Eu Não Consigo Ser Ateu

por Matheus De Cesaro

“Diz o Insensato em seu coração: Não há Deus”

Salmos 14:1

O “Não Consigo Ser Ateu", surge de uma busca frustrada em se tornar um descrente. Uma busca norteada pelos mais variados conceitos filosóficos e teológicos que em um período de 15 anos fizeram parte de minha existência. Eu nasci e cresci em meio a uma família um pouco distante do conceito mais apropriado de “família”. Logo no inicio da minha pré-adolescência, perdi de maneira súbita meu pai, um homem que fora castigado pelas suas más escolhas, e nos deixará por herança as consequências do que havia feito de sua vida. Meu pai, nunca fora um homem mau, desprovido de decência, honestidade ou consciência, mas infelizmente, sua razão, havia se perdido em seus desejos e sentimentos confusos e complexos. Pouco tempo após sua morte, tomado de um sentimento de derrota, fracasso e desespero, fui me tornando um adolescente revoltado, sem expectativas e esperanças na vida. Tinha todos os motivos naquele momento para não crer em um Deus bondoso e rico em amor, como mencionavam algumas pessoas, tentando acender em mim uma chama de esperança, até então inexistente. Já aos 13 anos, as drogas começaram a fazer parte do meu cotidiano de maneira muito acelerada, o que resultou na dependência química. Aos 14 anos, sem ter outra saída, fui levado a cidade de Três Coroas no Rio Grande do Sul, na finalidade de realizar um tratamento, foi a primeira de muitas internações, na busca de vencer a dependência. Mas o que importa neste momento, não é a trajetória de minha luta contra a adicção, e sim o meu primeiro contato com uma experiência espiritual, religiosa, mística e porque não dizer com Deus. Foi ali, em um Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos que pela primeira vez ouvi um conceito acerca do que era Deus, do que era o cosmos e do que representávamos no universo. É óbvio, que se tratava de uma fundamentação cristã, e sendo assim, tudo me direcionava a bíblia e ao cristianismo, e o que ela dizia. 



Durante os três meses que fiquei neste CT acabei por tomar gosto pela leitura, e me tornei um leitor compulsivo, curioso e questionador. Comecei a perceber, que o mundo, estava rodeado de fatores que estavam acima de minha visão limitada e egoísta de bem estar. Comecei a perceber situações, momentos, atitudes e acontecimentos de forma menos tendenciosa e singular. E acabei me apaixonando pelos mistérios que envolvem nossa existência. O “Não Consigo Ser Ateu”, não é uma defesa de fé, e muito menos um desprezo ao ateísmo (até mesmo porque seria um ignorante se assim me portasse), muito pelo contrário, trata-se de uma argumentação reflexiva, uma argumentação teórica, onde busquei aliar “razão e fé” na compreensão deste milenar conflito que ultrapassa gerações.

Em meio a tudo que presenciamos em nosso cotidiano, não há possibilidade de negarmos que vivemos em um mundo em constantes conflitos no que diz respeito, a questões politicas, filosóficas, religiosas e cientificas. Não podemos fugir destas supostas certezas, e das reais incertezas. E entre estas questões há uma discussão que ultrapassa milênios, que percorre eras e mesmo em meio as mais diversas conceituações e as mais malucas definições não perde o seu mistério devido as incontáveis incertezas que surgem, e muito menos sua força e a intensidade com que se discute. Falamos acerca de "Deus", falamos daquele que alguns dizem ser o criador, como os criacionistas, falamos daquele que alguns dizem ser tudo, como os panteístas, falamos daquele que é tido como uma energia, falamos daquele que alguns como Friederich Nietzsche e Ludwig Feuerbach, dizem ser uma invenção, falamos de um ser que segundo Carl Jung é uma necessidade para amenizar os desprazeres da vida, falamos daquele que Sigmund Freud diz ser um delírio, uma ilusão, fruto da imaginação ou ainda uma carência, ou daquele que Mikhail Bakunin afirma ser uma prisão. Enfim, a discussão continua aberta, e realmente, talvez em vida, não consiga definir de forma concisa, clara e sem que haja duvidas uma definição absoluta sobre Deus. 

Já estudei e li definições que se sustentam somente por fé, outras que aliam a razão a fé, como Anselmo em seu conceito antológico, já pesquisei o suficiente para perceber que não há como  crer na existência de Deus sem recorrer a expressão das caricaturas. Pois se este Ser que aqui estamos denominando como Deus devido a cultura que recebemos, existe, Ele possui características, e estas por sua vez são idealizadas por caricaturas, algumas exageradas, algumas sem sentidos e noção, outras equivocadas, enfim, tudo o que o homem supõe saber, sendo Deus pessoa ou não, se da pelas caricaturas que desenvolvemos. O contrario destas ideias ao meu ver caracterizam a sua inexistência, e mesmo que venhamos recorrer a filosofia, a teologia natural ou até mesmo nossa consciência interna e particular, acabaríamos nos submetendo a uma espécie de caricatura para então pela caricatura chegar ao Ser. Logo, entendo que se Deus realmente for um Ser que não se pode ser estudado e caracterizado, logo, ele não existe. Mas a lógica Anselmiana descarta essa hipótese, pois equilibrando fé e razão ele desenvolve seu argumento, tendo a imagem do Ser no intelecto, o que nos permite estuda-lo e pesquisa-lo. Mas, mesmo que utilizássemos somente a fé para defendermos sua existência e pessoalidade, teríamos que criar uma caricatura, pois a fé é um elemento que necessita de outro elemento para se caracterizar, e se Deus no caso é esse elemento, logo ele deve ter atributos e características que lhe definam. Enfim, parece que em qualquer crença ou idéia que defendamos, somos como que reféns das caricaturas e imagens que criamos do Ser, a não ser que venhamos defender a sua inexistência.

Durante um período da minha vida, tentei com todas as forças aderir ao ateísmo. Pesquisei, analisei, comparei e me debrucei sobre as mais variadas teorias existentes, como o darwinismo, o niilismo, o agnosticismo, o existencialismo ateísta, e também acabei por perder um pouco do meu tempo analisando o neo-ateísmo que surge em nosso tempo de forma tão crescente, e avassaladora.

Talvez meu nível de preguiça não me permita ser ateísta, e simplesmente creditar ao nada, e ao acaso, o cosmos, o homem e tudo que possa existir. Não sei se esta comodidade, sustentada por este pensamento se encaixa com o que penso. É claro, que posso estar completamente errado, mas enquanto não encontrar nada que me convença, continuo de forma convicta, crendo em um Ser Inteligente, Criador, e que nada maior minha mente pode conceber como supôs Anselmo, ou ainda a Força Inicial Motora como nos definiu Tomas de Aquino.

Meditando em alguns textos sobre "argumentação ontológica", e algo me chamou a atenção em relação ao que o Felipe Pondé afirma no Guia Politicamente Incorreto da Filosofia sobre o ateísmo e o neo-ateísmo. E, fui obrigado a concordar com ele, quando diz ser o ateísmo, entre todas as hipóteses sobre o universo, a mais fácil e simples, sendo até cômodo demais ser ateísta. Ironicamente, ele diz que até um "golfinho" pode ser ateísta. E de fato, é muito mais cômodo pensar que tudo surge do acaso, do que crer em uma Força Inteligente e buscar compreende-la.

Observe o que dizia Santo Anselmo ainda no século XII:

"Ainda não apenas tudo o que é bom e grande é assim em virtude de uma única e mesma coisa, mas parece também que tudo o que existe, exista devido a uma e mesma coisa. Com efeito, tudo o que existe ou provém de algo ou deriva do nada. Mas o nada não pode gerar nada e sequer é possível pensar que algo não seja gerado senão por algo. Portanto, tudo o que existe só pode existir (gerado) por algo. Assim sendo, tudo o que existe é gerado ou por uma causa só ou por muitas. Se por muitas, elas, ou convergem num principio único pelo qual todas as coisas existem, ou existem por si, ou criaram-se mutuamente. Mas se muitas coisas procedem do mesmo principio já não tem origem múltipla e sim, única, e se existe cada uma por si mesma, deve-se supor, então, a existência de uma força, ou natureza, que possui propriedade de existir por si, da qual as coisas tiraram a propriedade de existir por si. Neste caso, porém, não resta dúvida de que são aquilo que são devido aquela causa pela qual possuem a propriedade de existir por si mesmas. Portanto, é mais acertado dizer que existem todas por um principio do que por vários, pois sem ele, não poderiam subsistir."


É complicado, analisar a complexidade do universo partindo da ideia do acaso. É muito simples, contemplar toda esta engrenagem, milimetricamente calculada, e negar que haja uma força no controle e na sustentação do cosmos. Crer que tudo isso se da simplesmente por meio de um “bum”, não combina em nada com o que esta diante dos nossos olhos...

Fragmentos da Introdução de "Eu Não Consigo ser Ateu" , de própria autoria

Comentários

Matheus, você não descobriu a pólvora. Eu também penso igual no referente a mitos. Tive todas as oportunidades de me tornar um pastor, um padre ou coisa parecida, mas minha convicção me impediu de acreditar num ser criador. Apesar de ser um apaixonado pelos mistérios da vida, também sou apaixonado pela evolução da ciência, pelos mistérios do universo e tenho noção de sua grandeza. Por isso sou obrigado a não acreditar em mitos.
Concordo que a fé é uma necessidade, mas não necessita, obrigatoriamente, de uma caricatura etérea. Ser ateu não é querer, é poder. Você pode ser ateu? Você tem conhecimento suficiente para sobrepujar as fantasias culturais impostas?
Ser ateu não é só ser descrente, ser ateu é ser observador e realista.
Nobre Amigo Altamirando,

Não se trata de descobrir a pólvora ou não. Não se trata de poder ou não poder ser "A" ou "B". E muito menos de ter ou não conhecimento suficiente para se posicionar. Estas questões fogem de meus objetivos, e minhas pretensões.

O objetivo do “Não Consigo Ser Ateu” é apresentar de forma imparcial a ideia tradicional do ateísmo em relação há algumas definições de teísmo. Lembrando é claro, que ambos os conceitos foram banalizados com o tempo. Busco desmistificar a ideia de um deus religioso, e apontar as diferenças cruciais entre “religião e deus” que complicam o debate e o diálogo em relação aos conceitos, pois, não há como compreender de fato os objetivos desta trabalho, sem que venhamos separar “deus (no sentido de Inteligência) e religião”.

Quando converso com um suposto ateu (digo suposto, porque é assim que vejo a grande maioria, principalmente com a ascensão do neo-ateísmo), a conversa sempre descamba para a confrontação com o mito religioso e seus dogmas, o que para mim é um tremenda perda de tempo.

Quanto a ser observador, curioso, questionador, isso independe do rótulo ateísmo, ou qualquer outro.

Abraço.
Em tempo:

Mas compreendo e considero o que você diz, mantendo o respeito devido a sua argumentação e linha de raciocínio.
Caro Matheus.
Não debato religião nem fé, seriamente. Debato convicções. Há divergências por que não sou um suposto ateu. Não sou um analfabeto funcional religioso, por isso vou de encontro, também, de neo ateus. Os que fugiram da gaiola e deixaram a porta aberta são piores que os fundamentalistas. Resumindo; não dou crédito a mitos e dogmas. Para se posicionar necessita-se de conhecimento para não ser confundido com bois de boiada.
Um cidadão que tem conhecimento cultura, tem noção de grandezas e acesso a informações e se apega a religião com seus dogmas, só tem duas explicações: Por hipocrisia ou proveito próprio. Não existe ateu.
Nobre Amigo Altamirando,

Quem bom que não se enquadra com a grande maioria. Se bem que tal relato pessoal se faz desnecessário, pois já tinha percebido que não esta entre os tais que cito. E se estivesse, provavelmente não me preocuparia em responder ou dar ênfase ao assunto.

Me lembro que quando tive meus primeiros contatos com Deus, eu associava tudo ao que a religião cristã me dava como premissas. Qualquer argumentação contrária ao que estava mencionado na bíblia, era para mim uma ofensa a divindade, era um legitimo sacrilégio. Só que eu ainda não havia percebido que na verdade eu não estava me relacionando com um Ser, ao qual por herança cultural denominava Deus, e sim, estava me relacionando com uma religião, uma religião fragmentada, que percorreu séculos, sofrendo as mais variadas transformações. Não havia ainda percebido que, tudo aquilo que eu estava defendendo, não me fortalecia, e nem sanava minhas mais simples necessidades, e eu, não cumprindo o que eram as diretrizes da religião e manifestando minhas contrariedades, passei a ser colocado para escanteio. Assim passei a entender o deus religioso e mitológico com outros olhos, deus não era mais meu amigo, e sim de mãos dadas com a religião havia se tornado meu maior inimigo.

Mas mesmo com a ciência tendo evoluído tanto, a tecnologia estando a mil, ainda não ouso descartar a ideia de uma força inicial motora, e isso não esta relacionado a fé somente, ou um conceito cultural. Mas sim, a complexidade dos mecanismos que regem o universo. É muita perfeição, é tudo muito ajustado para que se credite ao acaso, e também, em contra-partida, é muito complexo para que se credite tudo a uma divindade "x". Eis o paradoxo dialético kkkkkkkkkkkkkkk

Abraço.
Em tempo:

Em relação a ser fundamentalista, temos que ter o cuidado de não se enquadrar no que o jurista americano e considerado o pai da teoria do Design Inteligente Phillip E. Johnson afirma, ele diz,

"aquele que afirma ser cético em relação a um conjunto específico de crenças é, na verdade, um verdadeiro crente em outro conjunto de crença"

Esse tal de fundamentalismo é um bicho traiçoeiro e sútil não é mesmo??? rsrsrsrs
É Matheus. Os alienados herdarão o reino de Deus. Já estou fora por ser democrata. Atualmente a pessoa mais importante existente no universo, para eu, sou eu mesmo. Se eu morrer tudo perde o sentido, deixa de ser importante. Neste contexto, que importância tem mitos?
Este comentário foi removido pelo autor.
Nobre Amigo Altamirando,

Sua argumentação tem ares de niilismo existencial, tipo uma implosão de subjetividade acerca do todo.

Abriga uma completa descrença em qualquer fundamentação metafísica para a existência humana, e isso é compreensível, sabendo que tudo é muito fantasioso, ao menos nas ideologias mencionadas pela religião.

Mas fica uma lacuna aberta quando diz a vida ter importância e sentido com a sua existência. Pois retira do conceito a ideia que defende a existência, em si mesma, não tendo qualquer fundamento, valor, sentido ou finalidade.

Enfim, fugimos dos mitos, ao mesmo tempo que nos tornamos mitos??? Não né... Deve haver um sentido maior do que nós mesmos kkkkkkk
Levi B. Santos disse…
“As ciências que estudam o comportamento humano afirmam que a maioria dos nossos atos na fase adulta são consequências da forma como foi desenvolvida nossa infância. Neste período nós vamos criando algumas imagens e concepções do mundo que nos acompanharão por muito tempo. Uma pessoa que na sua infância desenvolve uma imagem de incompetência, ou seja, por algum motivo ocasionado ou apenas percebido, enxerga-se incompetente, raramente irá desafiar esta crença negativa que desenvolveu, mesmo quando adulta. Por isso é necessário estar atento a tudo que permeia sua existência. Os principais traumas de infância se resumem a maus tratos e o luto. Estas duas situações provocam na mente de uma criança imagens que marcarão o desenvolvimento de suas vidas, influenciando em suas emoções, sentimentos e principalmente decisões”.


Caro Matheus

O emblemático trecho acima, tirado do início do seu interessante ensaio de N° 2 ― “A Resposta Está em Nós mesmos” ― não seria, em si, uma evidência de que “Não somos o que pensamos que somos”?

Insistir em ser quando não se é, não está no bojo do que você explicitou: Não consigo ser ateu”?

Freud, dizia que memórias e sentimentos provavelmente muito antigos tão profundamente soterrados e bem guardados, se encontravam inacessíveis à consciência.

Nem sempre é fácil distinguir entre o que foi recalcado e o que foi esquecido.

Será que essa FALTA ou esse vazio que existe em nós, que provoca o “desejo de ser”, pode um dia trazer de volta a completude perdida?

Diz a História, que Napoleão Bonaparte teve um encontro com o Czar soviético para debater sobre o futuro da relação entre a França revolucionária e a Rússia. O Czar, em determinado momento, horrorizado com a “gula de poder” do seu amigo, então disparou: “Eu luto pela honra, e vejo que o senhor luta por dinheiro.” Ao que Napoleão teria respondido: Cada um luta pelo que não tem”.

Aqui, eu acrescentaria: “Cada um luta pelo que não tem, ou pelo que se perdeu (no emaranhado do inconsciente)”. (rsrs)
Nobre Amigo Levi,

Boa sacada. Embora concorde com a argumentação, não concordo com contextualização diante do proposto.

“Não somos o que pensamos que somos”, resulta em duas atitudes relativas e que se confrontam que é "acomodar-se ou incomodar-se". Uns se acomodam, e compram a ideia de que nada pode chegar um ponto determinante, sendo então todo o esforço da luta desnecessário. Outros se incomodam e lutam para encontrar uma resposta acerca de si mesmo, por não possuir, por ter perdido, ou simplesmente por necessitar de um sentido concreto para caminhar na longa estrada da vida, como cantavam Milionário e José Rico.

"Insistir em ser quando não se é, não está no bojo do que você explicitou: Não consigo ser ateu?", com certeza se assemelha a esmurrar ponta de faca. Mas é um estágio que se encontra nesta fase de auto-conhecimento que estamos inseridos. Sem uma insistência nas questões propostas, sejam elas frutos do passado, construções do presente ou esperanças do futuro, estaríamos estagnados, imóveis e longe de uma compreensão que nos pudesse fazer entender ao menos uma pequena parcela desta complexidade que compõe nosso inconsciente.

'Será que essa FALTA ou esse vazio que existe em nós, que provoca o “desejo de ser”, pode um dia trazer de volta a completude perdida?"

Acredito que esta completude não nos pertence, e talvez seja a ilusão de ter esta completude que nos faça ter o "desejo de ser". Me parece que o ser humano precisa alimentar utópias para ter em sua alma um pouco mais de tranquilidade rsrsrsrsrs
Levi B. Santos disse…
Matheus


Sobre a sua afirmação:

Eu não consigo ser ateu.
Psicanaliticamente falando penso que você expressou na frase acima uma frustração: uma vez que tentou e não conseguiu ― o equivalente a expressão: “Esforcei-me o máximo mas não consegui”

]O "Ateu" ao expressar: “Não reconheço em mim esse seu Deus”― faz com que o OUTRO que experencia em si os efeitos da “ imago dei” ―, sucedâneo da autoridade paterna controladora dos passos da tenra criança, defina-se: “Ora não sei como isso acontece com você, pois em mim não ocorre dessa forma”.

Sobre essa parte do seu texto, cujo título considerei revestido de grande significação: “A Resposta Está em Nós”, vou me deter nesse período:

“Neste período(na infância) nós vamos criando algumas imagens e concepções do mundo que nos acompanharão por muito tempo” (Matheus)

Não sei, mas eu substituiria o “nos vamos criando...” por nossos pais ou tutores vão imprimindo imagens e concepções que nos acompanharão por toda a vida. Digo por toda a vida, porque nós adultos, o que fazemos no máximo é REAGIR à essas imagens que emitem ressonâncias a partir de um porão – o Inconsciente.

Noutra oportunidade irei, não sei se vou conseguir (rsrs), mas vou me esforçar para destrinchar o muito que há de sentido (de natureza psicológica) nessa frase do Miranda:

“Os que fugiram da gaiola e deixaram a porta aberta são piores que os fundamentalistas” (rsrs)
guiomar barba disse…
Matheus, muito bom texto, gostei de conhecer um pouco da sua história, uma vez que fui diretora de Centro de Reabilitação, fiquei emocionada. rsrs

O mundo espiritual maligno se prepara para a Nova Era a séculos, com sutileza e paciência, embora saiba que já está derrotado.

Infelizmente, os EUA tem injetado sua cultura nociva na América Latina, com muito êxito.

O Norman Geisler diz que alguns professores estão determinados a minar as convicções religiosas dos alunos. Certo professor disse na classe:

"Nossa ética se baseia na crença antiga de que há forças sobrenaturais que operam no mundo, que essas forças sobrenaturais fornecem a base da ética, e temos responsabilidade moral baseada no livre-arbítrio. Tudo isso é falso. mesmo aqueles que acham que é verdadeiro devem reconhecer que não há mais consenso sobre essas crenças[...] Digo aos meus alunos religiosos para olharem para os colegas que estão sentados em cada lado deles na sala de aula [...] A probabilidade é de que pelos menos um deles não compartilhe da crença de que Deus proporciona o fundamento definitivo para a ética. Não há volta para um mundo em que nossa ética se baseie numa revelação daquilo que Deus exige de nós."

Ele continua: "A convicção do cristão na verdade absoluta e no Deus da Bíblia normalmente não é tolerada nos círculos intelectuais. Em geral há uma forte pressão dos colegas, professores e amigos incrédulos para fazer os cristãos abandonarem suas convicções e aceitar a ideia de que a estreiteza do pensamento deles é a mesma mentalidade que em última análise causa imitações grotescas das cruzadas medievais e de toda espécie de perseguições."

Impondo aos teístas seguirem sua manada ateísta, em nome apenas da arrogância intelectual.
Rosimere Ribeiro disse…
Interessante, teus conceitos me fazem ainda mais admirar os diferentes olhares, todo ser humano que acredita em si mesmo e no bem, pode "dizer" não crer nele, mas vive por ele sem saber.Dizer acreditar ou não, não importa, o q importa é o sentimento de amor em suas ações.
Eduardo Medeiros disse…
Belo texto!!!

tirando os comentários do chato do Mirandinha, a coisa está correndo num nível muito interessante.

Eu também possuo problema semelhante: Não consigo ser ateu. O problema é que também não consigo ser crente...

Sua frase é bem sugestiva: "entendo que se Deus realmente for um Ser que não se pode ser estudado e caracterizado, logo, ele não existe."

É isso mesmo; Deus enquanto um ser pessoal, não pode ser definido, logo, ele não existe mesmo.
Levi B. Santos disse…
Miranda e os demais da C.P.F.G.

Eis aí, a parábola do pássaro, da Gaiola e do seu Dono (rsrs)

Pássaro não fecha nem abre gaiola.

É o dono do passarinho que tem esse poder de abrir e fechar a gaiola.
Quando o passarinho foi tirado do seu habitat para ser preso em uma gaiola, naturalmente, vai sentir saudade do tempo em que era livre.

Esse pássaro quando encontra a porta da gaiola aberta, sai rápido dela para reencontrar a natureza e se fundir com ela numa alegria sem fim de pássaro.

Quem tem em casa um pássaro engaiolado pode até pensar que ele é feliz. Mas feliz é o dono que se diverte com ele.

Mas quando esse passarinho nasceu numa gaiola, foi criado e alimentado nela, quando a encontra aberta sai e precipita-se dando umas voadas doidas por aí. Por não reconhecer os outros que nunca foram presos ele não se sente bem e começa a ter saudade da gaiola em que nasceu e foi afagado nela.

Em um meio inóspito esse pássaro começa a sentir saudade da velha gaiola; encontrando a porta da gaiola aberta, eis que volta ligeirinho para a mesma. Para o Dono da Gaiola, a volta do passarinho que domara e agora o vai alegrar de novo, é um verdadeiro milagre.

Mas lá no fundo, o Dono bem que gostaria de jogar fora suas gaiolas e ser feliz para sempre ― livre como um pássaro que canta um canto livre para si e para os seus, sem a necessidade de ficar entre grades.


A MORAL da Parábola FICA a Critério de CADA UM. (rsrs)
Nobre Amigo Levi,

Como sempre sua argumentação é pertinente, introspectiva e desafiadora rsrsrsrs

De fato minha afirmação se parece uma frustração, e até seria realmente se não procedesse de uma certa ironia. Quando digo que "não consigo ser ateu", não me refiro a um "desejo de ser" na integra, e sim, ao fato de em meio a argumentação existente, e os conceitos que tive a felicidade de conhecer não me dar por convencido. Na verdade, talvez minha convicção na existência de um Ser Inteligente como Força Motora Inicial, resultou internamente um "desejo de não ser", daí não ser uma frustração e sim motivo de alegria e satisfação. Vai entender não é mesmo???

Quando cito no outro texto que "vamos criando", na verdade não me refiro a criação da criança, e sim a criação interna do inconsciente, que é claro, como bem pontuou, se dá pelo que nossos pais vão imprimindo em nós por meio de imagens e concepções. Talvez exista aí uma má interpretação do "vamos criando", ou ainda um erro meu na forma da exposição do termo.

E quanto a afirmação do Altamirando, concordo com ele em gênero, número, e como diz o Tiririca "degraus" rsrsrsrs



Em tempo:

Minha concordância é em relação a frase que faz alusão aos que saem da gaiola mantendo a porta aberta.
Nobres Amigos Confrades,

Esta manhã esta uma loucura por aqui. Mas ao meio dia, prometo que estarei mais participativo, e irei atentar aos demais comentários.

Fraterno abraço.
Nobre Amiga Guiomar,

Que bacana saber que já trabalhou em CT's... Isso é muito bacana, e é uma das boas ações que são promovidas pela igreja/religião. É claro que a sinceridade e o interesse nas pessoas nem sempre é o foco principal, mas conheço muita gente que se empenha de coração nisso. Até há alguns anos atrás eu dirigia um trabalho em SC muito bacana, mas o tempo foi ficando escasso e me obriguei a deixar de lado um pouco. Semana passada conheci um trabalho aqui em SP, e vou me envolver um pouco mais, afinal, oito anos limpo é um apanhado de experiências muito pertinente nestes trabalhos.

Em relação a sua fala que diz que há um forte influência principalmente nos EUA em buscar minar as convicções religiosas das pessoas, eu até compreendo que de fato exista. Mas em contra-partida, o outro lado da moeda apresenta o mesmo comportamento. Os religiosos tendem a minar convicções não religiosas a qualquer custo, em nome de uma verdade que eles afirmam possuir. Enfim, a velha queda de braços pela verdade, um fato que não há como contestarmos.

A minha opinião sobre tudo isso, é que fé, convicções sejam religiosas ou não, é muito particular e respaldada pela experiência própria do individuo, logo, aquele que é firme em suas ideologias, não se deixa abalar pelo que esta a sua volta. Penso que o momento é de dialogar sem a pretensão de convencer de "a" ou "b", ou ainda provar que exista uma verdade a qual não possa ser revogada, refutada ou contrariada. Precisamos compartilhar o que temos, o que possuímos e até o que cremos na intenção de que pelo conhecimento, cada qual desenvolva em si aquilo que da sentido a sua vida.

Mas isso é muito complicado... Pois todos nós supomos ter uma verdade, embora alguns neguem e digam que não, todos possuem uma verdade que defendem com unhas e dentes. Logo, repito o que foi dito por Phillip E. Johnson e já afirmei acima,

"aquele que afirma ser cético em relação a um conjunto específico de crenças é, na verdade, um verdadeiro crente em outro conjunto de crenças"
Nobre Amiga Rosimere,

Que bom ver voce por aqui...

É exatamente estes olhares diferentes que nos fazem sermos tão interessantes e instigantes. O sentimento de amor em suas ações é ao meu ver o encontro de um sentido para a vida, e isso independe de crença, ideologia, ou posição, é algo que nasce dentro da gente.

Fraterno Abraço
Eduardo Medeiros disse…
Olha, essa parábola da gaiola e do passarinho do Levi já merecia uma postagem própria!!

ele introduz aí um personagem esquecido: o dono da gaiola!!

Mas fica minha indagação, Levi: é possível passarinho não ser preso na gaiola em algum momento da vida? (digo, dos passarinhos humanos).
Eduardo Medeiros disse…
Math, dura coisa você diz a alguém que recebeu a missão do próprio Jesus de anunciar a verdade irrevogável do cristianismo ao mundo todo, sem respeitar a religião alheia:

Penso que o momento é de dialogar sem a pretensão de convencer de "a" ou "b", ou ainda provar que exista uma verdade a qual não possa ser revogada
Nobre Amigo Eduardo,

Confesso que considero esta proposta bem utópica. Mas ao mesmo tempo, penso ser este o caminho para a construção de uma consciência mais justa para com o outro. Pois abster-se do "desejo de convencimento", trocando por miúdos é abster-se de "si mesmo'. E raros são os que se dispõe a isso.

Agora quanto a gaiola, o pássaro e o seu dono, eu me pergunto:

Geralmente o dono da gaiola não a abre para que o pássaro saia. O que acontece é que o pássaro aproveita o momento da distração para fugir, ou esforça-se por conseguir libertar-se da gaiola. E não seria isso uma tipificação para a "superação"?

O que faz o dono da gaiola quando percebe que o pássaro não esta mais lá? Não se entristece por hora, mas em seguida não o substitui?

Enfim... Quem possui maior significado nesta relação? O pássaro para o dono da gaiola? O dono da gaiola para o pássaro? Ou a gaiola para ambos?



Eduardo Medeiros disse…
Parece que o Levi quer insinuar que não existem pássaros livres...rsss
guiomar barba disse…
Mat, digo eu, o problema não é o desejo ou o orgulho de convencer alguém, e sim o amor de levar tal pessoa aos pés da cruz, a salvação, porque é nisto que cremos, os que levam as Boas Novas, que o homem necessita de arrependimento dos seus pecados para receber o perdão liberado na cruz.
Levi B. Santos disse…
Temos procurado incessantemente esmiuçar o terreno movediço dos sentimentos através da razão, quando a verdade do nosso inconsciente é da ordem do irracional.

Alguns passarinhos poderão pensar:

a gaiola atual em que vivo não é aquela da infância, como se pudéssemos ser fabricantes de gaiolas. Mas o desejo de ser Deus persiste em nós mortais. Nietzsche, disse uma vez: “Se existem deuses como eu suportaria não ser deus?” E aí vem um anseio indissociável de nós: 0 DESEJO de ser o SER controlador do nosso vazio existencial.

Na parábola que esbocei sobre a gaiola, o pássaro e seu dono poderíamos substituir a palavra DONO da Gaiola, por outros termos. Se não vejamos:

Para Freud, o DONO seria o SUPEREGO. Para JUNG, seriam os arquétipos (o Inconsciente). Para a nossa cultura judaico-cristã – seria Deus. Para o “ateu” seria a Ciência – simbolizado nessa emblemática frase: “eu não preciso do seu Deus, mas você precisa de minha ciência” (rsrs).

Mas como ser “dono de si” se o resíduo dos sentimentos primitivos aparentemente “amputados” não nos deixam em paz?
É uma pena que a influência dos mitos internalizados no mais profundo do nosso ser desconheça a física, a matemática e outras ciências. (rsrs)

Sabiamente, o Matheus disse em seu artigo: “A Resposta está em Nós” ― que eu traduziria assim:

“A Resposta está em Nosso Inconsciente”.

Reagimos
a ele, mas não somos o seu dono. Somos, sim, por ele determinados.

Aí a Guiomar vai deitar e rolar. (rsrs)

É a égide do desejo
Que em nome do pai, o filho nomeia,
Mesmo que ao “Tem que Ser” resista,
Lá num canto ele reverbera.
Quando a dívida simbólica tento repelir,
A ‘metáfora paterna’ grita noutro lugar.
(Levi B.Santos)

Nobres Amigos Levi e Eduardo,

Me questiono quanto a utilidade da gaiola... E vocês?

Observem por exemplo o que diz Rubens Alves neste fragmento:

"... Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado ..."

Reproduza o texto alterando o termo "escola" como tipificação da gaiola, por religião, filosofia, ideologia, crença, família, amigos, casamento, ciência e por aí vai... Qual seria o tamanho da pulga que estaria a nos importunar nas orelhas?

Nos gabamos muitas vezes de supostamente termos abandonado nossas "gaiolas" e de sermos em tese "livres". Nos consideramos desbravadores, descolados, diferenciados, um passo a frente dos engaiolados. Mas no fundo, na realidade, apenas me parece que na grande maioria dos casos, apenas trocamos de gaiola. Mas ainda assim, não somos corajosos o suficiente para assumirmos nossas novas gaiolas, nossas novas prisões, e em alta voz cantarolamos gritos de liberdade, enganando-nos a nós mesmos e pensando estar ciente de tudo, enquanto na verdade, sabemos apenas o que esta diante dos nossos próprios olhos. Como bem sinalizou Freud em certa ocasião,

"O viajante surpreendido pela noite pode cantar alto no escuro para negar seu próprios temores; mas apesar de tudo isso, não enxergará mais do que um palmo do seu nariz"

De fato Eduardo, a insinuação do Levi, vem carregada de realidade. Ser literalmente livre, é tão utópico como ser literalmente imortal kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Nobre Amiga Guiomar,

Se tratando do sentimento que lhe toma o coração, levando você a pregar uma mensagem que leve as pessoas aos "pés da cruz" (o que trata-se de sua verdade) como afirmou, considero muito justo, e louvável, e a parabenizo.

Agora, quanto ser esta verdade que menciona, e de em parte compartilho o "x" universal e incontestável da questão, eu não ousaria realizar uma defesa.

Eduardo Medeiros disse…
Pois é, Math, o danado do problema é o tal "dono da gaiola"! Saímos de uma gaiola para outra e nem percebemos isso, e ficamos nos gabando de "fora das gaiolas"!

Muitas vezes tenho vontade de abraçar o pensamento radicalmente livre de Sartre, mas aí vejo que o filósofo Paulo tinha suas razões ao dizer que "via em seus membros uma outra lei ao qual ele era escravo".

Esta é para mim uma questão sem solução completa. Prossigo matutando, lendo, ponderando. Mas certo que gaiolas sempre haverão. Até mesmo a gaiola da liberdade(ou da pretensa)
Eduardo Medeiros disse…
Agora falemos de universo...rs

diga-me: aceitar que haja uma causa não natural para o início do universo necessariamente impede alguém de ser "ateu"?

Como você define para você, o "não ser ateu"? Ser ateu é o contrário de ser teísta clássico? Se for, eu sou ateu. Mas não sou ateu de fato(ah, conceitos!!! rs) pois também concordo que há algo de inteligente nos processos materiais que formaram o universo e a vida consciente. Mas pensar assim me transforma num crente? num teísta?



Olá, Matheus.

Boa noite!

Fico feliz por afirmar que "não consiga ser ateu". Glória a Deus por isso! Suponho que esta fé não venha apenas de si próprio. É também uma operação do Espírito Santo em seu coração. Algo que foi humilde no seu interior para que houvesse a correspondente receptividade.

Deus te abençoe em sua caminhada.

Paz!

Donizete disse…
Jamais serei ateu. Crer que Deus existe sempre me será possível. Aliás, não sei exatamente qual das opções, "crer" e "não crer" demanda mais esforço por parte do homem. O crente faz malabarismos para que sua crença não desfaleça, e o ateu, a seu modo, tenta passar segurança quanto à sua convicção de descrença.

O que ambos devem reconhecer, é quanto a instabilidade e vulnerabilidade à qual estão sujeitos. Acredito que nos dois lados existem conflitos interiores que mecanismos de defesa trata logo de extirpar com seu expediente prático; o crente o exorciza com rezas e penitências e o ateu com um descomunal esforço mental.

Talvez resida a razão de ambos procurarem meios de se ajustarem num programa de persuasão pessoal e coletiva, onde vence, não quem tem os melhores argumentos. (afinal os dois lados tem argumentos frágeis, facilmente refutados) Mas sim quem for mais simpático. (ainda que nesse caso especificamente os opostos nunca se atraem)

Mas o importante é sempre manter a pose.
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Nobre Amigo Eduardo,

Quando falo em não conseguir ser ateu, me refiro literalmente a não conseguir imaginar a não existência de um Inteligência Criadora, Causadora, agindo como Força Inicial Motora na formação do cosmos e do que o compõe. Lógico, que este Ser, aqui no ocidente tomou sobre si devido a questões de heranças culturais o nome de Deus. Mas hoje falar de ateísmo compõe uma longa lista de modalidades diferentes e até mesmo uma classificação para cada pensamento e conceito diferente.

Hoje podemos escolher qual corrente ateísta seguir. Entre essa diversidade de modalidades do ateísmo, estão o ateísmo implícito e o ateísmo explícito, ambos didáticos porém diferem fundamentalmente quanto à atitude do indivíduo para com a ideia de uma divindade.

A primeira, filosoficamente, é pouco relevante, e esta classificada em ateísmo natural e ateísmo prático. A segunda se classifica por ateísmo negativo ou ateísmo cético e ateísmo positivo ou ateísmo crítico. Todas essas modalidades e classificações, negam a existência de uma divindade, mas não partem de uma mesma defesa para sua descrença.

Meu período de ateísta convicto, se deu por motivos tão bestas e sem sentido, que hoje me envergonho de lembrar. Nunca, em nenhum momento Deus me decepcionou, ou algum fator me deixou claro a sua inexistência. O que aconteceu, foi que a religião, puramente humana, e assim em nada perfeita, havia me frustrado e decepcionado. Minha luta, nunca foi de fato com Deus, e sim com o sistema que se criou em torno dele. Um sistema repleto de mecanismos que visam produzir culpas e ressentimentos, nos limitando ao que é superficial, ao raso, ao que alguém supôs ser a verdade absoluta. Diversas teorias surgiram endossadas por grupos de pessoas em comum acordo, limitando o Ser a um conjunto de regras único. E o que esta se difundido e crescendo muito, não é a ideia da não existência de Deus, e sim a ineficácia da religião, em todos os sentidos. Exatamente como já havia detectado Freud, ao afirmar que a religião em nenhum momento conseguiu resolver as questões que envolvem o propósito da vida, como ousaram afirmar, sendo mera presunção humana.

Talvez se estivesse lido Freud e Nietzsche antes, nunca teria cometido a bobagem de dizer que era um ateísta. E o engraçado é que hoje, a grande maioria dos pseudo-atéistas que existem, se baseiam em Freud e Nietzsche para proclamarem seus argumentos fundamentalistas e ortodoxos. É interessante observar que o ateísmo que defende suas ideias em Nietzsche, é um ateísmo pobre e equivocado, completamente frágil em suas premissas, pois quando Nietzsche afirmava que "Deus estava morto", ele não se referia a um ser em essência como Força Inicial Motora, logo, essa expressão "matar a Deus" significava, noutras palavras, matar o “dogma”, o “conformismo”, a “superstição” e o “medo”, e não aceitar mais a imposição de regras cristalizadas, que impossibilitam a superação e a transcendência, além da auto-afirmação do ser humano, que luta incansavelmente para libertar-se elevar-se em sua saga existencializada.

Enfim, "não consigo ser ateu", se resume a não conseguir creditar o cosmos sem a existência de uma Inteligência Inicial.

Penso que misturei um pouco alhos com bugalhos kkkkk
Nobre Amigo Rodrigo,

Sou uma pessoa incomum. Alguém incomodado, que não consegue se render ao pronto, mas que esta sempre a procura de confusão (mentira). Apaixonado pelo saber, uma pessoa que em meio ao absolutismo das letras e o relativismo dos fatos encontra um abismo de intermináveis mistérios! Essa coisa de "não existe" ou ainda, "existe" é muito pequena para expressar toda essa complexidade que somos. E que sejamos todos felizes em nossas caminhadas.

Fraterno abraço!
Nobre Amigo Donizete,

Curti muito a conclusão de sua fala, "manter a pose" kkkkkkkkkkkkkkkk Esse parece ser o grande e real motivo das grandes quedas de braços nas esferas teologicas e filosoficas. A necessidade de manter a pose.

Abraço.
Alguns "passarinhos" cantam engaiolados por que lhes tiraram a visão. Outros cantam alegremente por que são cegos de nascença. Muitos pensam que a gaiola não tem portas. Nenhum tem medo de voar, pois cegos não voam. Eu gostaria de saber qual alpiste é servido no cocho desta gaiola. Será alpiste ao molho pardo?
Nobre Amigo Altamirando,

A comida dada na gaiola sofre variação de acordo com a espécie de gaiola.

Qual é a sua gaiola? kkkkkkkkkk
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Minha gaiola é a ciência com evidências comprovadas e tem como alimento a informação. Só quem sabe voar te acesso. Não vale parábolas, paródias ou afirmações dúbias.
Humnnnnn... Entendi!

A minha gaiola é sempre melhor e mais confortável que a gaiola do outro rsrsrsrs É claro que estes tipos de argumentações geralmente ocorrem quando a visão de gaiola "limita-se" simplesmente a religião "a", "b", "c" e por ai vai rsrsrs

Isto que diz, conota um aspecto comum ao "fundamentalismo absolutista" tipo pregação protestante portadora de verdade única, apenas muda o vetor.

Sendo que não percebo a ciência como uma gaiola fechada devido ao seu constante processo de transformação e evolução. Seria mais correto comparar a ciência com os céus, onde os pássaros voam e buscam providências para si, sempre retornando ao seu ninho de origem. Assim a ciência é como um pássaro livre ao céu aberto, sempre conhecendo novos lugares, mas com a necessidade de um ninho para repousar. E este ninho é o ponto de partida.

Ou acaso não há um ponto de partida para toda descoberta cientifica que nos esta disponível? Seria tudo simplesmente um fato do acaso, ou temos um ponto de partida para a existência do que compõe o cosmos?


É, por este lado você tem razão. Eu denominei de gaiola o meu ninho. Assim como você pode julgar a ciência como uma religião quando acolhe os psicopatas. Estes mesmos psicopatas que quando sãos deram início a alguma descoberta científica.
Eduardo Medeiros disse…
Mas sabe qual é o pior dogma ateísta? de que ciência e fé não se misturam, que a ciência anula por completo a fé e que um cientista "de verdade" não pode ser religioso. Ora, isso vai contra toda a história da ciência e dos cientistas: Copérnico, que tirou a Terra do centro do universo e abriu as portas para uma nova era de descobrimentos, era padre. Na outra ponta do avanço da ciência, a mega tarefa científica de mapear o genoma humana foi liderado por Collins, um devoto cristão.

Definitivamente, esse argumento tem que ser abandonado pelos ateus, se não quiserem continuar passando recibo de "ávidos a qualquer custo pelas melhores poses"
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Elídia :) disse…
Padeço de mal semelhante ao Edu, Não consigo ser ateu. O problema é que também não consigo ser crente...O problema não é um deus, e sim a forma de culto em torno do mesmo. É meio cansativo repetir, mas Nietzsche não pode ser considerado nesse sentido, ateu. Os chateus gostam de acreditar que sim , os crentes adoram, e eu dou risada.
Nobre Amiga Elidia,

De fato, no sentido de culto e liturgia, ou até mesmo no sentido da teologia sistemática que se desenvolveu em meio as eras, também não consigo ser crente. E isso na mesma medida em que não consigo descartar a hipótese de uma Força Inicial Motora como citou Aquino em suas cinco vias sobre a existência de um Ser Inteligente na criação do cosmos.

Quanto a Nietzsche, escrevi no meu Blog, "Filosofia de Boteco", a cerca de um ano e meio, um texto defendendo a argumentação de que ele não era um ateísta declarado. Embora em suas obras, em dado momento ele diga isso, mas acredito eu que em um sentido completamente oposto a existência de um Ser em essência, mas voltado para de forma direta a cultura religiosa de sua época.

A moral é que somos seres em constante movimento intelectual, em um constante processo de evolução, continuo e progressivo.

Fraterno abraço.
Nobre Amigo Eduardo,

A realidade é que os ateístas contemporâneos, ou sofrem de amnésia, ou desconhecem a história.

Eu até entendo que eles apontem a religião como um atraso "hoje" para muitas das pesquisas cientificas. Mas o discurso habitual é completamente equivocado, e isso é de dar pena.
Nobres Amigos Confrades,

Obrigado pelas contribuições de todos. Escrevi na intenção de ter uma ideia de como seria receptividade de um projeto que estou desenvolvendo, e confesso que seus comentários são muito pertinentes. Por hora, dou por encerrado o período da postagem, abrindo o espaço para o próximo confrade publicar.

Mais uma vez, muito obrigado e um fraterno abraço a todos!