A Evolução de Deus

A evolução biológica é glacialmente lenta se comparada com a evolução tecnológica. A razão disso é que a evolução biológica é darwiniana e requer gerações de sucessos reprodutivos, enquanto a evolução tecnológica é lamarckiana e pode ser implementada  em uma única geração.
A ciência e a tecnologia mudaram mais o nosso mundo no século passado do que nos cem séculos anteriores. Levamos 10.000 anos para ir da carroça ao avião, mas apenas 66 anos para sair de um voo motorizado a um pouso lunar. A lei de Moore, de que a potência computacional dos processadores dobraria a cada doze meses continua valendo e se aproxima de um ano. Cientistas da computação calculam que a potência dobrou 32 vezes desde a Segunda Guerra Mundial e que por volta de 2030 poderemos chegar à singularidade – O ponto em que o poder computacional alcançará níveis tão inimagináveis que vai parecer quase infinito e, portanto, relativamente falando, será indistinguível da onisciência. Quando isto acontecer o mundo vai mudar mais em uma década do que nas mil décadas anteriores.


Se extrapolarmos essa tendência para dezenas, centenas ou milhares de anos – uma simples piscadela na escala do tempo evolucionário – chegaremos a um cálculo realista do quão avançado estará uma IE(Inteligência Extraterrestre). Vamos considerar algo relativamente simples como o DNA. Já podemos criar genes após 50 anos de engenharia genética. Uma IE que estivesse 50 mil anos à nossa frente certamente seria capaz de construir genomas inteiros, células, vida multicelular e complexos ecossistemas. A criação da vida é, afinal, apenas um problema técnico de manipulação molecular. Para nossos descendentes não tão distantes, ou para uma IE que venhamos a encontrar, a capacidade de criar vida será simplesmente uma questão de competência tecnológica.

Se hoje podemos criar genes, clonar mamíferos e manipular células tronco com a ciência e tecnologia desenvolvidas em apenas meio século, imaginem o que uma IE  poderá fazer em 50 mil anos de progresso equivalente na ciência e na tecnologia. Para uma IE um milhão de anos mais avançada que nós, a criação de planetas e estrelas seria totalmente possíveis. E se universos são criados de buracos negros que entram em colapso – o que alguns cosmologistas julgam provável – não é inconcebível que uma IE suficientemente avançada possa ter criado um universo provocando o colapso de uma estrela em um buraco negro.


Que nome daríamos a um ser inteligente capaz de criar vida, planetas, estrelas e até universos? Se conhecêssemos a ciência e a tecnologia usadas na criação, chamaríamos esse ser de IE; se não conhecêssemos a ciência e a tecnologia subjacentes, o chamaríamos de Deus.

O cosmo é imenso com espaços vazios, de modo que a probabilidade de contato com uma IE é remota. A velocidade de nossa nave espacial mais distante,  Voyager I, em relação ao sol é de 17,245 Km/s, ou 62.080 Km/h. Se a Voyager I estivesse se dirigindo para o sistema estelar mais próximo de nós, o Alfa Centauro, situado há 4,3 anos-luz de distância levaria um período incomensurável de 74.912 anos para chegar lá.

A probabilidade de fazer contato com uma IE que seja ligeiramente mais avançada que nós é praticamente nula. Isto dá asas aos ateístas para afirmarem que a crença na existência de Deus é cognoscível. Com o argumento de que não existem provas suficientes da existência de Deus, os ateístas incluem Deus na arena epistemológica das ciências empíricas. Se surgirem provas suficientes de que Deus existe os ateístas concordariam, mas não existem.


Como distinguir um Deus onipotente e onisciente de um Design Inteligente ou de uma Inteligência Extraterrestre extremamente poderosa?

Estamos em busca deste ser, como teístas ou ateístas mesmo deparando com a última lei de Shermer, “Qualquer inteligência extraterrestre suficientemente avançada é indistinguível de Deus .  

Comentários

Desculpem a demora em publicar minhas heresias. Não foi descaso, foi descuido e atribulações mas vou me atualizar na seqüência. Prometo de pés juntos e dedos cruzados.
Boa noite, Altamirando!

A palavra "deus" significa radiante. Ela é, sem dúvida, bem limitada para definir a Inteligência Superior (IS) que rege todo o Universo.

Eu acredito na existência de IEs e suponho que as civilizações planetárias ais avançadas devem e encontrar nas órbitas das estrelas mais velhas que tiveram zonas habitáveis. Ou então originaram-se delas. Considero, inclusive, a hipótese de que, sob o comento da IS, tivemos IEs atuando na criação do homem, à imagem e semelhança de Elohim, o que faria do homem um ser híbrido.

Vejo que, atualmente, a humanidade encontra-se num estágio tecnológico avançado e que pode se tornar perigoso para o Universo e para a própria Terra. Suponho que IEs mais evoluídas estejam acompanhando a nossa evolução e que poderiam intervir para assegurarem a ordem na Galáxia e no Universo, caso necessário. Os cientistas da NASA levantam a possibilidade de haver milhões de sistemas solares com zona habitáveis e imagine o quanto não seria catastrófico haver uma colonização de outros mundos por nós? E o que dizer do nosso modo de produção poluente e insustentável que consome energia pela queima de combustíveis fósseis? Mas também quem garante que não estejam já intervindo com maior sutilidade?

Se para nós custaria hoje dezenas de milhares de anos para enviar uma sonda não tripulada até o sistema solar mais próximo, o que deve mudar no decorrer deste século, IEs mais avançadas devem estar nos acompanhando e, se não intervêm aqui, é porque talvez respeitem a nossa evolução.

Uma IE mais avançada provavelmente seja ética e espiritualmente mais evoluída, mas nunca devemos descartar que possam existir IE malignas como se o pecado só existisse na Terra. Mas de qualquer maneira, elas devem saber que anterior a elas existe uma IS que é Causa Primeira, a quem reverenciamos como Deus e, provavelmente, elas também. Mais do que uma Consciência Radiante!

Bendito seja o Eterno!
Rodrigo,

Me causa espanto você conceber este entendimento culturalmente científico e seguir o divino.
Nobres Amigos Confrades,

Já que falamos sobre tecnologia, vou me dar ao luxo de falar sobre algo que mexe com meus miolos moles rsrsrs

A Revista Qualimetria da FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado, em sua edição de número 233, e pasmem, de 2011 (já ultrapassada quanto a números), publicou em seu editorial uma matéria sobre o lançamento do livro "Wired For Thought" de Jeffrey Stibel, o qual busca explicar como o cérebro humano esta modelando o futuro da internet.

Talvez você se pergunte: Mas o que isso tem em relação ao texto e a proposta do Mirandinha?

Pois bem... Vocês sabiam que nos últimos dez anos a "World Wide Web" cresceu mais de 1000%? Se sabiam ok, se não sabiam, agora sabem.

Os convido a pensarem comigo: Falasse que o cérebro humano tem cerca de cem bilhões de neurônios, e nos próximos 20 anos, ou talvez até em menos tempo, se estima que existam o mesmo número de computadores interligados entre si e armazenando toda sorte de pensamentos e ideias que podemos imaginar. Sendo isso um fato consumado, o que poderá ocasionar??? (busco muito esta resposta, embora saiba que ela somente virá no futuro, e talvez, um futuro bem próximo)

Com o avanço das pesquisas, e os investimentos que são destinados a estes campos, é inevitável que dentro de pouco tempo a tecnologia se aproximará da complexidade do nosso cérebro. Partindo desta proposta, me deixei levar a conjecturar sobre tudo isso da seguinte forma:

A evolução do ser humano levou muitos milhares de anos, talvez até milhões para que o seu cérebro chegasse ao atual nível de satisfação e complexidade, e ao que vemos, a internet alcançara este estágio em poucas gerações. Ao menos, são os números que são apresentados pelos pesquisadores que nos permite pensar assim.

Dessa forma, poderíamos ter de fato no ciberespaço uma réplica do próprio crescimento biológico, isto é, a capacidade do cérebro de um ser humano. A pergunta que não quer calar é: Será possível à uma máquina, pensar como fazem os homens?

São estas indagações e premissas, que eu, mesmo sendo teísta me pego a pensar...

Como fica Deus nesta parada?

Se perde na mente daqueles que até então eram seus devotos, e passa a ser concebido como inexistente no universo?

Ou apenas ganha mais um concorrente na infinidade de deuses concebidos pelo homem?

Fraterno abraço a todos!
Mateus, eu entendo que alguns cérebros evoluem, alguns mitos evoluem e algumas lendas fazem o caminho inverso. A espécie humana é muito dinâmica e pode criar outros tipos de deuses e se desiludir de outros como já fez no passado. Apesar da falta de evidências, continuamos seguindo o Deus cristão. O seu representante está vindo aí para gastar nossos 180 milhões.
Nobre Amigo Altamirando,

Quem é o meu representante??? Vejo que é profeta kkkkkkkkkk
Nobre Amigo Altamirando,

Em relação aos mitos, vou replicar aqui o comentário que deixei em seu Blog.

""Em "A Mensagem do Mito" Joseph Campbell diz:

“Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.”

Eu concordo com a argumentação contrária ao mito, em relação a capacidade humana, suas experiência, o sentimento de estar realmente vivo e sua valorização. Quando ditamos verdades por meio de mitos, me parece que automaticamente estamos a desprezar e anular a capacidade do homem de encontrar nele mesmo e nos eventos que ocorrem no cosmos suas respostas.

Mas ainda assim, vejo que os mitos, quando interpretados como mitos, ou seja, metáforas e analogias, tem suas utilidades.

O problema esta em insistir na ideia de que mitos são verdades incontestáveis, que não podem ser revogadas, contrariadas ou superadas. Precisamos ter o cuidado de considerar cada conceito da forma como ele é, e assim não acrescentar a ele nem mais e nem menos do que ele representa. Não há como dizer que ovo é costela e nem que costela é ovo, e é isso que alguns não entendem, ou esforçam-se para não entender.""

Fraterno abraço.
Mateus, o homem cria mitos. o problema é que as pessoas que acreditam em lendas afirmam que elas são sobrenaturais e o sobrenatural não se explica. Não dizem apenas que não entendem, estão desistindo de entendê-las e afirmando que nunca serão entendidas. É obra do divino.

Nobre Amigo Altamirando,

Concordo que o sobrenatural não se explica, mas também não deixa de ser real. Até mesmo porque havendo uma explicação racional, o meu pobre intelecto e meu raso conhecimento me levam a crer que estaríamos falando daquilo que é natural.

Mas me diga:Não aplicando o sobrenatural ao divino esta valendo? Mas então, fica a incógnita: O que resulta no sobrenatural?

Eu não entendo, mas não me enquadro no perfil dos que desistem de entender, ou dão-se por satisfeitos por uma estórinha bonita e com final feliz... Por isso vivo a conjecturar, mantendo acessa a unica característica que me difere dos demais seres vivos, que é a capacidade de raciocinar e refletir.

Fraterno abraço.

Em tempo:

Assim como creditar ao divino o que não se explica é como uma desistência da compreensão do complexo cosmos ao qual estamos inseridos, também poderíamos dizer que creditar ao nada, ou a inexistência aquilo que não se explica é um sinal de desistência da vida. Logo, me parece que teístas ou ateístas, estamos todos a mercê de um mesmo paradoxo. Defendemos algumas teorias, que sempre trazem consigo contradições lógicas.

Sendo assim, vivemos e andamos como que baratas-tontas em meio a complexidade do cosmos. Uns atribuindo tudo ao divino, outros ao acaso, e outros por preguiça não se manifestam ficando em cima do muro.

Abraço.
Mateus, não precisa o purgatório. Se encontrarmos algo inexplicável esperemos até que a ciência evolua e encontre a explicação. Não sejamos derrotistas a ponto de dizer: "Só pode ser milagre", "É sobrenatural". Em vez disso digamos que é um enígma, um desafio que devemos enfrentar.Nosso cérebro tem milhões de células para serem usadas.
Caro Matheus,

Penso que, se a ciência criar um super computador como sugeriu (ou então um super ser humano mutante com um computador dentro de si como me parece mais possível), ainda assim não teríamos um concorrente de quem reverenciado como Deus. O Eterno, sendo a Causa Primeira, jamais pode ser substituído por qualquer imagem. Quando Moisés falava com HaShem e tinha visões do seu Anjo, este se distinguia do seu Criador fosse uma teofania ou outra consciência. Forma nenhuma viu aquele que podemos considerar como o protoprofeta.

Ao experimentarmos o Deus vivo, devemos lembrar que não estamos diante de qualquer pessoa e muito menos diante de uma força da natureza. Ele é o Santíssimo e subsiste em seu próprio existir, sendo infinito e absolutamente transcendente. Pois até os termos "Santo", "Eterno", "Pai" ou o impronunciável Tetragrama YHWH (consoantes de Yahweh), bem como outras possíveis representações, tornam-se todas insuficientes para definir quem as diversas tradições religiosas do planeta entendem ser o "Criador e Rei do Universo" por serem conceitos construídos conforme a nossa imagem e semelhança.
Prezado Altamirando,

"Tirar as sandálias" é fundamental para que possamos incessantemente buscar o Deus vivo ao invés de encontrarmos um ídolo mudo.

Por este motivo, meu confrade, investigo essas questões com abertura, mas sem perder a devida reverência por HaShem, o Eterno.
Em tempo!

Um artigo de minha autoria e que julgo pertinente ao tema dos conhecimentos humanos foi este texto que publiquei na blogosfera em abril do corrente ano:

A incompletude do conhecimento humano

http://doutorrodrigoluz.blogspot.com.br/2013/04/a-incompletude-do-conhecimento-humano.html

Até breve!
Respeito sua opinião Rodrigo, apesar de não entender.
Eduardo Medeiros disse…
Ótimo texto, bom para refletir sobre muitas coisas interessantes.

Com seu exercício de futurologia você chegou a demonstrar que a existência de um "Criador" seria viável e até mesmo necessária, a partir da lógica de que tudo evolui para a complexidade, descartando-se no caminho, "projetos que deram errado".

Pode ser que exista uma IE tão absurdamente evoluída e inteligente capaz de criar e fazer evoluir. Tal IE sem dúvida, seria Deus.

Mas os tais IE deveriam ser eles mesmos, o resultado de tal evolução. A não ser que fossem entidades eternas e provocadoras de colapsos criativos.

Senão, estariam eles também presos à "roda da evolução", sendo então, produtos dela e dependentes dela.

Chegaria à conclusão que seria essa força evolutiva, impávida, inteligente, quase etérea e metafísica, a qual poderíamos chamar de "Deus".


A criação da vida é, afinal, apenas um problema técnico de manipulação molecular.

Mas para ser criada a vida, um técnico extramente inteligente teria que existir para "manipular" de forma adequada átomos, moléculas para que se arranjassem de forma a criar vida.

Essa seria uma ideia de que nada pode vir do nada. Restaria o problema sobre quais processos misteriosos criaram os átomos no Big Bang.

Poderíamos pensar totalmente baseados na lógica que deve existir uma força criativa que permeia e sempre permeou o cosmo.


Eduardo Medeiros disse…
Eu acho também que o termo "sobrenatural" provoca questões dúbias na discussão entre ateus e teístas.

os ateus teimam em dizer que o sobrenatural não existe, pois eles só conseguem conceber (mente presa à gaiola do materialismo radical) a matéria; teístas teimam em anexar o deus bíblico como um ser "sobrenatural" criador e que se revelou a um cara chamado Moisés.

Mas eu entendo que o sobrenatural não é "sobre", mas "intra". dentro da matéria movem-se forças sutis que não podem ser detectadas por aparelhos mas apenas intuídas pela razão filosófica.

E para mim, tal força sutil poderia ser a consciência, tanto a consciência humana quanto a consciência cósmica, que na verdade, seria uma entidade única.

Estamos ligados ao universo pela consciência que temos dele. Todo átomo que existe no universo está intimamente ligados aos átomos que vibram em nosso corpo material.

Tudo é Um.
Caro Edu,

Penso que os processos da criação nunca serão problema para a fé.

Se IEs atuaram na nossa criação, foram partes de um processo e, como bem observou, eles são "resultado de tal evolução". Logo, não são deuses, mas cumprem o propósito de Deus em terem dado vida ao homem.

Sem dúvida que o Universo é um. Não há mais de um Universo. Um conjunto de galáxias formaria um sub-Universo e as outras dimensões além da nossa a parte que nos seria oculta. Ora, se o Universo é um, chega-se à confissão bíblica do monoteísmo:

O Eterno é um!
Eduardo Medeiros disse…
Rodrigão, há teses de que há muitos universos, mas ainda que isso seja possível, para mim, eles são um.

São um no sentido de que tudo o que existe está ligado a tudo o que existe; nada existe fora do todo. Tudo é um. E se o Eterno existe, Ele é um com o universo também.