A fé em milagres posta em xeque






Por Donizete

Há poucos dias me falaram de uma moça que foi curada de terríveis dores no corpo em uma igreja pentecostal. Sua família está em festa. Ao mesmo tempo fiquei sabendo de uma senhora desesperada que pedia oração pela vida da sua filha que estava internada já em estado terminal, acometida por um câncer raro. Detalhe, as duas famílias faz parte da mesma comunidade. Naquele instante imaginei o turbilhão de angústias e dúvidas que devem ter invadido a alma daquela mãe que ouve uma pessoa dizer que foi receptora de um milagre, que Deus foi presente agindo em seu favor, enquanto que na sua própria vida, a espera e o silêncio tem sido a resposta. Afinal de contas, é na espera de uma intervenção em momentos oportunos que o crente organiza sua vida.

Na minha ótica particular, não posso crer que Deus atua para os que menos necessitam como fazem os políticos insensíveis e inescrupulosos. Contudo, a fé evangélica invariavelmente é norteada pela lógica contabilista e mercantilista da meritoriedade em detrimento da emergência. Fica pior ainda quando vemos que o modelo adotado evidencia a causalidade como principal fator de punição e recompensa, de modo que; quem recebeu, agradeça! Quem não recebeu, faça por merecer. Evidentemente esse conceito não é admitido pelo religiosamente correto. Porque a rigor, atribui-se a Deus, o livramento de um dentre muitos que são vitimados, colocando-o no grupo de uns poucos privilegiados que de uma maneira ou de outra fazem parte de algum plano secreto divino. Porém, essa construção pode ser desfeita com a ótica de que este “Modus operandis” faz dele um oportunista que usa a desgraça de muitos como trampolim para sua popularidade via aquele que se salvou.

Mas a despeito de tudo isso, e apesar de ter frequentado uma igreja pentecostal por vários anos, nunca me impressionei com os supostos casos de curas e milagres que aconteciam naquele ambiente como respostas à fé, e também nunca me revoltei no caso da ausência deles. Pois acredito que as curas classificadas como miraculosas são na verdade fenômenos que ocorrem por sugestão e/ou são provocados pela alteração do organismo, mas com uma coisa em comum em sua ocorrência: elas sempre possuem como origem os estímulos externos. Milagre para mim, seria o pseudônimo de um evento natural aleatório com probabilidade de atingir um indivíduo também aleatoriamente ou contingentemente. Neste aspecto tanto o evento como o receptor não são previamente selecionados por uma força inteligente. Simplesmente ocorreram. Inclusive, uma coisa parece certa em meios científicos; aquilo que hoje ganha contornos espetaculosos, no futuro será algo comum, natural e até banal.



Andando nessa mesma via, mas lançando mão de pressupostos científicos, certo teólogo afirmou que ele considerava a mecânica quântica a maior ameaça contemporânea do cristianismo. Na verdade ele afirmou que, se alguns resultados dessa teoria forem realmente verdadeiros sua fé pessoal em Deus seria despedaçada. Se acaso eu tivesse a oportunidade de encontrá-lo, lhe diria que não há necessidade de abrir mão por completo da sua convicção, mas sim repensá-la! E a propósito lhe informaria também que a Unicamp, já aponta para a possibilidade de num futuro bem próximo apresentar um aparelho, que é capaz de detectar a presença de algum tipo de energia física no pensamento. 

De maneira simplória, isso significa dizer que nosso pensamento se assemelha ao vento. Não pode ser visto, entretanto é detectável empiricamente e tem força mensurável matematicamente, capaz de realizar alguns fenômenos ditos "paranormais". E fatalmente, se tudo aquilo que prevê esta teoria, for confirmado, muitos aspectos da fé cristã e a reboque, de outras religiões, terão que submeter vários de seus conceitos à uma profunda revisão. Sobretudo no tocante a investigação que envolve as curas e os milagres. Pois esses eventos, tido atualmente como fenômenos metafísicos, sobrenaturais, seriam “rebaixados” à categoria de eventos empiricamente explicáveis, sem serem necessariamente provocados por uma estância superior, o qual chamamos de Deus.


Fico na expectativa que um dia aconteça um estudo conclusivo em relação à esse tema. Primeiramente, pela simples razão das pessoas não precisarem mais sofrer duas vezes procurando motivos e nem o sentido que envolve os fatos que os oprime. Mas sobretudo, pelo fato de quando entendermos um pouco melhor essa questão, iremos excluir Deus dessa injustiça ou fria que nós o metemos. Isto é, de estar na sua vontade à causa pelo sucesso de uns e o fracasso de outros na busca por uma intervenção face às suas demandas.

Comentários

Vanessa Fagundes disse…
ÓTIMO texto!! Acho legal quando uma pessoa que consegue enxergar os malefícios da religião não descamba para o lado oposto (ateísmo fanático) afastando da ciência acontecimentos supostamente metafísicos, como a telepatia. Acho extremamente válido estudar tais manifestações, especialmente porque ampliam nosso modo de ver o mundo, sem que a religião tenha algo a ver com isso.
Nobre Amigo Donizete e demais Confrades,

Parabéns pelo seu texto, um conceito que precisa ser discutido e esclarecido.

Quero primeiro dizer que na instância que tramitamos, milagre seria toda ação, fato ou acontecimento que é impossível de se encontrar uma resposta segundo as ciências naturais, nos levando então a atribuir a um mover sobre-natural de ordem divina, aqui no ocidente, geralmente a Deus.

Segundo, quero dizer que acredito em milagres. Poderia até dizer aqui que eu sou um milagre. Com certeza os mais crédulos dariam glórias a Deus. Mas se assim fizesse, estaria fazendo pouco caso de meu empenho, de meu esforço, das terapias que realizei, e principalmente do meu desejo ardente em ser curado, o que me permitiu lutar sempre. O que eu digo, e que na maioria dos casos deveria ser dito é que , "Deus abençoou", e assim pude fazer tudo o que era possível para ser curado.

Eu fico doido com os testemunhos sensacionalistas que são contados nos templos. Tipo, o cara faz três meses de quimioterapia intensa, realiza todo o tratamento necessário e indicado pelo medico, ai é curado, e sai dizendo que foi Deus quem o curou. Não, não foi Deus, foi o tratamento. Há uma explicação natural, logo não é milagre, mas resultado de uma ação humana.

Penso que toda a confusão que se dá em torno dos milagres, é exatamente a falta de conhecimento em relação ao próprio significado do conceito. Outro exemplo seria o camarada que esta sendo perseguido por alguém com a finalidade de lhe tirar a vida e sai em disparada, correndo insanamente. Ele consegue escapar e diz que aquilo foi um milagre. Mas se ele não tivesse corrido, sua morte seria certa. Logo, há uma explicação natural, não é milagre.

Milagre no meu entendimento é o defunto ressussitar,o camarada que não ouve começar a ouvir, um mudo que começa a falar, o paralitico que anda, e confesso que até hoje eu não vi nenhum. Entendam os crédulos, não estou afirmando que milagres não existam, apenas estou enfatizando que se há intervenção humana no fato, não estamos falando de um milagre, e sim de uma obra do homem, onde para os crédulos Deus o abençoou para que realizasse.

E para finalizar, quero dizer que os que tem sua fé posta em milagres, possuem a fé mais pobre e superficial que possamos imaginar. Uma fé que com certeza se desfaz na primeira frustração, no primeiro pedido não atendido.

Fraterno Abraço.
Compreendendo os milagres da Bíblia como sinais e, portanto, uma mensagem ao povo, não os identifico como demonstrações de poder. As pessoas da atualidade, porém, querem que aqueles acontecimentos se repitam em suas vidas sem buscarem uma significação maior. Agindo dessa maneira, muitos pregadores por aí andam empobrecendo a visão do Evangelho, gerando expectativas cruéis nas pessoas e afastando-as de uma experiência real com Deus. Por outro lado, não quer dizer que o Onipotente não se importe e deixe de participar das nossas vidas. Muito pelo contrário! Em cada minuto que passamos, milagres maravilhosos ocorrem conosco e nem damos conta. O Deus cujo trono está nos céus também habita em nossos corações, sofre as nossas dores e se alegra com nossas vitórias. Podemos nos relacionar em tudo com o Pai Bendito mas sempre lembrando de sua soberania e que Ele se encontra acima das nossas fórmulas de sucesso espiritual.
Donizete disse…
Oi Vanessa,

Você tocou num ponto crucial; o diálogo da religião com a ciência.

Não resta dúvida que tudo do que acontece no ambiente da igreja, sobretudo no pentecostal, possui explicações plausíveis a luz da ciência. A questão é o fideísmo à letra tida como inspirada, que limita o pensamento e cega quanto a verdade de que os escritores bíblicos escreveram sob o ponto de vista pré-científico.
Donizete disse…
Matheus,
Quando digo que não creio em milagres, digo não apenas para provocar as pessoas, mas sim para que elas abram os olhos para uma realidade que quer ser vista. Para termos um ideia melhor do que estou falando, inclusive sempre uso isso como argumento, não existe nenhuma instituição mais interessada em milagres do que a própria igreja. Entretanto o evangelicalismo é simplista demais nesta questão, para não dizer fideísta. Mas tomando como base a tradição católica, que utiliza-se de uma investigação séria e profissional, tendo em seu corpo de investigação especialistas de todas as áreas, demora em alguns casos até séculos para concluir a legitimidade de um milagre. Ou seja, é um acontecimento absolutamente aleatório e pontual.

Estou dizendo isso porque hoje mesmo voltou a discussão em torno da canonização do João Paulo II em virtude dele ter realizado dois milagres. Imagine o que deveria acontecer com os ditos milagreiros espalhados pelo Mundo evangélico a fora?

Em tempo, não entendi... Você diz ser um milagre, em que sentido? Conta a benção irmão! rsrs
Donizete disse…
Rodrigo,

Jesus rivalizava com outros milagreiros de sua época. O que impressionava as autoridades religiosas era o fato dele realizar alguns que eram classificados como "sinais". Estes faziam parte de uma categoria de milagres que somente o Messias poderia realizar. Tipo; Ressuscitar mortos, curar um cego de nascença, restabelecer a saúde mental e etc.

Tipos de milagres jamais vistos fora os relatados na Bíblia!
Nobres Amigos Confrades,

Por decisão pessoal, estou fora de todos os grupos do facebook. Peço aos amigos que tenho inclusos no face que me mantenham informado das novas postagens, e que me avisem quando for minha hora de postar alguma bobagem.

Donizete, a familia diz que é um milagre, a igreja diz que e um milagre, muita gente que não é nem da familia e nem da igreja dizem que é um milagre. Mas eu não, eu digo que é uma decisão. Sete anos limpo, depois de 12 na drogadição pesada (cocaina e crack) é só com muito esforço, e com Deus abençoando. Pois se eu não quisesse parar, de nada adiantaria.

Fraterno Abraço.
Caro Doni,

Mas pelo que percebo nos evangelhos, não eram milagres que serviam apenas para superarem os demais taumaturgos da época. Estiveram todos muito bem relacionados com a proclamação da mensagem do Reino de Deus, rompendo com a preconceituosa teologia dos fariseus e saduceus. Os necessitados poderiam ir até o Senhor e tocá-lo. Não são colocados obstáculos teológicos, morais, étnicos ou de origem para o alcance do Reino. A cura do paralítico em Cafarnaum seria um excelente exemplo:


"Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração? Qual é mais fácil dizer: Estão perdoados os teus pecados ou: Levanta-te e anda? Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu leito e vai para a casa." (Lc 5:22-24)


Aquela era uma casa de difícil acesso onde estavam assentados os fariseus e mestres da lei. Para chegar até Jesus, os amigos dos paralíticos tiveram que abrir uma passagem pelo teto, o que significou transpor o legalismo farisaico e as tradições dos homens para o excluído/pecador/pobre chegar até Deus.

O certo é que milagres físicos nem sempre ocorrerão e, nos evangelhos, aparecem mais como sinais com um significado de ensino superior aos fatos apresentados. Porém, sempre teremos a possibilidade de buscar a cura dos hediondos preconceitos morais, incluindo no Reino todos os seres humanos e formando uma comunidade melhor. Esta sim é a transformação que Deus espera de nós. Algo que depende mesmo da gente.

Abraços.
Eduardo Medeiros disse…
Doni, eu sou um pouco romântico com esse negócio de milagre. Para mim, tudo o que eu vejo é um milagre. O próprio ato de eu ver, observar, interpretar o mundo é um milagre extraordinário mas que por ser "normal", nem nos damos conta.

Este mundo, este universo, está pontilhado de "milagres". Haveria milagre maior o fato de existir alguma coisa ao invés do nada?

Muitas vezes procuro olhar o mundo através de uma criança que ainda o está descobrindo. Li isso num dos livros do Jostein Garder (O Mundo de Sofia) e é maravilhoso.

Para a criança, o mundo é um grande parque de percepções, descobertas e deslumbramentos. Tudo é possível a partir do olhar de uma criança. Se disserem a ela que um elefante cor-de-rosa está voando lá fora, ela corre para ver. E Vê!!!

Claro que não ficar o tempo todo olhando o mundo como uma criança não é recomendado, pois você poderá vir a ser internado como louco.

Loucos são as crianças que acreditam em elefantes voadores.

Putz, falei que fico romântico falando disso...?????? rss
Donizete disse…
A questão Edu é que nossa existência não é uma eterna infância e nem uma eterna juventude.

Chega a Hora de crescer, e depois de crescidos caímos na real de que os contos de fadas, apesar de ainda exercerem certo fascínio não passam daquilo que lhe foi proposto parescer.

Não opto por alimentar ilusões quanto a realidade na qual estamos inseridos e nem dar luz à uma imaginação romântica quanto a existência. A única certeza que possuo é que no mundo teremos aflições e não a meio de livrarmos-nos delas.

Por isso o Carpe diem de horácio, para mim tem peso de imperativo.



Edu, embora não estejamos no Feicebuque, curti seu último comentário.
Só para enriquecer o debate, quero lembrar que a nossa amiga Guiomar também postou uma mensagem no seu blogue Vivendo em Cristo tratando sobre este mesmo tema - milagres. E gostaria de compartilhar aqui o que escrevi lá para ela comentando por entender que seria pertinente ao nosso debate:


Uma coisa podemos dizer. Um milagre não é um fim em si mesmo. Por isso, costumo entendê-los mais como sinais.

Sempre que lembro dos milagres registrados na Bíblia, sou levado a um confronto com os meus valores e com a minha experiência de vida cristã. Sou desafiado não só a crer no poder de Deus, como no seu amor e nos seus propósitos para cada indivíduo.

Quando leio a Bíblia, vejo os milagres como um recado de Deus sobre uma obra muito mais ampla do que simplesmente curar instantaneamente alguém ou ressuscitar um morto. Depois de ter vivido imaturamente a minha fé durante algum tempo na adolescência, passei a ver como ensinamentos cada um dos sinais extraordinários que Jesus realizou durante o seu ministério, afim de que prestemos a atenção num propósito maior de Deus para a humanidade, o principal recado do Evangelho.

Vejamos, pois, a ressurreição de Lázaro. Uma indagação que talvez esteja na cabeça de todos nós é se algum dia Lázaro tornou a morrer. O próprio texto do Evangelho de João diz que os judeus pensaram em matar a Jesus e a Lázaro, sendo que de fato ambos morreram um dia. Jesus ressuscitou, mas Lázaro hoje aguarda em seu túmulo uma ressurreição definitiva que o livre de uma vez por todas da morte. E, deste modo, creio que tanto a ressurreição de Lázaro quando a do filho da viúva de Naim apontaram para um futuro onde as pessoas não mais vão morrer e nunca mais haverá choro, pranto ou dor.

Outra questão que podemos incluir sobre o tema tratado neste texto é se os milagres são capazes ou não de gerar fé nas pessoas? Porém, a Bíblia mostra que não. Uma das partes mais incríveis do Evangelho de João é aquela do verso 37 do capítulo 12:

“E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele”.

Já no Antigo Testamento, quando o povo de Israel estava atravessando o deserto, após terem sido libertados miraculosamente dos egípcios, atravessado a pés enxutos o Mar Vermelho, visto com os olhos a manifestação da presença de Deus na nuvem que os seguia de dia e na coluna de fogo à noite, terem se alimentado do maná e bebido água da rocha, o próprio Deus se queixou daquela geração:

“Até quando me provocará este povo e até quando não crerá em mim, a despeito de todos os sinais que fiz no meio dele?” (Números 14:11)

Pois é. Milagres seriam até dispensáveis para a fé e, quando Deus não permite a manifestação deles, também deve ter propósito aí.



A paz do Senhor!
Eduardo Medeiros disse…
Doni, você não captou bem minha mensagem.
Não estou advogando viver a vida como crianças iludidas que acreditam em contos de fada. Não estou dizendo isso!

Seu texto é sobre milagres, ou melhor, a impossibilidade deles existirem vindo de um Deus fora de nós. Posso concordar com isso, sem problemas.

O que estou dizendo aqui é que milagre é você e eu existirmos. Que milagre é haver uma realidade que não na verdade, são muitas. Que milagre é nosso planetinha azul girar pelo espaço sem se atrasar devido a um equilíbrio preciso entre gravidade e expansão.

Essas coisas que para todo mundo é normal, banal, cotidiano, ordinário, para mim é milagre e assombro.
Eduardo Medeiros disse…
Por outro lado, falar de milagre a partir da teologia é uma outra questão. Há os que creiam que tudo de extraordinário e estranho que está relatado no AT aconteceu de fato; não é o meu caso. Mas também não quero convencer ninguém que eles são relatos mitológicos. Quem lê o AT pelos olhos da fé, crerá que o sol parou uma vez e se adiantou outra; que o Mar Vermelho se abriu; que Elias subiu aos céus numa carruagem de foto, etc. Por mais absurdo que tudo isso possa parecer numa leitura mais histórica e crítica da Bíblia, a fé se dá muito bem com absurdos.

Concordo com você quando diz que a fé em si pode sim, curar. Eu creio que isso já é algo demonstrado por várias pesquisas, inclusive com o efeito placebo. E é nessa perspectiva que eu consigo aceitar alguns milagres de cura de Jesus como históricos. A atividade de taumaturgos e de terapeutas na Antiguidade é bem documentado.
O próprio Jesus queixou-se que não conseguia realizar curas onde não havia fé.

Donizete disse…
Edu,

Se for dado o status de milagre ao belo, ao encantador, como ficaria então o feio, o oposto daquilo que fascina?
Nobre Amigo Eduardo,

O que você esta dizendo em suma é, "tudo é milagre". Em outras palavras, sem fugir do que significa o conceito dentro do texto exposto, você esta dizendo que "tudo é Dele, por Ele e para Ele", logo, em tudo há uma intervenção divina, e assim tudo é milagre. E partindo disso, e fazendo uma análise teológica, realmente faz sentido.

Enfim, acho que pirei... Não lido muito bem com essa coisa de milagres, pois os atos que assim são classificados eu nunca vi, exceto estes que nos mantem em pé porque Deus assim o quer, como os fatos que você mencionou.

Fraterno abraço.
Eduardo Medeiros disse…
Doni, sua questão

Se for dado o status de milagre ao belo, ao encantador, como ficaria então o feio, o oposto daquilo que fascina?

Replicando o poetinha, "as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental."

hehhhhhh
Eduardo Medeiros disse…
Doni, depois da sarrada com tua cara, eu não estou chamando o belo de milagre e feio de..de..o quê? pois é, também não sei!

A Existência é um milagre, se por "milagre" pensarmos em algo fora do comum, que nos maravilha e nos deixa perplexo.

Sei que hoje em dia quase ninguém fica perplexo diante de um céu estrelado (aliás, quem hoje em dia nas grandes cidades pode ver um céu estrelado?), mas eu fico.

Eu fico de queixo caído quando estudo cosmologia. A Existência, o cosmos, a vida, são coisas totalmente "milagrosas" se levarmos em conta que elas estão aí por puro acidente(ou não).

Eu disse que era uma posição romântica.

A arte, o Belo, nada mais são que a tentativa do ser humano em expressar este milagre que ele mesmo carrega em si.

O ser humano é belo(até aqueles que a cultura local acha feio), e ele reflete essa beleza na arte.

Usando a metáfora divina, Deus criou o Belo (toda a existência era "boa", bela); e nós, por semelhança divina, também somos criadores do belo.
Eduardo Medeiros disse…
Quero também dar boas vindas à Vanessa, escritora, que poderá em breve fazer parte desta confraria. Fique a vontade, Vanessa, a casa é sua.
Eduardo Medeiros disse…
Matheus, é, estou dizendo que "tudo é milagre". Acontece que esses milagres cotidianos nos o temos por normais e "domesticados", logo, não o temos mais por milagre.

Para mim um computador, por exemplo, é um milagre da "magia tecnológica humana"; não há magia mais extraordinária do que a ciência e a tecnologia.

Do ponto de vista teológico teísta, sim, faz sentido. O Criador traz tudo à existência pela força do seu Verbo. E não é assim mesmo que nós criamos? Pela palavra? O homem cria pela palavra, Deus só poderia criar pela palavra.

Mas hoje eu vejo esse Deus bíblico de uma forma diferente. A "domesticação de Deus" também tira dele tudo o que há de milagroso em seu ser. Nesse sentido, não sou mais teísta há algum tempo.
Nobre Amigo Eduardo,

Lhe compreendo, entendo e de certa forma até concordo. Mas não posso deixar de enfatizar que a palavra milagre foi banalizada. Atribui-se atos comuns a Deus, e pouco caso se faz daquilo que muitas vezes é obra do homem, mesmo sendo a existência deste homem um milagre como bem mencionou.

Penso que a ideia de milagre que a religião defende é que me parece estar equivocada. Pois ao mesmo tempo que enaltece um ato supostamente milagroso, reduz o milagre da existência humana e seus feitos. E vê se aparece lá no Boteco tomar uma e dar um peido, opa, quer dizer, um palpite kkkk

Fraterno abraço.
Um famoso pensador escocês do século XVIII chamado David Hume apresentou um sagaz ponto de vista sobre os milagres: Milagres São transgressões às leis da natureza. Ou melhor.
"Nenhum testemunho é suficiente para comprovar um milagre, a menos que o testemunho seja de tal natureza que sua falsidade seria mais milagrosa que o fato que ele procura comprovar"