Elídia Rosa
De uns dias para cá, ascendeu a discussão sobre um conhecido comediante-apresentador-provocador, que acompanho já há bastante tempo - por ser conterrâneo - desde quando ainda postava vídeos no youtube e pequenas inserções nas rádios locais. O tempo passou, o rapaz hoje visto na bancada de um programa de TV com grande audiência, faz provocações (humor?) que seguem a mesma linha .
Na esteira de declarações polêmicas, uma a mais não faria diferença... só que fez. O artista foi afastado do programa que integrava e gerou um debate dos limites sobre o que é humor ‘aceitável’, o que fomentou também uma discussão sobre o comportamento das pessoas, seja em grupos íntimos ou em público, quando o assunto é ‘tirar onda dos outros’. Não vou entrar na discussão geral, da suspeita de conspiração de pessoas influentes envolvidas, enfim. Mas pensar junto nessa questão:
É muito difícil separar a linha tênue do que é socialmente aceitável ou não.
Acompanhei dia desses um outro programa que o mesmo moço apresenta, com reportagens de jornalismo investigativo, e por um instante consegui dissociar o apresentador da persona que proferia tiradas irônicas (piadas?) na bancada da outra atração dias atrás. Vi alguém muito atuante naquele momento, no que se propunha a fazer, e não pude deixar de admirá-lo.
Só alguém com certo talento conseguiria fazer as duas coisas (‘humor’ e reportagens sérias), mas ao mesmo tempo creio que isso contribuiu para que uma sucessão de erros começasse a ocorrer tanto na cabeça do espectador quanto no papel do que o humorista exerce nos locais onde transitam suas idéias (TV/internet).
Aí alguém diz:
"- Mas o stand-up americano é muito mais irreverente e ácido que o humor brasileiro” (faz piadas com minorias). Aí entra a questão de perfil de público, creio eu, e o fato de que muitos desses comediantes geralmente falam (e riem) muito de si. Acredito que não dá pra jogar na TV algo que um público específico paga pra assistir.
Para finalizar, acredito que hipocrisia não seja uma palavra que defina totalmente o que está sendo discutido, (no sentido de que a as pessoas que aplaudiam o moço agora o criticam, por ser um comportamento aceitável socialmente). Há algo muito interessante nessa discussão, que vai além de simples definições de conceitos:
- O que nosso ‘infinito particular’ fala sobre nós socialmente? E o que o social nos diria enquanto indivíduos?
Mais sobre a polêmica:
Comentários
Muito bom o seu ensaio, e convidativo a uma auto-reflexão
Concordo com você, que é “é muito difícil separar a linha tênue do que é socialmente aceitável ou não” )
Segundo Freud, o humor pode ser dirigido tanto a outras pessoas como também ao próprio eu do humorista ou provocador. A piada, o chiste, ou humor produz prazer na pessoa que a faz e ás vezes sofrimento na pessoa a quem é dirigida a mensagem humorada.
Freud diz que o humorista em sua provocação assume o papel de pai ou de superioridade (de modo inconsciente) ao querer reduzir os outros a crianças.
Por outro lado, o humorista em suas provocações pode estar pegando uma muleta, pois procura uma oportunidade de deslocar seus recalques para uma pessoa, na qual ele deseja se realizar ou chamar a sua atenção.
A questão aqui é saber dosar a provocação, para que o outro, a quem a mensagem humorada é direcionada não a traduza como agressão.
No fundo, no fundo, todos nós usamos desse recurso em reuniões de família, na igreja, em grupos e em confrarias.
Quando a provocação é “ferina”, a resposta mais adequada a ser dada pela vítima, é aquela que vá frustrar a quem provoca, para que ele não se sinta tão a vontade. É agir de modo contrário ao que o provocador espera que venha de lá, o que trocando em miúdos significa não entrar no seu jogo. (rsrs)
O certo é que dependemos do outro, que é o espelho que nos diz como estamos. Ceder parcela dos nossos instintos é o pagamento que nos propomos a fim de viver em sociedade, para o “bem” ou para o “mal”.
Por viver em sociedade, nem na hora de minha morte poderei ser eu mesmo, pois quando morrer não serei UM, serei dois mortos:
Enquanto um real se esvai comigo, fica o que pensam de MIM (rsrs)
"deslocar seus recalques para uma pessoa, na qual ele deseja se realizar ou chamar a sua atenção."
Rafinha Bastos, qnd entrevistado no programa "Provocações (TVE)por Abujamra, admitiu que muitas tiradas era baseadas em suas inseguranças. Se é verdade ou não o q disse (para se eximir ou inspirar benevolência), isso é outro fato, rsrs
"Por outro lado, o humorista em suas provocações pode estar pegando uma muleta, pois procura uma oportunidade de deslocar seus recalques para uma pessoa, na qual ele deseja se realizar ou chamar a sua atenção."
Já andei tentando analisar alguns amigos, de uma mesma família, que parecem bem humorados com suas piadas picantes, mas... sempre humilhando alguém. Muitas vezes me perguntava o que eles escondiam por trás daquilo.
Apesar de Freud kkkkkkk gostei.
Beijo amigo.
Abraço amiga.
mas ele extrapolou todos os níveis do aceitável ao dizer que comeria a wanessa camargo e o filho que ela carrega no ventre.
uma piada(piada?)sem graça, afrontosa, desrespeitosa ao extremo e de muito mal gosto. vai receber um castigo da band mas nada que vá fazê-lo mudar o jeito de fazer piada(piada?).
Rafinha não disse o que disse por infelicidade, ele sabia exatamente o que estava fazendo e a repercução que teria sua fala. O Levi pode me ajudar a explicar a frase: "Falem de mim, bem ou mal, mas falem de mim".
O Provocador
Após assistir a um vídeo onde o Rafa ironiza a repercussão de sua piada com a cantora Vanessa, fiquei com a leve impressão de que a mídia da Band preparou tudo por antecipação para dar ibope.
Com poucas horas de postado, o vídeo no UOL e na Folha de São Paulo, já conta com mais de 800 comentários.
E o Rafa ao invés de perder com a forjada demissão, está é alavancando a Band na guerra contra os demais canais, e com isso enchendo mais os bolsos. (rsrsrs)
Vide o link:
http://f5.folha.uol.com.br/televisao/985951-rafinha-bastos-tira-sarro-de-piada-sobre-bebes.shtml
Abraço.
independente se foi armação da band ou não, o fato é que a não-piada não teve graça.
Aguardemos... (rsrs)
O Provocador
eu entendo que como seres inteligentes e sociais que somos, criamos certas regras para vivermos bem em sociedade, já que nenhum ser humano é feliz vivendo sozinho; na verdade, ele só se torna humano no contato com outros iguais.
em uma situação assim, abrimos mão de "sermos livres" para viabilizar a sociedade; é o antigo "tudo posso mas nem tudo me convém", como já dizia o velho apóstolo paulo.
por outro lado, nós somos bem complacentes com nossos humoristas. eles contam piadas de pobre, de negros, de judeu, de gay, de machão, de paulista, de nordestino, de gaucho, e por aí vai e nós rimos de tudo isso.
a questão é: dá prá fazer um bom humor sem debochar do diferente? parece que não, pois o diferente é uma fonte inesgotável de piadas em potencial.
mas eu conto e rio de piadas de gay, de padre, de bispo, de santo...não conseguiríamos viver sem humor e rir de nós mesmos é um exercício saudável.
mas quando um cara diz em rede nacional que comeria uma gestante junto com o filho dela, isso não é humor, não é piada, não diverte, só ofende.
o humor é sempre provocativo. mas provocar é uma coisa, fazer piada com a dignidade humana é outra coisa, chama-se "crime".
Sendo de fato propositalmente ou apenas algo impensado, ninguém aqui parou para avaliar a questão do sentido do que fora dito.
O apresentador pode simplesmente ter dito a frase não direcionando ao lado canibalístico ou pedófilo da questão, mas sim, para uma necessidade imediata.
Ou seja, "Eu a comeria e seu bebê" pode simplesmente estar apontando para "Eu a comeria mesmo estando grávida".
Em se tratando da pessoa a qual fora feito o comentário, considerando a existência de uma criança em seu útero, o fato de ter relações sexuais com a grávida também pode ser dito que se está psicologicamente "comendo" o bebê, o indivíduo às vezes não consegue separar a gestora do que está sendo gerado, já que teoricamente fazem parte de um mesmo complexo biológico até a desvinculação do cordão umbilical.
Bom, eu transei com minha esposa nas duas gestações até as vésperas dos partos, rsrs. Mas nunca imaginei estar "comendo" meus filhos, simplesmente pedia para eles chegarem um pouquinho pra lá pois eu precisava "trabalhar", rsrs. A barrigona sempre atrapalha, rsrs.
Bom, diante desta declaração, quem deveria se manifestar era a pessoa abordada, porque como este mundo dá voltas e artista casa e separa todos os invernos, vai que no futuro os dois não acabem se tornando um casal, aí ele vai poder "comê-la" mesmo grávida, rsrs.
(Argh, realmente só assisti a Band quando eles televisionaram um jogo do Flamengo, mas a narração é péssima, senti saudade do Galvão, rsrs)
Abraços,
Evaldo Wolkers.
Tenho minhas duvidas se nao teria a mesma graca, creio que um humorista entenderia a posicao de outro humorista fazendo uma afirmacao destas, rsrs.
O problema eh que ele se dirigiu a pessoas que nao fazem parte da trupe, rsrs.
Abracos,
Evaldo Wolkers.
Vim comunicar que transferi meus blogs para a plataforma WordPress.
Blog da Maria Lúcia – Língua Portuguesa
http://professoramarialucia.wordpress.com/
Tudo que eu quiser postar – Variedades
http://tudoqueeuquiserpostar.wordpress.com/
Abraços!
Maria Lúcia Marangon
O Provocador
Abraço
até o cqc está perigando sair do ar...tudo por causa da boca maldita do rafinha!!!!
agora, para mim ele disse o que fato queria dizer. não seria a primeira vez que ele falaria sandices pensando fazer humor como no caso das mulheres feias que deveriam agradecer por serem estupradas.
transar com mulher grávida não é provocação alguma, todo mundo faz isso; já comer a mulher grávida e o seu filho no ventre, só poderia mesmo sair da "veia humorística" do rafinha bastos.
já foi tarde, não vai fazer falta. já o programa, se sair do ar, vai fazer falta.