Um manual de vida para o brasileiro do século XXI


O século XX foi um tempo marcado por grandes conquistas científicas e pela desconstrução de importantes valores que sustentaram a sociedade ocidental por mais de um milênio. Houve sangrentas guerras, revoluções, regimes autoritários e diversos conflitos violentos, mas não podemos deixar de considerar que todos estes acontecimentos vieram acompanhados dialeticamente da promoção dos direitos individuais, sociais e políticos, solidificando os ideais sonhados pelos filósofos iluministas do século XVIII.

Por outro lado, todo este processo de desconstrução levou o Ocidente a uma perda de raízes, fragilizando a sociedade para lidar com maturidade quanto aos assuntos do seu cotidiano. O afastamento da religião do poder secular e do sistema educacional moderno fez com que os ensinamentos de vida baseados na Bíblia ficassem restritos às esferas do lar e eclesiástica (quando uma família segue a orientação religiosa), de modo que a escola de hoje tem suas atividades absorvidas pelo despejo de um conteúdo informativo nas mentes dos alunos, incapaz de formar cidadãos. Principalmente no nosso tão desmantelado Brasil.

Enquanto isto, no Oriente, os livros sagrados e as práticas religiosas não se acham separados da vida em sociedade, mas influenciam toda a cultura desses povos onde jamais ocorre uma compartimentação da realidade (o sagrado e o secular formam uma unidade). Em muitos desses muitos desses países, as crianças aprendem desde cedo a lidar com as suas emoções e desejos através da meditação, das artes marciais e da aplicação do ensino sapiençal. Mitos, metáforas, enigmas, narrativas, pensamento imagístico e provérbios integram o dia a dia do homem oriental, mantendo presente as suas tradições herdadas dos antepassados. E isto se vê mesmo nas sociedades modernas como Japão e Israel onde o povo busca integrar vida e conhecimento.

Contudo, livros sagrados estão se tornando cada vez mais estranhos para os ambientes cultos do homem ocidental que faz uma separação entre o espiritual e o secular. Mesmo a Bíblia cristã é até hoje mal compreendida. E aí o que as pessoas comuns acabam absorvendo dela muitas das vezes é a interpretação dada pelos seus líderes, visto que há passagens que requerem um senso poético e um grau de conhecimento mais elevado, envolvendo mais compreensão da história. Então, aquilo que padres e pastores falam na igreja vira lei. Sem falar que, por ser considerada uma obra de cunho religioso, a Bíblia não é aceita como fonte de autoridade pela sociedade inteira.

Foi refletindo sobre estas questões que tenho pensado em propor o projeto de um livro cujo texto seja escrito numa linguagem atual e se aplique aos problemas do nosso cotidiano, tornando-se um manual de consulta para toda a vida. Algo que seria apresentado à criança antes da alfabetização, ensinado em todas as séries escolares, reverenciado pelas instituições públicas como um símbolo da pátria e serviria para toda a vida adulta do indivíduo até sua morte.

Assim, nos momentos de sofrimento e de dificuldades, o leitor encontraria consolo nas páginas deste livro. Casais contariam com ensinamentos para manter a aperfeiçoar o relacionamento conjugal. Pais achariam ali um apoio para a educação dos filhos. E, afim de trabalhar as tensões emocionais das pessoas, estas seguiriam os exercícios de relaxamento, reflexão e auto-conhecimento.

Por sua vez, a cosmoética seria trabalhada constantemente no livro, instigando a racionalidade, o remodelamento do self sem incutir culpas, do incentivo à responsabilidade pessoal e coletiva, bem como da reverência pela vida como o valor elevado que deve ser contemplado nas dimensões social e ambiental. Ao invés de basear-se em dogmas ou afirmações que tentam absolutizar a verdade, o livro estaria permanentemente aberto às mudanças através da refutação, do estímulo à pesquisa e ao debate entre os leitores.

Outras coisas que o livro também trabalharia seriam a consciência política e cidadã, o amadurecimento da democracia, o respeito pelo meio ambiente dentro da visão de reverência pela vida, a inclusão social, a construção de uma economia cooperativista e o combate à pobreza. A convivência comunitária iria ser tratada como um precioso fato social e que requer a participação atuante e consciente das pessoas afim de que a coletividade humana possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida. E aí a pluralidade seria sempre bem vinda e instigada.

Sem nenhuma pretensão de compor um livro sagrado que venha tomar o lugar das tradições já existentes, proponho algo que possa também ser manejado tanto pelas religiões como pelas escolas. Aliás, a minha ideia é buscar passagens bíblicas capazes de enriquecer também o conteúdo junto com frases de filósofos, poemas da literatura de língua portuguesa, vários ditos proverbiais da cultura popular, letras de músicas, narrativas romanceadas sobre a história da humanidade e do Brasil capazes de transmitir ensinamentos de vida, além de trechos escritos por outros autores. Tudo numa linguagem bem didática e acessível.

Certamente que esta ideia ainda é um projeto aberto e que requer a contribuição e a participação de várias pessoas para ser executado. Colaboradores com diferentes aptidões iriam se unir para escrever tal carta de amor ao povo brasileiro, com o comando de que uma geração vá transmitir o conhecimento para outra. Assim, os tutores esboçariam o cânon desta “bíblia secular”, definindo os temas, a bibliografia que será consultada e a seleção de passagens das escrituras sagradas que não tornem o livro místico. Depois, é só criar uma sociedade sem fins lucrativos para compor a obra, publicá-la, divulgá-la, atualizá-la e trabalhar para que, dentro de algumas décadas, ela venha a ser oficializada pelo Estado brasileiro.


OBS: Segundo a matéria "Um filósofo Britânico Escreve Bíblia Para ateus", publicada no site site do UCB PORTUGAL (http://www.ucbportugal.pt/arquivo.php?p=3115&s=tua), pode-se perceber que a sociedade secular e pós-cristã dos nossos tempos carece do resgate de ensinamentos éticos. Tal obra, ainda que seja um contraponto aos livros considerados sagrados, demonstra também uma necessidade de retorno à instrução e ao que o hebraico chama de Torá.

Comentários

Olá amigos,

Eu já havia escrito este artigo há alguns meses, publicado inicialmente no meu blogue (ver ao lado) e no site Irreligiosos (sou um dos poucos crentes que frequento aquela rede social):

http://irreligiosos.ning.com/profiles/blogs/um-manual-de-vida-para-o?xg_source=activity

Pensando não em fazer contrapontos com os livros "sagrados", mas sim com o objetivo de promover um retorno à ética e o resgate de inúmeros valores esquecidos pela sociedade brasileira (ou que ela nunca teve) é que tenho defendido tal proposta.

Vou deixar em aberto para ver a opinião de vocês.

Desculpem-me caso não possa interagir quanto aos comentários conforme costumava fazer em postagens anteriores porque neste momento estou estudando para concurso e, portanto, não posso ficar muito tempo na internet. Por isso, como não pude dedicar-me a escrever um texto novo, decidi por publicar um antigo que já tinha escrito em outro momento, mas que ansiava por compartilhar aqui.

Fiquem à vontade.

Abraços.
Eduardo Medeiros disse…
ATENÇÃO MIRANDINHA E DEMAIS CONFRATERNOS.

O levi tinha pedido para o mirandinha postar seu texto, já que o rodrigo está estudando e não ia ter tempo de postar e comentar; acontece que o rodrigo tinha me pedido para eu postar este texto para ele e eu acabei esquecendo.

mirandinha, logo, a culpa por seu texto ter sido expulso da vitrine antes da hora foi meu e não do rodrigo.

peço desculpas.

E POR FAVOR, MIRANDINHA E DEMAIS, NÃO CAIAM NA PROVOCAÇÃO DESSE TAL PROVOCADOR QUE ESTÁ INDO EM NOSSOS BLOGUES COM O INTUITO DE APENAS PROVOCAR. NÃO VALE A SALIVA.

RODRIGO, DEPOIS EU VOLTO PARA LER SEU TEXTO E MAIS UMA VEZ, DESCULPEM MEU ERRO.
Valéria Gomes disse…
Acredito nessa idéia e, é impossível não ver o quanto desaprendemos. Precisamos reaver nossos valores. Texto precioso!!! Beijo grande!!!
Levi B. Santos disse…
Rodrigo


Quando entre em contato com o termo manual só me vem à mente um livro com itens do que deve e do que não deve se feito. Tipo manual de automóvel (rsrs)

Mas a Bíblia, por ser o registro do inconsciente coletivo de um povo em contato com outras tribos de culturas diferentes, entendo, que não deve ser imutável, justamente por ser uma palavra em trânsito. Palavra, cujo nível de interpretação, está intimamente relacionada com a singularidade de cada indivíduo nas diferentes épocas dos processos civilizatórios.

Ora, sabemos que na língua hebraica, uma mesma raiz pode ser vocalizada de diversas maneiras, e possuir, a cada vez, um novo sentido de pendendo do contexto e do intérprete.

Bem, não sei se você usou o termo manual com o significado de algo fixo.

Mas o meu comentário aqui, se prende mais no sentido de aclarar que a marca singular dos antigos escribas e intérpretes judeus do A.T., foi o de impedir o fechamento do tecido escritural, fazendo com que o conjunto dos livros sagrados do judaísmo pudesse se tornar uma obra aberta ao infinito.


Abraços,
guiomar barba disse…
Rodrigão, é por este e tantos outros textos seus, que sinto terrivelmente sua falta, mas quero que você passe no concurso. Eu já havia lido no seu blog, mas valeu a pena ler de novo.

Beijão
Levi B. Santos disse…
Atenção moçada


Uma suspeita:

Será que esse blog "O Provocador" não foi construído, nesse mês de setembro, por algum dos nossos seguidores, para fazer o contraponto a nossos textos? Já pensaram nisto?

O rebanho tem 230 membros. Vai ser difícil descobrir quem é esse desviado dos caminhos do sinhô no meio desse palheiro. (rsrs)

Mas vamos aturá-lo com paciência e tentar decifrá-lo à medida que os seus comentários forem surgindo.
Eduardo Medeiros disse…
levi,

seja ele quem for, irei delatar todos os comentários que ele fizer no teor em que está fazendo. censura??? é sim, censura, em nome da educação e do respeito pelo pensamento alheio.

sr provocador, procure melhorar seus argumentos e seu vocabulário, senão, vá provocar em outras cercanias.

bom, como sou democrático, se a maioria quiser ficar lendo o que esse provocador(que de provocação não tem nada, não sabe o que é provocar com inteligência), se manifeste. senão, farei como se faz nas comissões do senado:

os confraternos que concordam comigo fiquem como estão...aprovado!

aquenta essa provocação, provocador...

heeeeeee
Edu, meu caro,

Se você não percebeu, eu postei dia 9/9 e a postagem do Rodrigo foi 14/9, logo, 5 dias após a minha. Portanto... Nada anormal.
Quando vocês expulsarem da vitrine um texto antes do tempo, verão o cão chupando manga. He, he, he...

Não acho que o energúmeno provocador seja um contra ponto, o vejo como mais uma merda boiando no Tietê.

Edu, não dá para tirar a identidade e ele só comentar como anônimo? Na seqüência do templates não existe o que exclui?
Rodrigo,

Concordo plenamente que deve-se reaver os conceitos morais, eticos e sociais da nossa sociedade, porém será algo muito complicado consciliar espiritualidade com secularismo, haverá muita discordia neste meio, pois, um conceito básico do "humanista secular" é o anti-preconceito com casais homossexuais, que vai de contrapartida com a visão cristã,por exemplo.

Tive algumas ideias para o livro, como colocar frases filosoficas conhecidas como de maior importancia, como, "não faça ao proximo o que não quer que te façam"(se não me engano, uma frase dita por jesus).

Com a ajuda de psicologos e psicanalistas experientes, montar um guia de 'como ponderar sobre...', visto que, muitas pessoas estão confundindo liberdade com 'fazer o que vem a cabeça', um exemplo de uma situação que está mal controlada(principalmente por jovens) é a liberdade sexual, como estou embutido nesse meio, vejo que sexo sem nenhum compromisso(ou intenções futuras) está causando alguns problemas sociais e em alguns casos até psicologicos, o mesmo vale pra casamento de jovens, A ideia de 'buscar um equilibrio' que se vê em algumas religiões seria um bom ponto para reflexão neste sentido.

Um ponto que considero muito importante, mas que irá causar muita polemica, é que, a preservação da vida está acima de qualquer religião, tenho me horrorizado com o numero de mortes e sequelas deixadas em 'testemunhas de Jeová' e/ou seu filhos, pois os mesmos impedem os médicos de realizarem a doação e recepção de sangue, por ir contra a ordem de Deus.

Enfim, essas são algumas ideias que tive para um "manual de vida para o brasileiro do século XXI".

Abraços.
Anônimo disse…
Pô Edu, espero que não pense que sou eu, porque me deparei com um comentário deste imbecil agora, o cara pegou bastante no teu pé.

Estudei um pouco de análise comportamental através da forma de desenvolvimento de um texto digitado, e posso afirmar que este provocador escreve enquanto 30 cm de pênis adentram em sua cavidade anal.

Rodrigão, esse livro já existe.

É a Bíblia da Vitória do Malafaia, e é baratinho, custa 900 pratas, huahahau.

Evaldo Wolkers.
Unknown disse…
Rodrigo, qualquer livro que seja usado como base para uma sociedade, por mais que "sirva" por um tempo, tornar-se-á obsoleto com o tempo e no final servirá apenas para atrasar a sociedade. a ética e moral de um povo é definida dinâmicamente, e não deve se ater a um conjunto de palavras fixas em pedra (como querem os religiosos, principalmente os monoteístas). Nossos valores e sociedade evoluem, e ater-se a um conjunto fixo de valores como absolutos é parar no tempo e cometer injustiças.

se quer propor valores éticos, faça seu livro, mas não espere que ele seja base fixa para nada.

e sobre o livro, você estaria disposto a não mencionar seu deus em particular nele? não adicionaria nenhuma cláusula do tipo "obedecer a Deus"? duvido muito. e este é o principal problema, pois é neste tipo de cláusula que atrocidades são cometidas, pois, se é necessário obedecer a um deus, e ele obviamente não se faz presente, alguém tomará o lugar de mediador entre os deuses e o homem (história da humanidade...), e invariavelmente usará isto em interesse próprio..

e o dever do Estado NÃO deve ser o de guiar a forma de pensar da sociedade. deve-se ater a equilibrá-la, mas sem nunca ferir o direito de cada um acreditar e viver da forma que quiser, até o limite do respeito ao próximo. condicionar todos a uma forma de pensamento (como sonha o apocalipse biblico) é trazer o fim para a humanidade e um de seus mais preciosos bens, a liberdade (paradoxalmente, o céu cristão é o inferno, onde ninguém é livre, todos devem pensar e agir da mesma forma, e sofrerão se não o fizer). senão, corremos o risco de viver em uma sociedade como a do filme TXH 1138.
Eduardo Medeiros disse…
evaldo, não achei que fosse você não, pois você diz e se mostra, e o tal do provocador se esconde atrás do anonimato, ou seja, de provocador ele não tem nada, apenas quer tumultuar. não vou dá esse gostinho a ele.

é isso aí, compadi "provocador", comigo é na dita-dura...
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, eu falei aquilo por que não estou preso à literalidade da lei dos "4 dias"; se um texto está rendendo bons debates por que não deixá-lo por quanto tempo for necessário?. disse nesse sentido, mas confesso que nem percebi quantos dias seu texto tinha...rsssss

RODRIGO, desculpe, ainda nem li seu texto, esse babaca do provocador acabou atrapalhando. volto à noite, ok?
Unknown disse…
gente, relevem o moleque. 14 anos, inclusão digital, ter uma pica enfiada no cú... não é fácil minha gente!
“(...) a Bíblia, por ser o registro do inconsciente coletivo de um povo em contato com outras tribos de culturas diferentes, entendo, que não deve ser imutável, justamente por ser uma palavra em trânsito. Palavra, cujo nível de interpretação, está intimamente relacionada com a singularidade de cada indivíduo nas diferentes épocas dos processos civilizatórios (…) Bem, não sei se você usou o termo manual com o significado de algo fixo. Mas o meu comentário aqui, se prende mais no sentido de aclarar que a marca singular dos antigos escribas e intérpretes judeus do A.T., foi o de impedir o fechamento do tecido escritural, fazendo com que o conjunto dos livros sagrados do judaísmo pudesse se tornar uma obra aberta ao infinito.”

Prezado Levi,

Muito bons os seus questionamentos.

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que não pretendo fazer nenhuma obra perfeita, pronta e acabada. Penso em orientar a elaboração de algo que possa servir como uma bússola para a nossa nação caminhar seguindo a ética.

Ainda que a Bíblia sob certo aspecto possa ter me servido de inspiração para este projeto (tanto é que apelidei de “bíblia secular”), pretendo motivar algo que seja imutável e aberto para novas construções. Uma obra capaz de reunir parte do nosso presente e passado, resgatando as raízes históricas e culturais.

De qualquer modo, o livro terá seus limites físicos. Infelizmente não vai dar para caber tudo lá e os seus escritos um dia poderão ser suplantados pelo tempo. A essência, porém, que lhe é anterior, permanece para sempre.

Abraços.
“Concordo plenamente que deve-se reaver os conceitos morais, eticos e sociais da nossa sociedade, porém será algo muito complicado consciliar espiritualidade com secularismo, haverá muita discordia neste meio, pois, um conceito básico do "humanista secular" é o anti-preconceito com casais homossexuais, que vai de contrapartida com a visão cristã,por exemplo.”

Olá Tiago!

Muito boa a sua participação!

Quando penso em conciliar a espiritualidade com a vida secular, não me refiro a nenhuma religião específica e nem a determinados valores morais estabelecidos por determinados grupos sociais.

Minha ideia é que o livro aborde questões como a homofobia promovendo o respeito pelo diferente e o combate à violência. O livro não vai discutir se praticar ato homossexual é certo ou errado. Porém, tratará de questões como o casamento, a convivência familiar, a relação entre marido e esposa, pais e filhos, namoro e sexualidade. E aí há de se ter sensibilidade para que não se cometa o erro de algum escritor praticar uma valoração fundamentada em sua própria moral ou religião.


“Tive algumas ideias para o livro, como colocar frases filosoficas conhecidas como de maior importancia, como, "não faça ao proximo o que não quer que te façam"(se não me engano, uma frase dita por jesus).”

Sim! Pensei nisto também! Esta frase acima citada é anterior a Jesus. Trata-se da “Regra de Ouro”. Foi formulada pelo Ancião Hillel e muitos séculos antes por Confúcio na China. Curiosamente, até comunidades primitivas na África e nas Américas também elaboraram pensamentos semelhantes. Aliás, se procurar com calma na Confraria, vai ver que este foi o primeiro texto de minha autopria publicado neste blogue. Acho que foi em janeiro e fevereiro...


“Com a ajuda de psicologos e psicanalistas experientes, montar um guia de 'como ponderar sobre...', visto que, muitas pessoas estão confundindo liberdade com 'fazer o que vem a cabeça', um exemplo de uma situação que está mal controlada(principalmente por jovens) é a liberdade sexual, como estou embutido nesse meio, vejo que sexo sem nenhum compromisso(ou intenções futuras) está causando alguns problemas sociais e em alguns casos até psicologicos, o mesmo vale pra casamento de jovens, A ideia de 'buscar um equilibrio' que se vê em algumas religiões seria um bom ponto para reflexão neste sentido.”

Ótima colocação, mano! Sem que o livro venha se posicionar se o sexo deve ser feito antes ou depois de casar para agradar religiosos, é importante enfrentar a questão sobre sexo sem compromisso. Por exemplo, as pessoas deveriam se perguntar por que querem fazer sexo com a fulana? Será que eu quero construir uma relação com ela ou estou querendo apenas satisfazer um desejo imediato para depois descartar a outra pessoa? É correto brincar com os sentimentos de alguém e defraudar as emoções do próximo fazendo falsas juras de amor só com proveito da minha auto-satisfação? Ou seja, são coisas que o livro pode enfrentar sem levar pro campo da religião. Sem ameaçar que Deus vai mandar pro inferno quem agir assim ou assado...


“Um ponto que considero muito importante, mas que irá causar muita polemica, é que, a preservação da vida está acima de qualquer religião, tenho me horrorizado com o numero de mortes e sequelas deixadas em 'testemunhas de Jeová' e/ou seu filhos, pois os mesmos impedem os médicos de realizarem a doação e recepção de sangue, por ir contra a ordem de Deus.”

É isso aí! O livro, assim como o texto da nossa Constituição, elegerá a Vida como um bem supremo e inalienável. Mesmo que contrarie a ignorância de determinadas religiões. Você entendeu bem a ideia da coisa!

Valeu!
“Rodrigo, qualquer livro que seja usado como base para uma sociedade, por mais que "sirva" por um tempo, tornar-se-á obsoleto com o tempo e no final servirá apenas para atrasar a sociedade. a ética e moral de um povo é definida dinâmicamente, e não deve se ater a um conjunto de palavras fixas em pedra (como querem os religiosos, principalmente os monoteístas). Nossos valores e sociedade evoluem, e ater-se a um conjunto fixo de valores como absolutos é parar no tempo e cometer injustiças.”

Caro Gabriel,

Acredito que todos temos a dimensão águia e a dimensão galinha dentro de nós. Junto com o dinamismo da sociedade, existe também a necessidade de solidificar aquilo que está em construção. É quando se cria um chão, mesmo que momentâneo. E aí concordo que a absolutização de valores pode não ser boa. Porém, às vezes precisamos de cláusulas pétreas como o respeito à vida e à liberdade, por exemplo. Tratam-se, pois, dos direitos fundamentais das modernas constituições democráticas e que um dia serão aprimorados. Só que, se não estivessem escritos sobre pedras, como é que estaríamos vivendo hoje?


“se quer propor valores éticos, faça seu livro, mas não espere que ele seja base fixa para nada.”

Penso que pouco adiantará eu escrever um livro e este, dentro de algum tempo, ficar esquecido e vez ou outra lembrado. Porém, se eu ajudar na organização e na elaboração de um manual que sirva para gerações, estarei contribuindo para algo que será permanentemente lido e se tornará um referencial. Um livro comum escrito pelo Rodrigo ou pelo Gabriel jamais poderá alcançar esta dimensão, exceto se for incluso no cânon de uma bíblia e se torne de enorme utilidade e praticidade.


“e sobre o livro, você estaria disposto a não mencionar seu deus em particular nele? não adicionaria nenhuma cláusula do tipo "obedecer a Deus"?”

Proponho algo mais laico do que a nossa Constituição que menciona Deus em seu preâmbulo. Ainda que eu entenda que “o Eterno é um”, conforme recitado no Shemá, e que Deus assume o caráter de supremacia em toda e qualquer tradição do planeta, contento-me que Ele seja percebido através daquilo que o torna presente – a Vida. Assim, crentes e ateus de bem poderão adotar um entendimento comum sobre o princípio basilar do livro e também da nossa Carta Magna.


“e o dever do Estado NÃO deve ser o de guiar a forma de pensar da sociedade. deve-se ater a equilibrá-la, mas sem nunca ferir o direito de cada um acreditar e viver da forma que quiser, até o limite do respeito ao próximo. condicionar todos a uma forma de pensamento (como sonha o apocalipse biblico) é trazer o fim para a humanidade e um de seus mais preciosos bens, a liberdade (...)”

Se dependesse de mim, o Estado já teria sido abolido. Nosso país que, conforme dizia o Renato Russo, é “um Estado que não é nação”, ainda carece de nacionalidade. E a nacionalidade, por sua vez, não se forma sem valores sólidos e firmes. Mesmo na promoção da pluralidade, tem-se fundamentos anteriores como a liberdade de pensamento e expressão, dentre outras garantias capazes de assegurar a efetivação de tal valor. Em momento algum quero que o livro se torne algo absoluto ainda que meu desejo seja transformá-lo num futuro símbolo nacional juntamente com as bandeiras, os hinos e determinados monumentos. Logo, caberia ao MEC adotar o livro nas escolas e divulgá-lo, mas jamais impor seus ensinamentos como regras absolutas de convivência. Nas aulas, o professor trabalharia os seus textos e suscitaria debates entre os alunos a respeito dos temas, deixando-os livres para tirarem suas próprias conclusões. É algo bem diferente dos livros sagrados que, na prática, nem devem ser trabalhados nas escolas pública porque ferem a pluralidade religiosa na nossa sociedade. Já um livro secular, que reúna a questão ética com o conhecimento cultural e histórico, ajudaria bastante.

Espero tê-lo esclarecido.

Até mais!
Guiomar, Eduardo e Evaldo,

Valeu pela participação e pelos comentários de vocês aqui neste texto.

Não vim aqui todo dia, mas aos pouquinhos tento dar atenção.

Aguardo novos comentários!

Abração!
Unknown disse…
O Provocador, você é capaz de dissertar algum assunto com mais de um parágrafo? ou sua inteligência acaba após algumas letras?
Unknown disse…
como eu esperava. Edu, pode apagar.
Anônimo disse…
Edu e confraternos,

Por favor, não excluam os comentários do "O Provocador" onde ele utilizou minha foto e nome.

Obrigado.

Obs.: Não consegui comentar com meu login, tendo que comentar como anônimo.

Evaldo Wolkers (O Original)
Unknown disse…
Edu e confraternos, confirmo que o Anônimo anterior é o Evaldo de fato (estou com ele no msn).
O Provocador disse…
Pronto, já consegui arrumar meu login, não sei o que aconteceu. Pode até parecer estranho gente, mas eu não sou o Provocador. Alguém esta usando minha foto para causar um intriga na confraria. Não caiam neste golpe.

Evaldo (O original)
Unknown disse…
ps: se resta alguma duvida, acompanhei pelo google analytics e os comentários do provocador não são do Evaldo. é de alguém de SP.
Anônimo disse…
Amigos confraternos,

O episódio de hoje me inspirou para mais um post:

http://evaldocristao.blogspot.com/2011/09/crimes-contra-honra.html

Abraços,

Evaldo Wolkers (O sempre verdadeiro e original)
Eduardo Medeiros disse…
rodrigo,

seu projeto é audacioso e interessante!

apesar que o livro ao qual você se refere, a tal "Bíblia Para ateus" creio ser somente uma tentativa de eliminar a original da vida das pessoas. mas duvido muito que essa bíblia dos ateus seja capaz de deixar de fora de suas páginas, centenas de pensadores religiosos, que legaram valores e conceitos elevados para sua posteridade, inspirados exatamente, na experiência mística de deus.

você lembra bem do caminho espiritual que o oriente tomou, bem mais proveitoso que o caminho religioso ocidental, que transformou o sentimento religioso em mercadoria e em espetáculo.

creio que o livro seria uma ótima ideia. estamos perdendo valores importantes apenas por alguns deles serem cultivados pela religião, e o pensamento estreito de secularistas, transformou "religião" em nome feio...

para isso recorrem sempre às atrocidades feitas em nome da religião, sem se questionarem se tais atitudes são de fato, religiosas ou políticas.

ninguém que pregue o amor ao próximo jogaria um avião em um prédio, e essa atitude não reflete o pensamento total da religião dos que fizeram isso.

li outro dia um historiador dizendo que o problema no oriente médio nunca foi religioso, mas sempre foi político. fiquei refletindo sobre isso e creio que ele tem razão. a religião só é mistura no balaio político.

também li há uns dias, filósofos atuais ponderando sobre se reconhecer a bíblia como literatura nos meios acadêmicos, e literatura de alto valor, e com lições de vida válidas ainda hoje para todos nós, religiosos ou não.

quem poderia discordar do poema do amor escrito por paulo?

"ainda que eu falasse a língua dos anjos... "

creio então, que tudo que se faça que venha incutir valores elevados, principalmente para os jovens, é válido.
Eduardo Medeiros disse…
sendo ou não do evaldo, deletarei todos os comentários do provocador.
Anônimo disse…
Rodrigo,

Livros não são dinâmicos como julgamos ser. Livros só fazem sentido quando vem com o autor a tira-colo.

Porque digo isto? Porque nenhum de nós consegue escrever um texto e fazer com que os leitores alcancem o que realmente queríamos dizer. Por isso, nossas explicações, objetivando mostrar o que queríamos dizer agrega ao nosso texto um "manual" muito maior que o próprio texto.

Por isso a Bíblia leva os homens a tantas "transcendências" equivocadas. Porque os "filósofos", "escritores", "bêbados" que escreveram, não tiveram tempo de explicar o que estavam querendo dizer.

O livro que você quer escrever já está pronto, temos diversos blogs na internet, de onde podemos entender o que as pessoas além de nós estão pensando, temos as redes sociais, temos código civil, código do consumidor, "vade mecum" e KamaSutra.

A junção deste conteúdo não perde em nada para a bíblia, alcorão, ou o seu livro.

Abraços,

Evaldo Wolkers.
Eduardo Medeiros disse…
sr provocador

não traga para cá discussões que nada tem a ver com a postagem em pauta. se quiser comentar o texto do rodrigo, ainda que seja com críticas, faça-o de modo que não ofenda as pessoas. eu não sei qual sua intenção em fazer isso; se for só provocar por provocar, muda a tática, pois a que você está usando não vai funcionar por aqui.

procura outro lugar para vomitar tuas mágoas.
Elídia :) disse…
Jesus! Vou ter q fazer uma retrospectiva para entender esse bafo... onde mesmo começou isso???rsrsrs
Anônimo disse…
Provocador de merda,

Imbecil, idiota, eu colei no meu blog os textos onde usou INDEVIDAMENTE minha foto e meu nome no fim de teus comentarios.

Vai crescer criança, vira homem, vai latir em outro canil sua lessie.

Vira homem e mostra a tua cara de bunda.

Como o Eduardo disse, eu não me escondo atrás de nicks, não tenho duas caras, isso prova o quanto inútil para a sociedade você é.

Os inúteis se escondem porque são COVARDES.

Evaldo Wolkers.
Elídia :) disse…
Entendi..mas é uam boa trollada, rs. Quanto ao texto:
Não sei vcs, mas quanto a mim, eu enxergo a Bíblia sob diversos prismas; o Manual q se refere o texto, soa mais como código de conduta, há ainda a historicidade dos fatos narrados e a leitura meditativa. Só não entendi muito bem em que contexto se aplicaria no âmbito dos processos de ensino-aprendizagem.
Elídia :) disse…
O papel do troll é: desestabilizar discussões, insuflar intrigas, amealhar atenções.
Eduardo Medeiros disse…
evaldo, por favor, pára por aí o papo com o tal de provocador. o cara quer provocar e não debater ideias, portanto, não merece que se gaste com ele saliva. tudo o que ele postar aqui vai ser deletado, mas para isso, preciso que você não entre na provocação.

quem sabe assim, ele volta e põe um comentário que se preste à reflexão e não à idiotização.
Anônimo disse…
Edu e confraternos,

Não seria a hora de repensar sobre a liberdade de comentar?

Talvez seria melhor que a moderação fosse ativada e a cada novo post, o escritor ficasse responsável pela liberação dos comentários, assim, um texto fora do assunto seria "travado" pelo escritor e ninguém mais seria importunado com amebas provocadoras.

Evaldo Wolkers.
Eduardo Medeiros disse…
evaldo, é uma ideia.

vamos levar para o tópico de discussões e lá agente decide.
Prezados Edu, Tiago e Valéria,

Muito obrigado pelas palavras de incentivo de vocês.


"li outro dia um historiador dizendo que o problema no oriente médio nunca foi religioso, mas sempre foi político. fiquei refletindo sobre isso e creio que ele tem razão. a religião só é mistura no balaio político." (Eduardo)


Concordo com você, Edu. O Corão e outros livros sagrados dos muçulmanos são apenas manipulados com a finalidade de instigar a guerra, assim como podem ser manejados para a promoção da paz.

No Corão existem palavras de paz e outras que, semelhantemente a Torá, justificariam uma "guerra santa". É o que se lê em Números 31 onde Deus, por intermédio de Moisés, teria mandado Israel entrar numa guerra santa contra os midianitas.

Bem, eu não concordo com as guerras santas e nem tenho certeza se de fato aquela passagem lá da Torá é mesmo autêntica (tenho até dúvidas se o fato ali narrado é histórico) ou se foi mais um antropomorfismo dos homens em relação à divindade, conforme os interesses da época. Porém, ao invés de arrancar aquelas páginas da minha Bíblia, eu prefiro estudar a passagem das Escrituras, buscar entendê-la segundo os valores dos homens de 3.000 anos atrás e extrair ensinamentos que sirvam para os dias de hoje.

Inegavelmente, o Alcorão ainda é mais rico em detalhes ameaçadores contra os descrentes e pecadores do que o "lago de fogo e enxofre" do Apocalipse cristãos, os quais serão condenados à Geena "e lá permanecerão enquanto permanecerem os céus e a terra" (Sura 11:107; tradução de Mansour Challita).

Há versos alcoraítas que ainda chegam a ser assustadores como este:

"Os que rejeitam Nossos sinais, breve jogaremos no Fogo. Cada vez que suas peles forem queimadas, as substituiremos por outras para que continuem a experimentar o suplício." (Sura 4:56)

E, por sua vez, o sectarismo monoteísta dos muçulmanos chega a ser evidente:

"Para aqueles que não creem em Deus e em Seu Mensageiro, preparamos um fogo flamejante." (Sura 48:13)

"Com certeza. Deus separará, no dia da Ressurreição, os que creem dos judeus e nazarenos [cristãos] e magos e idólatras" (Sura 22:17)

"Quanto aos que renegaram e desmentiram Nossas revelações, serão eles os herdeiros da Geena." (Sura 5:86)

"São realmente crentes os que creem em Deus e em Seu Mensageiro, que não duvidam e que lutam, com sua vida e suas posses, pela causa de Deus." (Sura 49:15)

Atualmente, a "Guerra Santa", a Jihad, ela tem sido interpretada de vários modos dentro do islamismo, de modo que, por vários séculos, parece ter prevalecido uma visão mais liberal onde o vocábulo é compreendido como uma luta pessoal que o devoto enfrenta para melhorar o seu comportamento ético (eis aí um dos motivos pelos quais muitos muçulmanos não aconselham a leitura do Corão em outro idioma que não seja o árabe). Contudo, os fundamentalistas islâmicos interpretam a Jihad como uma guerra militar que deve ser travada contra os demais povos. E aí há uma enorme guerra de interpretações dos versos do Corão que chega a gerar conflitos dentro da própria religião, sendo a história da vida do profeta uma das maneiras de se aplicar o livro sagrado deles.

Acredito que o mal não esteja nas religiões, mas sim no fundamentalismo e no seu uso para fins de dominação política. E aí a interpretação da Jihad como "guerra santa" coube nos propósitos expansionistas do antigo califado do século VII e dos ditadores árabes do século XX...
Continuando...


"também li há uns dias, filósofos atuais ponderando sobre se reconhecer a bíblia como literatura nos meios acadêmicos, e literatura de alto valor, e com lições de vida válidas ainda hoje para todos nós, religiosos ou não." (Eduardo)

Estou de acordo contigo também aí, meu brother! Não há como deixarem de falar na Bíblia considerando-a ao menos como uma literatura preciosa da humanidade, bem como os seus ensinamentos éticos.

Todavia, numa obra secular, assim como numa sala de aula, a Bíblia deve ser abordada como um livro comum, ain da que se diga que para alguns bilhões de pessoas ela seja tida como "sagrada".


"O livro que você quer escrever já está pronto, temos diversos blogs na internet, de onde podemos entender o que as pessoas além de nós estão pensando, temos as redes sociais, temos código civil, código do consumidor, "vade mecum" e KamaSutra." (Evaldo)

Respeito sua posição, Evaldo. Porém, acho complicado as pessoas comuns terem acesso às grandes obras da humanidade sem uma reunião delas num livro de referência. Aí você poderia até mencionar as enciclopédias. Porém, há inúmeras delas e as informações encotnram-se esparramadas. Já numa "bíblia secular", teríamos partes significativas da história do país, da literatura portuguesa, dos ensinamentos éticos, muitas músicas brasileiras e um material bem direcionado para os professores trabalharem a formação de seus alunos.

Um cidadão que se instruir por tal livro, alcança aquilo que a maioria da nação ainda não tem - formação. E, uma vez formadas, essas pessoas poderão ir atrás das informações esparramadas por aí.

Em vários momentos a escola me bitolou. Porém, sou grato a ela, inclusive aos verbos que precisava decorar na 4ª série do Colégio Machado Sobrinho, em Juiz de Fora, da minha então professora dona Ilka Halfeld (uma velhinha que, em 1987, já tinha seus 50 anos de magistério). Recordo que, quando errávamos em alguma conjugação, ela chamava o aluno de "paçoca". Porém, foi uma grande educadora e até hoje raramente erro nos verbos.
"A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor." (Padre Vieira)
Hubner Braz disse…
Pessoal cheguei de Minas Gerais hoje, e agora comentarei sobre o belo texto do Rodrigo.

Pena que a intensidade do meu comentário não será de acordo com a intensidade da escrita do nosso confraterno Rodrigo.

Vamos lá...
Hubner Braz disse…
Rodrigo,

Para mim, seria ético voltar as aulas de região nas escolas públicas, eu já tive aulas assim até a 5° Série e gostava muito. Talvez começando de lá, nós mudaremos um pouco a ética de cada um de nos, inclusive os que vereiam a vida pública.

Mas a volta desta matéria não é para converter os alunos e sim para mostrar a eles ser éticos, já que muitos deles não aprendem em casa.

Abraços a todos...
Rodrigo,

"Um cidadão que se instruir por tal livro, alcança aquilo que a maioria da nação ainda não tem - formação. E, uma vez formadas, essas pessoas poderão ir atrás das informações esparramadas por aí."

Concordo plenamente, para alguem buscar uma informação, é nescessario interrese, e esse interrese tem que surgir quando ainda somos pequenos, tendo como exemplo, eu, afinal quantos jovens se vê por ai pesquisando sobre religião, etica e politica? Isso é resultado da formação rigida que tive.
Ao olhar o mundo afora, notava que as pessoas não davam valor a coisas importantes, como pagar dividas, respeitar as outras pessoas e lutar pelos direitos. É por isso que gostei da ideia de montar Um "manual de vida para o brasileiro do século XXI", e uma das bases para esse manual poderia ser "pesquise, procure por informações, aprenda a refletir e a viver"

Abraços.
guiomar barba disse…
Rodrigo, se não me engano, em algum comentário Levi falou sobre possíveis erros nas fontes da internet... O que eu também já observei.

Me parece que qualquer pessoa que deseje pode por matéria mesmo na wikipédia, portanto, creio que os livros são mais confiáveis.

Estou pensando mesmo em reunir todos os seus comentário e fazer uma apostila. Posso?

Abraço.
Prezados Hubner, Tiago e Guiomar,

Novamente muito obrigado pela participação de vocês!

Acho importantíssimo dar aulas numa escola pública, mas tenho algumas restrições sobre o ensino de religião. Pois, ainda que sem o objetivo proselitista, o termo religião de certa maneira induz que todos devem ter uma crença. Aí acho mais apropriado falarmos em cosmoética, o que pode ser tratado junto com cidadania. Por outro lado, apenas uma disciplina específica não parece ser suficiente, pois percebo a necessidade de uma abordagem transversal nas demais matérias pelos respectivos professores e daí uma "bíblia secular" poderia ser trabalhada em aulas diferenciadas e em todas as séries. E, neste ponto, creio que estamos de acordo.


"Ao olhar o mundo afora, notava que as pessoas não davam valor a coisas importantes, como pagar dividas, respeitar as outras pessoas e lutar pelos direitos." (Tiago)

Boa observação fez o nosso jovem amigo. Pois tanto a luta pelos direitos como o descumprimento dos deveres decorre da falta de formação do nosso povo. Penso que é mesmo na infância que recebemos os perincipais fundamentos de vida, ainda que com traumas e sequelas. E, na atualidade, as recentes gerações são filhas de uma desconstrução da época de seus pais que até o momento não soube construir nada no lugar e ainda sofreu toda uma repressão da ditadura militar seguida pela alienação midiática. Porém, quando chegamos no estado da ausência da ética, sentimos falta dela e fazemos o caminho do retorno.

Sobre o que a nossa amiga Guiomar colocou, concordo com ela. Pois o manejo da Wiki não é totalmente confiável já que qualquer um pode alimentar o referido site com informações. E, sendo assim, qualquer dado obtido ali deve ser também confirmado posteriormente. E, sem dúvida, os livros são bem mais confiáveis. Diga-se de passagem que a ideia dessa "bíblia secular" não se confunde com uma enciclopédia, pois é um livro que deverá se destinar a servir de bússola.

Agradeço à Guiomar pela divulgação de meus textos e comentários.

Um abraço a todos!
Eduardo Medeiros disse…
rodrigo: "Acredito que o mal não esteja nas religiões, mas sim no fundamentalismo e no seu uso para fins de dominação política"

concordo com isso. punir a religião devido aos fundamentalismos que dela se alimenta, é como punir santos dumont pelo ataque aéreo às torres gêmeas, ou a descoberta da energia nuclear pela bomba atômica.

os textos que você citou do corão e da torá, devem ser lidos com os olhos dos seus contemporâneos, algo realmente muito difícil.

e o que é mais notável nesses textos antigos, não é somente o chamado para a "guerra santa"(necessária para a unidade e identidade desses povos?)que eles nos trazem; ao lado da guerra santa, há aforismos filosóficos, pensamentos de sabedoria, poemas lindíssimos, metáforas sobre a vida e a existência, abertura para uma ética de convivência e é claro, o exercício da mística e da espiritualidade.

caim e abel perpassam os textos "sagrados".
Elídia :) disse…
Li o comentário do Hubner e lemmbrei das aulas de religião. Olha, posso dizer que uma das piores experiencias q tive na escola (católica) foi essa. Eu não sabia 'rezar'...e aí vcs imaginam a tortura, até sinal da cruz tive de aprender a fazer para 'me qualificar'. Sou totalmente contra a ideia.. Ou então, teríamos diversos professores, um de cada vertente religiosa, fora os agnnósticos? A escola por si só já é uma instituição que tolhe muitas vezes a criatividade do individuo, acrescentar novamente algo que comprovadamente não deu certo, considero uma regressão.
Anônimo disse…
Elídia,

Provavelmente o "etnocêntrico" Hubner está se referindo ao ensino religioso cristão.

O que provavelmente ele não aceitaria seria isso na grade:
Segunda = aula de candomblé com o pai de santo João grandão.
Terça = aula de judaísmo com o rabino Moshé.
Quarta = como enganar os fiés (cristianismo evangélico) com Silas Malafaia.
Quinta = aula sobre pedofilia com o padre Marcelo.
Sexta = aula sobre a sexualidade das deusas gregas com o professor Evaldo Wolkers.

huahau

Abraços,

Evaldo Wolkers.
Levi B. Santos disse…
Evaldo


Esse teu manual religioso está "arretado". (como diz o nordestino quando quer elogiar)

Que deuses te inspiraram para a feitura dessa fenomenal grade curricular ecumênica? (kkkkkkkkkk)

Aconselho você fazer rápido o registro dos direitos autorais, sem precisar citar o nome do anjo que te auxiliou (rsrs)
Levi B. Santos disse…
Na ORDEM meio desORDENADA de postagens, o Herrera (que anda meio sumido) era para ter postado ontem.

No vácuo do Herrera, bem que o Edson Noreda poderia mandar um texto daqueles instigantes que ele costuma tirar do fundo da alma, para nos animar. (rsrs)

Aguardemos...
Eduardo Medeiros disse…
elídia, concordo que aulas de religião é dispensável, melhor seria aulas de ética, cidadania, artes, música, filosofia.

aulas de religião só seriam interessantes se fosse estudado o fenômeno religioso.

será que o provocador, digo, noreda, digo, edson, vai postar? eu vou ter que passar minha vez nessa rodada, ok?
"punir a religião devido aos fundamentalismos que dela se alimenta, é como punir santos dumont pelo ataque aéreo às torres gêmeas, ou a descoberta da energia nuclear pela bomba atômica" (Eduardo)


Brilhante a sua colocação, Edu! E acho que você incidentalmente instigou um novo tema para ser debatido aqui.

Em termos históricos, pode-se dizer que a violência praticada pela religião foi decorrente de si mesma ou de interesses políticos existentes fora dela?

Como explicar a origem das inquisições do cristianismo, das "guerras santas", dos atentados terroristas e de tantos outros conflitos violentos praticados em nome da religião?

Seria a religião violenta?

Ou será que a sua violência histórica não foi motivada, por exemplo, pelo interesse dos governantes e das classes dominantes?

Será que não seríamos capazes de organizar uma igreja que, ao invés de eleger deputados corruptos, não mobiliza o povo para protestar contra as desigualdades e os absurdos praticados pelos governantes?

São coisas que poderão ser debatidas posteriormente num novo artigo. Mas, por enquanto, tenho que estudar para passar no concurso...

Abração!
"Olha, posso dizer que uma das piores experiencias q tive na escola (católica) foi essa. Eu não sabia 'rezar'...e aí vcs imaginam a tortura, até sinal da cruz tive de aprender a fazer para 'me qualificar'. Sou totalmente contra a ideia" (Elídia)

Sobre aulas de religião nas escolas, sinceramente não acho que deveríamos voltar a este "jardim de infância". Precisamos de algo que corresponda melhor aos anseios atuais. Algo que seja mais universalista e leve o indivíduo a refletir sobre os valores da cosmoética. Aliás, é por isto que estou propondo um livro que esteja desvinculado de qualquer religião, ainda que fale a respeito delas ou cite trechos relevantes da Bíblia.
Uma coisa vocês podem ficar tranquilo. Nesta minha pro não quero ter nada que fale em "guerra santa".

Por mais que as narrativas e ensinos bélicos dos livros "sagrados" possam levar os leitores a ensinamentos mais profundos, tais passagens também servem de justificativa para o mal.

Sendo assim, melhor prevenção é que possamos abolir totalmente as guerras do nosso ensino. E aí faço até a indagação se a guerra de defesa seria o melhor caminho a ser tomado quando ocorre uma agressão e as tentativas diplomáticas falharam? Será que um Chefe de Estado, ao ter seu país invadido, não pode tentar convencer o invasor acerca de sua infantilidade?

Quando vejo que o Iraque foi ocupado pelos norte-americanos, percebo o quanto foi burra e infantil aquela guerra do Bush. Pois os USA ocuparam mas não ganharam. Incansavelmente, aquela nação resistiu à presença norte-americana assim como havia suportado décadas de colonização britânica (se bem que o Iraque foi de certa forma uma invenção britânica). E, desta maneira, aprendemos que a melhor resistência pode não ser o uso da força, mas a paciência e o cultivo de sólidos valores. Se fui capaz de dar a outra face, logo a invasão inimiga está derrotada.
Unknown disse…
Por mais que as narrativas e ensinos bélicos dos livros "sagrados" possam levar os leitores a ensinamentos mais profundos, tais passagens também servem de justificativa para o mal.
ensinamentos profundos: aquele povo era maluco e guerreava por qualquer motivo

Sendo assim, melhor prevenção é que possamos abolir totalmente as guerras do nosso ensino.
ah sim, claro, vamos esconder a nossa história. por que a ignorância é o melhor remédio né

E aí faço até a indagação se a guerra de defesa seria o melhor caminho a ser tomado quando ocorre uma agressão e as tentativas diplomáticas falharam? Será que um Chefe de Estado, ao ter seu país invadido, não pode tentar convencer o invasor acerca de sua infantilidade?
sim, claro, e depois todos podiam cantar uma bela canção, tomar um sorvete no parque, e viverem felizes para sempre...

Quando vejo que o Iraque foi ocupado pelos norte-americanos, percebo o quanto foi burra e infantil aquela guerra do Bush.
eua malvado! bobo, bobo!

Pois os USA ocuparam mas não ganharam. Incansavelmente, aquela nação resistiu à presença norte-americana assim como havia suportado décadas de colonização britânica (se bem que o Iraque foi de certa forma uma invenção britânica). E, desta maneira, aprendemos que a melhor resistência pode não ser o uso da força, mas a paciência e o cultivo de sólidos valores. Se fui capaz de dar a outra face, logo a invasão inimiga está derrotada.
sim, claro, o inimigo ficará comovido com sua resistência moral, e tal como nos romances, irá embora... percebe-se por exemplo como o Iraque venceu a guerra (e o Afeganistão): milhões de mortos, o país arrasado e mergulhado na miséria. sim, ganharam muita coisa.