Porque Sartre é tão “foda”

Por: Marcio Alves

É inegável o peso que Sartre tem para todo o pensamento psicológico, e, diante  disto é que trago, apenas dando ênfase na área da psicologia, o porque que Sartre é tão foda.

Segundo o estudioso Schneider, as contribuições sartrianas foram, sem duvida, de suma e real relevância, pois até aquele dado momento, a psicologia estava muito presa ao mecanicismo e cientificismo, e o filosofo Frances Jean-Paul Sartre (1905-1980) surge com sua feroz e contundente critica e proposta de novos fundamentos aos modelos psicológicos já existentes daquela época, e, isto, através da fundamentação na fenomenologia de Jaspers, Husserl e Heidegger, mais a construção interdisciplinar entre marxismo, psicanálise e o próprio existencialismo sartriano, o que será uma constante em toda sua obra, apoiada em dois métodos principais para uma “psicologia existencial”; o biográfico e o método progressivo-regressivo. (2008 p.289-291)

Sartre entendia e até defendia a psicanálise como um método essencial que contribuía e possibilitava com seu estudo sobre o desenvolvimento infantil, numa compreensão mais abrangente dos fatores de “influenciação” do sujeito, que não era limitado como o marxismo propunha em ser apenas histórico e cultural rejeitando e negligenciando assim a historia individual, mas também através dos micro-grupos, como a família, no qual o sujeito estava inserido.

O método biográfico que Sartre propusera de investigação do sujeito é uma forma de compreensão totalizante e globalizante do individuo, visto como ser-no-mundo, partindo sempre do singular para o universal, e do universal para o singular, procurando sempre fazer uma ligação dos fatos concretos da vida individual deste sujeito, com o momento histórico e circunstancial vivido pelo mesmo.

Sartre critica a maneira mecanicista pela qual as biográficas são elaboradas, em considerar apenas o lado externo do sujeito, como historicidade, culturas, época, meio educacional, hereditariedade, fatos vividos, circunstancia inserida e tudo o mais que esta relacionada com o mundo externo que o sujeito vive e se desenvolve.

Mas Sartre não apenas critica este modelo cientificista, como propõem uma nova abordagem biográfica, com a qual a psicologia será grandemente afetada e enriquecida, pois sua proposta é que o sujeito da historia, e não apenas a historia do sujeito, seja levado em conta, pois não se deve analisar apenas o contexto externo do individuo, mas antes, e, principalmente, seu mundo interno, particular e concreto, em outras palavras, o sujeito em “carne e osso”. (2008 p. 297)

 Ou seja, não é somente a biografia em quanto histórica, social e biológica que faz o individuo “ser quem ele é”, mas também, do individuo, como ser ativo, e não somente passivo, que apropria do que “fizeram ele ser quem ele é”, para “se tornar quem ele fez com o que fizeram dele ser”, atingindo sua dimensão psicológica e singular de sujeito em construção.

Portanto, o homem é construído na medida em que vai construindo, e, constrói, na medida em que vai sendo construído também, numa relação dialética com seu meio, num “eterno” vai e vem, e, por isso, Sartre estabelece o método progressivo-regressivo, que consiste compreender a realidade humana como um movimento dialético entre objetivo (historia, época, cultura, educação, trabalho e etc) e o subjetivo (assimilação do sujeito que ativo apreende internamente o que esta fora dele)
.
Concluo então, que as principais contribuições de Sartre para a psicologia foram:
                 (1) Sua critica construtiva e demolidora contra o subjetivismo, mecanicismo e mentalismo reinante na psicologia, principalmente behaviorismo e psicanálise clássica, onde o subjetivismo dava ênfase apenas ao mundo interno do sujeito, ficando assim por demais reducionista, não considerando o mundo externo e a relação deste com o sujeito, e do sujeito com este, pois o sujeito não é apenas produto do meio, mas produtor também. Já a ênfase mentalista considerava este mundo interno como uma estrutura já pronta, pré-dada e pré-determinada, negando as possibilidades abertas frente ao sujeito, e, por ultimo, a visão mecanicista do meio como único determinante do ser, que segundo Sartre, “se faz na medida em que é feito”.
                     (2) E, finalmente sua proposta de uma nova psicologia e psicanálise existencial onde considera como método principal de investigação do individuo, a dialética do contexto amplo, como sua vida privada (singular/universal), não descartando o mundo fora como de dentro, onde o sujeito no final é o responsável absoluto por fazer a síntese entre objetivo e subjetivo, entre a passividade de “ser o que o seu meio totalizante fez dele ser”, e o que ele “fez com o que fizeram dele ser”.    


Esta postagem é um pequeno resumo do trabalho acadêmico que fiz para a disciplina  teorias humanistas

Comentários

Levi B. Santos disse…
Márcio

Dentre as obras de Sartre que li, a que mais me impressionou foi a peça “Entre Quatro Paredes”.

A peça mostra com riqueza de detalhes como somos dependentes do olhar do OUTRO. O outro é aquele que nos define. Um dos momentos “foda” da peça se dá quando um dos figurantes presos por muito tempo entre quatro paredes, já não podendo se ver pela ausência do espelho, que foi quebrado ou desaparecido, pede que o OUTRO lhe diga alguma a respeito de si mesmo. Na ausência do espelho, não podendo mais me ver, é o OUTRO que vai dizer ou definir como está o meu rosto; qual a expressão que irradia de minha face.

Estelle para viver precisa do OLHAR de Garcin. Garcin, por sua vez é dependente do OLHAR de Inês. O incômodo que o olhar de um causa no outro é um INFERNO para cada um deles. Sem o espelho, nenhum pode ver os próprios olhos (janela da alma). Não há como fugir do mal estar existencial de ser definido pelo outro, que passou a ser o substituto do antigo espelho que refletia o nosso rosto.

Essa peça é uma obra imprescindível para quem quer entrar no mundo da psicanálise sartreana existencial.
Marcio Alves disse…
LEVI

Lembro-me também do filme “Eu sou a lenda” com Will Smith, que ele está completamente sozinho, porque um vírus dizimou a população de Nova York, e, ele foi um dos únicos sobreviventes, que passa o filme inteiro em busca do outro, de alguém para se relacionar.
E uma das cenas mais marcantes deste filme é quando ele vai á uma loja, acho que de roupas, e fica conversando com o boneco de manequim, fingindo que aquele boneco é uma pessoa, de tão desesperado que ele estava por se senti sozinho e abandonado, sem um outro como espelho para se relacionar.

É impossível vivermos sem o outro, inclusive, o primeiro “outro” que vai nos marcar para o resto de nossas vidas é nossa mãe ou a figura substituta da mesma, e isto dês da barriga da nossa mãe, continuando através dos gestos, olhares, toques e até altura da voz da mesma, pois se a mãe rejeita ou acolhe o filho, isto é sentindo e recebido pela criança dês do primeiro momento que ela vem para a existência.
Á inúmeros filmes relacionados a este sentido, mostrando como o outro é importante e decisivo para nossas vidas.

Porém o que Sartre defende é que mesmo nós sendo marcados e determinados pela relação com o outro, nós não somos apenas o que o outro definiu que sejamos, como se o ser humano fosse apenas e tão somente um ser passivo, mas, pelo contrário, mesmo quando não escolhemos já estamos escolhendo, embora sejamos limitados em nossas escolhas.
É a famosa subjetividade de que tanto fala a filosofia, ou individuação de Jung, que somos responsáveis. Pode se colocar dois seres humanos numa mesma situação, cada um dará uma resposta diferente, pois o que nos torna humanos e não robos é a nossa singularidade, mesmo vivendo como "manadas".
Eduardo Medeiros disse…
O único problema do Sartre foi ser ateu e corno...heeee

Destaque:

Ou seja, não é somente a biografia em quanto histórica, social e biológica que faz o individuo “ser quem ele é”, mas também, do individuo, como ser ativo, e não somente passivo, que apropria do que “fizeram ele ser quem ele é”, para “se tornar quem ele fez com o que fizeram dele ser”, atingindo sua dimensão psicológica e singular de sujeito em construção.

Sartre aqui é perfeito, creio. Também escrevi no meu blog sobre a liberdade que temos de apesar de nos acharmos condicionados por agentes externos e até internos a nós, poder construir alguma coisa a respeito disso e não ser apenas um expectador passível das circunstâncias.

No post, o nosso mestre LEVI comentou:

A liberdade é uma utopia, pois, para vivermos civilizadamente cedemos grande parte dos nossos instintos. Somos eternos dependentes, no sentido de que para poder viver em comunidade, necessitamos de um equilíbrio entre o EGO o SUPEREGO e o ID.

E eu lhe respondi:

Levi, não é exatamente por sermos capazes de limitar os instintos não esta aí a marca da liberdade que nós temos? Ou o homem não está condenado a ser livre?

Eu prefiro acreditar que estamos condenados(condicionados?) a sermos livres.

E então, Levi, o que você me diz daí?

http://veredasdopensamento.blogspot.com.br/
Eduardo Medeiros disse…
Levi,

de certo que nós podemos nos ver no outro, mas nós também podemos nos ver a nós mesmos, se assim não fosse, não seríamos um "indivíduo". Ou não somos mesmos indivíduos e sim, di-vididos? Perceber essa possível divisão já não é em si, um ato de liberdade?
Levi B. Santos disse…
“Também escrevi no meu blog sobre a liberdade que temos de apesar de nos acharmos condicionados por agentes externos e até internos a nós, poder construir alguma coisa a respeito disso e não ser apenas um expectador passível das circunstâncias.” ( EDU)

Podemos construir alguma coisa e dizer: essa obra é minha?

Somos eternos seres sofredores da síndrome da influência Sofremos a influência dos que nos antecederam. Nossa Torre de Babel está sempre sendo construída com o material das crenças que recebemos e incorporamos como nossas. Goethe, certa vez disse: “Ninguém é mais escravo do que aquele que se considera ser livre”

Sobre o que você escreveu aqui, Edu: Eu prefiro acreditar que estamos condenados (condicionados?) a sermos livres

Há um ano e meio atrás, escrevi um pequeno ensaio sobre essa virtual liberdade da qual trago esse trecho à tona, para nossa reflexão:

“Psicanaliticamente falando somos escravos dos instintos. Somos consumidos por um desejo de algo novo. Esse anseio primitivo, no entanto, se torna cansativo e doloroso, e terminamos por ceder a um “senhor mais forte”, que nos oferece o antigo fio em que nos quedamos escravos. Nossas autobiografias, caso retrocedessem a nossos ancestrais, poderiam nos fazer ver de que forma eles foram escravizados, e até que ponto nos libertamos dessa herança.Veríamos que não somos nós que falamos; dentro de nós há muitas vidas. Muito de nossa ancestralidade grita através de nossa garganta. Caminhamos em um círculo, onde tudo que vemos e que racionalizamos como novidade, já foi passado.

Usamos os pés de outras pessoas quando andamos para frente, usamos os olhos de outra pessoa para reconhecer as coisas, usamos a memória dos que se foram, para formatar as nossas ambições. Escreveu Plínio (o Velho) 77 d.C.: “as únicas coisas que guardamos para nós mesmos são os nossos prazeres”.
Marcio Alves, parabéns pelo trabalho. Você é um bom aluno.
Mas quem é que está mais certo, o ateu ou o comunista? Serà que todo Ateu é comunista ou todo comunista é ateu. Necessita-se buscar auxílio com Kierkegaard e Heidegger, ou só o contra peso do Vergílio Ferreira bastaria?
Você não acha que eles fumaram muita maconha para dizer que o existencialismo nunca poderá ser uma teoria? A existência não é uma teoria. O homem é o pivô central do existencialismo, não enquanto ser abstrato mas como um ser concreto de carne e osso que ama, trabalha e sofre as conseqüências de ser seu único juiz por ser responsável por seus atos. O homem é o único animal que pavimenta sua estrada, uns com asfalto outros com obstáculos. Isto não é livre arbítrio, é inteligência. A função dos filósofos é dourar este asfalto ou aqueles obstáculos.
Marcio Alves disse…
LEVI

Confesso que depois que li e entendi um pouco mais afundo Sartre, fiquei do lado do EDUARDO, pois o homem não é só bio-social, mas também psicologico, e, enquanto ser psicologico é responsavel último pela sintese de ser, atraves das possibilidades e escolhas.

O problema é o que Sartre aponta em seus livros, que muitas vezes o homem INTUI que deva ser e escolher o que ele foi "determinado" para ser e escolher, sendo que podemos sim, ir contra nosso "destino" de ser e escolher, pois o homem não é só o que é, mas também o que deseja e tenta ser....somos muito mais do que somos, pois somos também nossas infinitas possibilidades de ser.
Marcio Alves disse…
ALTAMIRANDO

Obrigado pelo elogio, apesar de saber que realmente eu sou um aluno nota 10 rsrsr

Na verdade todo comunista é ateu, mas nem todo ateu é comunista...entendeu??

Por falar em Kierkegaard, vou postar um resumo também sobre ele no meu blog, do trabalho que fiz também sobre ele...afinal, teorias humanistas abarca varios existencialistas....que materia fantastica é essa. rsrsrs

Concordo com sua fala final, acho que foi inclusive Kierkegaard quem defendeu que a existencia precede qualquer teoria, logo ela estaria acima, e, deveriamos partir sempre dela...do concreto, do vivido, do experienciado pelo sujeito de carne e osso.
Marcio Alves disse…
EDUARDO, ALTAMIRANDO e LEVI

A meu ver, o LEVI acabou levando a postagem para o debate “Freud x Sartre”, “determinação x liberdade”, “essência x existência”.
Proponho um exemplo para clarear e pontuar nossas ideias:
Um homem acostumado a viver sempre na adrenalina apostando rachas com seus amigos acaba morrendo em um grave acidente de carro.

Temos duas maneiras para interpretar e entender o que aconteceu:
A) Freud diria que não foi por acaso, alias, nada para Freud acontece por acaso, mas isto aconteceu porque neste homem o impulso de morte foi muito mais forte do que o impulso de vida, portanto, ele nasceu determinado a se autodestruir-se, fosse de um jeito, seria de outro, mas o seu fim era ir de encontro com sua própria morte.

B) Sartre diria que o homem não nasceu com nenhuma estrutura pronta, determinada, mas ele foi se fazendo na medida em que ia sendo feito, e, mais; ele intui que não tinha escolha, precisava tirar aquele racha, quando na verdade, ele poderia não ter optado por aquilo, fazendo outras e novas escolhas.


Agora meus caros amigos, o debate esta lançado.....e ai, quem afinal de contas esta certo??
Nenhum dos dois. Ninguém morre de véspera. Seu destino estava traçado por Deus desde sua concepção. Se ele for espírita voltará copmo piloto de Formula 1, se foe cristão estará ao lado direito de Deus no paraiso. se foe ateu vai desaparecer no éter, se budista será protegido de alá e receberá uma caixa de viagra na recepção.Se foe índio, fumará o cachimbo branco com Manitú. Ninguém explica a vida e nenhum filósofo justifica a morte.
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha não sabe a resposta, por isso ele respondeu isso aí...se for budista será protegido por "Alá"???? kkkkkkkkkkkkk
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho e Altamirando,

apareçam na Logos e Mythos, pois uma boa conversa sobre a "teologia pé no chão" do Qoélet está rolando por lá e está interessante...

http://logosemithos.blogspot.com.br/2012/06/enquanto-ha-vida-ha-esperanca.html?showComment=1338941763728#c3176969973212910150

Marcinho, sobre sua questão, eu creio que ambas as posições podem ter um fundo de verdade, uma não deve excluir a outra; agora, no final das contas, eu não abro mão de acreditar que o rapaz se quisesse, poderia ter ido aquele dia assistir ao filme dos Vingadores...
Eduardo Medeiros disse…
Por isso não discordo totalmente do pensamento do LEVI:

“Psicanaliticamente falando somos escravos dos instintos. Somos consumidos por um desejo de algo novo. Esse anseio primitivo, no entanto, se torna cansativo e doloroso, e terminamos por ceder a um “senhor mais forte”, que nos oferece o antigo fio em que nos quedamos escravos"

Mas percebam que um castor faz represas por puro instinto; ele é de fato, escravo do instinto; jamais se verá um castor fazendo casas do João de Barro. Isso foi programado por alguém(ou alguma coisa) para ser assim.

Nós, seres singulares do universo, além de sermos instintos, somos consciência de que temos instintos; por si só, essa capacidade já nos faz livres, pois a possibilidade de se perceber que fazemos alguma coisa condicionada, já é um meio de transcendê-la.
Levi B. Santos disse…
Mas ninguém tocou ou respondeu a minha pergunta em negrito, lá atrás, que vou reproduzi-la aqui:

"Podemos construir alguma coisa e dizer: essa obra é minha?"
Levi B. Santos disse…
“O homem, no ato de fazer uma escolha, não escolhe somente a si mesmo, mas escolhe toda humanidade. Ou seja: ao escolher o homem que deseja ser, o homem está julgando como todos os homens devem ser. Em outras palavras: o homem está condenado à subjetividade humana”. [Revista Eletrônica de Ciências - Número 26 - Maio de 2004]

Te vira aí, Márcio (rsrs)
Pois é Edu,
Quem te disse que Alá não pode protejer um budista?
Marcio Alves disse…
ALTAMIRANDO

Concordo em parte com seu comentário, porque as teorias não explicam tudo, mas agora dizer que não explicam nada também é demais.
Como podes fazer tamanha afirmação? Quer dizer que a ciência, biologia, filosofia, psicologia, antropologia, sociologia e etc não trouxeram conhecimentos importantes sobre a vida??

MIRANDINHA é melhor você excluir este seu comentário, porque se não vai queimar o seu filme. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Marcio Alves disse…
DUZINHO

Sua fala: “Marcinho, sobre sua questão, eu creio que ambas as posições podem ter um fundo de verdade, uma não deve excluir a outra”.

Minha resposta: Até posso concordo que na medida do possível devemos tentar conciliar algumas teorias, quando as mesmas permitem serem complementadas.
Agora, na questão da critica sartreana da psicanálise freudiana, não vejo como.
Sartre nega que as estruturas psíquicas sejam dadas em um determinismo mentalista para o ser humano, enquanto Freud afirma que todo ser humano nasce com a aparelhagem psíquica, que todos sem exceção, vivem o complexo edipiano é que o mesmo resultará como determinante na vida do individuo, sem contar que segundo ele, todos nós nascemos com pulsão de morte e vida, ou seja, uma essência que nos impulsionará determinando se iremos caminhar na direção da vida, nos protegendo mais, cuidando muito mais de nossas vidas com segurança, ou, se iremos marchar em direção a nossa autodestruição, colocando nossas vidas sempre em perigo.

Resumindo: Freud acredita que por trás de toda existência humana, seja ação, pensamento, sentimento e lembranças, não há acaso, sorte, aleatoriedade, mas uma essência que foi determinada pela genética (pulsão, instintos) + a experiência vivida nas fases psicossexuais infantis.
Já Sartre nega este mecanicismo e mentalismo reinante na psicanálise Freudiana, pois para o primeiro, sempre seremos responsáveis pelas nossas escolhas.

Ou seja, Freud nega a liberdade humana, enquanto Sartre a afirma, então como você poderia juntar, conciliando a negação de um com a afirmação do outro, se as duas são dois polos extremos e antagônicos de visão do humano?
Marcio Alves disse…
LEVI

Em relação a sua pergunta: "Podemos construir alguma coisa e dizer: essa obra é minha?"

Eu te responderia o seguinte:
Segundo Freud, a resposta é não. Mas segundo Sartre a resposta é sim. Rrsrrsrs
Agora, dependendo de qual teórico você tenha lido mais, se identificado mais, você irá concordar com a resposta.

Enquanto que para mim que sou apenas um iniciante na psicologia e filosofia, a resposta a cada dia muda, ao ponto de dizer que ontem eu estava freudiano, mas hoje estou sartreano, mas nada impede que amanha eu volte estar novamente freudiano. Rsrssrs será que Freud explica isto também?? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Marcio Alves disse…
LEVI

Sua pergunta: ““O homem, no ato de fazer uma escolha, não escolhe somente a si mesmo, mas escolhe toda humanidade. Ou seja: ao escolher o homem que deseja ser, o homem está julgando como todos os homens devem ser. Em outras palavras: o homem está condenado à subjetividade humana”. [Revista Eletrônica de Ciências - Número 26 - Maio de 2004]

Minha resposta: Entendo que não existe escolha original, que todas as escolhas são nos dadas, por assim dizer, mas ainda sim, podemos afirmar a subjetividade humana, porque o que entendemos, sentimos, intuímos, pensamos e vivenciamos numa dada experiência de escolha que é dada sócio-cultural-geografico no tempo e espaço, irá variar de sujeito para sujeito.

Então respondendo sua pergunta mais diretamente: a escolha condena a subjetividade humana, mas o experienciar e viver subjetiva e objetivamente esta mesma escolha redime salvando a subjetividade do individuo dentro da própria escolha.

Pode manda a próxima LEVI....rsrsrsrss
Levi B. Santos disse…
“Entendo que não existe escolha original” (Marcio)

Se não existe escolha original, Márcio, então ela é produto do que assimilei no ÉDEN de minhas origens. Ou plágio (rsrs)


Olha essa, Márcio:


“Durante o estudo, pesquisadores pediram para que as gestantes se dividissem em três grupos: aquelas que tomavam suco de cenoura todos os dias, aquelas que só tomaram o suco durante a amamentação e aquelas que evitaram comer o alimento.

Quando os bebês foram apresentados aos alimentos sólidos, aqueles cujas mães tomaram suco de cenoura durante a gestação e amamentação comeram mais cereais de cenoura do que o outro grupo”.


Olha a ciência aí, dando razão a Freud (rsrs)

Link:
http://revistapaisefilhos.com.br/nutricao/alternativos/vegetais-dentro-da-barriga
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho,

o que eu estou dizendo, é que alguns mecanismos que Freud explicou podem de fato existir, mas podem também funcionar de forma diferente da qual ele pensou.

Então, a partir do que Freud pensou, eu creio que a melhor conclusão seria a que se de fato existe tal determinação, ela não pode ser absoluta, pois a maior pulsão que pode existir no ser humano é a pulsão da autodeterminação, como quer Sartre.

Então, digamos que os dois foram fodas, mas Sartre é mais foda que Freud...
Eduardo Medeiros disse…
Levi,
sua pergunta não seria mais retórica, teórica, do que concreta e objetiva?

Parece certo que somos o resultado de todos os que vieram antes de nós, afinal de contas, temos eles genéticos, psíquicos com todos os humanos.

Podemos dizer "essa obra é minha"? Podemos perguntar se essa obra é minha? Podemos refletir que em nossa obra há o toque de toda a humanidade, mas

ao escolher o homem que deseja ser, o homem está julgando como todos os homens devem ser. Em outras palavras: o homem está condenado à subjetividade humana”.

Não é exatamente essa subjetividade que nos proporciona sermos diferentes? ser diferente não é ser livre para ser diferente? Sartre não foi livre para contestar Freud?

Temos sim elos profundos de ligação com a humanidade como um todo. Digamos que tudo o que fazemos somos nós e os que vieram antes de nós que fizeram. Mas não vejo isso como determinismo, vejo como compartilhamento.
Eduardo Medeiros disse…
Se tudo o que eu faço foi determinado por fatores alheios a mim, como ainda me pedem para que eu obedeça as leis que mantém a sociedade minimamente coesa? o marginal está plenamente fazendo o que resolveu fazer e por isso pode ser responsabilizado por seus atos.

Quando um marginal mata uma criança nós não dizemos, "pobre homem, fez o que tinha que fazer, o que lhe foi determinado pela genética e pelas experiências na infância, ele tem nossa compreensão, não merece ser punido, fez o que tinha que fazer e não poderia fazer diferente; Freud estava certo; como é que vem esse tal de Sartre dizer que o marginal poderia escolher não matar...?"
Marcio Alves disse…
LEVI

Eu como estudante de psicologia tenho como um dos meus icones em minha galeria dos grandes genios e mestres, nada menos do que Freud, e, dentro da psicologia especificamente, ele para mim é, sem duvida, o maior de todos os teoricos.
Portanto, sou suspeito em dizer que grande parte de sua teoria é por mim devorada, como uma criança que mama no seio da mãe.
Mas no entanto, as vezes eu me arrisco a por em xeque algumas das suas teorias, nem que seja para questionar, duvidar e depois aceitar...o que não podemos fazer é o que ele quis fazer com Jung; ter suas teorias como verdades absolutos, como dogmas fechados.
Marcio Alves disse…
DUZINHO

Mas é claro que dá para pegar alguns fios de ambas teorias (freud e sartre) e tecer construindo uma outra teoria, agora, o que não dá para fazer é juntar o determinismo tal qual elaborou Freud com a liberdade proposta em Sartre, pois são auto-excludentes.
Agora, se você tirar algumas coisas e acrescentar outras em ambas teorias, ai você consegue ligar os pontos, mas isto seria construir uma nova teoria.

Em fim, isto é sim o que devemos fazer, se quissermos ir além de ambos e não acabarmos por nos tornar apenas meros repetidores petrificados no tempo e no saber.
Mas que na questão do debate tal como é colocada por Freud e Sartre, não dá para escolher os dois, tendo que optar por apenas um, isto sim de fato é obvio, e, a meu ver, você já fez sua escolha que por sinal foi possivel apenas por você ter ficado com Sartre, se não, teriamos que dizer que foram as forças do seu inconsciente que escolheram e não você mesmo. Rsrsrsrr
Marcio Alves disse…
DUZINHO e LEVI

Bravo! Bravissimo!! Mas que bravo EDUARDO...que formidavel pergunta feita para o LEVI. Rsrsrs
Quero ver agora LEVI o que você vai mandar daí...depois eu dou minha modesta opinião....digamos que você DUZINHO apertou o LEVI sem abraçar. Kkkkkkkkkk
Marcio Alves disse…
Muito embora eu como um discipulo desobediente de Freud, já consigo prever qual será a resposta psicanalista do LEVI....não é mesmo mestre da psicanalise LEVI?? rsrsrs
Eduardo Medeiros disse…
Então, assim seja, estou tentando criar um híbrido...rss
Eduardo Medeiros disse…
Até onde eu conheço de Freud e Jung, creio que nesse caso, o discípulo superou o mestre.
Eduardo Medeiros disse…
Marcio, sem saber qual será a resposta psicanalítica do Levi, adianto que ela será incompleta; kkkkkk posso me ferrar aqui...

Mas basta que o tal marginal mate algum dos seus entes queridos, então, toda explicação determinista cairá por terra. A não ser que já esteja determinado que ele aceitará qualquer explicação determinística, sem se importar com esse negócio de justiça...rssss
Marcio Alves disse…
EDUARDO

Não tem tanta certeza assim, mas como sou apenas e ainda um mero estudante e iniciante pelos caminhos da psicologia, vou recorrer ao mestre da psicanalise LEVI BRONZEADO para resolver este tira teima...e ai LEVI, quem foi maior: o mestre Freud ou seu discipulo Jung????
Marcio Alves disse…
DUZINHO

Se o tal marginal matasse os seus proprios pais, ai é que a teoria determinista de Freud seria de vez provada...lembra do complexo de Edipo? que todo cara que transar com a mãe e matar o proprio pai?
Pois é, o tal marginal matou os pais tudo por causa da sua relação conflituoso com seu pai e mãe. rsrsrs

Te salvei desta heim LEVI?? rsrsrs
Não sei ao certo qual dos psicanalistas eu estaria mais proximo em minha opnião.
Como mero estudante, creio que o comportamento humano seja formado primeiramente por aqueles que a criança tem como 'lideres', ou seja, pai mãe ou outro proximo, a partir da educação dada, somado a experiencia de vida, em determinado momento essa pessoa procurará um 'rotulo' um modelo ou ideologia a seguir, sendo este de alguma forma compativel com o que lhe foi dado primeiro, e estes rotulos irão moldar aos poucos a forma de pensar, com a pessoa se preoculpando mais com o que esperam que ela fassa do que o que ela mesma quer fazer, e o proprio querer seria formado pelo que lhe foi dado anteriormente e os rotulos apresentados.
Levi B. Santos disse…
Márcio e Edu


O Tiago promete (rsrs)

O livro “Psicanálise e Cultura: Uma Homenagem aos 150 Anos de Freud” (página 40) há algo emblemático que embasa a teoria do “inconsciente e seu conteúdo reprimido na infância” de que tanto Freud defendeu. Vamos lá:

Ora, Freud habituou-nos a procurar a raiz da ambivalência no Complexo de Édipo, que pressupõe a coexistência de sentimentos ternos e hostis com relação ao pai. Seria banal, mas não inteiramente falso, dizer, a partir daí, que a relação de Sartre com a autoridade, inclusive a de Freud (de quem ele leu todas suas obras), foi modelada pela relação original com o pai. Mas o pai de Sartre morreu quando ele tinha apenas 1 ano de idade. Sartre teve depois como tutor o avô, e depois Manci - o padrasto (que o tirou do idílio com a Mãe que já durava doze anos). Ele odiava o padrasto ...“ (com não poderia ser, freudianamente, diferente- rsrs)

Lá vai o mecanismo de defesa: Para Sartre a psicanálise não pode ser verdadeira, porque ela sujeita o homem à lei do Pai, e por essa via subordina o sujeito a determinismos que ele nem conhece nem controla.

...Foi a quase inexistência do pai na memória de Sartre que lhe deu uma identidade: a de órfão. Lá por dentro de si, secretamente, o menino Sartre gritava: “Pode me achar presunçoso, mas não: eu era órfão de pai. Filho de ninguém, eu fui minha própria causa”
Enquanto órfão, Sartre se transforma no arauto da liberdade integral, porque não recebe ordens de nenhum pai, vivo ou interiorizado. Daí sua filosofia que mostra o homem como totalmente livre. “
Levi B. Santos disse…
O primeiro grande livro de psicanálise, em suas metáforas, já demonstrava a ambivalência que, mais tarde, Freud iria beber de sua fonte:

Eu e o pai somos um (atitude de amor, cumplicidade e submissão)

"Vós tendes por Pai(Javé) o diabo" (atitude de hostilidade para com o pai)
Eduardo Medeiros disse…
heeee..marcinho, o que eu vejo hoje são jovens matando o pai não pelo extravasar do dito complexo, mas pela contaminação de seus afetos pela maldita cocaína.
Tudo pode, só não pode fazer minhas, suas palavras.
Marcio Alves disse…
LEVI

Na verdade estava esperando o EDUARDO se manifestar primeiro, já que ele é um discípulo e defensor de Sartre.

Mas já que você usou o contexto de Sartre contra ele, eu também irei usar o contexto de Freud contra ele, pois todos nós sabemos que Freud e toda sua teoria determinista foi influenciada pelo cientificismo, racionalismo e mecanicismo de sua época, inclusive, pela sua profissão de neurologista.

Com a palavra seu discípulo Jung: (que segundo o EDUARDO, conseguiu superar o seu mestre...o que achas LEVI??)

“a cosmovisão da Psicanálise é um materialismo racionalista; a cosmovisão de uma Ciência é essencialmente prática. E esta visão é inadequada para nós”.

E que:

“Se atribuirmos uma poesia de Goethe a seu complexo materno, se procurarmos explicar Napoleão como um caso de protesto masculino e um São Francisco de Assis como um caso de repressão sexual, apodera-se de nós um profundo sentimento de insatisfação. Esta explicação é insuficiente e não faz justiça à realidade e ao significado das coisas. O que são, afinal, a beleza, a grandeza e a santidade? São realidades de suma importância vital, sem as quais a existência humana seria tremendamente estúpida.”

E mais ainda:

“Essa dura crítica é devido aos pressupostos dessa teoria, voltada unicamente para a repressão sexual num sistema psíquico fechado em si mesmo. Mas para o NEUROLOGISTA S. Freud, era natural entender o cérebro como um mecanismo fechado em si mesmo e uma tabula rasa, pois em sua visão de mundo é somente através de estímulos físicos que o cérebro poderia perceber o ambiente a sua volta e chegar a um conhecimento sobre ele”.

Fico no aguardo do que vem daí. (rsrssrrsrs)
Eduardo Medeiros disse…
Eu não acho que a psicanálise seja "não verdadeira", eu só acho que ela não dá conta de explicar tudo o que se passa neste nosso vasto mundo interior.

Por isso, essa frase é perfeita:

“Se atribuirmos uma poesia de Goethe a seu complexo materno, se procurarmos explicar Napoleão como um caso de protesto masculino e um São Francisco de Assis como um caso de repressão sexual, apodera-se de nós um profundo sentimento de insatisfação. Esta explicação é insuficiente e não faz justiça à realidade e ao significado das coisas. O que são, afinal, a beleza, a grandeza e a santidade? São realidades de suma importância vital, sem as quais a existência humana seria tremendamente estúpida.”
Eduardo Medeiros disse…
mas é claro que talvez eu pense assim por não conhecer bem a psicanálise...rsss
Levi B. Santos disse…
“Se atribuirmos uma poesia de Goethe a seu complexo materno, se procurarmos explicar Napoleão como um caso de protesto masculino e um São Francisco de Assis como um caso de repressão sexual, apodera-se de nós um profundo sentimento de insatisfação.” (Marcio e Edu)

Vou me deter no que você escreveu: “apodera-se sobre nós um profundo sentimento de insatisfação”.

Vamos ver o que a psicanálise freudiana tem a dizer sobre SENTIMENTO de INSATISFAÇÃO. Esse sentimento de desprazer é uma REAÇÃO inconsciente, e não deixa de ser um mecanismo de defesa psíquica à algo que desestabiliza às racionalizações de consciência ou “nossas certezas”, ou o que se denomina RAZÃO. Na verdade censuramos àquilo que pode nos causar confusão e dor. O inconsciente sendo da ordem do irracional irá sempre se atritar com o racional.

Como posso admitir que a poesia são eflúvios do meu passado edípico?

Já dizia Aristóteles, que não sabia (e sabia psicanálise) à respeito da poiésis: “A poesia se refere necessariamente a algo que a ela preexiste”.

Quem e o que seremos amanhã é geralmente uma variação de quem fomos ontem.

Estamos sempre à espreita dentro de nós, porque tememos, inconscientemente, à destruição de nossos muros aparentemente indevassáveis, que protegem nossos recalques. Aprendemos na tenra infância, da qual mal nos lembramos, abafar a vida e reprimir desejos, e, nos sentimos desconfortáveis ao ser confrontados com a sentença de que tudo em nós, psicologicamente falando foi construído até os quatro ou cinco anos de idade. Parece loucura, mas não é. (rsrs) Sem saber, fomos nós que nos escalamos para interpretar alguma versão de nós que foi forjada. Reagimos para proteger o que foi reprimido na aurora de nossas vidas. Andamos sempre em busca de uma pessoa ou instituição que não nos ponha em relação direta com nossa história pregressa. Quando pensamos ter feito uma escolha, algo se passou em níveis profundos, para que eu tivesse de escolher o que aparentemente escolhi.
Jung, certa vez disse que o inconsciente e Deus era a mesma coisa: Deus ( ou o inconsciente) nos escolheu e não o contrário. Não adianta perguntar o que ele é, que ele vai responder apenas: “EU SOU O QUE SOU”.
Marcio Alves disse…
LEVI

Seus comentários psicanaliticos não perdem em nada para as aulas dos meus professores.

Na questão do contexto de vida que influenciou Sartre e sua percepção, como também de Freud, não seria também o contexto religioso vivido por Jung o real motivo dele não ter aceito as ideias Freudianas da libido??

LEVI quer dizer então, que tudo que fazemos hoje pode ser (e deve ser) justificado no passado, na nossa tenra infancia que é a fase de nossas vidas que menos temos responsabilidade??
Pois como afirmava Jung que o nascimento psíquico só ocorre na puberdade, e, que antes, dependiamos de nossos pais, e que não há diferenciação consciente entre nós e nossos pais, somente na puberdade.

Uma das criticas mais ferozes contra a psicanalise é que ela justifica tudo, inclusive crimes barbaros e hediondos...como é que você, pessoalmente, vê e lida com isto???

Como no caso de Elize Araújo Matsunaga, ela não podia ter escolhido não matar o marido???

Será que seu for apanhado na cama com outra mulher, pela minha esposa, ela acreditaria se eu disse para ela que não foi "eu", mas sim o meu inconsciente e impulsos incontroláveis?? (brincadeirinha LEVI rsrsrs)
Marcio Alves disse…
LEVI

Coloquei um trecho do seu comentário na "Frase da Semana" porque merece destaque...quem dera se eu conseguisse escrever algum dia assim, com toda esta profundidade psicanalitica.
Eduardo Medeiros disse…
A desculpa pode ser muito boa, o problema é ela acreditar. Qualquer coisa é só culpar o Freud. Ora, os cristãos não culpam Adão...? rsssss
Eduardo Medeiros disse…
Levi, quero uma explicação sobre a afirmação

Reagimos para proteger o que foi reprimido na aurora de nossas vidas

como assim "proteger"?

O que foi reprimido na "aurora da vida" não deveria ser exatamente aquilo que nós queremos atacar, negar, fazer diferente e não "proteger"?

A repressão não gera uma energia contida que um dia se liberta?
Eduardo Medeiros disse…
curso rápido de psicanálise aqui neste post...rss

Marcinho, quando é que você vai voltar a escrever temas teológicos-pé-no-chão-da-existência lá na Logos & Mythos? Só falta você para aquilo lá ficar completo - um dos maiores blogues sobre teologia(fora da gaiola como era isto aqui nos primórdios) e mitologia da blogosfera...heeeee
Levi B. Santos disse…
Márcio , "Caro ex-cristão ?”


Para Jung, o inconsciente religioso é quem determina a pessoa, naquilo que ele denominou de "arquétipos". Ele por mais de uma vez chegou a citar Deus como o próprio inconsciente. “Para Jung, a experiência religiosa constitui um fenômeno emocional bastante específico caracterizado pela submissão a um poder superior, cujo nome tanto pode ser Deus como o inconsciente” [Erich Fromm – Psicanálise e Religião]

Na verdade, alguns do tempo de Jung, o consideravam mais um teólogo que psicanalista. A experiência numinosa para Jung era um fenômeno normal do inconsciente coletivo. Já Freud, com seu cientificismo comparava esses fenômenos como se fossem “Neuroses Obsessivas”. A teoria freudiana estaria corroborada em cem por cento, se por religião se denominassem os programas gospels exibidos na rede televisiva nos sábados pela manhã (rsrs)

Mas há uma semelhança entre a Teoria de Freud e a de Jung, no que tange a autoridade. O que Jung denomina “Arquétipo Patriarcal”, Freud denomina Superego (ou instância cobradora). Para Freud, a religião é a repetição de uma experiência infantil, uma vez que aprendemos e internalizamos quando criança, pela primeira vez, o lidar com os elementos ameaçadores, que está na base de todo sistema religioso.
Pelo resto de nossas vidas andamos, sempre, a vestir roupas novas sobre o corpo para esconder o nosso nu, os nossos recalques. O que apresentamos como “nosso” são apenas representações do que fomos quando não sabíamos que existíamos. Nesse aspecto tinha razão Schopenhauer, ao dizer “ O mundo é minha representação.

Mas não posso me empolgar, senão isso aqui vai terminar virando uma postagem (rsrs)


Márcio, não sei não, mas na nossa biblioteca de cabeceira não podem faltar, a Bíblia, as obras de Freud, Jung, Erich Fromm, Melanie Klein, Lacan e a cambada de seus discípulos: Renato Mezan, Joel Birman, Rita Maria Kehl, Betty Fucs, Elizabeth Roudinesco, Françoise Dolto, Renato Janine, entre outros.
Levi B. Santos disse…
A repressão pode ser liberta através da sublimação.

Sublimamos o que foi reprimido, na poesia, na literatura, na música, enfim em toda o tipo de arte.

Mas ela pode ser destrutiva quando o outro de quem tomamos posse mostra o nosso NU publicamente.
Lúcy Jorge disse…
Parabéns meu querido irmão, pelo compromisso da excelência em cada matéria postada.
Que o doce Espírito Santo continue a usá-lo como vaso de bençãos.
É uma honra apreciar excelentes mensagens.
Uma semana abençoada ao amado irmão e família.
Muita paz e saúde.

Deixo o convite para visitar-me e participar do meu humilde blog, será uma honra tê-lo como seguidor.

Em Cristo,

***Lucy***
Eduardo Medeiros disse…
A Bíblia ser citada em primeiro lugar diz alguma coisa sobre seu inconsciente?? rssss
Levi B. Santos disse…
Edu

Jung era filho de um pastor protestante e a mãe tinha uma queda pelo espiritismo.
Freud de pai judeu foi criado dentro do Judaísmo, recebeu também influências da mãe de criação, que era católica.

No aniversário de 35 anos de Freud, seu pai lhe deu sua velha Bíblia de presente, com essa dedicatória: "Ao meu querido filho. Foi no sétimo dia de sua vida que Deus começou a conduzi-lo ao saber"

Essa Bíblia tinha um lugar especial na biblioteca do barbudo.

Depois disso, só podemos concluir que a pisicanálise é filha da tradição Judaico-cristã. (rsrs)
Elídia :) disse…
Passei pra da uma olhada no que perdi...poderia continuar dr Levi...muito bom...
Elídia :) disse…
Não creio que 'a psicanálise justifica tudo'...ela só detém um olhar menos moral e mais humano, sem retoques, sobre determinadas questões... A questão do suicidio por exemplo: porque as pessoas tem de estar na esteira de produção o tempo todo,serem 'felizes' e não podem ficar melancolicas? Acredito que o que o ser humano não quer muitas vezes, é confrontar-se com suas reprensentações, pois através deste enfrentamento pode desencadear todo um processo de compreensão de si, que não se está preparado.
Elídia :) disse…
"O outro é aquele que nos define." fantástico...por isso o inferno são os outros, rsrs
Elídia :) disse…
rsrsrs corno em tese né...porque Simone de Beauvoir padecia...
Elídia :) disse…
kkkkk nossa os mais felizardos então seriam os seguidores de Alá? Muito boa frase "Ninguém explica a vida e nenhum filósofo justifica a morte." A filosofia tenta explicar, a psicologia tenta entender e a religião quer justificar...
Elídia :) disse…
Olha, Freud revisou a si inumeras vezes, tanto que as primeiras tópicas mudaram radicalmente ao longo de sua obra, e por isso tentar classificar só pelo início toda uma produção é meio que esquizo... Eu acredito em estruturas, origens, por isso acho q Freud foi mais longe que todos.
Elídia :) disse…
oh rapazes, será q vcs não estão fzendo mistureba? rsrsrs classificar alguem como psicótico,é diferente de psicopata ... e sim o édipo tem a ver com essa desestruturação (do psicotico) pois ficou paradão lá na tal fase...
Elídia :) disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
"Ninguém explica a vida e nenhum filósofo justifica a morte." A filosofia tenta explicar, a psicologia tenta entender e a religião quer justificar... legal falou tudo!