Autismo cristão






Por Esdras Gregório



Os cristãos do mundo todo podem pensar diferente, mais os verdadeiros tem um sentimento igual, mais do que isso: são como uma especie singular de pessoas que sentem vivem e anseiam de um modo igual em todo mundo e em todas as épocas. São diferentes dos cristãos nominais que são pessoas normais e materialistas, eles não são normais, são únicos, como pessoas portadores da síndrome de Down ou com autismo: pessoas que nascem de todas as raças e cores mais que são e tem uma genética ou peculiaridade psicológica idêntica, enfim uma especie diferente e doente na humanidade, mas seres de uma beleza simplicidade e sensibilidade únicas e maravilhosas.

São as pessoas mais carentes e apegadas a vida e sensação de vida e desejo de vida no seu sentido mais absoluto, mas incapazes de fazer essa reflexão sobre si mesmo: seus anseios e desejos, posto que como crianças estão apegados a mãe e ao leite materno num egoismo instintivo sem maldade e sem consciência do próprio desejo e apego a seu meio gerador de vida e pulsações de vida. 

Tão apegados a vida, a continuação da vida, a sensação de viver, e viver eternamente que não conseguem aceitar a morte, a ideia da morte, ou uma vida sem eternidade, que se propõem a  privar-se um pouco das sensações de vida e pulsões de vida na terra por uma sensação de vida, muito mais plena e mais prazerosa, numa outra vida. 

De forma que a eternidade é muito mais uma produção do seu anseio de vida por não aceitar e conceber a cessação da sensação de vida, do que uma reflexão e decisão moral livre do mais poderoso instinto humano que é a vontade de vida. Desejo tão forte, tão poderoso que anula as potencias humanas da razão e reflexão num auto-engano de se achar ou acreditar que se negam a si mesmo em algum tipo de sacrifício dos prazeres, que é na verdade apenas uma troca de prazeres: os terrenos por celestiais; temporais por eternos. Sendo que na verdade são os únicos seres incapazes de aceitar a morte, o fim e a cessação da sensação de vida, por que se apegam a seu modo de crer por mais irracional e insustentável que ele possa ser, num processo inconsciente de calar a voz da razão por apego ao conforto de seu modo de crença, num amor indireto a Deus por ser ele o meio de seu maior anseio que é o desejo de vida: da sensação e pulsões de vida e estar vivo. Deus é para o cristão como a mãe é para o bebe; e seus seios maternos são sua crença na qual se agarra irrefletidamente pelo mais puro e poderoso instinto de vida: de apego a vida.

Comentários

Levi B. Santos disse…
Quem poderá fugir do “Eterno Retorno de Nietzsche”?

O crente deseja as tetas divinas (a Canaã) ― que, não à toa, é denominada de terra que mana leite....

Mas as crianças que habitam em nós, não deixaram ainda de mamar. As tetas antigas em que nos labuzávamos de prazer foram apenas substituídas por outras virtuais. As mamas virtuais se tornaram reais, e por enquanto nos vêm consolando.

Portanto, consolai-vos uns aos outros, ou seja, cada um com a chupeta que mais lhe agrada.. (é bíblico: e vos enviarei um consolador...) - rsrs
Elídia :) disse…
rsrsrs desejo do seio explica... acho que ao crente (esse do texto) se aplicaria uma boa duma neurose, em que deseja e nunca é satisfeito. Ligado no tal sentimento oceânico (Freud), que nem é muitas vezes uma questão de fé, esse crente almeja algo, que um dia vai alcançar, e por algo mata ou morre (se bem que na hora H não aceita ser jogado aos leões não rsrsrs). Não por acaso, alguns trocam as drogas, pela religião cristã....
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Nobre Amigo Esdras e demais Confrades,

Primeiramente parabéns pelo texto Esdras, e obrigado pela oportunidade de me fazer refletir sobre algumas questões e conceitos que permeiam a minha pobre e limitada existência. Não sei se poderei contribuir, mas incomodar eu sei que eu posso. E disto eu gosto rsrsrsrs

Considero muito interessante sua análise quando afirma serem os “cristãos verdadeiros” como “uma espécie diferente e doente na humanidade”, embora não concorde com o termo “verdadeiro” aplicado ao termo “cristão”. Porque tenho para mim que acerca de ser cristão, “ou se é, ou não se é”, não vejo lugar para o dualismo "verdadeiro e falso" neste caso.

Poucos dias atrás, escrevi um texto falando sobre o “desespero”, e citei o Soren quando afirma que esta (o desespero) é a doença. E de fato, os cristãos vivem um desespero contínuo e progressivo, em relação ao desenvolvimento de sua fé. Estão sempre preocupados em não ser reprovados pela divindade ou preocupados em agradar a divindade, e acabam por fantasiar suas vidas na expectativa de serem diferentes porque um determinado sistema lhes impõe uma ideologia de vida que resulta em reprovação ou aprovação, no objetivo de chegar a um determinado resultado. No caso aqui, as tetas divinas tipificadas pela Canaa que emana leite e mel apontada pelo Levi. E nesta loucura, nesta “neurose” como bem disse a Elídia, não consigo desvincular ninguém que se denomine cristão, seja ele como for. Por isso afirmei não concordar com a sentença utilizada (verdadeiros). Para mim, todos, conscientes ou inconscientes estão perdidos nesta neurose, e completamente adoecidos. Quando diz se tratar de “seres de uma beleza e sensibilidade única e maravilhosa”, me coloquei a pensar, “com que cristãos você esta convivendo?”. Pois procuro esta simplicidade e sensibilidade no meio cristão com muito esforço, e raramente encontro. Ou melhor, raramente encontro alguém, a qual possa olhar, e dizer sem dúvidas ou desconfiança, “eis um cristão”.

No mais, concordo com você que se trate de pessoas carentes, afinal, são as carências que movem as crenças. Mas me obrigo a discordar que sejam incapazes de refletirem sobre si. O que acontece é que elas são manipuladas e direcionadas a seguir um molde. O que as impossibilitam de perceberem-se, o que é completamente diferente de ser incapaz.

Vejo que o seu texto de alguma forma nos remete a Soren, pois você cita uma não aceitação da morte. E é aqui que encontro o “X” da equação. Se não aceitam a morte, permanecem doentes, pois como bem pontuou Sorem, a morte é o remédio para a doença. E podemos associar a impossibilidade (não incapacidade) de refletir sobre si, com o não aceitar da morte. Esse morrer, este ato de introspecção, é o primeiro passo para se perceber que o sentido que move a vida não é absoluto. Logo, os cristãos representam uma parte dos doentes, nós uma outra parte, e parafraseando Lulu Santos, "assim caminha a humanidade".

Ou estaria alguém são?
Donizete disse…
O Texto parte de uma fantasia utópica à uma realidade distópica e vice e versa.

Mas retrata o sentimento de eterna mãe-dependência e infantilidade do crente em relação a Deus. O termo "Aba" utilizado algumas vezes por Paulo, é um balbucio de um bebê chamando seu pai.

Junto ao Shaday (Deus-mãe) ele se recusa a crescer!



Eduardo Medeiros disse…
Até que ponto não aceitar a morte é algo assim tão doentio?
Para mim a morte é uma coisa totalmente absurda. Mesmo sabendo, racionalmente, que sem ela a vida não fosse possível.

Talvez o grande erro de quem espera a "vida do além" seja negar a vida que ela tem aqui e agora, que em última instância, deveria ser mais importante do que a que virá, já que ela vive o aqui e o agora e a vida do além ela possui apenas por fé. Não é real.

Quando um cristão se acha "peregrino" nessa terra, quando para agradar a Deus ele nega seus próprios impulsos vitais, quando vive com a espada do pecado no pescoço, ele só faz alimentar a sua própria doença existencial.

Com a palavra, os "crentes" da Confraria...rss
Esdras Gregório disse…
Acho que nao tenho o que responder todos voces foram ótimos e acrescentaram, apenas digo para o Mathues que ja vi essa beleza em muitos crentes mais contida apenas em anciões ou jovens
Elídia :) disse…
A morte é a a esperança do crente ('esse' crente rs). sem morte, ele 'morreria'...quando descobre que há desejo na vida, ou seja, a vida paradisíaca pode ser vivida ainda terrenamente, pira...
é triste a queda do ídolo, porem necessária ao nosso retorno ao desejo. O Esdras foi muito feliz ao mencionar o espectro da sindrome autista,enmbora eu resistisse num primeiro momento por considarar tal exemplo, por trabalhar com a filosofia da diferença.Mas no contexto, se explica. O sentido dessa falta, que esse crente não tem, o faz psicótico, 'não-desejante', nutrido o bebê, sem precisar sofrer, entra nesse adoecimento mencionado.Crente bom , é crente neurótico, se fossemos pensar numa cura rsrsrs. Ele estaria sempre em busca de algo, que não se lhe apresente dado, só que os pastores sapiamente (rsrsrs) não incentivam e diabolizam esse vôo pois poderia pôr tudo a perder hehehe
Anônimo disse…
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Anônimo disse…
Passando pra deixar minhas saudações aos meus eternos amigos!.

Beijo enorme, adorei ver que o Blog continua em pé, e ainda temos novos amigos comentando... pena que eu abandonei este barco, rsrs... mas a saudadee dos meus companheiros está daquele tamanhão ...
Guiomar Barba disse…
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Guiomar Barba disse…
Matheus, "No mais, concordo com você que se trate de pessoas carentes, afinal, são as carências que movem as crenças. Mas me obrigo a discordar que sejam incapazes de refletirem sobre si. O que acontece é que elas são manipuladas e direcionadas a seguir um molde. O que as impossibilitam de perceberem-se, o que é completamente diferente de ser incapaz".

Carências, quem não tem carências?

Você fala dos cristãos como se conhecesse a todos. O cristão manipulado é exatamente aquele que não busca por si só conhecer a Deus.

Você se põe em um pedestal de sabedoria, como se houvesse penetrado no que ascende ao nosso entendimento humano. As experiências de milhares e milhares de pessoas com o transcendental, só podem ser refutadas na mais perfeita ignorância.

Você se põe entre os não cristãos. Hoje se dizer cristão para muitos ignorantes, é ser inadequado ou pior, alienado... Por isto é necessário está acima de toda ignorância sobre Deus e realmente relacionar-se com Ele lucidamente.
Guiomar Barba disse…
Doni, quando você cresceu, deixou de ter mãe? Quantas vezes você sentou ou senta no colo dela e chupa suas tetas? rsrsrs
Guiomar Barba disse…
Esdras, é impressionante como equivocadamente, você determina o amor do cristão por Deus. Trouxe-me a memória:
"SE EU TE ADORAR POR MEDO DO INFERNO, QUEIMA-ME NO INFERNO, SE EU TE ADORAR PELO PARAÍSO, EXCLUA-ME DO PARAÍSO, MAS SE EU TE ADORAR PELO QUE TU ÉS, NÃO ESCONDA DE MIM A TUA FACE!” (Rabia, 800 d.C.)
Rabia al Adawiya al Qadsiyya

Realmente Edu, lhe entendo, é difícil, em um mundo onde quase tudo gira em torno de interesses, você amar a um SER simplesmente pelo que Ele É.

Mas deixe para falar sobre a eternidade quando você sair desta vida para outra. Mas por favor, apareça apenas aos companheiros hereges kkkkkkkkkkkkkkkk
Eduardo Medeiros disse…
Gui, eu não acho que quem acredita numa vida além possui carência, ou é iludido ou burro. Não mesmo.

Mas creio por outro lado, que os cristãos não deveriam renegar ou diminuir a vida que possuem aqui. Esta vida é "verdadeira", você a está vivendo aqui e agora, sabe que ela existe; já a outra você não sabe se existe, apenas tem fé que existe.

A minha crítica é àquele cristão que esquece de viver aqui, negando prazeres que para ele é "pecaminoso" - e isso era muito mais radical e opressor há algumas décadas - vivendo uma vida de negação daquilo que ela é, para gozar a vida de fato, enfim, na outra vida.

A isso eu critico. Acho que uma coisa não deveria anular a outra.
Eduardo Medeiros disse…
Gui e Doni

Sobre o crente que não cresce por ser dependente eterno do "Pai".

Isso é um assunto que daria muito pano pra manga. Veja, o mandamento bíblico está bem em consonância com a psicanálise (eu acho, Levi, por favor!! rs) de que o homem deve "deixar o pai e mãe" e seguir sua vida, se unir a sua mulher e formar sua própria família.

Isso é de fato, um rompimento com a dependência paterna; só crescemos, só aprendemos a ser adultos, sem o cabresto confortável das asas paternas e maternas.

E se levarmos essa ideia à dependência que o devoto tem com Deus? Principalmente no cristianismo onde Deus é Pai?

O que podemos pensar dessa dependência? Já ouvi muitas vezes coisas como: "Eu não dou um passo na vida sem antes consultar a Deus"; "Eu sou totalmente dependente de Deus"; e coisas como esta.

Até que ponto isso é sintoma de uma patologia de dependência religiosa que só reflete uma pessoa que ainda não aprendeu a crescer e andar "longe do Pai"?
Donizete disse…
"Quero ser como criança
Te amar pelo que és
Voltar a inocência
E acreditar em Ti
Mas às vezes sou levado
Pela vontade de crescer
Torno-me independente
E deixo de simplesmente crer"

Esta música do David Quinlan, principalmente na parte final desse verso, revela o que se passa no imaginário coletivo cristão, em relação à eterna dependência de Deus.

Eu diria que, mesmo depois de passar a síndrome da abstinência dessa dependência, até mesmo aquele que "cresceu", ainda se vê envoltos à conflitos e algumas crises de identidade. Imagine então os que estão vivendo o despertar de um sentimento que lhes arrebata os sentidos?

Neste aspecto, não são poucos os que se arrependem de terem "crescido"!
Levi B. Santos disse…
Será que filho deixa o Pai e a mãe mesmo, Edu? (rsrs)

Não existiria a Nostalgia, se psiquicamente ocorresse esse desligamento. (rsrs)

O “religa-re”, por exemplo, é um sentimento de se religar a um Pai no âmbito imaginário. Este Pai simbólico (Superego) age em nós sem que percebamos. Ele não cessa de dar ordens, tipo: “Se não deu certo, este trabalho, recomeça-o! Apressa-te, tens que chegar na hora exata!
Nobre Amiga Guiomar,

(Você fala... Você se põe... e por ai vai...)

Seu comentário me surpreende (por nutrir carinho por você), mas ao mesmo tempo me é normal, e apenas fortalece minha ideia de que por mais que todos nós precisamos de ajuda, de fato os cristãos nos superam. A sua argumentação "Ad Hominem" direcionada a mim, e a ira que emana de suas palavras, por hora me deixaram triste, mas em contrapartida me deixaram feliz por perceber que minha critica aos cristãos contemporâneos não é equivocada.

Em que momento falei que as carências são privilégios dos cristãos? Em nenhum momento é claro. Todos somos carentes e buscamos de alguma forma suprir nossas carências, cada qual ao seu modo. Mas o texto é sobre os cristãos, e voce não queria que eu falasse sobre a carência dos karecistas ou dos ateistas não é mesmo? Em que momento me posicionei como um não cristão? Em nenhum momento é claro. Nem como não, nem como um. Apenas argumentei em relação ao texto, expondo e argumentando sobre alguns sintomas que se expressam na psique do ser humano em relação a crença "x", no caso a cristã. E quanto ao "pedestal de sabedoria", responderei a lá Jesus "tu o dizes". Embora me considere um iniciante, alguém que esta dando seus primeiros passos no campo da intelectualidade. Mas já pude aprender a debater argumentos, teses, ideias e não pessoas.

Eu sei que você vai me responder. Mas adianto que não haverá uma resposta em contrapartida, pois o Matheus não esta em debate e sim o texto do Esdras. E por questões de respeito, me guardarei a responder somente os demais confrades. Infelizmente, não pensei que falar de uma crença milenar, concederia direitos as pessoas de emitirei argumentação de juizo sobre mim. Mas voce não tem culpa, na verdade não esperava nada diferente. Mas posso escolher em dar continuidade ou não. E escolhi não dar continuidade.

Fraterno abraço.
Nobre Amigo Eduardo,

"... o homem deve "deixar o pai e mãe ..."

"... Isso é de fato, um rompimento com a dependência paterna; só crescemos, só aprendemos a ser adultos, sem o cabresto confortável das asas paternas e maternas ..."

Poderia dizer, "sem mais palavras".

Mas vou apenas enfatizar a questão que mencionei no meu primeiro comentário sobre os conceitos "incapaz e impossibilitado". Vejo nesta questão apontada, como a única forma de superar esta impossibilidade. Nos desprender do que nos acomoda. Quando estamos presos ao pai e a mãe, não conseguimos visualizar os novos horizontes que a vida pode nos proporcionar. Mas quando rompemos, novas janelas se abrem em nossa mente, as expectativas se transformam, e mesmo que a saudade de casa ainda tente nos manter aprisionados, nós lutamos para criar nossa própria identidade longe do comodo lar. Por isso, não concordo com o conceito incapaz, pois só depende de nós romper o cordão ou não.

Fraterno Abraço.
Nobre Amigo Levi,

"Será que filho deixa o Pai e a mãe mesmo, Edu?"

Se tratando de colocar a ideia como uma tipificação de comodidade e segurança, eu acredito que sim.

Fraterno abraço.
Levi B. Santos disse…
Matheus, e Edu


Indo mais além do “abandonarás teu pai e tua mãe!”. (rsrs)


Concordo que abdicar da vontade própria e ficar eternamente alienado aos pais, é a negação da própria vida.

Mas veja onde quero chegar. No que tange ao psiquismo, a nossa cultura não é assim tão “SIM”, tão “NÃO”. Seria melhor dizer ela é nem bem SIM, nem bem NÃO Queira ou não, o amor será sempre narcísico. O que a gente gosta mesmo é da semelhança.

A psicanalista, Betty Milan ― discípula de Lacan, em seu magnífico e recente livro, ”Carta ao Filho” (Que trata de sua relação materna com o seu filho, agora adulto e vivendo em um país longínquo). Ela diz, de maneira enfática que “há um desejo do pai ou da mãe em querer prolongar a própria vida na vida do filho e, ao mesmo tempo fala da impossibilidade que o filho tem de dizer ‘não’ àqueles.

Nessa situação é que a ambivalência da qual somos portadores, demonstra toda sua força: “o pai é vítima da ilusão da imortalidade, e o filho do medo de matar o pai (simbólico) com a palavra NÃO.

“Há mais de uma razão para o nosso apego aos filhos. A principal talvez seja o medo de morrer” ― diz ela, por experiência própria.

Betty Milan, sobre a relação “Mãe- Filho”, diz algo merecedor de nossa reflexão:

“Sou você, embora você não seja eu. Não é e não pode ser, porque essa é a condição da sua existência. A diferença da relação entre a mãe e o filho e entre dois amantes é que a mãe e o filho foram UM e precisam se tornar DOIS. “

Desse imbróglio sentimental é que deriva todo o sentimento RE-LIGARE, o sentimento do GOZO nostálgico do pai se sentir em UNO com o filho, e vice versa.

Foi esse sentido de ORFANDADE, que eu quis explorar, na relação “Pais e Filhos”. (rsrs)
Levi B. Santos disse…
P.S.:

Para incrementar mais a dialética sobre esse tema, pediria aos confrades que dessem uma lida em um ensaio que postei no meu blog em outubro de 2006, cujo link vai abaixo (rsrs):

http://levibronze.blogspot.com.br/2006/10/orfandade-na-relao-pai-filho_23.html
Nobre Amigo Levi,

Excelente argumentação.

Mas veja bem:

“Sou você, embora você não seja eu. Não é e não pode ser, porque essa é a condição da sua existência. A diferença da relação entre a mãe e o filho e entre dois amantes é que a mãe e o filho foram UM e precisam se tornar DOIS“

A mãe e o filho sendo um, e necessitando ser dois fortalece a ideia de que o rompimento é fundamental. E os desejos que acabam se manifestando por meio da memória e da saudade, só se tornam fatos na realidade no rompimento. Betty Millan com o rompimento, pelo que vi deu um salto em sua compreensão em relação a este relacionamento, resta a nós saber se o filho também teve esse salto rsrsrsrs

Por isso, minha resposta, a sua primeira indagação é sim. Agora se me perguntasse sobre o grau de dificuldade contido neste rompimento... Aí seria outros quinhentos!
Levi B. Santos disse…
Matheus


A mãe e o filho sendo um, e necessitando ser dois fortalece a ideia de que o rompimento é fundamental.

Mas houve um que disse: “Eu e o pai somos UM”. (rsrs)

Concordo que o grau de dificuldades contido neste "rompimento" são "outros quinhentos". (rsrs)

Para o poetinha Vinícius de Morais “entre as inúmeras experiências que teve na vida, a única da qual não abriria mão era a da paternidade”.

O passado de nossa tenra infância, quando ainda não tínhamos consciência, ainda interfere no agir de nós, adultos”
.
Sinceramente não vejo como o homem pode se livrar das ressonâncias dos afetos paternos.

Até as novas e fortes comunidades cibernéticas que buscamos, inconscientemente são uma forma de re-vivenciar os vínculos paternos, e como a antiga chupeta que usávamos quando pequenos, ainda nos transmite uma sensação apaziguante. (rsrs)
Nobre Amigo Levi,

Mas ai é que pega. Esse rompimento do qual falo não significa esquecimento, ou a morte da relação. Mas um passo para a construção de uma identidade própria. E com certeza, mesmo sendo construída um pouco distante dos pais, sempre trara consigo influências do que eles são e representam. Como mencionei em um dos comentários, o rompimento que vejo necessário esta restritamente ligado a comodidade que precisa ser vencida, e a suposta segurança que não nos permite dar o 'peitaço'. No mais, as influências paternas são necessárias e superiores a quase tudo, senão tudo.

Fraterno Abraço.