Ressonâncias do “Homo Religiosus”




Mircea Eliade, em seu livro — “O Sagrado e o Profano”, afirma que o “homo sapiens” é antes de tudo “homo religiosus”. Para ele, a religião existe até mesmo para aqueles que dizem não ter religião. Alguns antropólogos torcem o nariz para tal afirmação, uma vez que vêem, em sua concepção, uma sociedade ocidental caminhando para uma total dessacralização.
Segundo Silas Guerreiro, mestre em Antropologia e chefe do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC/SP, Eliade vai mais fundo na sua argumentação: ele diz que, “na modernidade, o sagrado aparece camuflado em movimentos que se dizem laicos ou até anti-religiosos, como algumas organizações ambientalistas”.
Segundo Silas, há autores que vêem na instituição do mercado, um forte componente religioso. O mercado assume o valor de entidade absoluta, invisível, que tudo regula. Os investidores têm fé nessa força, senão ninguém arriscaria seus recursos em algo que o futuro trará benefícios. Os shopping centers — templos do “deus mercado" — vem desempenhando a função outrora atribuída às catedrais. Quase todo mundo a de convir que algumas missas (e cultos) viraram lazer e aeróbica. A propaganda vende não só a mercadoria que anuncia, mas um padrão de vida e, principalmente, um pouco de felicidade. Através do consumo, que assume o feitio de oração, nosso paraíso mítico pode ser alcançado agora, mesmo por instantes. Que o digam os pastores do evangelho da prosperidade
Freud, sempre considerou a religião uma espécie de retrocesso aos tempos da infantilidade humana. Em analogia ao que falou o fundador da psicanálise, eu diria que a religião, antropologicamente falando, é sim, um retorno a vida primitiva do homem, uma vez que a magia foi durante os primórdios a única forma de religião.
Para certos estudiosos do comportamento humano, os líderes das seitas pentecostais, à maneira dos antigos magos e feiticeiros, executam esse tipo de regressão e, designando-se como portadores de poderes sobrenaturais manipulam os doentes como se as suas enfermidades fossem forças espirituais maléficas do ar.
Levi Strauss, em seu livro “O feiticeiro e sua Magia”, afirma que “a base dessas técnicas ritualistas, está na “eficácia simbólica”. Não se trata de debater se os rituais têm realmente algum poder curativo, ou se o mundo dos espíritos de fato existe. Ocorre que os rituais são mesmos poderosos, pois os sujeitos trazem para sua experiência com a doença essas referências simbólicas, e elas interferem no tratamento”.
Para nossa mente centrada na ideologia científica fica difícil aceitar um campo de representação simbólica da doença. Mas não podemos negar que o recurso místico traspassa ainda a sociedade atual. É como aquele doente que sofre de depressão, e diz para seu médico: “estou tomando os comprimidos que o senhor recomendou para dormir melhor, mas me sinto mais dinâmico em minha saúde ao aliar a sua terapia aos meus rituais igrejeiros”.
Os antropólogos, em sua grande maioria, concordam em um ponto: O de que a ideologia científica ainda predominante não reconhece essa realidade oculta, insistindo em considerar como ingenuidade pueril, o complexo imaginário reinante no universo psíquico.
P.S.: Fazendo um retrospecto sobre os posts publicados até agora na C.P.F.G, notei que todos, sem exceção, descambam para o lado da religião. A postagem anterior (Alguns Rabiscos Sobre Vontade e Representação) do confrade Márcio, para mim, tinha tudo para sair do trivial, porém...
Dentro do espírito do texto que postei, quero fazer minha, nesse momento, a interpelação do confrade Bill, em seu primeiro comentário ao ensaio do Márcio:
“Mas por que diabos o assunto desandou pro mito cristão? Não era sobre Schopenhauer?”
Passo a bola para vocês... (rsrs)

Imagem: revistaaquiles.blogspot.com

Comentários

Levi B. Santos disse…
Senhores Confrades

Resolvi publicar esse ensaio, para preencher o vácuo de 13 dias sem postagem.

Alguns poderão pensar que sou guloso. Mas, o outro lado da moeda, mostra que há também anoréticos (rsrs)

Quem sabe, se após o recente "BUG" do BLOGGER, os Canarinhos Fora da Gaiola, não vão adquirir mais vontade de cantar?! (rsrs)
Eduardo Medeiros disse…
levi, eu ia postar, mas ainda bem que você postou na frente esse excelente texto.

concordo plenamente com eliade. "a religião existe até mesmo para aqueles que dizem não ter religião."

taí por que as nossas discussões sempre descambam para o mito, para a mística, e para deus...por mais que os neguemos, fazem parte de nossa psiqué. quem quiser se livrar do mito e da mística tem que abrir mão do que nos faz seres singulares: escritores de "irmãos karamazovi", talhadores de "rei david", pintores de "mona lisa", compositores de "jesus alegria dos homens", diretores de "avatar" e inventores do sagrado...
Levi Bronzeado disse…
A ressonância do “homo religiosus” perdura ainda em nós, e é evidenciada pela demonstração coletiva de preocupação com os fracos e oprimidos, pelo desejo não interesseiro de se agrupar pelo bem estar e a reunião de “coisas boas” em favor do indivíduo.

O pastor protestante, Pfister, que trocou inúmeras cartas com Freud, assim falou a seu respeito: “Gostaria que todo cristão fosse como ele”. “Não há melhor cristão que meu ‘amado adversário’ (como ele o apelidava) que, acima de tudo, tem dedicado toda a sua vida na busca pela compreensão do homem”.

Concordo com você, Edu.

Os mitos fazem parte da vida humana. Sem eles o que seríamos?
Quem pode negar a força do mito, que faz com que lágrimas caiam dos nossos olhos no cinema, mesmo sabendo que aquele filme que estamos assistindo é uma ficção?!
Este comentário foi removido pelo autor.
Levi,

Nem todos os assuntos dão margens para a discussão descambar para a religião. Isto acontece com os que tem problemas mal resolvidos com sua religiosidade, outros acompanham estes.
Concordo com seu texto, só não aceito você chamar Mircea Eliade de "ela". Com aquela fisionomia de carrasco húngaro, nem para gay serviria. He, he, he...
Abraços.
Levi Bronzeado disse…
Boa Altamirando!

Tá vendo pra que serve a Confraria. Agradeço a sua pronta correção.

Se eu não me engano, essa, talvez seja a terceira ou quarta vez que torno feminino o nome desse autor.(rsrs). Acho, que cometo esse lapso, devido o fato do encontro vocal "ea" soar como feminino.

Vou fazer agora mesmo a devida correção.

Quer dizer, Miranda, que você é um confraterno que tem problemas bem resolvidos com sua religiosidade?

Gostaria de saber a bula desse teu remédio, para ver se coincide com a minha. (rsrsrs)
Levi B. Santos disse…
Miranda

Vamos aprofundar mais o debate.

Freud, em o “Futuro da Religião” faz referências às representações religiosas como sendo ilusões que satisfazem os desejos mais antigos da humanidade,e o segredo de sua força é a força desses desejos.

Mas a palavra ilusão que é “in-ludere” no latim, significa “jogar para dentro. Pela raiz dessa palavra não dá para situar a ilusão como um “jogo que ocorre dentro de si”?

Dizem: Ah, mas a religião é infantilizadora. Mas não vivenciamos, quando criança aesse tipo de jogo com nossos brinquedos, que de certa forma não deixa de envolver um “jogo interno”? Desprezar esse “jogo”, não seria o mesmo que racionalizar que a realidade psíquica não tem o poder de fazer história?
Assim já muda a forma de pensar a ilusão como sendo um erro, ou distorção da realidade. Pense nisso.

Kant, uma vez definiu a ilusão como aquele jogo que persiste também quando se sabe que o pressuposto objeto não é real.

Creio que o “sentimento religioso” ou “Re-ligare” existe de forma inconsciente em todo o ser humano, ateu ou não ateu.

Será que os cientistas quando estão à procura de um planeta habitável, no fundo no fundo, não estão movidos pelo mesmo nobre sentimento de se religar a um paraíso de paz, que já viveram de forma inconsciente em suas origens bio-psíquicas?
Levi B. Santos disse…
(à guisa de continuar o debate)


Olhando mais a vagar, o texto postado, e depois de recuperar a masculinidade do famoso historiador romeno (rsrs), observei uma coisa: a pergunta do Bill que eu coloquei no final do ensaio, em letras garrafais, que é também a minha pergunta, tem, em parte, sua resposta no próprio título do texto: “Ressonâncias do Homo Religiosus” .

As ressonâncias do primitivismo religioso, expresso pelo “sentimento de se religar a um passado ou paraíso perdido”, funciona como um INSTINTO. E instinto, creio eu, não pode ser abolido ou deletado dos porões insondáveis da mente. O instinto pode ser deslocado, projetado, etc. O sentimento mágico de encantamento, é sem dúvida uma ressonância religiosa e, está presente de forma sublimada quando, por exemplo, o pintor está executando seu trabalho, o poeta criando suas poesias, ou quando o blogueiro está dialogando ou interagindo através de seus sites.

Creio que os confrades “Fora da Gaiola” (apesar da maioria se encontrar muda) estão aqui ou acolá passando por essa sala para ler as nossas divagações. De certa forma, a C.P.F.G, não deixa de funcionar como um meio simbólico que nos ajuda a transcender a realidade existencial nua e crua que se nos apresenta.

Em quase toda cultura existe o mito do paraíso perdido. É o vazio conseqüente a perda da plenitude que um dia desfrutamos que impulsiona os nossos anseios por um mundo mais justo e mais solidário. Tinha toda razão o apóstolo Tiago, ao dizer em sua carta, que a verdadeira religião era: “Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e guardar-se da corrupção do mundo”.

O “visitar órfãos e viúvas” tem acima de tudo um significado simbólico, um indicativo de que ao nos solidarizar com aqueles que tiveram as perdas de seus referenciais, estamos, ao mesmo tempo, como “seres faltantes” nos sentindo revisitados e confortados em nosso imaginário.
Eduardo Medeiros disse…
levi, concordo com você

"Creio que o “sentimento religioso” ou “Re-ligare” existe de forma inconsciente em todo o ser humano, ateu ou não ateu."

a devoção religiosa ativa áreas no cérebro que por enquanto, os neurocientistas dizem que elas só servem para isso. alguns criativos já até cunharam um nome específico para o estudo desse área, "neuroteologia".

"deus" mora no cérebro humano. por mais que nós expulsemos as construções divinas que nós criamos, ainda assim ficará lá incólume, a região do cérebro que nos permite transcender e buscarmos encher

"o vazio conseqüente a perda da plenitude que um dia desfrutamos que impulsiona os nossos anseios por um mundo mais justo e mais solidário."

como disse o pastor levi.

é sério, levi, adoraria vê-lo pregando um sermão na igreja...rsssss
Caro Levi,

Eu sou um confraterno que tem problemas bem resolvidos com minha religiosidade. A contragôsto refuto seu tema que indubitavelmente descambou para este lado com sua anuência mesmo criticada anteriormente.Pois bem...
Resolvi minhas questões religiosas a partir do momento que discerni o que pode ser mentira do que,com certeza, é real. Não necessitei de psiquiatra para extingüir medos impostos quando criança. Desde que aprendi a ler, busco informações que protejem meu sistema cibernético de "neuroteologias". Não é uma receita de bolo, a questão é não gostar de ser enganado já que estupidez não é virtude.
Unknown disse…
a religião e seus mitos fazem parte da nossa evolução e formação como sociedade. isto é inegável. para o bem e para o mal nos formaram, mas hoje estamos vendo que é preciso dar um passo adiante.

a antiga fantasia de que um culto, um rito, uma religião vão salvar o mundo está a muito morta (embora cada religioso ainda insista em dizer que, no dia em que todos se tornarem como eles, o mundo será melhor), e a sociedade está percebendo que é preciso muito mais do que apelar a um mundo que só existe em nossas mentes para fazer as coisas funcionarem.

foi assim com a medicina, quando aos poucos fomos percebendo que mágica e orações não resolviam os problemas (embora ainda hoje muitos apelem à estas velhas fantasias). será assim com a política, quando percebermos que deus algum resolverá nossos problemas.

somos de certa forma indivíduos religiosos? sim, de fato. os deuses e templos mudaram, hoje os fanáticos adoram estrelas de cinema e fazem seus cultos nos shoppings... mas estamos mais espertos, ao menos nas sociedades onde o secularismo avançou adequadamente, pois ainda que nossos deuses tenham mudado, cada um tem seu próprio e não atazana o outro com isto.

de uma certa forma, muitos precisam disto: um ídolo para adorar e se mirar. eles deixaram de ser seres mágicos para se tornarem de carne e osso, mas mesmo os de carne e osso são Mitos. a gente idolatra os personagens que as estrelas incorporam, mas não as pessoas que elas são, pois raramente podemos vê-las de perto, tocá-las, conhecê-las de fato. criamos imagens, fantasias, e adoramo-nas.

e qual a diferença em se adorar um Mito de milhares de anos de idade e um Mito atual? ao meu ver, nenhuma. nenhum dos dois é real, embora o mais novo seja a máscara de uma pessoa real. e em nenhum caso quem adora é melhor ou pior do que quem não adora.

entretanto, quando um fanático mata por causa de seu ídolo, trava guerras, força seus filhos a adorarem seu deus, tenta convencer à força a todos que seu deus é melhor que o dos outros, o que a sociedade inteira deve seguir seus ensinamentos, aí regredimos àquela primitividade de outrora, àquela sociedade insana, injusta e má. é neste ponto em que a religião mostra suas garras.
Gabriel Nagib,

A nota 11 ficou pequena para expressar, com louvor, sua réplica.

Amém, he, he, he...
Caro Levi,

A religião não deixa margem para ingestão. "Iludir" é o melhor termo para definir "In ludere".
A religiosidade faculta direitos a aproveitadores para iludir incultos e incautos. O sentimento de re-ligação no sentido religioso é psíquico e não deixa margem para o biológico, não se fundem.
Ser solidário e se resguardar de corrupção não é religiosidade, é cidadania. O simbolismo de Tiago não tem mão unica.
Alguem já disse que religiosidade é um vírus no intelecto? He,he...
Levi Bronzeado disse…
”Não é uma receita de bolo, a questão é não gostar de ser enganado já que estupidez não é virtude”.

Caro Miranda


Eu também fui enganando, aliás, deixei-me enganar durante muito tempo. Fui objeto de expectativas criadas por meus pais, ao aceitar passivamente o maniqueísmo gasto do bem (nós) contra o mal (os outros, os de fora).

Acredito, meu caro Miranda, que a minha e a sua revolta não é contra o ”sentimento religioso” em si, que segundo Eliade, é inseparável do homem. A nossa revolta é, sim, contra a manipulação, exploração da fé para fins espúrios, de lideranças, cujo desejo inconsciente prima mais pelo reacender da intolerância entre grupos sociais numa espécie de retrocesso ao tempo das cruzadas. Isso, definitivamente não tem nada a ver com o conceito de religião atribuído ao apóstolo Tiago em sua carta. Ora, a verdadeira religião, acima de tudo, é se solidarizar com os oprimidos, doentes e as minorias perseguidas.

Eu diria que o ”sentimento religioso” que nos levou a experenciar uma escravidão eclesiástica dentro de gaiolas templárias, hoje, de uma forma mais sublime, talvez estejamos usando-o em outros setores de nossa vida de relação.

Hoje pela manhã fiquei pasmo, ao ver pastores eufóricos de olhos esbugalhados, convocando a “manada” para cercar o Congresso no dia 29 de maio. Os evangélicos do meio onde eu vivia vão fazer uma “jihad” santa para defender o seu deus, que segundo eles foi passado para trás, por uma decisão unânime tomada pelo STF.

Mas o que tem a ver essa loucura eclesiástica de revide, vingança e intolerância, com o “sentimento religioso”, ou o sentimento de transcendência? Nada, mais nada mesmo.

Eles, os “evangélicos”, querem reeditar a força da letra da Lei, aos moldes dos fariseus do tempo de Cristo, não atentando para o espírito da lei, que seria o correto. Esse, definitivamente não é fruto do “espírito religioso”, é sim, o “Tânathos” de que fala Freud para identificar a “pulsão de destruição” do instinto animalesco humano, cujo modelo está muito bem evidenciado na figura emblemática do “cristão”, Hitler.
Wilma Rejane disse…
Levi,

Esse artigo é muito rico em conceitos sobre religião e religiosidade e apesar disso, não chega a uma conclusão sobre o que seja um e outro, se beneficos ou maléficos. Mas é isso, esse dilema existe desde que o mundo é mundo.

Freud diz que religião é delírio, retrocesso. Eliade, diz que todo humano é religioso, em sua obra Sagrado e Profano ele delimita territórios para: Sagrado (o que tem ligação com Divino) e Profano o que é terreno, masisso é relativo. Até que ponto esses conceitos refletem a realidade? Não poderíamos chamar de sagrado também o humano? E dizer que alguns cultos ao "divino" são absolutamente profanos?

Elíade tem uma obra fabulosa chamada "O Simbolismo das Conchas" que retrata a religiosidade como inerente a todas as épocas e culturas e eu concordo com ele.

Freud, não estava totalmente errado ao dizer que religião = delírio = retrocesso. Algumas vezes, chega a ser ridículo a abservância de alguns cultos: Pessoas caindo, gritando, imitando animais, oh!Oh! "delirius tremulus", entorpecidos de ignorância, não do Espírito. Freud explica, mas erra quando generaliza.

Felicidades aos pensadores desse rico blog.

Prometi e vim Edu! E gostei!
Caro Levi,

É por aí... É por aí. Só que não tenho sentimento algum por eles, nem mesmo o respeito.
Eduardo Medeiros disse…
wilma, querida amiga, seja bem-vinda. sinta-se em casa neste recanto dos hereges e desertores de javé...rs mas aqui só tem gente boa, menos o anjo do mal bill e o sarcástimo-mor mirandinha...brincadeirinha bill e mirandinha, amigo, amigo...
Eduardo Medeiros disse…
bill, também quero dar-lhe nota máximo pelo comentário, uns dos mais equilibrados que você já fez em minha opinião.

mas cá prá nós, você não acha que deve existir alguma coisa por aí nos recantos do universo parecida com deus..? rsssssss

gosto de imaginar que o universo está cheio de deuses. eles são as mentes conscientes dos humanos e de algum outro ser consciente que possa existir por aí. é tão chato ser filho único do universo...
Unknown disse…
Ed, respondo-te com uma frase do House: "it's not about the fun, it's about the truth".
Muito bom o tema!

Inicialmente pergunto: será que existe o gene religioso?

Bem, muitois pesquisadores afirmam que o Homem de Neanderthal, há 150 mil anos, já praticaria ritos funerais. Sei que há polêmica em relação a isto, mas eu optaria por concordar.

Além de Freud, houve um outro crítico da religião que era Karl Marx, cuja crítica parece ter sido baseada em outro filósofo alemão - Ludwig Feuerbach (1804-1872).

Conforme escrevi no artigo "Um outro mundo é possível!", postado hoje meu blogue, embora Marx reconhecesse que a primeira tentativa de revolucionar a humanidade teria começado com a religião, provavelmente que a sua visão ficou obscurecida pelas práticas mesquinhas das instituições religiosas. Estas, certamente, tinham se tornado instrumentos de alienação a serviço das classes dominantes, mas isto não era elemento suficiente para que a busca do homem pela sua re-ligação fosse interpretada como um narcótico -“a religião é o ópio do povo”, dizia ele.

Lamentavelmente as revoluções socialistas foram feitas de maneira alienada em relação à re-ligação do homem com Deus. E pra mim, o que mais falta a um protesto popular no Ocidente seriam os manifestantes pararem para uma oração coletiva como fizeram os egípcios do começo deste ano.

Abraços.
Levi Bronzeado disse…
Até que ponto esses conceitos refletem a realidade? Não poderíamos chamar de sagrado também o humano? E dizer que alguns cultos ao "divino" são absolutamente profanos?


Wilma Rejane


Primeiramente, desejo-lhe boas vindas. Fazendo votos de que não deixe de comparecer sempre a esta sala, a fim de dar as suas valiosas contribuições, como fez, agora, com muita propriedade.

O seu comentário e seu questionamento foram de muita valia na exploração do tema religioso, que atualmente, e mais do que em épocas anteriores, tem sido explorado por uma quantidade grande de autores. Inclusive, aqui na C.P.F.G, tem sido uma fonte inesgotável de abordagens as mais diversas.

Quanto ao resvalar dos temas aqui postados para o lado religioso, pensando diferentemente do confrade Miranda, creio eu, que este sentimento RE-LIGARE tem raíz mais profunda na psique humana, e que pode, por um mecanismo de defesa inconsciente, está sendo negado. Foi por isso que escrevi esse ensaio: para justamente evidenciar que as “ Ressonâncias do “Homo Religiosos” continuam latente dentro de nós.

Com relação ao reaparecimento de formas primitivas de religião principalmente nas correntes pentecostalistas (que o Bill bem abordou), tenho a dizer que, atualmente, na França surgiu a Etnopsiquiatria — uma área interdisciplinar onde psicólogos, antropólogos e psicólogos têm procurado conhecer melhor o imaginário do religioso, visando integrar à lógica médica àquilo que lhe é anterior – no caso as sensações daquele crente que está doente e se diz vítima de um espírito maligno.

Os portadores do saber científico estão apontando numa direção em que se pretende abolir o julgamento de “verdades” e “conceitos” entre o que é sagrado e o que é profano que apesar de fazer parte de nossas culturas, têm, de certa forma, sido obstáculo na compreensão do ser humano como um todo. A finalidade é no sentido de promover um diálogo entre os universos simbólicos que embasam as religiões e que permeiam o jogo social.

Num futuro bem próximo, teremos, sem dúvida, obras que nos darão mais subsídios para compreender com mais profundidade o caleidoscópico mundo religioso através das lentes da interdisciplinaridade, uma vez que o relativismo cultural tem chegado tardiamente entre nós.


Abçs

Levi B. Santos
Meu amigo Eduardo Medeiros,

O segundo e o terceiro lugar colocaram você no podium mas você continua olhando para cima... He, he, he...
Unknown disse…
"Lamentavelmente as revoluções socialistas foram feitas de maneira alienada em relação à re-ligação do homem com Deus. E pra mim, o que mais falta a um protesto popular no Ocidente seriam os manifestantes pararem para uma oração coletiva como fizeram os egípcios do começo deste ano."

Discordo plenamente. Oração em nome de que deus? em nome de que religião? é a laicidade de Estado que traz justiça, não o contrário. não existe esse mundinho onde todos vão dar as mãos e orarem ao mesmo deus, ou melhor, onde isto existe, é o inferno, veja as teocracias atuais e antigas.

é este pensamento mesquinho que fode o país, "religar a deus" não é algo que a sociedade deve fazer, isto é algo de foro pessoal, não coletivo.

não é juntando as mãos e rezando que nossos problemas vão embora.
Eduardo Medeiros disse…
bill, meu camarada, o fun e o truth não se autoexcluem; existe fun que é truth e isso é muito bom; chato mesmo é o truth sem fun...

e o house é um pé no saco.
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, meu camarada, olhar para cima é uma opção de quem está embaixo. ainda que eu não queira o podium.
Eduardo Medeiros disse…
bill, sobre a frase do rodrigo onde você o interpela perguntando

"Discordo plenamente. Oração em nome de que deus? em nome de que religião? é a laicidade de Estado que traz justiça, não o contrário."

ora, bill, todos os estados laicos são exemplos de justiça? existem os estados laicos que são verdadeiras teocracias; isso acontece nos regimes ditatoriais, onde deus é o ditador. e não foi isso que aconteceu com os estados laicos comunistas?

e os estados laicos democráticos são sempre justos? a história está aí para responder.

num daqueles livros proverbiais que fazem parte daquela biblioteca antiga, arcaica, anacrônica e mitológica, diz que "pela justiça o rei estabelece a terra, mas o amigo de subornos a transtorna" (pv 29.4).

a solução não é somente o estado laico, é o estado laico justo e que não aceite subornos. tá no livro.
Eduardo Medeiros disse…
bill, mais uma coisa:

"é este pensamento mesquinho que fode o país, "religar a deus" não é algo que a sociedade deve fazer, isto é algo de foro pessoal, não coletivo."

na verdade, teríamos que entrar numa discussão sociológica onde teríamos que decidir quem é que fode quem. é a sociedade que fode o indivíduo ou é o indivíduo que fode a sociedade?

apesar de eu ser um entusiasta pela diversidade das tradições religiosas da humanidade, não fecho os olhos para seus males; no dia em que as religiões puderem andar de mãos dadas e cada uma delas orar para o seu deus sem querer detonar o deus da outra, visto que no fundo, todos os deuses querem apenas ser espelhos do Mistério, então uma nova era se inaugurará na terra.
Gabriel: "Oração em nome de que deus? em nome de que religião?"


Amigo,

Não se trata de um Deus qualquer construído pelos dogmas e credos conforme gerenciam as instituições religiosas, mas sim do Deus vivo que é bendito eternamente!

Falo do Deus que só encontrado através de uma experiência radical quando o ser humano se dispõe a escutar a si mesmo e resolve se abrir para o aprendizado, o que exige do homem um desapego de seus conceitos ultrapassados afim de beber do vinho novo. E este não pode ser deitado nos odres velhos de uma visão científica ainda limitada pelo materialismo.

As conquistas científicas de nossa desnorteada sociedade ocidental, bem como os bens oferecidos pelo mercado tornaram-se ídolos construídos pelo homem e que tentam ocupar do lugar do Deus vivo no coração humano. E não só isto, mas também as ideologias políticas, o dinheiro, a compulsão pelo sexo, a dependência das drogas, nossas glutonarias, a internet e o fanatismo religioso acabam se tornando os falsos deuses do presente aos quais o homem presta seu culto irracional.

Acontece que o homem não consegue se preencher com estas coisas. Há um vazio existencial em cada um de nós e este espaço anseia pela presença do Deus vivo. E não há nada mais terapêutico do que a re-ligação do homem com o Eterno.

Ora, não estou falando de um Deus que você se conecta fora de si, mas sim no seu interior, pois nós somos o templo de sua habitação!

Só que, enquanto o homem recusa-se a se conectar com o Deus vivo, ele vai se drogando com o ópio de suas próprias invencionices idolátricas, iludindo-se com as coisas transitórias deste mundo ese esquecendo que ele passa, mas Deus continua sendo Deus de geração em geração, por toda a eternidade.
Ora, já que o Levi citou Sigmund Freud no seu brilhante artigo, do qual discordo, mas respeito sua crítica porque muitos fazem de sua religiosidade uma neorose, ou expressa sua infantilidade, quero aqui citas as palavras de um outro psicanalista. A saber, o suíço Carl Gustav Jung (1875 — 1961):

"Em todos os meus doentes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de trinta e cinco anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão de sua atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por terem perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos aos seus seguidores, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria. Isso, está claro, não depende absolutamente de adesão a um credo particular ou tornar-se membro de uma igreja".

Ora, o que Jung está nos dizendo senão que o homem anseia pela re-ligação com a verdadeira Vida que é Eterna?

Sim. Pois buscamos inconscientemente a todo momento o universo ao nosso eu.

"Portanto, a re-ligação nos permite identificar o elo perdido. Re-ligar todas as coisas e todas as experiências. Re-ligar todos os eventos cósmicos para constituir uma cadeia coerente. Re-ligar todas as etapas da cosmogênese e da antropogênese para dar unidade ao processo evolucionário. Re-ligar o mundo ao eu, o eu empírico ao eu profundo, à sociedade, à história, ao universo e, por fim, re-ligar tudo, tudo à sua origem secreta, Deus. Deus empata tudo, penetra tudo, anima tudo, re-liga tudo. Tudo está em Deus e Deus está em tudo (panenteísmo, diferente de panteísmo que diz erroneamente: tudo é Deus, Deus é tudo)." (BOFF, Leonardo. "O despertar da águia: o dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade". Petrópolis: Vozes, 1998, pág. 157)

Neste momento em que a humanidade ainda busca tatear o Deus no qual todos nós vivemos, nos movemos e existimos, navegando como um barco numa tempestuosa e neblinenta noite sem lua, ansiando por um caminho que lhe conduza a um porto seguro, só a íntima e verdadeira re-ligação com o Deus vivo pode trazer luz ao homem nesta hora tão difícil e evitar o naufrágio.

É o que a política brasileira tanto precisa!

A política, que não tem como divorciar-se da religião, só terá ética quando esta for gerada de dentro, através de uma experiência radical e profunda do homem com Deus que se dá pela reverência sincera pela Vida. Pois enquanto o homem não despertar sua consciência e se perceber parte de uma Vida maior, presente em todos os seres e que irradia por todo o universo, este homem continuará alienado, buscando só os seus próprios interesses.

Então por que orar a Deus?

Devemos orar porque é a maneira de expressarmos a Ele nossa reverência, adoração, gratidão, dependência de sua graça, anseio pela sua instrução luminosa e confessarmso o nosso pecado.

Sinceramente, tem muito mais efeito um protesto em frente ao Congresso Nacional onde os manifestantes orem o Pai Nosso do que um bando de baderneiros sair chingando a Dilma.

Nisto temos muito o que aprender com os muçulmanos do Egito que, às sextas-feiras (dia sagrado da religião deles) dobravam seus joelhos na Praça Tahrir pedindo a Allah que tirasse aquele ditador sanguinário do poder.

Apesar de todo o sentimento que os intelectuais deste nosso país tem pelo laicismo estatal, entendo que é um erro querer amordaçar a voz profética quando esta clama por justiça ao invés de tentar fazê-la violentamente por suas próprias mãos.

Ah! Como eu gostaria que houvesse uma re-ligação na política...
Religião!?..Religião!?..Religião...
Todos querem um DEUS para adorar, pedir favor, culpar pelo infortúnio e maldizer.
Calma gente!...Há DEUS para todos. Encontre o seu conforme sua necessidade e fortaleça sua fraqueza. Que Alá, Buda, Jesus, Maomé, Xangô ou Tranca-rua lhe proteja. Amém...
Eduardo Medeiros disse…
rodrigo, assim como aplaudi uns dos comentários anteriores do bill, faço o mesmo com este seu mais recente. eu não concordaria com uma coisa ou outra, mas ele toca no foco principal: está na hora de nós, seres inteligentes, nos reconciliarmos com a natureza e com nós mesmos; a espiritualidade pede reconciliação. temos que aprender de uma vez por todos que nós não somos algo separado de todo o resto da natureza e do cosmos; tudo é ligado coerentemente como disse boff; essa dimensão espiritual que existe não só no homem, mas no universo como um todo, poderia ser melhor percebida pelos materialistas céticos se eles parecem de olhar para as religiões e olhassem para si mesmos, pois é lá que mora a "eternidade".

Jung apontou o problema e a solução. não adianta negar a dimensão do sentimento espiritual(para não dizer "religioso") que habita em nós; negá-la não resolve o problema; exercitá-la em cultos com dogmáticas opressivas pioram o problema.

pensem no big-bang: nós somos aquilo.
Levi Bronzeado disse…
“Mas nossa mentalidade moderna olha com desdém as trevas da superstição e a credulidade medieval ou primitiva, esquecendo-se por completo de que carregamos em nós todo o passado, escondido nos desvãos dos arranha-céus da nossa consciência racional”

(Jung, chega a ser poético nesse trecho do livro “Psicologia e Religião” - pág. 40 – Editora Vozes)
Há as ondas e o mar. Nós somos as ondas, cada um de nós é uma onda que olha para outra onda. Resulta disso a ilusão de sermos separados uns dos outros. As ondas nascem, existem e morrem. Elas voltam ao mar. Assim nossa percepção da dualidade e da multiplicidade da vida cotidiana é, no plano da microfísica uma ilusão.

Caro Edu, você foi muito coerente em seu comentário anterior. Só não entendo porque a eternidade mora no ego e só é melhor percebida pelos materialistas céticos. Se o religioso perceber ele perde sua crença?
Ninguem nasce médico, geólogo, carpinteiro, religioso ou ladrão. São condições impostas quanto ao meio, cultura ou poder.
CH disse…
Vou entrar de gaiato nessa ;)
O Edu disse:

"nos reconciliarmos com a natureza e com nós mesmos; a espiritualidade pede reconciliação. temos que aprender de uma vez por todos que nós não somos algo separado de todo o resto da natureza e do cosmos; tudo é ligado coerentemente como disse boff; essa dimensão espiritual que existe não só no homem, mas no universo como um todo, poderia ser melhor percebida pelos materialistas céticos se eles parecem de olhar para as religiões e olhassem para si mesmos, pois é lá que mora a "eternidade".

Mesmo como ateu, concedo isso com prazer. O que não apoio é a noção de transcendência como inata, como queria Jung. Jung tentou explicar a natureza dessa eternidade ,desse mistério que encontramos olhando para nós mesmos, taxando-lhe de transcendente. Nada nesse mistério nos diz que a resposta está no transcendente. A própria neuroteologia, citada em alguns comentários, só pode afirmar que o estado cerebral de um transe místico é diferente do estado cerebral de uma ilusão cognitiva (em outras palavras, não é ilusão nem coisa de esquizofrênico), porém, não deixa de ser um estado cerebral atingível tanto por meditação profunda quanto por uma droga. O que prova uma droga?

O homem tem um mistéiro dentro de si? Sem dúvida. O simples ato de termos de pensar sobre isso já é evidência. Se fossemos oniscientes, pra que pensar? Porque o homem tenta sempre responder a esse mistério com base no transcendente? Ora... não podemos esquecer que essa divisão pra lá de arbitrária entre transcendente e imanente é muito mais recente do que a cultura humana, tanto que faz parte de algumas delas e não todas.

Abraços,
Carlos, que bom tê-lo aqui. Bem vindo.
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, eu disse que

"essa dimensão espiritual que existe não só no homem, mas no universo como um todo, poderia ser melhor percebida pelos materialistas céticos se eles parecem de olhar para as religiões e olhassem para si mesmos, pois é lá que mora a "eternidade".

eu disse que os materialistas céticos têm dificuldade de conceber tão dimensão de unidade por que eles veem isso como algo "religioso" e como a religião, na visão de alguns, é o cocô do cavalo do bandido existencial, eles ligam uma coisa à outra, perdendo assim, a possibilidade de se abrirem ao mistério, que não é religioso, pois a religião foi apenas uma resposta ao mistério e não o mistério em si.

carlos, que bom que uma discussão aqui te levou a coçar os dedos e fazer você mandar um comentário originado dessa tua cabeça privilegiada (não te chamei de paraíba, entendeu, né?) mas que parênteses preconceituoso né...? retiro o que eu disse mas fica dito.

você tem suas boas razões em dizer que "O que não apoio é a noção de transcendência como inata, como queria Jung."

mas ainda que a noção de transcendência tenha sido formulada e pensada, ela foi originada de sentimentos e afetos que apareceram em nós em tempos bem primitivos da nossa evolução.

você está certo, os conceitos de transcendência e imanência foram usados pela teologia para caracterizar o deus bíblico, numa tentativa de conciliar esse sentimento que nasce dentro de nós(imanente) mas que se expande para fora(o universo).

para mim, o sentimento de transcendência nada mais é do que você olhar para as estrelas e sentir saudades do tempo em que você era um com elas.
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, esqueci de dizer que quando digo que a "eternidade mora dentro de nós" (não sei exatamente se no ego ou se na psiqué ou se nos sentimentos, se é que estas são instâncias divisíveis) é exatamente essa sensação de que somos quebrados, separados, retalhados. e que a unidade que um dia tivemos está tão longe de sua origem que parece ser uma sensação de "eternidade perdida" quando todos e tudo eram UM no UM. não me perguntem o que é o UM, muitos gostam de estragar o termo chamando-o de deus.
CH disse…
Amigos,

Obrigado pelas boas vindas!

Eduardo, é isso aí mesmo, só com o adendo de que quando me refiro à separação entre transcendente e imanente não me refiro apenas à noção teológica mas também ao próprio critério de demarcação científico e outras manifestações dessa separação.

Abraços!
Edu,
Esse Deus é o UM muito fajuto se um dia fui integrado a ele. Falta mérito até para me fazer imperfeito. Concorda?
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, meu filho, "esse deus" é quem? eu não falei em deus.
Edu. He,he,he...Meu paipá.

Mas falou na eternidade perdida quando todos eram UM, aludindo o Um a Deus para alguns.
Levi Bronzeado disse…
Não sei quantos vão concordar comigo, mas vou repetir, aqui, o que escrevi no ensaio “UM SENTIMENTO “INDESTRUTÍVEL” - postado no “Ensaios & Prosas” em Novembro de 2010:


“No sistema junguiano, o inconsciente torna-se uma fonte de revelações, um símbolo, para o que na linguagem religiosa, chamamos Deus. De acordo com Jung, o fato de estarmos sujeitos aos ditames do nosso inconsciente constitui em si mesmo um fenômeno religioso. Já no pensamento freudiano, o inconsciente é o “reprimido”, o que é incompatível com as exigências de nossa cultura e do nosso eu superior.
O fato de “não se estar consciente” dos problemas vivenciados na tenra infância, não significa que as janelas de ontem foram fechadas para os olhos de hoje".
CH disse…
Prezado Levi,

Minha crítica à visão junguiana é que ela cai na tentação de usar o homem como medida de si mesmo. Faz do homem um portador de uma "virtude religiosa" de forma inata, um "homo religious". Seria como afirmar que a água em si tem uma "virtude refrescante" ou que um texto tem uma "virtude comunicadora". Como linguagem poética ou simbólica vai muito bem (é ouvir a melodia), mas como explicação não serve. Aqui, é preciso buscar aquilo de que se compõe a melodia.

Por isso não aceito essa visão Junguiana de que o inconsciente pode ser posto em paralelo ou identificado como qualquer coisa com um "quê" de transcendental ou religiosa. O inconsciente é imanente e nada nele pode levar ou mesmo sugerir o transcendente. O transcendente só entra na jogada como pressuposto (e muitas vezes pela porta dos fundos, sem que percebamos) e um pressuposto dessa natureza é fruto do intelecto. Em outras palavras: O fato de que certas idéias que não tem existência natural (transcendentes) possam suprir ou responder certas perguntas (quemcosô? oncotô? proncovô? diriam aqui em MG) não significa que as perguntas em si tenham qualquer tipo de "virtude transcendente".

Campbell, ao escrever sobre a origem dos mitos, nos dá um belo exemplo disso: Há certa espécie de mariposa que busca sua parceria sexual com base na coloração. A de um certo tom de preto, sabe ela, é do sexo oposto. Em uma experiência, "pintaram" uma mariposa de um tom muito mais escuro do que qualquer outra já encontrada na natureza e, adivinhe só, ela virou a preferida da galera. A lógica da mariposa não parece ser "procure parceros com cor X" mas sim "procure parceiros com a cor mais escura possível". Procurar pela cor mais escura possível e afirmar que, por isso, há tal cor (ainda que transcedentalmente), são coisas bem diferentes.

É neste sentido que afirmo: onde Jung enxergava uma resposta para nossa própria religiosade ou tendência ao transcendente, eu enxergo apenas uma pergunta natural sem resposta. Um mistério. Por ver as coisas deste modo, aceito e pratico qualquer linguagem simbólica (como o Edu faz, com maestria) mas não aceito que se tente dar a essa linguagem ou ao homem que a usa qualquer tipo de "virtude transcendental em si" e acho que apenas nesse ponto é que meu ateísmo me separa dos mais religiosos.

Ixi... me empolguei...
Levi B. Santos disse…
Prezado Herrera


Entendo a sua oposição às teorias jungueanas, mas o que não podemos negar é que ao longo dos anos foi Jung e não Freud que manteve o caldeirão fervendo no meio dos teólogos. Foi ele que mergulhou profundamente no universo religioso, e mesmo sendo atacado por muitos de supersticioso, e obsoleta de cultos aos ídolos pagãos, foi em frente.

O seu livro “Resposta à Jó” é uma obra esplendorosa. Através da leitura reflexiva desse livro é que vamos compreender, como funciona em nós os afetos ambivalentes. A trama envolvente das representações simbólicas por ele elucidadas embasbacou muitos teólogos do seu tempo.

Para Jung, a concepção de um deus transcendental, simultaneamente magnânimo e onipotente, tornava a existência do mal, inexplicável. Foi estudando a alquimia que ele se aprofundou na busca da síntese dos contrários da psique, que é responsável pelo equilíbrio de religioso.

De certa forma, Freud e seus discípulos sempre estiveram lutando pelo “status” científico da psicanálise, amparado pelo racional. Enquanto Freud subia aos “céus” do conhecimento científico, Jung descia ao “inferno”, freqüentando os porões obscuros da alma humana, e era lá que ele encontrava a ambivalência que caracteriza o humano, representada por um ser “divino” e ao mesmo tempo “demoníaco” – como símbolos, que ele depois denominou de arquétipos. Os arquétipos são universais. O inconsciente do “homo sapiens” carrega realmente a essência do “homus religiosus”.

Se nos debruçarmos mais atentamente nesse tópico, iremos encontrar na modernidade, ecos desse “homo religiosus”, como diz o trecho de Elíade Mircea, que eu ressaltei no ensaio postado:

“na modernidade, o sagrado aparece camuflado em movimentos que se dizem laicos ou até anti-religiosos, como algumas organizações ambientalistas”.

Não é a toa, que quase cem por cento dos ensaios aqui na Confraria, terminam descambando para o assunto – religião ( No coração dos confrades há razões que a própria razão desconhece, parafraseando Pascal) - rsrsrs

Aqui ou acolá estamos dando pitacos racionais para afirmar ou negar esse “religa-re”, mas ele persiste, simplesmente, por que é um “sentimento indestrutível”.

Aí vai um link, como um pequeno subsídio ao tema:

http://levibronze.blogspot.com/2010/11/um-sentimento-indestrutivel.html
CH disse…
Grande Levi,

O que não consigo entender e aceitar é a afirmação de que haja uma conexão necessária entre o inconsciente e/ou qualquer tipo de mistério em nós mesmos e um conceito transcendental qualquer, religioso ou não. Buscar a verdade sobre nós e em nós é uma coisa. Rotular esta busca como religiosa ou transcendental é algo que só pode ser feito arbitrariamente.

Que somos mais do que nossa consciência é notório. Quantos de nós precisam se concentrar conscientemente para manter o coração batendo? Onde estão as memórias que não estão passando no "filme" em minha mente neste momento? Tudo isso está em nós mas não necessariamente na consciência. Com isso em mente: por que eu devo aceitar como necessária a tradução de um desconhecimento sobre nós mesmos, ou seja, um mistério, em uma busca religiosa e transcendental?

Ou talvez eu apenas esteja levando muito a sério o que visa ser apenas uma linguagem simbólica?
Eduardo Medeiros disse…
levi e carlos, seus cabeçudos, me atrevo a dar um pitaco na conversa de vocês.

carlos, para mim, a mesma fonte de onde saem as sinfonias, as pinturas, as esculturas, a literatura, a filosofia, a ciência, é a mesma de onde saem os deuses/religião.

religião faz parte da cultura de um povo e é o que de mais temos em comum com todas as demais culturas, já que todas elas criaram religiões mas nem todas criaram um tom jobim ou um mozart.

logo, se a capacidade de fazer cultura é algo que faz parte da nossa constituição como ser-que- pensa- em- si e para além-de-si, a transcendência é sim, natural em nós, por que a transcendência nada mais é, de certa forma, a capacidade que temos de pensar além de nós, além do aparente, além da realidade que nos cerca em busca quem sabe, do "significado original que a tudo responde" - em física, seria, a busca pela teoria que pudesse unificar as forças fundamentais do universo.

sua pergunta

"Com isso em mente: por que eu devo aceitar como necessária a tradução de um desconhecimento sobre nós mesmos, ou seja, um mistério, em uma busca religiosa e transcendental? "

eu entendo que essa "tradução" pode não se concretizar na religião e nem na transcendência a priori, mas foi a religião e a transcendência(o que está fora de nós e do ordinário) a melhor forma que os antigos acharam para entender esse "mistério desconhecido", esse "sentimento de abandono"; por ter a sensação que a resposta para essas perguntas estão além de nós, a transcendência entrou em cena.

concordo com você que essa busca não tem que ser necessariamente religiosa, mas creio que o impulso em direção ao "mistério" e ao "assombroso" se dá inconscientemente devido a nossa fragmentação que busca ser de novo um com o todo e a religião foi(e ainda é)um caminho para lidar com esse mistério. o que é inato é o sentimento de onde flui a cultura humana(a religião fazendo parte da cultura).

mas a busca pelas respostas, podem ser não religiosas e não transcendentais, como a ciência busca fazer. mas como a ciência ainda não respondeu satisfatoriamente àquelas três perguntas que o mineiro pronuncia de modo tão peculiar, a transcendência e a religião ainda são modos de abordá-las, assim como a filosofia.

mas parece que a ciência não está preocupada com essas perguntas, já que parece mesmo que ela jamais poderá respondê-las.

mas como você bem apontou no seu comentário, "Que somos mais do que nossa consciência é notório. Quantos de nós precisam se concentrar conscientemente para manter o coração batendo? " - é exatamente devido a isso que a transcendência se impõe, mas não de forma necessária.

e sim, isso é sempre feito através da linguagem simbólica; mas não que a linguagem simbólica seja necessariamente "mentira" ou "ilusão".

o significado grego para "símbolo" tem a ideia de algo partido, cujas partes estão separadas mas buscam se tornar de novo, uma coisa só.

não sei se estou sendo claro ou falando muito besteiras...rs
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, sua pergunta

"Esse Deus é o UM muito fajuto se um dia fui integrado a ele. Falta mérito até para me fazer imperfeito. Concorda?"

concordo. por esse "deus" você está se referindo ao deus judaico/cristão não é? vejo muitos méritos na concepção do deus cristão, porém, muitos desméritos. ou seja, nele se mistura as imperfeições e "perfeições" do povo, já que todos os deuses são expressão da própria consciência dos seus seguidores.

mas o conceito de "um" está acima de "deus"; o um não é uma pessoa.
CH disse…
Eduardo,

Se a transcendência se impõe mas não de forma necessária, então ela não se impõe, sendo apenas uma opção dentre incontáveis outras.

Você disse:


eu entendo que essa "tradução" pode não se concretizar na religião e nem na transcendência a priori, mas foi a religião e a transcendência(o que está fora de nós e do ordinário) a melhor forma que os antigos acharam para entender esse "mistério desconhecido", esse "sentimento de abandono"; por ter a sensação que a resposta para essas perguntas estão além de nós, a transcendência entrou em cena.

concordo com você que essa busca não tem que ser necessariamente religiosa, mas creio que o impulso em direção ao "mistério" e ao "assombroso" se dá inconscientemente devido a nossa fragmentação que busca ser de novo um com o todo e a religião foi(e ainda é)um caminho para lidar com esse mistério. o que é inato é o sentimento de onde flui a cultura humana(a religião fazendo parte da cultura).


Os pontos que destaquei em sua afirmação são o que vejo como os pontos fracos dela: "melhor", "sensação de que a resposta está além de nós" e "buscar ser de novo um com o todo" são noções que derivam da cultura e não podem ser usados para embasar algo que se está tentando colocar como anterior à toda cultura (uma noção inata de que a verdade sobre nós repousaria no transcendental). Seria a busca da mariposa pela parceria de cor mais escura possível uma busca transcendental? Ou seria apenas um instinto útil que, levado às últimas consequências redunda em cultura (valorização da cor escura), que redunda em mitologia (há uma cor tão escura mas tão escura que nos é inconcebívelmente escura), que redunda em transcendentalismo (esta cor está fora de nosso alcance, residindo "além")?

Repare que, embora meu exemplo da mariposa obviamente necessite da validade do evolucionismo para ser efetivo, meu argumento não depende do evolucionismo de forma alguma, visto que não estou afirmando dogmaticamente que uma noção naturalista seja mais ou menos provável do que uma noção que envolva o transcendental como inato. Afirmo sim, que nenhuma das duas (ou quaisquer outras) seriam necessariamente verdadeiras. São, como você disse, modos distintos de abordagem de um mesmo problema, de um mesmo mistério. O que se pode tirar disto é que é possível uma explicação não transcendental, ou seja: o transcendentalismo não é necessário, e se não é necessário, não se impõe. Pode ser adotado? Sim, mas está condenado a ser uma eterna idéia ad hoc.

Por isso vejo a transcendência como fruto de estampagens que recebemos. Não vejo a transcendência como a ação das tartaruguinhas que nascem nas praias "sabendo" que devem correr para o mar e nadar, antes que algum predador as pegue. Vejo-a como certa ave que quebra o ovo e aceita como sua "mãe" a primeira criatura que lhe aparecer pela frente. O mistério é inato, mas qualquer coisa que se diga sobre ele (e isso inclui formulações de perguntas sobre o mistério!) depende daquilo que tenhamos recebido logo após a quebra da casca do ovo (cultura).
Hubner Braz disse…
Opa!!! Aqui está movimentado...

Descupe o sumiço... Semanas de prova.
"O pior não é a semana de provas e sim o dia que recebo o resultado delas"

Levi, eu admiro muito a sua escrita, pra mim você deveria escrever um livro. Tipo igual as Crônicas de Nárnia ou O Senhor dos Anéis.

Seus textos são profundos e tocantes de reflexão. Antes da Confraria, eu já admirava seu blog.

É só uma palinha... Abraços confraternos a todos.

Fui...
Levi Bronzeado disse…
Tomara que o Herrera seja o próximo confrade “fora da gaiola” a ser admitido aqui em nossas hostes (rsrsrs)

Para Herrera e Edu


< “Por isso vejo a transcendência como fruto de estampagens que recebemos. Não vejo a transcendência como a ação das tartaruguinhas que nascem nas praias "sabendo" que devem correr para o mar e nadar, antes que algum predador as pegue”. ( Herrera)

Refletido sobre o trecho acima, parece que a nossa discordância se deve mais aos conceitos de transcendência e instinto .

Temos que ver uma coisa: é que o que separa o animal do homem é a palavra. È a linguagem que o marca.
Se pudéssemos criar um bebê humano e um macaquinho não veríamos muitas diferenças no desenrolar do seu desenvolvimento só até os 18 meses de vida. Depois dessa fase o ser humano vai precisar dos conteúdos inconscientes para complementar a sua consciência, visando uma elaboração em que é imprescindível a presença do “outro”. Há pessoas que nada vêem ou escutam dentro de si, mas suas mãos são capazes de dar expressão concreta as conteúdos do inconsciente.

Dizemos: o homem tem a capacidade de ultrapassar os limites da vida animal, mas é justamente aí que entra o desejo de transcender. O homem recorre aos símbolos por um desejo de transcender a situação de desamparo que marcou a sua incompletude desde a primeira ruptura - que foi o nascer (ou ser expulso do Éden uterino). Essa “fantasia” de que seremos fortes e poderosos um dia, perpassa ainda a nossa psique, e não deixa de ser uma “ressonância do “homo religiosus” que faz parte daquilo que Jung conceituou com “inconsciente coletivo” .

O trabalho no campo da linguagem é por excelência o fator determinante das culturas, e essa cultura, nada mais é que o conjunto de símbolos elaborados por um povo em determinado tempo e lugar.

O animal se guia pelos instintos, mas o homem difere dele ao sublimar seus instintos em uma forma de sentimento transcendente, ou de re-ligação a um paraíso que um dia viveu e dele não mais se lembra.. Transcender, aqui, significa usar a força do instinto como canal para se Re-ligar” a uma situação de felicidade vivenciada anteriormente, de forma inconsciente, como diz o Edu, onde era tudo UNO.

Como escrevi em um dos meus primeiros comentários ao texto por mim postado aqui nessa sala:

“Será que os cientistas quando estão à procura de um planeta habitável, no fundo no fundo, não estão movidos pelo mesmo nobre sentimento de se religar a um paraíso de paz, que já viveram de forma inconsciente em suas origens bio-psíquicas?”


Freud, uma vez disse: “Quem tem arte já tem a sua religião”

Abraços,
Caro Edu, sempre nós dois. He, he..

Estou respondendo a você pela referência feita a mim e pelo comentário ao Levi e Carlos, pois bem...
Me refiro ao Deus judaico/cristão por ser o Deus que me apresentaram na infância.Se eu pertencesse a uma aldeia indígena, com certeza, me referiria a Manitú. Como todos tem o mesmo poder, são iguais na minha concepção.Desculpe...

A fonte de onde brota o dom da musicalidade, da literatura, da pintura, da escultura e das ciências, não é a mesma de onde brotam os deuses e a religiosidade. Esperimente criar um ser humano sem falar em Deus algum desde sua mais tenra infãncia e verá que quando adulto ele não sentirá necessidade de se religar a nenhum simbolismo estereotipado. O mesmo não se pode dizer sobre a musica, ciência, pintura, escultura ou qualquer outra arte. O dom é nato. Pode ser melhorado mas, imposto não.Bem diferente da religiosidade, creio eu. Na próxima encarnação virei como Xiita ou Sunita.
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, meu velho, quem já fez essa experiência para mostrar a validade dela?

não a estou negando, mas precisaríamos de provas para confirmá-la não acha? pelo visto, isso é hoje impossível, por que qualquer criança em qualquer lugar do mundo, uma hora ou outra, vai saber sobre religiões e deus.

ainda assim, o que você quer dizer exatamente com "simbolismo estereotipado"?

desculpe você ter que frequentemente desenhar seus comentários, meu camarada, mas é que para mim, muitas vezes, seus símbolos são indecifráveis...kkkkkk
Eduardo Medeiros disse…
carlos e levi.

carlos sobre seu comentário

"... são noções que derivam da cultura e não podem ser usados para embasar algo que se está tentando colocar como anterior à toda cultura (uma noção inata de que a verdade sobre nós repousaria no transcendental)"

você está certo aqui. mas só pela cultura e pela linguagem podemos falar sobre o "mistério" do mundo e de nós mesmos, de outro modo, nada poderia ser dito.

carlos, olhar para o céu e ficar pensando sobre o universo é uma atitude que nos acompanha desde os primórdios.

realmente não dá para afirmar que a transcendência seja cabalmente inata, como é inato para as tartaruguinhas correrem para o mar. eu já vi essa cena e é maravilhoso, fantástico. na ocasião eu perguntei ao meu pai que estava ao meu lado, quem tinha ensinado isso a elas...rssss mas é cabalmente comprovado que os nossos ancentrais mais distantes já possuíam esse olhar para fora e queriam entender o que era aquela bola de fogo no céu. virou um deus...que aliás, façamos justiça ao gênesis, que procura desmitologizar os astros como sendo divindades.

isso não ocorreu através do mesmo processo de correr para o mar das tartarugas, pois nelas é instinto e em nós é pensamento e elucubração.

eu diria então, que a transcendência é um produto do pensamento. e como nós pensamos, a transcendência se apresenta como subproduto do pensar como explicação do mistério, ainda que como explicação incompleta e por que não, falsa.mas para afirmamos que ela é falsa, teríamos que ter a resposta "verdadeira" do mistério, e não temos, logo...


para fechar, seu último comentário

"...São, como você disse, modos distintos de abordagem de um mesmo problema, de um mesmo mistério. O que se pode tirar disto é que é possível uma explicação não transcendental, ou seja: o transcendentalismo não é necessário, e se não é necessário, não se impõe. Pode ser adotado? Sim, mas está condenado a ser uma eterna idéia ad hoc."

é possível uma explicação não transcendental, mas lembre-se que na verdade, nenhuma explicação é possível para o mistério. a ciência, que poderia nos dar uma explicação não transcendental, não está apta a fazê-lo, pois lhe foge da metodologia. o que sobram? a religião com sua transcendência e a filosofia.

logo, nesse caso, ela se impõe mas não como explicação cabal e sim, como uma tentativa de explicação. a filosofia, fará mais perguntas do que produzirá respostas como é de seu feitio.

estamos num labirinto e talvez o MISTÉRIO esteja lá de cima nos vendo correr como ratinhos sem encontrar uma saída, pois na verdade, não há. a não ser para quem sem precisar de provas, acreditar que o seu deus é o mistério.
Eduardo Medeiros disse…
levi e carlos

junto-me a você no convite ao carlos para integrar a confraria. mas não sei se isto aqui está a altura da sua sapiência... rs

carlos, eu concordo com a definição que o levi dá para transcendência como sendo

"... a capacidade de ultrapassar os limites da vida animal, mas é justamente aí que entra o desejo de transcender. O homem recorre aos símbolos por um desejo de transcender a situação de desamparo que marcou a sua incompletude desde a primeira ruptura - que foi o nascer (ou ser expulso do Éden uterino) "

é daí que nascem os deuses como explicação transcendente para a realidade. e é também daí que nasce a cultura como manifestação desse desejo de transcender. o que é a literatura a não ser o desejo de sonhar e viver outras vidas?

o que foi a viagem do homem à lua a não ser o desejo de ir além da terra; ou seja, transcendê-la?

o que é a religião ou o sentimento religioso senão o desejo de ir além do materialismo? e por que diabos a religião se reinventa a cada revolução científica mas não acaba?

como bem disse o levi nesse texto, a religião hoje tem outras caras, mas não deixa de ser religião. ainda que não tenha um deus. ou melhor, criaram-se novos deuses. se for para escolher, eu prefiro os deuses antigos pois são mais fascinantes para mim do que o deus mercado(apesar de eu frequentar seus templos - os shopping centers.. :)
Levi Bronzeado disse…
Miranda

Isso que vou dizer já é fato consumado pelos estudiosos.

O homem é o único animal que para se alimentar depende do outro. Para aprender a se arrastar, a andar, a falar depende do outro. E como adulto, para ser o que ele é, continua dependendo do outro.

Durante a vida a criança vai sofrendo cortes,ou rupturas naquilo que o auxiliava em seus primeiros meses de vida.

É o sentimento de perda, da criança, e a saudade do tempo em que se via UNO com mãe (ela se via como dona do peito da mãe que o amamenta) que vai instaurar nela o desejo de possuir a plenitude de antes. Então podemos dizer que é a FALTA ou ausência do que se perdeu, que impulsiona o DESEJO humano.

Religião é isso: é esse VAZIO que nos faz desejar o grande OUTRO( como diz Lacan) que alguns nomeiam como Deus (imago paterna inconsciente).

O dizer: "não, eu não tenho isso!!!" é uma forma de defesa psíquica do ego, que procura sempre não ter desprazer.

A nossa decepção com a religião corre mais por conta de nos terem oferecido uma "chupeta consolo", quando o que procurávamos ou necessitávamos não era uma imitação de mamilos, e sim as verdadeiras tetas nas quais um dia experimentamos a primeira grande libido - o prazer oral.

Mas o inconsciente ou Deus, se fez LINGUAGEM, se fez PALAVRA. Agora tudo é linguagem. O ser humano só pode se desenvolver num corpo, homem ou mulher, com uma outra voz associada a de sua mãe. O "outro" pode também se referir a uma terceira pessoa que a estruture.

O ser humano desde o início de sua vida é marcado pelos contatos verdadeiros que manteve com as pessoas que viviam a sua volta.

A dança, por exemplo, é uma linguagem, e essa linguagem não é apenas uma satisfação do corpo, é uma arte que transcende o corpo. No ato simbólico da dança, a criança está se religando (de forma imaginária) com o seu passado psíquico.

Pense nisso...
Levi B. Santos disse…
Uma CORREÇÃO em tempo:

Onde está escrito:

"Então podemos dizer que é a FALTA ou ausência do que se perdeu, que impulsiona o DESEJO humano".

LEIA-SE:

"Então podemos dizer que é a FALTA ou ausência do que antes se possuía, que impulsiona o DESEJO humano".
Levi B. Santos disse…
“Esperimente criar um ser humano sem falar em Deus algum desde sua mais tenra infância e verá que quando adulto ele não sentirá necessidade de se religar a nenhum simbolismo estereotipado” (Miranda)

Um dia fizeram um questionamento parecido com o posto acima, a Françoise Dolto – psicanalista Francesa que dedicou toda a sua vida a psicanálise de crianças. Veja o que ela respondeu ao inquiridor, em seu livro sobre o “ Dizer e o Fazer”:

“Isso é uma descoberta recente para muita gente: O feto “in útero” a partir do sexto mês, percebe e reage às vozes e aos sentimentos dos seus pais”.
CH disse…
Levi e demais membros,

Quero deixar claro que este espaço de vocês é um de meus favoritos. Até o momento, é o único em que pude sentir uma legítima intenção de pensar e refletir livremente, de fora da gaiola. Isso não é pouco face à grande quantidade dos que se julgam "fora da gaiola" mas na verdade apenas trocaram uma gaiola por outra de cor diferente.

Respondendo agora ao Levi e ao Edu:

De fato, me parece que estamos debatendo não apenas com conceitos diferentes mas também em contextos diferentes. Precisamos demarcar onde termina a psicologia e onde começa a filosofia.

Reparei que boa parte da dissensão deve-se à interpretação do termo "religião". Entendo esse termo como uma religação com transcendente, ou seja, a religião pressupõe o transcendente como Real. Se essa religação, essa religião pode também ser realizada ou buscada no imanente, então neste caso o homo-religiosus é na verdade um homo-religiosus-non-religiosus.

Em consequência, o próprio conceito de transcendência apresentado me parece uma transcendência-imanente. Se a mera busca pelo que está além do instinto, do intelecto ou da consciência é uma busca pelo transcendente, então a transcendência presente no homem nada mais é do que um valor assim como a bondade, a humanidade, a generosidade. E um valor, do ponto de vista materialista (entendido aqui não como a ausência de um absoluto, mas sim como oposto à idéia de que esse absoluto pensa, aja, queira, crie), nada mais é do que uma ilusão. Não digo isso pejorativamente, mas sim de acordo com a noção de ilusão do próprio Freud, para quem a ilusão é o desejo travestido em "verdade", o que faz com essa busca pela transcendente seja na verdade ilusória. A verdadeira busca se dá no imanente. A suposta tendência inata à Sacralização seria na verdade uma tendência à sacralização. Segue-se que só com o adendo de uma cultura pode-se afirmar uma busca como sendo uma busca Religiosa.

E quanto à origem desse "desejo pela transcendência"? Estampagem cultural? Programação biológica herdada? Mais complicado do que parece: O desamparo resultante dessa primeira ruptura citada pelo Levi, o nascer, é cultural ou inato? Não é exagero dizer que todo homem nasce "antes da hora" e completa seu desenvolvimento já do lado de fora, sujeito à todo tipo de estampagem. Estas estampagens podem ser consideradas inatas? Isto é, ao meu ver, um problema científico pois envolve psicologia, neurologia e disciplinas relacionadas.

O Eduardo está certo quando diz que só pela cultura e pela linguagem podemos falar sobre o mistério, e é precisamente isto o que aqui afirmo: Sem linguagem e sem cultura, só o silência é válido. Não se pode escapar das estampagens culturais na hora de afirmar o que for. A fantasia de que seremos "novamente" fortes e poderosos, o complexo de Édipo ou qualquer outra interpretação de nossa mente foi realizada por nossa própria mente e eu até hoje desconheço qualquer mente humana que tenha atingido a maioriade penal em um limbo acultural para que possamos ver como ela seria.

No entanto, no imanente, a ciência pode sim nos conduzir a respostas a respeito. Ela pode vir a identificar o gatilho que ativa o gatilho que ativa o gatilho que, por fim, nos leva à noções mitológicas e transcendentais. O que acontece é que, justamente por que a ciência se restringe ao imanente, qualquer tipo de opinião que pressuponha o transcendente rejeitará a visão científica como limitada demais. Essa rejeição é notoriamente arbitrária pois nada no imamente sustenta essa injeção do transcendente, nada no natural conduz ao sobrenatural. Negar isso seria afirmar que é possível provar cientificamente a existência e a natureza de Deus, o que é insustentável. A ciẽncia pode sim dar uma explicação satisfatória e objetiva (embora nunca absoluta) no imanente. Só que tal explicação jamais será satisfatória para quem pressupõe o transcendente de forma arbitrária.
CH disse…
Já a filosofia sabe que nem a ciência nem a religião (aquela que pressupõe o Transcendente) podem ser dispostos como verdades absolutas e é por isso que ela mais pergunta do que responde quando o assunto é Verdade Absoluta.

Por isso, não vejo sentido em falar que uma explicação "se impõe como tentativa de explicação", pois isso é equivalente a dizer que ela "se impõe como opção". Ora, eu poderia afirmar aqui que há um espírito de um dromedário mágico que estampa a noção de religião em cada ser humano logo antes dele nascer e mesmo isto necessariamente se imporia como opção pelo simples fato de que pressupõe conceitos transcendentais que a ciência não pode refutar.

Finalmente, se essa transcendência-imanente é estampada culturalmente ou inata, isto pode sim ser objeto da ciẽncia, pois é imanente e está dentro de sua esfera de atuação. Assim, seja ela inata, seja cultural, ela não poderá conduzir a qualquer concepção epistemológica. Ninguém poderá afirmar que "o homem nasce tentendo ao transcendente, logo, deve haver um Transcendente.

Chega. Preciso dormir. Rs.

Abraços!
Levi B. Santos disse…
Primeiramente, quero agradecer a valiosa contribuição, do nosso mais novo confrade(C. Herrera), o qual vem brilhantemente aprofundando o debate sobre religião, nessa humilde sala.

Passo, agora, às minhas “loucas” divagações (rsrs):


Gosto muito de ler os trabalhos psicanalíticos de Maria Rita Kehl ( que também é poeta e literata). Ela se questiona como é viver num mundo sem transcendência, sem espiritualidade e sem utopias. Diz ela: “A arte e a poesia podem ser caminhos para ir além da realidade do cotidiano. A psicanálise como forma de exploração do inconsciente pode ser uma transcendência imanente: os novos sentidos podem ser encontrados em nós mesmos”.

Enfim, tenho a impressão de que o religioso ao afirmar: “Deus é onipotente” na verdade, ele pode estar se referindo a “onipotência do pensamento”. E isso, não deixa de ser uma espécie de vontade de potência, e uma forma de prazer: o querer recuperar o “paraíso perdido”, já que todo ser humano se encontra vivenciando uma impotência, uma insuficiência que acompanha o desamparo constitutivo de nossa condição existencial.

Acredito que a utopia ou gozo imaginário do ir além de si, está intimamente ligada ao sentimento de desamparo e impotência que o indivíduo experimenta desde o seu nascimento e ao longo do penoso e difícil caminho rumo ao amadurecimento.

Não vejo com bons olhos o reducionismo ideológico biológico, quando se procura desmentir os problemas subjetivos. É o tal negócio (que atualmente é uma febre) de dizer que existe um gen para cada aspecto de nossas vidas, desde o êxito pessoal até a angústia existencial. Não vejo vislumbre algum de que a engenharia genética um dia venha a oferecer paraísos de salvação aos famintos da fé.(rsrs)

Apostar no “utopismo”, talvez não seja uma atitude tão infantil. Talvez, seja a única maneira de refundar a esperança num mundo tão mercantilizado e ávido pela compra da fórmula da felicidade em tabletes. Dizem alguns: tudo é química. Se quisermos pensar nestes termos, as perturbações anímicas já estão sendo explicadas como “desequilíbrios neuroquímicos”. (rsrs)

Abraços,
CH disse…
Levi e edu,

Mesmo que haja um esforço desmedido por descobrir qual estado físico (seja este o estado de um gene, um neurônio ou o que for) corresponde à aquilo que antes só nos referíamos por termos psíquicos, isto não passará de uma traduação e de forma nenhuma invalidará outras formas de conhecimento ou resolverá problemas. Foi o que ocorreu com pelo menos uma vertente do behaviorismo, que tentou traduzir toda a mente em termos comportamentais (o "estado mental de dor" nada mais seria do que gritar, gemer, chorar, reclamar etc. o que é obviamente um raciocínio circular), como se isso fizesse o problema de explicar a mente desaparecer!

Não creio que a mente seja qualquer tipo de substância separada do corpo (não creio na alma) e também não creio que nasçamos como uma tábula rasa, ou seja, há o inato. O que é inato (seja resultado de um gene ou de uma interação entre genes) e o que é estampado? Responder a isto é algo dentro do âmbito científico.

Quanto à ela (a ciência) oferecer uma salvação aos famintos da fé, essa salvação, a menos que haja alma e haja Deus (ou seja, que a transcendência seja na verdade uma Trancendência), não passa de um estado mental, que por sua vez é (creio) um estado físico. Estados físicos podem sim ser atingidos pela ciência, tanto que alguns já o são, pois é justamente este o objeto da neuroteologia. Foi o que quis mostrar em comentário anterior: Um estado físico pode ser atingido por causação física como a de uma droga no organismo. O que prova uma droga sobre a Realidade do estado físico resultante?

Tudo se resumirá a ciência então? Ciência da moral? Ciência da fé? Ciência da salvação? Claro que não. O fato de a ciência ser capaz de analisar e reproduzir fisicamente meu desejo não torna a experiência do desejo menos verdadeira para mim e não elimina a necessidade de filosofar sobre esse desejo quando este se tornar um valor, pois é do desejo que vem os valores e são estes valores (ainda que não absolutos) que nos impedem de cair no niilismo! Como bem disse Spinoza: Não é porque algo é belo ou bom que o desejamos: Julgamos a coisa bela ou boa porque a desejamos. Tanto Jung quanto a ciência de hoje só podem falar em desejos.A "fome de fé" não prova que haja um objeto real capaz de satisfazê-la.

Quanto ao convite para virar um confrade... é pra valer?

Abraços,
Caro Edu,

Não é uma experiência, é uma mudança de comportamento em respeito aos filhos. Várias famílias não permitem que seus filhos sofram lavagem cerebral por religião alguma enquanto eles não teem poder de discernimento.
Quando eu digo "criar um filho sem Deus algum", não quer dizer que ele não irá ouvir falar em Deus. O que não pode é permitir que lhe empurre um Deus goela abaixo sem lhe dar o direito de vomitar.
Criei dois filhos sem obrigá-los a freqüentar igreja alguma mas eles eram obrigados a rezar na escola e quando perguntavam quem era Deus, se era verdade ou mentira o que diziam sobre ele, eu lhes mostrava livros, inclusive a bíblia e eles não encontraram consistência para seguir o Deus pregado. Acho que não sentirão necessidade de religar-se. Sem essa de radicalismo. Espero que você faça o mesmo com o Eduzinho deixando que ele escolha o que seguir sem imposições prematuras. Se não quizer fazer por ele, faça por respeito a você mesmo.

Edu..."Simbolismo estereotipado" (Simbolismo que não muda, sempre a mesma ladainha, imutável). Meus símbolos estão no Aurélio...He, he, he... Desenhei.
Levi,

Concordo que o homem é um animal dependente e porisso vive em sociedade, uns dependendo de outros. Mas pelo amor de seu Deus não ponha neste meio a religião inventada por uma necessidade psíquica para polir ego de incautos. Neste universo não existe sentimento de perda.
Se percebe que alguns curiós sairam da gaiola deixando a porta aberta. Não sabem voar e tem medo de voltar. Daí a sensação de perda.A comida enlatada oferecida na gaiola desde a infância causou dependência. E agora Levi?

Pelo visto o Carlos aceita o convite para participar da confraria como autor. Torço para isto.Que alguem o faça.
A C.P.F.G. necessita de membros com disposição para emitir opiniões e mostrar a cara. Estou como membro há quase uma gestação e não conheço todos.Que venha o Carlos, eu já conheço a fera...
Eduardo Medeiros disse…
carlos.

primeiro, é claro que o convite é prá valer, pois as ações na bolsa da confraria se valorizarão sobremaneira com a sua entrada neste recinto. é só dizer que aceita e assinar o contrato...
Eduardo Medeiros disse…
bem, os comentários do levi e os seus estão tão bons que só fatiando-os...

"... a religião pressupõe o transcendente como Real." -

certo. toda religião pressupõe o transcendente como real, ainda que em todas elas, hajam aqueles que vejam os símbolos transcendentais como o que verdadeiramente são, símbolos.

“Se essa religação, essa religião pode também ser realizada ou buscada no imanente, então neste caso o homo-religiosus é na verdade um homo-religiosus-non-religiosus.”

Carlos, bem interessante o que você diz aqui: homo-religiosus-non-religiosus. A busca religiosa é para fora de si mas a intenção é completar o que há dentro de si. Os rituais(aspecto muito importante como fator de coesão), as crenças, as teologias, a liturgia, são os modos “imanentes” da transcendência.

Curiosamente, o cristianismo é a religião do imanente, pois nele, o transcendente torna-se exatamente, linguagem, verbo, palavra.

O jesus da fé é o transcendente feito imanente. Quando os cristãos criaram a doutrina da divindade de cristo, eles fizeram exatamente isso: tornaram-se homo-religiosus-non-religiosus, visto que seu objeto de adoração não era mais um deus transcendente, mas um deus que se fez carne. O cristão só pode dizer alguma coisa de deus a partir da sua configuração humana. mas é claro que tudo isso só pode ser feito a partir de quem tem fé.


“ Em consequência, o próprio conceito de transcendência apresentado me parece uma transcendência-imanente. Se a mera busca pelo que está além do instinto, do intelecto ou da consciência é uma busca pelo transcendente, então a transcendência presente no homem nada mais é do que um valor assim como a bondade, a humanidade, a generosidade.”

carlos, aqui você expõe um argumento muito interessante. posso concordar com ele. mas eu não usaria a expressão "nada mais é" como se os valores como bondade, humanidade e generosidade fossem algo menor, pelo contrário; por que somos bondosos, generosos e humanos? e complentando, temos transcendência(como valor)?

o que em nós nos levou a ultrapassar os limites do instinto? usando a fala do levi sobre a "ditadura da biologia", será que haveria um gem da bondade e outra da maldade? um gen que nos faz transcender e outro que nos faz não transcender?


“...o que faz com essa busca pela transcendente seja na verdade ilusória. A verdadeira busca se dá no imanente.”

mas usando os argumentos do levi, seria muito chato um mundo sem "ilusão". por que vamos ao cinema e assistimos matrix e ficamos babando como se fóssemos um dos desconectados ao lado do neo?

como eu disse antes, o mesmo desejo de realizar um filme de ficção que nos leva a pensar e meditar sobre nossa própria condição também é algo "religioso".

“...A suposta tendência inata à Sacralização seria na verdade uma tendência à sacralização. Segue-se que só com o adendo de uma cultura pode-se afirmar uma busca como sendo uma busca Religiosa.”

Eu concordo com isso. mas podemos falar platonicamente, que existe uma Sacralização ideal da qual as sacralizações são apenas representações imperfeitas...
Levi B. Santos disse…
A comida enlatada oferecida na gaiola desde a infância causou dependência. E agora Levi? (Miranda)



Nossas autobiografias, caso retrocedessem a nossos ancestrais, poderiam nos fazer ver de que forma fomos forjados, e até que ponto nos libertamos dessa herança, ou do calor do velho caldeirão de fogo. Veríamos que não somos nós que falamos; dentro de nós há muitas vidas. Muito de nossa ancestralidade grita através de nossa garganta. Caminhamos em um círculo, onde tudo que vemos a nossa frente e que racionalizamos como novidade, já foi passado.

Dizemos que somos livres ao pensarmos que os conceitos que adotamos são puramente nossos, quando não passam de um somatório de influências que incorporamos no dia a dia de nossa existência. Sofremos da tal “síndrome da influência”.

“O homem moderno vive na ilusão de saber o que quer, quando de fato ele quer o que se supõe que deva querer” (Erich From — O Medo à Liberdade)

Goethe (em Educação e Formação Orgânica da Natureza) diz que

“todo ser vivente não é simples, mas uma multiplicidade; embora nos pareça um indivíduo, “permanece sendo uma ‘reunião’ de seres vivos autônomos [...] que se separam – e se procuram novamente. Nessa dimensão polilógica, o multilingüismo possui muitas valências e muitos destinos: riqueza e multiplicidade, mas também confusão e perda (p. 312)”.
Eduardo Medeiros disse…
carlos, continuando...

"Não se pode escapar das estampagens culturais na hora de afirmar o que for"

quanto a isso, todos concordamos. cada religião é fruto da cultura que a formou.

"No entanto, no imanente, a ciência pode sim nos conduzir a respostas a respeito. Ela pode vir a identificar o gatilho que ativa o gatilho que ativa o gatilho que, por fim, nos leva à noções mitológicas e transcendentais."

de fato, pode, e quando ela fizer isso, essas nossas discussões serão inúteis; mas como a ciência ainda está longe de dar uma resposta acima de qualquer contestação(se é que vai conseguir fazer isso) do que seja o tal gatilho do gatilho, continuamos a debater....

lembra daquelas nossas velhas conversas sobre a consciência? como a consciência pode se afastar de si mesma para que seja objeto observável ao método científico?

bem, não vamos entrar nessa questão, né? senão esse post chega aos 500 comentários e bateremos o record do blogger...kkkkkkk

carlos, para fechar por ora:

"Não creio que a mente seja qualquer tipo de substância separada do corpo (não creio na alma) e também não creio que nasçamos como uma tábula rasa, ou seja, há o inato. O que é inato (seja resultado de um gene ou de uma interação entre genes) e o que é estampado? Responder a isto é algo dentro do âmbito científico. "

se a mente for algo distinto do corpo ela não necessariamente terá que ser "alma" no sentido religioso do termo.

a mente poderia ser uma substância diferente do corpo mas que só se manifesta com o corpo.(estou especulando)

voltando à doutrina cristã, no momento em que a mente(deus) encarnou-se num corpo(jesus) pode-se enfim, ver a face de deus.(estou "simbolizando")
Eduardo Medeiros disse…
levi, sua frase

"Apostar no “utopismo”, talvez não seja uma atitude tão infantil. Talvez, seja a única maneira de refundar a esperança num mundo tão mercantilizado e ávido pela compra da fórmula da felicidade em tabletes. Dizem alguns: tudo é química. Se quisermos pensar nestes termos, as perturbações anímicas já estão sendo explicadas como “desequilíbrios neuroquímicos”. (rsrs)"

daria um outro texto que geraria novos debates...rs
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, eu não acho que necessariamente, alguém que tenha religião tenha passado por "lavagem cerebral", mesmo por que, tal lavagem não é restrita ao meio religioso mas também ao político e ao ideológico. logo, o problema não é a religião assim como não é a política, mas quem faz a religião e quem faz a política.

eu acho que a valorização do sentimento religioso algo importante; porém, uma prática religiosa sectária, fundamentalista, radicalmente dogmática e que aprisiona e restringe o pensamento apenas no que ela diz não será a religião que o eduardinho irá professar(se deus quiser..kkkkkkkkkkkkkkkk).
Eduardo Medeiros disse…
bem, por hoje para mim é só. boa noite a todos
Levi B. Santos disse…
EDU

Você mandou bem, e em alto estilo, cara!

Vá dar descanso aos seus neurônios. Eles executaram um bom trabalho,neste final de noite e merecem ser recompensados com um bom repouso.

Desligue-se e deixe para transcender amanhã nesse mesmo horário (rsrs)
Edu,

Eu não disse que lavagem cerebral é restita ao meio religioso e sim, que o maior mal causado por lavagem cerebral é pelo imperialismo cristão por ser o mais duradouro e por conhecermos suas mazelas.

A alma só pode ser uma substância (substância?) diferente do corpo e pode se manifestar sem ele. Senão, qual a sua parte que vai para o céu? Posso sugerir? He, he, he...
Aos arrependidos.

Pai, Filho e Espírito Santo. O trio da igualdade.

A alma é o conjunto das faculdades mentais, afetivas e morais. Invóluco guardião...
A mente é a fonte de atividades psíquicas e intelectuais, a capacidade de compreender e a imaginação de criar.
O espírito é o sentimento, o caráter e a índole.
Este é nosso trio da igualdade e age de maneira única. Cada um de nós é um ser diferente, logo, cada um tem seu Deus.
Tenho certeza que não me fiz entender...
Vocês disseram a mesma coisas usando outras palavras, inclusive "DEUS".
"Restita não...RESTRITA. Desculpe.
CH disse…
Simbólico Edu,

Quando você disse que "A busca religiosa é para fora de si mas a intenção é completar o que há dentro de si" você quase acertou o que quis dizer, pois não quis dizer que apenas as ferramentas seriam imanentes mas sim o próprio objetivo. Esta estrutura do Jesus imanente que você citou é comum a todo mito: Uma polaridade (vida-morte, guerra-paz etc) e uma forma de transpor essa polaridade (algo ou alguém capaz de renascer dos mortos ou trazer a paz definitivamente).Essa polaridade porém, não precisa ser necessariamente transcendente tanto que, na história da mitologia, a mágica (imanente) veio antes do Divino (transcendente). É neste sentido que defendo a transcendência como cultural e não inata.

Quanto à expressão de que fiz uso "a transcendência nada mais é do que um valor" eu tinha e mente um valor absoluto como referência, em relação ao qual todo valor imanente é conceitualmente inferior. Inferior sim, mas pouca coisa não, de forma nenhuma! Nossos valores, como disse em outro comentário, são o que nos permite escapar do niilismo mesmo na ausência de uma Moral Divina Absoluta ou valores Transcendentais (Bondade Divina, Generosidade Divinda etc).O mundo sem os valores (imanentes ou não) não seria apenas chato, seria completamente diferente e talvez nem mesmo as sociedades teriam sido possíveis.

Sobre sua visão a respeito de que a ciência ainda não identificou os "gatilhos": Ela está muito além do que se imagina. O problema é que quem não acompanha seu crescimento paulatino pode cair na armadilha de ficar esperando uma grande revolução, uma matéria de capa onde se dirá 'desvendado o mistério de X de forma irrevogável'.

Isso não é necessário e mesmo que fosse, seria contestável para qualquer um que pressuponha o trasncendente, o sobrenatural, pois estes são objetos fora do alcance da ciência por conceito. Mesmo que a ciência afirme ter explicado a consciência, você sempre poderá dizer "ela não explicou a forma como EU vejo a consciência". Assim, eu poderia afirmar, por exemplo, que levarei a sério a idéia dos arquétipos de Jung apenas quando alguém abrir um cérebro e "encontrar" um gene conténdo exatamente aquela informação.

A ciência já explica porque desejamos coisas e algumas dessas coisas podem ser também explicadas genéticamente (desejo sexual, desejo afetivo etc). Se no fundo todo valor for um desejo, o desejo de bondade, o desejo humanidade, então a ciência já tem algo a dizer sobre a origem biológica de alguns valores. O amor é inato? Provavelmente. A generosidade? Também. O "humanismo"? Talvez um misto de cultural e inato. Porque o desejo de amor e não o desejo de ódio prevalesceu? Aí entra o evolucionismo e assunto para bater uns 10 recordes aqui do blog... hahaha.
CH disse…
Por isso, pra fechar esse tema, prefiro focar em outro ponto: Mesmo que a ciência venha a explicar biologica ou históricamente a origem de nossos valores, desejos ou formas de enxergar e pensar as coisas, as discussões como esta nossa não serão inúteis. O fato de a ciência explicar que o que você sente por alguém é, no fundo, um processo químico e biológico por acaso o fará discutir a relação com sua esposa nestes termos?

- "Vaza! Você não passa de um conjunto de percepções sensórias desprovidos de nexo causal!" Diria Hume

O efeito placebo também mostra isso. O fato de eu saber que o efeito placebo existe não me permite "ativá-lo" ou "desativá-lo" em mim, exceto de maneira ritualística (um processo onde eu não tenha certeza se o que tomo é um remédio mesmo ou um placebo), como seria se eu nunca tivesse ouvido falar dele! Os símbolos são a forma como percebemos o mundo. A própria ciência, no fundo, é simbólica. Ela apenas adota processos que permitam a todos falar a mesma língua, usar os mesmos símbolos de forma intersubjetiva.

É por isto que, embora esteja aqui defendendo alguns aspectos da visão científica, não me limito à ela. Vejo-a, assim como a religião, como objeto filosófico. Acontece que, se a filosofia, a religião ou qualquer vertente destas fizer afirmações do âmbito da ciência, terá de lidar com ela.

Bem... fechando por hora e mudando para a questão do convite para ingressar a confraria..... fico honrado... onde eu assino???

Abraços,
Eduardo Medeiros disse…
carlos, você fechou bem seus comentários que deram um "up" ao texto do levi e aos comentários feitos antes de você.

"O mundo sem os valores (imanentes ou não) não seria apenas chato, seria completamente diferente e talvez nem mesmo as sociedades teriam sido possíveis.'

perfeito.

"Mesmo que a ciência afirme ter explicado a consciência, você sempre poderá dizer "ela não explicou a forma como EU vejo a consciência"

pois é. a consciência é algo tão complicado que a própria ciência lhe dará significados diversos, como creio que já acontece entre os cientistas que a estudam.

"- "Vaza! Você não passa de um conjunto de percepções sensórias desprovidos de nexo causal!" Diria Hume "

kkkkkkkkk vê como o mundo de hume é chato!

o amor e o ódio são inatos, creio. é certo que a ciência já diz muito sobre a origens biológicas desses desejos. agora, será mesmo que o evolucionismo tem como explicar o amor diante de da lei da sobrevivência dos mais aptos e a morte dos menos aptos?

por que a maioria de nós não seria capaz de eliminar todos os deficientes físicos da sociedade se isso seria o mais lógico, evolutivamente falando, a fazer?

taí uma resposta que eu não vou ver a ciência responder satisfatoriamente, creio.

sugestão: para que você não comece a mandar comentários sobre o que eu disse, faça um texto sobre o assunto e faça sua estreia por aqui com ele.

e prá fechar e passar a régua, meu amigo, para mim a existência, o universo, o átomo, os quarks, as reações químicas que meu corpo faz sem eu ter que fazer nada, a razão, a emoção, a cultura, os valores, as flores e os pássaros, os oceanos cheios de vida marinha, a dança das estrelas, etc, não tem nada de "natural", tudo para mim é naturalmente sobrenatural.

como disse poeticamente e simbolicamente nietzsche, "eu só poderia crer num deus que soubesse dançar". e de fato, o "meu deus" é um dançarino.

abraços

LEVI, como é que manda o convite pro carlos? eu nunca fiz isso...rs
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, meu filho, nunca existiu esse tal de "imperialismo cristão"; o que houve foi impérios que se "convertaram"(na verdade usaram a religião) ao cristianismo e fizeram da religião o braço direito do seu desejo de "imperaralizar".

de qualquer forma, jesus não foi cristão.
quantos impérios o carpinteiro de nazaré conquistou?

quanto ao seu comentário sobre o trio da igualdade, eu aprendi esses conceitos na escola dominical quando eu era adolescente....

mais eu num intindi mermo sua colocação...he he he
CH disse…
Eduardo,

Realmente "coçei os dedos" aqui pra não dar continuidade à conversa ad infinitum. Hahaha. Mas é um bom tema de "estréia", realmente. Aliás, preciso saber como funcionam as coisas por aqui: mando os artigos pra alguém, tenho como publicar diretamente, quando é "minha vez" de escrever etc. etc.

Abraços,
Levi Bronzeado disse…
Carlos Herrera

Para adicionar você à nossa Lista de Autores, precisamos do seu e-mail.

P.S.:

A metade da confraria está hibernando, sem querer postar. Se eu não me engano, temos cerca de seis companheiros em atividade (comentando e postando).

De minha parte, estou de acordo com a sua estreia nesse momento. Falta só o ritual sublime e simbólico do "homem dos símbolos" - Edu, para a oração de boas vindas ao mais novo "Herdeiro Rebelde de Javé" (rsrs)

Abraços,
Eduardo Medeiros disse…
carlos, informa o seu e-mail e você receberá o convite e poderá postar diretamente do painel do blogger.

levi, oração? agora tem isso???kkkkkkkkkk

carlos, eu tenho uma pergunta para fazer a você há muito tempo e nunca perguntei: desde quando você é ateu? por acaso já foi teísta, teve alguma religião? como você vê a espiritualidade? o que você acha da "espiritualidade sem deus e sem transcendência" do comte sponvile?

...caramba, tenho pergunta demais....kkkkkk talvez a melhor opção seria você estrear aqui com uma entrevista...
CH disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Edu, meu caro!..

Eu falo do imperialismo cristão no sentido do dominionismo que é sempre uma aberração à verdadeira teologia cristã. Toda vertente do cristianismo que prega a glorificação da igreja é dominionista. De acordo a pesquisadores do catolicismo romano no Brasil, a igreja de Roma mandou assassinar nada menos do que meio bilhão de pessoas por causa de seu desejo de domínio mundial. Por conseqüência toda vertente do catolicismo tem participação neste imbróglio mesmo sendo escória.

É, você aprendeu na escola dominical que o trio da igualdade "Pai, Filho e ESpírito Santo" era seu Deus, Verdade?
Minha escola realista me ensinou que a alma, a mente e o espírito formam minha santíssima trindade com poderes divinos. Só tenho que aprender a usar. Você não entendeu porque meu Deus sou eu. Com todos os defeitos e imperfeições quem mais me ajuda sou eu.
Abraços.
Eduardo Medeiros disse…
sim, mirandinha, eu estava exatamente falando do imperialismo "cristão" que sempre negou o cristo.

então, já aprendeu a levitar, materializar, usar telepatia e cinestesia? já li que muita gente consegue fazer isso com seus "poderes divinos".
Levi B. Santos disse…
Edu

Enviei o convite para o Herrera. Acessei “configurações” do blog, em seguida entrei em “permissões”, e adicionei o e-mail dele como um novo autor.

Resta saber se Carlos, agora, está conseguindo entrar para postar.
Pena que a Paulinha, que fazia isso muito bem, anda enfastiada da confraria.

Outra coisa: Veja como fazer para que o nome dele apareça como “autor” no gadget do topo lateral do blog, pois eu não estou conseguindo.

Agora vou dar um PITACO:

Bem que o Carlos poderia fazer uma rápida autobiografia, como nós os primeiros confrades o fizemos na inauguração da C.P.F.G.

Contudo, aguardemos o que o “Espírito” vai nos revelar, através de sua boca.
na velha linguagem gaiolal) - rsrs
CH disse…
Levi,

Pelo que conheço do blogger o processo que você fez está correto... só que eu não não recebi o e-mail do convite... talvez rechecar o endereço e enviar novamente?

Abraços
Eduardo Medeiros disse…
levi e carlos.

será que o problema é o e-mail que não é do gmail?
Este comentário foi removido pelo autor.
Edu, meu caro!

Eu não preciso aprender levitação, usar telepatia ou cinestesia para ser meu próprio deus pois o deus dos outros também não fazem, mas materialista eu já sou. E não vou pregar mentira do que faço para ser meu guia(Deus) basta eu ser o melhor para eu mesmo. Meu Deus sou eu. Pelo menos eu existo.....
CH disse…
Edu,

Experimente usar então o e-mail leitecommangafazmal@gmail.com e vamos ver se dá certo.

Abraços,
Levi B. Santos disse…
Carlos H

Vamos ver se vai entrar bem o "leitecommangafazmal" (rsrs)

Edu

Se não conseguirmos fazer com que o blogger aceite o e-mail de Herrera, devemos pedir ajuda ao ISAIAS, que entende muito bem desse treco. Correto?
CH disse…
Levi e Edu,

Deu certo. Resta agora saber como está a ordem de postagens para saber quando posso começar.

Abraços.
Eduardo Medeiros disse…
carlos, pode mandar um copo de manga com leite para ver se vai me fazer mal...rs depois que você postar agente vê como está a maldita sequência...rs
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, vamos por hora, fechar a conta e passar a régua, depois, seria interessante você escrever sobre o tema.

eu nem vou te perguntar como você pode ter certeza que você existe...de repente você pode ser um personagem de um escritor cósmico cuja característica, dada pelo autor, claro, é pensar que existe de fato...kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Levi B. Santos disse…
EDU


O que é que a gente faz para que os confrades( mais de 50%) voltem a dialogar nessa sala.

Quanto a ordem de postagem, é só observar a sequência, e ver quem está a mais tempo sem postar

Se eu não me engano, depois do Carlos, vem você, Edu, e em seguida o Miranda. Se estou errado me corrijam.
Edu, meu caro!

Que teu Deus te ouça e me dê este presente. He, he, he...

Amigo Levi,

Ainda não é minha vez. Dos vivos estão faltando Rodrigo, Hubner, Gabriel e Paulinha.
Eduardo Medeiros disse…
levi, seria o caso de nos perguntarmos a eles se ainda lhes interessam participar da confraria?
Ou perguntar para os próprios, é mais sensato.
Levi B. Santos disse…
Edu e Miranda


Continuemos com o carrousel a rodar com os que aqui estão participando ativamente.

Qualquer hora que algum dos antigos confrades, quiser aparecer para postar algo que achar interessante, estaremos prontos a recebê-lo de braços abertos.

O professor e confrade J.Lima, bem que poderia nos brindar com um dos seus profundos textos.

Faz lá um apelo pra ele, Edu!
Quem sabe..., de repente ele pode dar uma pausa no Facebook, e aparecer por aqui.(rsrs)
Eduardo Medeiros disse…
tá certo levi.

mas o JL vai dizer que no facebook ele escreve tudo sintetizado, em no máximo 5 linhas e aqui ele terá que escrever um texto grande e comentar os comentários e blá, blá...rsssss vejamos se ele se compadece de nossas mentes e corações ávidos por bons textos...

mas o carlos vai estreiar primeiro, certo?
Esperar os confrades desinteressados eu concordo, mas pedir "por favor" para postar, não. Paulinha e o Hubner devem estar de férias em local isolado. Não acredito que a ausência seja por descaso.