A Peculiar História do Jovem God e Seus Seres Autoconscientes

No princípio, era apenas a tese de doutoramento de um brilhante jovem chamado God. A ele fora dada uma plataforma vazia e inóspita, como de costume aos que concorriam a esse título. O objetivo era o mesmo: criar vida inteligente em um período pré-estipulado de tempo.

Porém, algo não saiu conforme o esperado: a vida inteligente criada por ele tornara-se também autoconsciente e desenvolvera sentimentos pelo que o criara. Passou a apegar-se ao seu Criador e a tentar comunicar-se com ele, comprendê-lo, ser como ele.

Apesar de não o compreenderem, eles já eram "pequenos Gods" em si mesmos. Descobriram em suas pequeninas mentes a capacidade criadora daquele que um dia, por puro dever acadêmico, e sem maiores pretensões, os criara.

Agora, o jovem God  tinha em suas mãos um sério problema: abandonaria sua tese-em-vida à sua própria sorte, ou desenvolveria sentimentos por ela? E como faria para comunicar-se com seus pequenos seres, demonstrar-lhes afeto? Decidiu que os deixaria tentar entender por si mesmos quem era ele e o que queria deles. Para ele, não faria a mínima diferença o nome pelo qual os pequenos o chamariam, tampouco as formas como tentariam conectar-se a ele.

Como os autoconscientes eram pequenos Gods, passaram a construir "mundos" à maneira do seu desenvolvedor. Criaram formas de se comunicar uns com os outros à distância; cápsulas para viajar pela vizinhança da Plataforma; redes virtuais para viverem uma vida paralela, inventada  por eles mesmos, onde interagiam através de pequenas máquinas, algumas portáteis, outras instaladas em pequenas mesas. Criaram ainda outros seres, quase autoconscientes, vivendo em "mundos" criados por eles, porém com histórias pré-determinadas e com os  quais os próprios auto-conscientes interagiam, mesmo que de forma muito menos "real".

Os seres criados perceberam um dia a sua semelhança com o seu Criador, e isto decidiu o seu destino. Não eram mais apenas a tese destinada ao laureamento de um jovem doutorando chamado God. Eram autoconscientes, sabedores da sua própria existência. Eram como ele. E por isso jamais aceitariam retroceder à condição de bestialidade anterior.

27/04/10

Comentários

O ração do Semá, baseada em Deuteronômio e que é a confissão monoteísta judaica que um ortodoxo não quer esquecer na hora da morte e assim diz:

"O Eterno é um"

A percepção desta verdade bíblica é fundamental para que o ser humano não cometa o pecado de fantasiar a realidade com seus deuses imaginários. Já a capacidade criadora é algo bem positivo pois sendo nós, feitos à imagem e semelhança de Elohim, não podemos cometer um suicídio intelectual. E o pecado humano está no desprezo pelo Criador querendo ocupar lugar do Onipotente de maneira independente e rebelde.

Deus jamais quiz que a primícia de sua criação fosse alienada. O jardim do Éden é antes de mais nada um lugar para experiências e por isto o Eterno plantou ali toda espécie de árvores frutíferas. E o homem poderia crescer em maturidade, devendo fazer isto junto com Deus e não confiando no próprio entendimento.

Nosso Eterno Criador é realmente maravilhoso! Ele nos fez a sua imagem e semelhança, mas também nos dotou de desejos, vontade própria e de personalidade distinta da dele. Ele aceitou correr o risco de que sua criação consciente resolvesse depois cuspir em sua cara, como realmente ocorreu. Porém, o seu amor é tão grande que, ainda assim, Deus nos perdoou graciosamente, manifestando isto na preservação da vida e, finalmente em Cristo Jesus nosso Senhor.
Gabriel Correia disse…
Tá. Legal. Só tenho minhas duvidas quanto a questão da BESTIALIDADE.