram por falta de conteúdo, se sentiram ofendidos em sua crença ou humilhados pelo seu livro negro que não lhes preparou para o debate. Vou-lhes emprestar alguns, o de São Cipriano por exemplo. He, he, he...
Eduardo Medeiros disse…
"A cência nunca esteve atrelada à crenças' (Mirandinha)

Será, Mirandinha?
A história da ciência está cheia de erros de interpretações por crenças equivocadas. A ciência é dependente da mente humana, ela não é algo independente, por isso, inerrante. A ciência é e será, o que a mente humana permitir que ele seja.
Eduardo Medeiros disse…
Que negócio é esse que "fugiram por falta de conteúdo, se sentiram ofendidos em sua crença ou humilhados pelo seu livro negro .."

Estou aqui e minha bíblia tem capa azul...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

O Mirandinha foca na evolução do conhecimento: ."A eugenia que falo é no sentido de extermínio mesmo.Ou seja;o suicídio intelectual causa a aniquilação da espécie. Só sobrevive o que evolui."

a evolução do conhecimento foi ótimo para nossa espécie. Mas eu não consigo fazer uma contraposição rígida entre "religião e intelecto ou eugênia intelectual". Ora, os mais fanáticos religiosos não andam de avião? Não têm computador? Não usufruem de toda a tecnologia que temos? Eu só conheço um pequeno grupo de religiosos (se não me engano mórmons nos EUA) que criaram um comunidade onde tecnologia avançada demais não entra. eles rejeitam os avanços espetaculares da ciência dos nossos tempos. O curioso é que eles não abandonaram coisas como o moinho e a carroça, duas invenções "científicas".

Nem precisa repetir que grande parte da evolução da ciência foi feito por cientistas religiosos.

E como não criticar o racionalismo que nos trouxe a era científica? A esperança de que a razão e a ciência seriam a resposta para tudo, caíram fragosamente nos escombros da Segunda-Guerra e nas cinzas de Auschwitz e de Hiroshima e Nagasaki.

Excluir
Eduardo Medeiros disse…
Agora, se vamos criticar os modismos e tapeações do nosso mundo religioso, podem contar comigo.
Eduardo Medeiros disse…
Nós não devíamos endeusar tanto a ciência. Ela é limitada:

"Existem pelo menos três motivos para que a ciência seja incapaz de alcançar a verdade. Primeiro, a própria distância que nos separa do mundo material supostamente existente à nossa volta. De forma ingênua, acreditamos que aquilo que "vemos" é o que realmente existe. Porém, o que vemos é uma construção de nossa mente, que utilizam dados provenientes dos sentidos, mas lhes adicionam muitos outros elementos. Como mostrou o filósofo Immanuel Kant, temos a necessidade de supor que nossa percepção são causadas por coisas externas à mente, porém não podemos conhecer as coisas em si, mas apenas nossas representações delas. A ciência não consegue ultrapassar essa barreira, por isso nunca poderá estabelecer uma conexão direte entre nossas percepções do mundo e o mundo tal como realmente é.

Há um abismo entre tais percepções e o que falamos ou escrevemos a respeito delas. A linguagem é constituída de palavras, mas nossas percepções do mundo físico não o são. Se nossas percepções do mundo físico não são constituídas por palavras, é impossível esclarecer por meio delas de que forma elas se relacionam com a linguagem.

Devemos considerar ainda a relação bastante problemática entre as descrições, por meio de palavras, das percepções do mundo físico e as teorias científicas. Observamos acontecimentos singulares, que ocorrem em certa situação e em certo momento, mas ambicionamos construir teorias que sejam válidas sempre. Isso significa ir além do que a experiência, traduzida em palavras, é capaz de fornecer.
Nenhuma generalização é segura, pois sempre poderá ser refutada por conhecimentos futuros. E nenhuma teoria pode ser provada por observações ou experimentos, pois sempre será possível construir teorias diferentes que expliquem os mesmos fatos.

A escolha entre diferentes teorias é provisória, e mesmo conhecimentos que pareceram sólidos durante séculos acabaram sendo abandonados.

Roberto de Andrade Martins,
doutor em lógica e filosofia da ciência.
Publicado na edição especial da Scientific American 6
guiomar barba disse…
Realmente todas as religiões serão destruídas. "Haverá um só rebanho e um só Pastor. O verdadeiro pastor Jesus conduzirá a plena luz da verdade todas as suas ovelhas. Não haverá mais questionamentos, especulações científicas, históricas, etc., porque todas as coisas serão tão claras como a luz do sol.
guiomar barba disse…
O que me "encanta" é perceber como o Mirandinha se crer o iluminado, quando não tem sequer a mínima percepção do que transcende para o além desta vida efêmera e cheia de interrogações milenares.
Ok Edu, você descobriu a pólvora."A ciência é dependente da mente humana, ela não é algo independente, por isso, inerrante. A ciência é e será, o que a mente humana permitir que ele seja."
Edu meu caro, será que a religião também não é?
Meu caro Eduardo Medeiro de Jesus, Os grandes cientistas religiosos que você conhece não são aqueles que seguravam a cruz rezando para o Diabo? (Traduzindo, se diziam cristãos por medo da guilhotina, fogueira ou excomunhão).
Caro Edu, não entendi onde o Sr. Dr Roberto de Andrade Martins quer chegar. Vou assimilar seu conteúdo para posteriormente fazer um comentário. Seria leviandade fazê-lo agora.
Me aguarde.
Guiomar Barba, quando somarmos 15 bilhões de pessoas na face da terra não haverá rebanho nem pastor para alimentá-los com pomba e mel nem multiplicar pãezinhos. Quem anda em rebanhos manobrados não chega a lugar algum.
Não entendi. Primeiro, não creio ser iluminado se é isto o afirmado. E dizer que não tenho percepção do que transcende para o além desta vida efêmera e cheia de interrogações milenares é falta de conhecimento ou vazio mental. Curta duração tem a existência de quem vive pastoreado. Eu tenho noção de grandezas, este céuzinho prometido não me apetece.
Meu caríssimo Edu,

Algumas pessoas tem o dom e o direito de se expressar, publicar e confrontar suas ideias ou de outrem. Eu não havia entendido o seu comentário transcrevendo uma publicação do Dr cientista Roberto de Andrade Martins. Procurei na minha pequena estante e encontrei um livo publicado pela Editora Moderna em 1994 com o título de "O Universo" e de autoria de Roberto de Andrade Martins GHTC-USP, não sei se é o mesmo.
Esta publicação nada tem de especial, o escritor põe em confronto várias teses de cientistas como Kant e Laplace, dá suas explicações válidas como mestre para seus alunos. Um bom livro para quem iniciou a viagem ao descobrimento, por isso não entendi a chuva no mar.
Guiomar, não sei por que os religiosos se preocupam tanto em ir para o céu. Todos nós iremos para o mesmo lugar de onde viemos. Eu não vim de lugar algum. feliz de vocês que podem escolher.
guiomar barba disse…
Mirandinha, me poupe, eu não creio no que li partindo de você sobre os cientistas cristãos. Estes dois são pequenos exemplos: "Francis Collins, autor do best-seller A Linguagem de Deus e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, Estados Unidos; Alister McGrath, autor de, entre outros, Como Lidar com a Dúvida e O Delírio de Dawkins e professor na Universidade de Oxford; Alasdair Coles, da Universidade de Cambridge e coordenador da pesquisa que acaba de apontar um medicamento eficaz para tratar pacientes com esclerose múltipla; entre outros, afirmam: OS CIENTISTAS TAMBÉM CREEM." Ultimato.

Você disse que não veio de lugar algum, isto você não pode provar, e nós só podemos fazê-lo através da fé, pelo menos é um bom argumento porque é uma experiência nossa, própria...

Pertencer a um rebanho nem sempre significa ser manobrado, uma vez que escolhemos pertencer ao pastor Jesus. Mas querido Mirandinha, seja como for você espontaneamente e racionalmente, segue a pastores tão humanos quanto você, que só entendem das coisas que aqui terminam...
Existem cientistas em todas as crenças, o que os difere é o ramo de atuação Alguns cientistas indianos maometanos são contra o extermínio de insetos por que podem, em outras vidas, terem sido seres humanos. Existem cientistas cristãos contrários aos transplantes de órgãos enquanto outros que desenvolvem estudos com genoma humano mas são contra a clonagem.
Todo rebanho é manobrado para o bem ou para o mal. Eu não ando em bandos, sigo a luz do meu conhecimento. Se tem brilho ou não, é o ônus da minha escolha. Ha, ha, ha...Guiomar, se eu acho que não vim de lugar algum eu não tenho o que provar. Se eu acho que vou voltar para o lugar de onde vim, seja ele qual for me desobriga de provar qual. Não preciso sonhar nem ter fé. Do jeito que vier são três palitos. Pimba!...
"vida efêmera e cheia de interrogações milenares" He,..he...he....