Ética e Política São Inconciliáveis?



Nas nações supostamente democráticas, muito se tem debatido sobre ética na política. Aqui nas terras de D. João VI a vivência demonstra com tons fortes que os conselhos de ética em política ao invés de lutarem pela transparência de suas ações, caminham mais no sentido de abafar os delitos cometidos por seus próprios membros.
Mas será que existe mesmo um abismo intransponível entre a política e a ética?
O cientista político, Noberto Bobbio (falecido em 2004) foi de longe quem mais se aprofundou no estudo nas relações da moral com a política. Ele diz no seu livro “Elogio da Serenidade” (página 50) que, “o problema das relações entre ética e política é mais grave porque a experiência histórica mostrou, que o político pode se comportar de modo diferente da moral comum, que um ato ilícito em moral pode ser considerado e apreciado como lícito em política, em suma, que a política obedece a um código de regras ou sistema normativo que não se coaduna, e em parte é incompatível com o código de regras ou sistema normativo de conduta moral”.

Mais adiante (na página 90) o cientista político italiano, afirma: “Não há esfera política sem conflitos. Ninguém pode esperar levar a melhor num conflito sem recorrer à arte do fingimento, do engano, do mascaramento das próprias intenções. A “finta”, o “mentir” fazem parte da suprema estratégia para enganar o adversário. Não há política sem o uso do segredo. O segredo não só tolera como exige a mentira. Ficar preso ao segredo significa ter o dever de não revelá-lo, o dever de não revelá-lo implica o dever de mentir”.

Segundo Bobbio, a tradicional máxima Salus Rei Publicae Suprema Lexa ‘Salvação do Estado é a Lei suprema’, se explica dessa maneira: “A separação entre a moral política nasce do fato de que a conduta política é guiada pela máxima de que ‘os fins justificam os meios’. Nesse caso, o bem público, o bem comum ou coletivo é tão superior ao bem do indivíduo, que acaba por justificar a violação das regras morais fundamentais que valem para os indivíduos”.

Há quem traduza o episódio da tentação de Cristo, relatada nos evangelhos, como uma metáfora que mostra claramente uma faceta intrínseca ou inseparável dos fundamentos da política. No mito cristão, há um messias que em uma de suas crises existenciais (tentação) chega a desejar, talvez num nível inconsciente, o poder político. O “Tudo isso será meu, se eu aceitar o código do “toma lá dá cá” – deve ter passado por Sua imaginação. E o “posso, mas não devo” – pilar básico e central da ética, deve ter rechaçado a sua vontade de, quem sabe, tornar-se chefe de uma facção política de um sofrido proletariado urbano, que em Jerusalém proporcionara-Lhe uma entrada triunfal digna de um grande revolucionário, que enfim, iria livrar os oprimidos do jugo romano.

Os evangelhos dão a entender que Cristo já percebia a inconciliabilidade entre a ética e a política do seu tempo. Recusou enveredar pelos meandros do poder político que ele denominava “O Reino desse Mundo. Trezentos anos depois de sua morte, o imperador Constantino numa atitude totalmente diversa, e destruindo tudo que o Mestre plantara em seus ensinamentos, selou um pacto político com a igreja, acordo esse, que dura até os dias de hoje. Ora, o que a maioria dos negociadores “cristãos” sempre desejou inconscientemente, foi sentar à mesa do rei. Mas para isso, a ética que parece ser incompatível com a política, teve que ser jogada às favas.

Constantino, um exemplo de cristão político “nota dez” do nosso tempo, mudou as diretrizes de Cristo, reforçou de forma inteligente o seu poder, tanto é, que atenuou a crise do Estado com a colaboração da “madre igreja”, realizando àquilo que Cristo não conseguira: premiar os apóstolos ainda nessa frágil vida terrena, alçando-os aos mais altos cargos do império (consulados, prefeitura de Roma, Prefeitura do Pretório).

Pablo Henrique de Jesus, em sua tese de mestrado que versou sobre “A Cisão Entre Ética e Política na Filosofia de Hannah Arendt” , assim escreveu:
“A política, e considerando junto com ela todas as referências conceituais que lhe competem, é um fenômeno estritamente mundano, ao passo que a ética pode-se dizer, considerada estritamente na relação de seus princípios fundamentais, é um evento que de toda sorte compete exclusivamente à vida interna da consciência. [...] É aí que se situa, pode-se dizer, o motivo principal da cisão entre a vida ética e a vida política do ser humano”.

Maquiavel, na sua maior obra, “O Príncipe”, já dava a entender que, o objetivo principal de um político, não é apenas conquistar o poder político do Estado, mas se manter lá, a qualquer custo, não importa o que ele tenha que fazer para se manter lá no poder”.
E o leitor e eleitor amigo o que me diz?


Por Levi B. Santos
Guarabira, 30 de julho de 2011

Comentários

Levi B. Santos disse…
Achei por bem trazer esse ensaio por mim publicado no “Ensaios & Prosas”, em julho passado, para ser mais mastigado e digerido pelos confrades desta sala.

Na postagem original, pincei duas perguntas, uma do Edu e outra do Rodrigo, que a meu ver, ficaram no ar, sem uma reflexão mais aprofundada.

O Edu perguntou:

“Se eu, eduardo, e você, levi, estivéssemos lá, no meio das entranhas do poder em Brasília, conseguiríamos nos manter éticos?

O Rodrigo fez uma indagação parecida com a do Edu:

“Antes de responder eu indagaria sobre quem consegue se manter ético numa vida simples?”

Com a palavra, os caros confrades.
Anônimo disse…
Levi,

Por mais justo que seja o ser humano, a possibilidade de possuir algo que não é seu, principalmente de forma oculta à maioria das pessoas, o transtorna e o faz jogar no lixo qualquer sinal de moralidade contida em sua personalidade.

Por isso na política até os bons são maus, porque aqueles que podem denunciar um infrator, na maioria das vezes possuem também o "rabo preso".

Igual quando dois amigos casados se encontram em um prostíbulo, se olham e pensam: "Você não me viu e nem eu te vi".

Quanto mais leio sobre o desenvolvimento de nossa sociedade mais fico na dúvida:
1) Os cristãos corromperam os capitalistas ou foi o contrário?
2) Os cristãos corromperam a democracia ou foi o contrário?

Abraços,

Evaldo Wolkers.
Anônimo disse…
Levi,

Comentei sem ler teu primeiro comentário.

Tentando dar uma simples e óbvia resposta ao Edu e ao Rodrigo poderia dizer que "Não existe político honesto neste Brasil, pelo menos vivo".

Como diria Raul: "Mamãe não quero ser prefeito, pode ser que seja eleito e alguém pode querer me assassinar".

Abraços,

Evaldo Wolkers.
Levi B. Santos disse…
“Os cristãos corromperam os capitalistas ou foi o contrário?

“Os cristãos corromperam a democracia ou foi o contrário?


Quando li os seus dois questionamentos acima, Evaldo, veio a minha lembrança o primeiro fisiologismo político de uma mãe, pedindo para seus dois filhos, um emprego de assessor do gabinete do messias em seu “trono de glória” (rsrs):

“Chegando bem pertinho de Jesus, ela não temeu, nem se envergonhou, mas disse-Lhe: Senhor, por favor, "dize que estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita e outro à Tua esquerda, no Teu reino" (Mateus 20:21).

Aleluia!...
Eduardo Medeiros disse…
levi, a nobre deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), foi inocentada pelo seus pares em votação secreta. ele foi filmada recebendo propina no esquema do mensalão do DEM. é, não foi o PT quem inventou o mensalão, ele já encontrou o esquema prontinho.

a sua defesa foi que teria recebido a propina quando ainda era apenas candidata a deputada, logo, não teria ferido a ética parlamentar.

belo argumento...e na sessão parlamentar, só um deputado a defendeu na tribuna, todos os demais se calaram e na votação secreta, foi absolvida.

como pode ser sério uma coisa dessas?

mas a deputada ainda vai ter que responder ao STF num prazo de 15 dias. será que nossos juízes são mais éticos que nossos deputados?
Eduardo Medeiros disse…
levi, bem lembrado. mas no caso, o messias lhes disse que eles não tinham entendido nada...

quando eu era criança, achei um carrinho jogado na rua. fiquei feliz, peguei o brinquedo e fui prá casa para brincar com o presente que o acaso me dera.

- que carrinho é esse, eduardo? perguntou minha mãe.

- eu achei jogado na rua.

- então vai lá no mesmo lugar que você encontrou e deixa lá.

- mas mãe, eu achei, não roubei!!!!

- mas alguém pode ter perdido o carrinho e quando for lá buscar não vai encontrá-lo.

achei que o argumento da minha sábia mãe era bom. fui lá e deixei o carrinho no mesmo lugar. algum outro menino deve ter passado e levado prá casa. mas pelo menos, eu estava com a consciência tranquila de que eu não seria dono de um carrinho perdido por outro menino.

essa experiência marcou toda a minha vida ética de não lesar ninguém.

não sei se estivesse em brasília, com muitos "carrinhos perdidos" dando sopa, o que eu faria. talvez sim, talvez não...rs
Levi B. Santos disse…
"Não existe político honesto neste Brasil, pelo menos vivo" (Evaldo)

A questão da Lei da Ficha Limpa: é um exemplo emblemático. Baseado nos evangelhos, que diz que os “os pecados passados devem ser jogados no mar do esquecimento para o começo de uma nova vida” , talvez tenha influenciado o STF a dar esse veredicto, para os que temiam perder o mandato por corrupção na eleição passada:

A Constituição diz que pode ser corrupto até 2010. Só não pode em 2012 (kkkkkkkkk)

E isto fez com que uma deputada do Rio de Janeiro que tinha sido flagrada em fita de vídeo recebendo propina em 2007 não fosse cassada recentemente.
O PECADO cometido contra o patrimônio publico naquele ano, não vale, pois ela ainda não era salva (ops, deputada). (rsrs)
Levi B. Santos disse…
EDU

Quando postei o último comentário, não tinha lido o seu. Acabamos falando do mesmo esquema "invangélico" do "É dando que se recebe" (rsrs)

Pergunta aí, aos telenvangelistas? (rsrs)
Levi B. Santos disse…
EDU

Um dia, lá pelos idos de de 1976 (quando tu tinhas três ou quatro anos de idade) assumi a chefia de uma Unidade de Saúde, em substituição ao médico titular que entrara de Férias.

Por infelicidade(ou felicidade)peguei de cara uma equipe de supervisores do Ministério da Saúde vinda do sul do país.

Poucas horas antes da chegada deles, o Diretor Regional da FUNASA da Paraíba, segredou-me algumas "coisas" que eu não devia de jeito nenhum dizer para os auditores.

Não resisti, meu amigo. Quando um bigodudo (parecia o Duque de Caxias),perguntou para mim:

E esse funcionário que está no almoxarifado é um atendente de saúde?

Pensei, pensei. Vou ficar queimado, mas vou dizer a verdade:

Disse assim para o auditor:

Olha, a função desse rapaz é de mecânico. Não foi com minha anuência que ele foi parar aí. E fui levantando o véu de muita safadeza que estava oculta.

Desse dia em diante, e durante mais de quarenta anos, nunca foi me dada uma chefia.(graças...)

Após, o período da ditadura, revendo a minha ficha funcional, lá estava com escrito com letras garrafais: NÃO TEM PERFIL DE CHEFE

(kkkkkkkk)
Eduardo Medeiros disse…
levi, essa boa, "não ter perfil de chefe"..kkkkkkkk

levi, olha o que diz a folha de sp:

"Pelo menos o valor equivalente à economia da Bolívia foi desviado dos cofres do governo federal em sete anos, de 2002 a 2008, informa reportagem de Mariana Carneiro, publicada na Folha deste domingo"

uma bolívia é muita coisa...

http://www1.folha.uol.com.br/poder/969984-corrupcao-faz-brasil-perder-o-equivalente-a-uma-bolivia.shtml
Levi B. Santos disse…
Edu


Aristóteles já dizia que o homem é um ser que necessita de coisas e dos outros, sendo, por isso, um ser carente e imperfeito, que busca a comunidade para alcançar a completude. É a partir disso, que ele deduz que o homem é naturalmente político.

Refletindo mais sobre o que disse Noberto Bobbio, no texto que escrevi:

A “finta”, o “mentir” fazem parte da suprema estratégia para enganar o adversário. Não há política sem o uso do segredo.

Pode ser que, no episódio em que estava “chefe”, ao negar a minha natureza política, estava inconscientemente querendo levar vantagem lá na frente.

Quem sabe?! (rsrs)
Anônimo disse…
Edu,

O Brasil perdeu uma Bolívia mas ganhou uma paraguaia "peituda", huahahua.

Pelo menos não perdemos nossa "Colômbia", rsrs.

Evaldo Wolkers.
O asunto louvável é sobre ética e moral na política. Vou tentar explicar como vejo a ética, o moral e o caráter na formação de nossa sociedade e daí entender nossos políticos que tem a mesma personalidade do conjunto.
Pois bem... Em partes.
Gene, na definição da genética clássica, é a unidade fundamental da hereditariedade. Cada gene é formado por uma sequência específica de ácidos nucléicos - biomoléculas mais importantes do controle celular, pois contêm a informação genética. Existem dois tipos de ácidos nucléicos: ácido desoxirribonucléico (DNA) e ácido ribonucléico (RNA).
O seu principal papel é armazenar as informações necessárias para a construção das proteínas e RNAs. Os segmentos de DNA que contêm informação genética são denominados genes. O restante da sequência de DNA tem importância estrutural ou está envolvido na regulação do uso da informação genética.
O Meme é considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde é armazenada. No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se.
Heterose ou vigor híbrido é um fenômeno genético que ocorre quando elementos geneticamente distantes se cruzam. Num acasalamento comum, espera-se que o valor genético da progênie seja igual à média do valor genético dos pais. Quando o acasalamento é feito entre animais de grupos genéticos diferentes, acontece a heterose, que faz com que a média do valor genético da progênie seja superior ao valor genético dos pais.Veja as leis de Mendell.
Psicofeedback, processo psicológico de influência recíproca entre as funções de recepção e execução em um sistema de comando que envolve os sentidos e os órgãos executivos. Biofeedback é o processo biológico que exerce a mesma influência.
O levi sabe do que estou dizendo.
Nossa formação genética sofreu influência hetérica de três raças distintas; a ibérica, a africana e a ameríndia. Temos no nosso DNA o gene, o meme e as influências psicológicas e biológicas dos portugueses, negros e índios. De cada uma destas três raças nós herdamos características fundamentais para nossa evolução ou não. Somos assim, porque assim foi formado nosso “TRICROSS”.
Entendendo nossa capacidade intelectual.
Somos um povo com pouca expressão intelectual, cultuamos o TER e não o SABER. Nossas personalidades que se destacam pela inteligência não são reconhecidas tanto quanto os que se dão bem através do jeitinho com sorte. Em nossa “corte”, as figuras principais são o bobo e o lacaio. Temos a virtude de cultuar o indesejável, o pior marginal, o político mais ladrão, o assassino mais cruel. Ainda por cima temos memória curta. Não aprendemos com o passado.
Ainda sobre nossa capacidade intelectual.
A cultura de um povo se mede através da arte,da música, da dança e dos costumes.
Nossa pintura e escultura não rendeu homenagens expressivas, ainda engatinha. Nossa música, o funk, o brega, o tecno entre outras, causa otite em bonobos, dança?... E nossa cosinha consiste em aproveitamento de restos de subculturas como a feijoada, tacacá e buchada de bode. Atração turista para chineses.
Levi B. Santos disse…
Altamirando

O seus abalizados comentários trouxeram um pouco de esperança para nós, brasileiros. Pois temos agora a Dilma, a Gleisi Hoffmann e a Ideli Salvati, como as três (Marias) mais poderosas da República.

A primeira tem nas veias o sangue Polonês, a segunda tem o sangue Alemão, e a terceira, o sangue Italiano. (rsrs)
Tem razão, levi.
Mas com o sangue contaminado com a mesma sujeira. Se não foi por herança, foi por osmose.
Sôbre nosso caráter, objetivando a ética, o profissionalismo e a honestidade.
Sempre que há uma catástrofe natural ou não como acidentes em estradas envolvendo caminhões carregados, enchentes, incêndio em estabelecimentos comerciais ou qualquer incidente que pôe em risco a perda de bens materiais, a maior preocupação das vítimas é com o saqueamento. Agimos como aves de rapina sobre os destroços do acidentado. Somos campeões em caixa dois, PhD em propinas em todos os setores da sociedade seja pública ou privada. Temos a desonestidade na essência.
Alguém diz: Eu não sou assim. Mas já teve oportunidade de não ser? Era seu preço?
Em nossa sociedade, desonestidade é sinônimo de inteligência. Quando não somos é por falta de oportunidades mas cultuamos ou votamos em quem é. Apontamos o erro dos outros com nosso dedo sujo.
Hubner Braz disse…
Dudu,

Soube através de noticiários que a Jaqueline Roriz (PMN-DF) foi defendida porque eles "não generalizando porque sei que tem homens honestos como o Tiririca" alegaram que antes de assumir a cadeira do parlamento podem ser corruptos, depois é que não!!!

Será que Raul Seixas estava certo com a sua frase, ou o Che junto com Fidel Castro na revolução...

Bem fazia Neimar de Barros quando dizia que "Até o cachorro late diante do perigo e da injustiça e nós?"
Para encerrar, vou citar nossa disposição para trabalhar que, também, foi herdada.
Estamos no país dos feriados, dos dias santos, dos enforcamentos. No país da mão de obra desqualificada, do serviço mal feito em todos os setores seja na engenharia, medicina ou prestação de serviços. Somos trinta milhões recebendo bolsa esmola e outros tantos acobertados pela lona preta (mst). Somos um bando de vagabundos querendo tirar proveitos de alguma instituição que nos abra uma porta e nos dê um cartão.
Pode alguém dizer: Mas eu trabalho, pago impostos, gero empregos e não dependo do governo.
Pior ainda, você financia a escória, sustenta a esbórnia. Não pertence ao mesmo saco porque já foi embalado para venda. Mas é farinha da mesma raiz.
Hubner Braz disse…
Levi,

O seu texto é como uma laranja, quanto mais espreme mais se tira suco.

Poderia dizer também que os politico são semelhantes, quanto mais espreme, mais descobrimos as corrupções e exalamos os efeitos que as laranjas podres deixaram para acidar o sabor.

Separei está parte: "Os evangelhos dão a entender que Cristo já percebia a inconciliabilidade entre a ética e a política do seu tempo. Recusou enveredar pelos meandros do poder político que ele denominava “O Reino desse Mundo”."

Sabe por que, porque em lucas existe um versículo que nem Ciro Sanches Zibordi conseguiu explicar dizendo (Para Lucas 16.9 a minha resposta — por enquanto — é “não sei”), confesso que até estou preparando um post explicando o mesmo.

Está escrito assim: “E eu vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos”.

Está é a minha contribuição, Ok...
Edson Moura disse…
Levi meu mestre Bronzeado, como pu de deixar de ler este teu artigo tão rico em informações que nos fazem pensar e repensar nossa ética. Costumo dizer aos meus companheiros de trabalho (não vou dizer subordinados para não parecer que esteja me valendo do cargo que galguei por tanto tempo rss)que não tenho moral alguma, mas me sobrou um pouco de ética.

Se há uma esperança para a política no Brasil, devo dizer que ela é quase zero. Por que digo isto? Ora, é simples, ponho-me no lugar deles. Já tentei me ver em um cargo público e confesso que mesmo em minhas divagações particulares, me ví corrompido pelo poder que me chegou às mãos.

Não tenho vergonha de dizer isto, pelo contrário, mesmo sabendo que ninguém precisaria saber do que se passa em minha cabeça, esteriorizo aquilo que realmente poderia acontecer acaso me dessem poderes. Isto é ser honesto? É claro que não. Posso muito bem estar enganando a mim mesmo, ao imaginar que falando a verdade sobre aquilo que em segredos penso, estaria assim fazendo algo de bom. Mentira, talvez eu apenas queira dizer que dos corruptos eu seria apenas o menos pior, por me fazer conhecer, ou seja, um mal aceitável.

Não adianta Levi. O homem é corrupto. Talvez precisassemos investigar com mais rigor o teor da palavra corrupção, e entender assim que em alto ou baixo nível, somos todos corruptos. A sociedade nos fez assim. A religião nos fez assim. A natureza nos fez assim.

Sociedade: Vez ou outra necessitamos nos corromper, ou corromper alguém para que a maquina social não trave seus motores. Quando fazemos uma ligação, mesmo que anônima, e delatamos um crime que ocorre em nossa vizinhança, estamos sendo corruptos. É claro que o dinheiro não está diretamente ligado à denúncia, mas o bem estar de nossos familiares e vizinhos está. è se obteremos benefício próprio com uma delação, estamos sim, sendo corruptos.

Religião: Esta talvez seja a maior fábrica de corrupção que já existiu. Deus, desde a sua criação, já nos levou a sermos corruptos. O panorama bíblico está recheado de atos de corrupção, hora partindo de Deus, uora partindo do homem. Somos comprados, à preço baixo, por Deus. Ele nos aferece proteção em troca de adoração. Ele nos concede abastança em troca orações fervorosas. Ele nos promete o céu em troca de servidão. Se isto não é uma da facetas da corrupção...o que é então?

Natureza: Existem inúmeros casos da simbiose (relação mutualmente vantajosa, na qual, dois ou mais organismos diferentes são beneficiados por esta associação).

Sejam formigas que protegem lagartas para assim sugarem a seiva que ela secreta, sejam passáros que se associam com crocodilos. Estas obtêm facilmente alimento sobre o corpo do crocodilo, que deixa limpar dos dentes e da boca os parasitas que aderem à sua pele e à sua mucosa bucal. Sendo assim, como fugir da corrupção? Como manter a ética quando o apelo natural do ser vivo é trocar favores, pedir favores em troca uma futura situação de necessidade, ímpor sua força ou intelectualidade para gozar de benécies para si ou para sua prole, enfim, poderia ficar o dia inteiro escrevendo sobre relações semelhantes entre simbiose e corrupção, mas pararei por aqui.

O traço mais marcante da corrupção é o suborno, sabemos disto, mas há outras marcas mais nocivas como: intimidação, extorsão, ou abuso de poder. Tudo aquilo que fazem os todos os dias a todos os instantes, sendo assim: Esqueçam a moral, esqueçam a ética e aceitemos a corrupção como qualidade inerente do ser.

Noreda Somu Tossan
Minhas conclusões.
Toda regra tem exceção. Em nossa sociedade também tem aqueles que são excepcionais, honestos, éticos´, trabalhadores e de caráter ilibado. Estes aceitam cargos eletivos? Aceitam nos representar?
Estes aceitam fazer parte desta esbórnia que não se envergonha de ser taxada de ladrão comprovadamente.
A culpa não é de quem está no poder. Eles foram eleitos pela maioria, então...
Devemos culpar Napoleão Bonaparte por ter ameaçado invadir Portugal.
Levi B. Santos disse…
Fala-se muito mal de Maquiavel, por sua obra fenomenal — “O Príncipe”.

Pegando carona no que o Edson Noreda falou, pergunto: Será que todos nós não somos maquiavélicos?

Em síntese Maquiavel diz que a preocupação principal do Príncipe (no caso aqui os que governam) deve ser com a aparência. Suas palavras devem transparecer “virtudes”, de modo que aqueles que o vejam e o ouçam fiquem com a imagem de ser ele, todo piedade, fé, integridade, humanidade e religião.

Assim, quem pretende conquistar e manter um espaço no poder, não deve se preocupar com os meios de que se utiliza, e sim com o resultado que alcança e a imagem que projeta. Política tem a ver com a astúcia na arte de deixar o povo sempre ignorante, isto é, servindo sempre de massa de manobra

E o código de ética, onde fica?

O código de ética é uma farsa, tanto é, que no caso de Jaqueline Roriz pega com a mão na botija, o “Nobre Conselho de Ética do Congresso” orientou e votou pela cassação do mandato da deputada, decisão que foi escancaradamente desconsiderada pelos próprios párias da Câmara.

Como escreveu Balzac há 150 anos:

“nenhuma lógica se sobrepõe à lógica do capital. Nenhum deus fala mais alto do que o deus do dinheiro”

O que tanto nos indigna nos que legislam é a afirmação falsa de que existe ética em política. Existe sim, uma manipulação grosseira para iludir as massas, em consonância com o que Maquiavel preconizava:

“O vulgo se deixa sempre levar pelas aparências e pelos resultados”
Eduardo Medeiros disse…
noreda e demais confrades,

eu concordo que temos uma tendência para a corrupção, para o erro, para a imoralidade, para a falta total de ética.

apesar disso, desde os primórdios das sociedades, os homens inventaram regras de convivência, leis para impedir que a barbárie se instalasse por completo e que os homens se matassem de vez e se extinguissem.

mas então o que vem primeiro: a constatação de um absoluto ético que inconscientemente já carregamos em nossa psiqué, e por isso, fizemos leis para ficarmos ao menos próximo desse absoluto que nos impulsionava a fazer o bem (o bem como pensou platão) ou foi a total falta de absolutos éticos que nunca tivemos, mas como foi preciso viver em sociedade, acabamos por construirmos tal absoluto desejável, o bem?

ou existe outras abordagens?

de qualquer forma, não é curioso que buscamos por um padrão ético para que possamos viver com o outro sem desfraldá-lo ainda que vez ou outra, o desfraldemos?

ou seja, resumindo, por que construímos(ou herdamos psiquicamente)um padrão ético a ser buscado?
Edson Moura disse…
Eduardo Medeiros meu capitão: Que história é essa de "tirar as fraudas" do outro?rss

Edu, com o desenvolvimento do intelecto, o homem percebeu que manter vivo seu inimigo às vezes é a melhor estratégia. O homem jamais deixou de ser mal. Apenas deixou de ser burro, ou bárbaro como dizemos. Portanto, um regresso à época da barbárie está fora de cogitação em tempo modernos não acha?

Abraços!
Levi B. Santos disse…
O grande nó da questão é entender que essa Ética na política, é um código particular a ser usado só entre os notáveis para proteger da populacha às suas práticas do “toma-lá-dá-cá” . Aliás, todas as quadrilhas tem o seu código de ética. Ou não?

Só, que o grande Leviatã — formada pela imprensa, televisão e internet —, está revelando coisas demais, que sempre existiram em todas as eras e não chegavam até as massas por falta de meios de divulgação .

Não é a toa, que os "politicamente corretos" do PT já tentaram por diversas vezes aprovar um “código de ética para a imprensa e a internet”, justamente porque esses meios estão revelando tudo o que há de oculto nas “transações tenebrosas do poder político” de que fala a letra do samba “Vai Passar” de Chico Buarque.
Levi B. Santos disse…
“de qualquer forma, não é curioso que buscamos por um padrão ético para que possamos viver com o outro sem desfraldá-lo ainda que vez ou outra, o desfraldemos?” (EDU)

Desejo(padrão ético, etc): É a busca incessante, ou uma tentativa de preencher a lacuna ou o vazio psíquico, decorrente da primeira situação de desamparo humano. (Freud)

Mas o discurso Freudiano diz que, esse lugar impossível do poder não pode ser ocupado por ninguém de forma absoluta.
Nesse contexto, a política representada pela retórica, é uma tentativa de administrar ou estabelecer mediações entre os homens.

Mas isto se torna bastante problemático, uma vez que a palavra é sempre um instrumento precário nas relações de forças entre os grupos humanos.

Uma palhinha sobre a frase emblemática do grande Noreda:

“manter vivo o inimigo às vezes é a melhor estratégia”

A ética política no nosso sistema diz que é “antiético” os membros de um partido revelar os “podres” de seus membros, aos outros de outra facção política.

Cada facção esconde o seu lado sombrio para humilhar, espezinhar o outro grupo, mas nunca com intenção de matá-lo.
O que sustenta a política é o gozo, é o princípio do prazer que necessita do outro, como “bode expiatório” (rsrs)
guiomar barba disse…
Hubner, nós não podemos latir porque a máquina governamental é simplesmente o extrato da sociedade...
Eduardo Medeiros disse…
NOREDA E LEVI,

só meu inconsciente(ou minha presa em digitar, ou minha burrice gramatical)podem explicar o por quê ao invés de usar DEFRAUDAR eu usei DES-FRALDA-R...KKKKKKKKKK

talvez por que eu esteja envolvido demais com FRALDAS e afins...rssss

mas noreda, eu concordei que o homem sempre foi mal (contrariando talvez a tese de sartre que a existência vem antes da essência?).

o que me intriga é o porquê de um ser que sempre foi mal, ter a consciência de que o BEM deveria existir como entidade SUPERIOR E METAFÍSICA, como depois propôs PLATÃO com sua filosofia do MUNDO DAS IDEIAS.
Eduardo Medeiros disse…
LEVI,

a ética particular dos políticos buscam de fato a autopreservação do status quo. quando são governos montam seus esquemas de corrupção e a "oposição" faz o teatro do discurso "ético"; quando a coisa se inverte, tudo continua na mesma.

e a roda viva continua a girar...

mas desde os primeiros tratados e legislações éticas da humanidade, como no caso do código de hamurabi dos babilônicos e a torá dos hebreus, os homens colocaram em um nível superior ao humano a origem da ética. no caso babilônico, teria sido o deus marduk que outorgara o código da hamurabi, e javé, teria dado a torá a moisés.
Donizete disse…
Levi,
Na política cabe o conceito "generalização". ao ingressar na política o indivíduo já coloca os pés na lama, e progressivamente vai se afundando. De maneira brilhante e sutil, você demonstrou que ainda, de forma indireta, todos participam das tramoias arquitetadas para o bem pessoal ou partidário. São todos farinha de um mesmo saco. Certo Pastor com passagem rápida pela política disse que naquele ambiente, o homem de caráter precisa ter firmeza para dizer não, não apenas uma vez por dia.
Há, ia me esquecendo. o nosso amigo JL disse que num futuro bem próximo irá se candidatar a um cargo político. Já o aconselhei, mas ele continua irredutível.. RSRSRSR
Abraços.
Levi B. Santos disse…
EDU

É assim a ética na política:

Duas pessoas são acusadas do mesmo crime.
Se ninguém confessar, os dois podem sair livres.
Se os dois confessarem, os dois serão punidos.

A opção é um confiar no outro, para assim ambos ficarem livres da punição.

È a ética da cooperação ou do fisiologismo. (rsrsrs)

Essa era a ética que nós irmãos, na época de criança, executávamos.
Ao nos unir a fim de não revelar nada dos malfeitos aos nossos pais, escapávamos das surras e dos castigos (rsrs)
Anônimo disse…
Levi,

É baseado na "cooperação" que a malandragem continua.

Nós pensamos muito em "corrompimento" individual, porém, lá no alto escalão da Demoniocracia a coisa é mais roxa ainda (preta é preconceituoso).

Não é um nome que está em jogo, é o nome do "grupo", do partido, às vezes do estado, do país.

Assim como um "pecado" DEVE ser "abafado" no alto escalão pastoral, assim é na Política.

Você nunca ouviu a história abaixo?

"Reunidos estão dez pastores líderes de sua região discutindo um adultério (confirmado) do décimo primeiro, que não está presente. No meio da reunião um deles diz: Deve ser de comum acordo que seja feita a transferência de tal pastor para uma outra região, mantendo assim o nome da instituição resguardado de acusações."

E assim caminha a humanidade, onde o grupo moralista joga contra seus próprios conceitos dependendo de quem esteja em jogo.

E se fosse um membro comum? "É de consentimento de todos que tal sujeito deva ser extirpado do nosso meio. E todos dizem: AMÉM (ou ODÉIEM)".

Abraços,

Evaldo Wolkers.
Levi B. Santos disse…
É meu caro Evaldo

Os grupos (religiosos, políticos e sociais) que se afirmam “éticos” , em toda parte promovem desfiles de falsas virtudes.

O ruim é quando o pensamento se torna escravo desse tipo de hipocrisia.

Não é bom confiar em pessoas que se alardeiam éticas. Quando encontrar uma delas na rua, atravesse para o outro lado. (rsrs)
Hubner Braz disse…
Srs,

Na revista Veja desta semana na página 86 tem uma frase que chamou minha atenção:

[b]"É permitido roubar! Desde que isso seja feito antes do início do mandato parlamentar, segundo entendimento dos deputados".[/b]

Talvez os parlamentares acreditam que a ética e a politica são conciliáveis depois que eles se elegem pelo voto do povo.

Talvez eles acreditam que os seus pecados são perdoados porque "a voz do povo é a voz de deus".

Talvez as propinas recebida antes do mandato são apagados quando todos os parlamentares fingem que nunca houve.

A conciliação está na mente parlamentar, enquanto nós sofremos as consequências deste monopólio político, onde só se elegem aqueles que tem muito dinheiro para investir na sua eleição.

Creio que com a implantação do voto digital está imagem corrupta possa entrar em extinção.

Ótimo feriado pra você!!!
Levi B. Santos disse…
Donizete

O nosso confrade J. Lima vai se candidatar?!

Vamos orar como Cristo orou pelos seus discípulos:

“Pai, não quero que os tire da política, mas que os guarde da corrupção do mundo político.” (rsrs)
Levi B. Santos disse…
“Talvez eles acreditem que os seus pecados são perdoados porque...”

Hubner, responda-me com sinceridade.

Na sua ótica cristã, será que caberia, aqui, para os “nossos nobres representantes” no Congresso Nacional, a célebre frase atribuída a Cristo:

Pai, perdoa-lhes, por que não sabem o que fazem ?
Levi,

Ali, só está quem sabe exatamente o que quer e tem extrema competência no que faz. Ladrão incompetente está preso ou morto. Nós temos um, há 20 anos, considerado o melhor. Isto é competência. Não sei se esta esbórnia do PT chega lá. He, he, he...Estão roubando descaradamente e fazendo muxoxo da justiça.

Abraços.
guiomar barba disse…
Levi, estou de intrometida, mas cabe: "Apartai-vos de mim malditos para o xadrez... E ainda pensam em perguntar por que? Hipócritas! cínicos!

Perdão pela intromissão.

Estou esperando o psicanalista no Caminho da Teologia.
Beijão.
É, está ficando configurado que o (unico?) assunto de interêsse da confraria é a homofobia cristtã. Quando alguem insiste em ser do contra recebe o silêncio como resposta.É uma pena...
Levi B. Santos disse…
Fiz uma pergunta ao Hubner, mas ele não apareceu para dar a sua versão sobre "o perdão para os políticos" que ele mesmo ventilou em seu comentário (rsrs)


MIRANDA

Não sou profeta não, mas parece que é a sua vez de postar (desde ontem), uma vez que o Márcio se tornou "anjo", isto é, só aparece quando os deuses determinam.(rsrs)

E o Rodrigo já fez a sua ressalva de que vai se retirar por uma temporada a fim de estudar para um concurso.
Hubner Braz disse…
Levi,

Voltei para responder... sorry pela demora!

Sua pergunta:

"Na sua ótica cristã, será que caberia, aqui, para os “nossos nobres representantes” no Congresso Nacional, a célebre frase atribuída a Cristo:

Pai, perdoa-lhes, por que não sabem o que fazem ?"
Creio que não, sei que eles são bem crescidinhos... e no mínimo já conheceram o Silas Malafaia!!!

Abraços Levizão
Unknown disse…
ética e política são possíveis? sim, veja casos como o do japão, e alguns outros países europeus.

quem faz a ética na política é o POVO. tudo depende de sua cultura. o problema é que no mundo todo (e não só aqui), falta ética no próprio povo.

enquanto as pessoas acharem normal a corrupção, a transgressão às leis (quem respeita todas as leis de trânsito?), os políticos vão refletir suas escolhas.

o povo gosta de ser comprado, de ser enganado, de confiar em bandidos. caso contrário certos pastores televisivos estariam desempregados a uma hora destas.

um povo idiota sempre será enganado, levado como um gado para onde querem os políticos. infelizmente, isso não tende a mudar no curto prazo. nas próximas eleições mais bandidos subirão ao poder.

há aqui, no Brasil, alguns exemplos de ética e sanidade política. dois que eu gosto muito são o Cristovam Buarque e o Jean Willys, quem segue o twitter deles sabe das suas propostas (geralmente na casa da educação, humanismo, laicismo etc). vá perguntar ao povão o que acham deles?
Unknown disse…
ah, e, perdão? hahahahhahaha. eu aceito as desculpas desde que os bandidos devolvam todo dinheiro que roubaram, sejam presos e prestem serviços comunitários para o resto de suas vidas (lavar ruas, coletar lixo, construir moradias etc). aí sim poderão dizer que estão "arrependidos".