A Difícil Arte do Diálogo


Por Levi B. Santos



O que será que desejamos ou procuramos numa boa conversa ou diálogo? Por que será que somos atraídos ou induzidos ao intercâmbio de palavras ou idéias? Quais os temperos que tornam apetitosos os nossos encontros virtuais, além do simples gozo de discordar do outro? Será que o diálogo é um jogo psíquico onde as duas faces da moeda que representam o ser humano são expostas frente a frente? Uma moeda em repouso tem sempre uma face “oculta”. Será que ao discordamos do outro não estamos rejeitando o lado (oculto) da moeda que esquecemos fazer parte de nós?


O velho ditado “dois bicudos não se beijam” nos remete a pensar que duas pessoas de pensamentos idênticos não colhem bons resultados. Levando essa máxima popular para o tema em pauta, me parece que as conversas ou os diálogos não podem ser produzidos entre duas pessoas que estão numa mesma sintonia. Conclusão: para o jogo da dialética é essencial a presença das instâncias opostas.


Então, é uma fatalidade inexorável a afirmação de que “os opostos se atraem”. Mas a felicidade do pensamento único, de um céu onde todos compartilham de um mesmo “néctar” continua a nos encantar e ao mesmo tempo a nos meter medo. Sentimos medo dessa tal de “plenitude” onde não nos falta nada.


Da harmonia do nosso paraíso intra-uterino onde vivíamos numa condição de homeostase, em UNO com a deusa mãe, saímos para a desarmonia e tivemos a primeira experiência traumática por ocasião do parto. Saímos para o mundo da confirmação e da negação dos desejos. E isso é muito bem explicado na metafórica linguagem da Criação, no Livro de Gênesis, que explica o nascimento do contraditório, representado simbolicamente pela figura dos “anjos rebeldes”, que foram expulsos do céu, e dos “anjos conservadores” que lá ficaram.


Ah, se pudéssemos compreender que no cerne do cristianismo há uma grande metáfora que quer mostrar exatamente a impossibilidade de viver sem a ambivalência, sem esse confronto dos afetos contraditórios. A história do cristianismo é uma história inversa de um Deus correndo atrás do homem. O cristianismo se resume na busca dos “anjos caídos do céu”, e que está muito bem explicitada no “Eu vim buscar o que se havia perdido”, dito por Cristo. E o que se havia perdido ou jogado fora, nada mais é do que o outro lado da moeda, que representam os nossos afetos transgressores, descrito de forma alegórica, como “os anjos que resolveram discordar” da autoridade máxima, que exigia silêncio, glórias para si, e não a conversação ou a troca de idéias.


Na realidade, crescemos em lares em que, via de regra, um dos pais era diferente do outro. Enquanto um por ser impulsivo era tido como egoísta, o outro por ser passivo era tido como generoso. Ficamos expostos a esses dois modos de ser desde a mais nossa tenra idade. Não é por acaso que se costuma dizer: “essa menina puxou ao pai, ou esse menino puxou a mãe”.
A conversa ou briga entre irmãos terá sempre como pano de fundo os afetos opostos presentes nos pais.


Quando se lê na Bíblia a afirmação de que Deus criou o “bem” e o “mal”, subtende-se que nela residem a “Tese” e a “Antítese”, e que o cristianismo quis realizar exatamente a Síntese entre esses dois polos. Como estamos em constante evolução, então, a síntese não pode ser algo fixo, tem de ser também dinâmica ou renovável.


Theodore Zelden — Historiador e Humanista Inglês, conta que na Inglaterra existia um tal de Dr. Johnson, tido como o Rei da conversação. Conversar era seu prazer supremo, trazia-lhe alívio, mas não funcionava como troca. A divergência não o interessava, porque ele findava sempre como uma das partes vitoriosas. Ele lutava ferozmente para assegurar sempre o primeiro lugar. O Dr. Johnson morreu sem nunca ter descoberto o valor de ser contestado. Foi apenas um elaborador de teses, e, por não admitir a antítese, nunca experimentou a síntese.


A conversa é recheada por palavras ditas e contraditas; é como uma nuvem que abriga nossas alegrias e gratificações, e ao mesmo tempo oculta os terrores, os males e as tristezas que constantemente nos assaltam.


Quando dialogamos, entramos numa aventura difícil e muito arriscada. Digo arriscada, por que os nossos valores não podem ser deslocados para dentro da subjetividade do outro de forma despojada, como intencionamos.


Há uma máxima de Ortega y Gasset (*), que penso ser irretocável, por entender que nela existe o “porquê” dessa nobre arte do diálogo nos animar tanto:


Pontos de vista e formas de ser parecidas nos fazem sentir acolhidos, enquanto as diferenças e a diversidade de opiniões nos fazem sentir sozinhos e desamparados”.




(*) José Ortega y Gasset (1883 – 1955) foi um importante filósofo espanhol. Deixou um vasto acervo de obras consagradas na área da Filosofia, dentre elas destacamos – "Rebelião das Massas".




Imagem: http://gratisexo.blogspot.com/2010/10/dialogo-do-orcamento.html

Comentários

Esdras Gregório disse…
Gostamos do dialogo por exercitar um instinto nosso, o instinto racional, dialogamos como bebemos água, bebemos e nos alimentamos de idéias.
No dialogo queremos instintivamente vencer, ficamos cegos as razoes do outros, queremos instintivamente o poder, a plenitude produtiva da nossa faculdade de razão.

Usamos o outro, suas idéias contrarias para acrescentar as nossas. Isso de forma imperceptível sem dar o mérito para ele.

Roubamos a sua energia (idéias) para ficamos mais fortes, necessitamos do contrario para balancear a nós mesmo.
Depois volto mai um pouco, estou muito ocupado agora rsrs
Edson Moura disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Edson Moura disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Edson Moura disse…
Leví, que belo discurso sobre a dialética da conversa. Curiosamente, outro dia eu estava lendo algo em uma das revistas que recebo em casa. O artigo falava sobre a "informação".

Será a boa e velha informação a grande "pivô" de toda a beleza que há na conversa, seja ela concordância ou discordância? Talvez sim.

Mas a informação é algo tão impalpável, não sabemos se é fisico ou metafisico, ou os dois ao mesmo tempo, ou nenhum destes, ou seja, a informação que tanto nos interessa, é algo que ainda não tem uma forma, não foi catálogada com uma "coisa", informação é só informação.

Conversar é, antes de mais nada uma troca contínua de informações, e mesmo que a pessoa esteja à par de tudo que você diz, ainda assim ela estará recebendo uma informação, mesmo que seja uma do tipo: "Esse cara acha que sabe tudo!", ou, "Quero fazer amizade com ele porque posso tirar proveito deste relacionamento."

O homem só chegou até aqui porque desenvolveu uma maneira de comunicação muito eficaz. ele aprendeu a conversar. Entendeu que atravéz de uma conversa é possível fazer com que seus inimigos deponham suas armas.

Parabens pelo belo artigo Leví.
Levi B. Santos disse…
GRESDER


Você deu um potente pontapé para o início da partida. Jogou esplendidamente.

A história do nascimento do diálogo é descrita de forma metafórica na Bíblia, quando um anjo por ser formoso e cheio de brilho provocou a admiração dos demais e, consequentemente, as reações bilaterais. Não devemos esquecer que o primeiro degrau da inveja chama-se admiração (rsrsrs).

Será que não foi esse anjo (e seus admiradores) que ao descer ou ser expulso do céu deu o primeiro passo para o nascimento do diálogo???

Mais uma pergunta faço aos confrades, e principalmente ao Gresder (que fez seu streap-tease, publicamente)

Esse anjo (metáfora do desejo de transgredir) que foi expulso do céu, poderia se livrar de suas propriedades inéditas de ser portador de simpatia irradiante? Se ele se esforçasse para ser “generoso e altruísta” não estaria sendo hipócrita ao esconder ou reprimir a sua própria natureza?

Ele poderia abdicar de sua beleza inata, para com isso não incomodar os demais anjos que se sentiam involuntariamente rebaixados pela sensação de inferioridade?
Levi B. Santos disse…
Caro Edson Noreda


“O homem só chegou até aqui porque desenvolveu uma maneira de comunicação muito eficaz. ele aprendeu a conversar. Entendeu que através de uma conversa é possível fazer com que seus inimigos deponham suas armas” (Edson)

Você falou em “fazer com que seus inimigos deponham as armas”.

Não nego, que no diálogo existe uma certa dose de competição. Mas o que não podemos deixar de perceber é que terminada a guerra, os vencedores sempre se apropriam dos despojos dos vencidos, catando entre as posses dos derrotados o que melhor lhes vai servir para o futuro.

Nesse ponto o GRESDER foi muito feliz, ao dizer em seu comentário:

Usamos o outro, suas idéias contrárias para acrescentar as nossas. Isso de forma imperceptível sem dar o mérito para ele.
Boa Postagem.
É com idéias contrárias e desconhecidas que aprendemos. Opiniões diferentes somam.

Pelo visto, a ordem de postagem proposta já foi para as cucúias. Dois já publicaram em dobro.
guiomar barba disse…
Levi, Você deve haver feito delirar os apostatas com esta afirmação tão sem sutileza, mas com uma crueldade absurda ao julgar Deus como um tirano, um pobre ser sedento de uma glória indevida.

"E o que se havia perdido ou jogado fora, nada mais é do que o outro lado da moeda, que representam os nossos afetos transgressores, descrito de forma alegórica, como “os anjos que resolveram discordar” da autoridade máxima, que exigia silêncio, glórias para si, e não a conversação ou a troca de idéias".

Quando Jesus disse: vim buscar o perdido, ele se referia exatamente a nós que nascidos no pecado, tivemos a nossa mente distorcida por ele e nos afastamos de Deus como consequência. Ele veio restaurar-nos, então, a imagem e semelhança de Deus.

Beijo.
guiomar barba disse…
Pontos de vista e formas de ser parecidas nos fazem sentir acolhidos, enquanto as diferenças e a diversidade de opiniões nos fazem sentir sozinhos e desamparados”.


Este desamparo pode refletir o orgulho de um ego?
Levi B. Santos disse…
Levi, Você deve haver feito delirar os apostatas com esta afirmação tão sem sutileza, mas com uma crueldade absurda ao julgar Deus como um tirano, um pobre ser sedento de uma glória indevida. ( Guiomar)

Era assim que Javé, ou o Superego dos antigos, assim como nossos avós (crentes) agiam: “Desobediência = Castigo = expulsão do lar.

O meu bisavô antes de dar uma surra de varas em uma de suas filhas que o tinha desobedecido, leu solenemente essa passagem bíblica , que diz:

“Quanto a ti, corrige com vara o jovem, e livrá-lo-ás da morte”. (Provérbios 23,14)

Talvez você não tenha prestado bem atenção ao espírito do texto. Não foi minha intenção dizer que seu Deus é tirano

Tomei o mito do Gênesis, com afigura de Deus, dos anjos obedientes e dos anjos rebeldes para explicar os nossos afetos profundos. O céu como símbolo de nossa psique (onde de forma rudimentar já existia a ambivalência dos afetos – anjos maus e bons, e Deus (pai) que no “Complexo de Édipo” ameaçava de castração o filho, caso ele desejasse libidinosamente a mãe, símbolo do feminino que estava no próprio Deus.

Ou você nunca pregou, Guiomar, que Cristo é nosso advogado perante este Deus, que é fogo consumidor?


Abraços,
Levi B. Santos disse…
Quando Jesus disse: vim buscar o perdido, ele se referia exatamente a nós que nascidos no pecado, tivemos a nossa mente distorcida por ele e nos afastamos de Deus como consenquência. Ele veio restaurar-nos, então, a imagem e semelhança de Deus. (Guiomar)

“Ele veio buscar o que e não quem se havia perdido”

Antes do homem ou do nascimento da consciência algo se perdeu no céu (metáfora de nossa psique). Vivíamos no paradisíaco colo de nossa mãe, e nos sentíamos como uma extensão dela (Èramos UNO), até que fomos expulsos desse Éden para existir, para o “bem” ou para o “mal”.

Fomos expulsos desse paraíso idílico, mas ficou em nós osentimento de voltar — ou o de RELIGAR-SE. Ficou arraigado em nós esse desejo de retornar (o eterno retorno) para o lugar onde tínhamos tudo sem nenhum esforço.

Pois é minha cara amiga Gui, é esse sentimento nobre que ainda age em nós, que a “religião” tomou para si, a fim de nos amedrontar, explorar e ganhar mundos e fundos a um alto custo: o de tentar nos tirar das trevas da ignorância para uma dez vezes pior – a da escravidão eclesiástica

QUE PENA!
Levi B. Santos disse…
Altamirando

Foi bastante pertinente a sua observação.

A sequência dos autores a publicar suas postagens virou uma anarquia, justamente por que alguns confrades não apareceram para publicar seus textos quando estavam na vez.

Tenho, porém, uma solução a apresentar à confraria:

Quando Edu, falou que era minha vez de postar, eu passei em revista as últimas postagens e vi que o Gabriel não tinha postado nada há três meses. Achei justo que ele postasse antes de mim. Foi o que aconteceu.

Poderíamos fazer o seguinte: o convite para as próximas postagens seria para quem estivesse mais tempo sem postar, obedecendo ao intervalo de quatro dias entre as publicações.

Que tal?
Foi feita uma relação para postagens em ordem alfabética. Era, ou é, só obedecer. Quando chegar minha vez, eu posto ou passo a vez para o próximo.
Somos 12 membros. A partir da decisão da ordem, foram postados 9 textos por 7 menbros e ainda faltam Evaldo Wolkers, Hubner Brás, J.Lima, Márcio Alves, Paulinha.(5).
Levi Bronzeado, não foi sua intensão dizer que Deus é um tirano. Não precisa você dizer, a bíblia demonstra um Deus egoísta, vingativo, tirano e comunista. Quer documento melhor que a própria?
Muito interessante este seu texto, Levi. Parabéns! E não é à toa que eu leio teólogos liberais e busco estar em contato com grupos diferentes de mim como ateus, a extrema esquerda da politica, os anti-ecológicos, etc. E, como sou um ser em transformação, também não deixo de ouvir os pentecostais, os crentes fundamentalistas, os direitistas da política e os ambientalistas...

Concordo sobre a questão dialética e acho interessante como vê isto nas histórias bíblicas, muito embora faltassem muitos séculos para Hegel nascer quando o último livro do NT recebeu sua reddação final.

Meu pensamento é que as trevas seriam a nulidade absoluta, a negação da existência e da marcha dialética da vida, ainda que sem ela não haveria motivos para que a luz fosse denominada como tal ou mesmo para que reconhecêssemos o bem sem a existência do mal. Ou ainda, talvez nem compreenderíamos a vida sem que a morte pudesse ao menos existir. Ou o existir ser compreendido pelo não existir.

De qualquer modo, a existência das trevas, do mal e da morte levam o homem a refletir sobre a escolha da luz, do bem e da vida.
Levi B. Santos disse…
Altamirando


”Não foi minha intenção dizer que seu Deus é tirano”

Eu disse “seu Deus” (a “Imago Paterna” internalizada por Guiomar) - rsrs

Na verdade, considero a história de Deus, como a história do Homem. A “imago Paterna” que se esconde lá no mais profundo de nós, reflete apenas os afetos do próprio homem. Quando ele é generoso vê seu Deus altruísta. Quando ele se encontra raivoso vê um Deus vingativo.

O Deus do V.T. não tinha nenhum estilo peculiar de falar. A Sua “Fala” variava conforme os dotes dos profetas, conforme sua erudição: se era requintado, lacônico, severo, rude, prolixo ou obscuro.

EXEMPLO: Jeremias em suas lamentações (enquanto estava com a alma deprimida), nunca que profetizou coisa boa sobre Israel. Psicologicamente, não estava em condições para tal façanha.
Levi B. Santos disse…
Caro Rodrigo


De qualquer modo, a existência das trevas, do mal e da morte levam o homem a refletir sobre a escolha da luz, do bem e da vida.

Aqui, eu lhe faria uma pergunta:

Não aprenderíamos mais sobre nós mesmos e os outros, se pudéssemos considerar as dualidades: “ Trevas — Luz”, “Mal e Bem” como elementos indissociáveis ou intrínsecos de nosso psiquismo ou natureza.

Acredito que essa nossa dualidade interna, se constitui na razão primordial para se manter aceso o diálogo. Penso que o prólogo do Gênesis bíblico, quer nos mostrar, hoje, exatamente isso.

Pense nisto, caro amigo
Levi Bronzeado, você não teve o propósito, nem o Deus é meu.
Concordo contigo, a bíblia é um livro onde cada um encontra o que procura e tem resposta ambígua para qualquer questão. Tem Deus para todos os gostos.
O texto nos induz ao diálogo e a troca de conhecimentos. Sempre discambamos para a desinformação desnecessária como estas:
Em Gênesis 1:2, Deus fez a luz e a separou das trevas. Chamou a luz, de dia e a escuridão, de noite. Isto no 1º dia.
Fez o firmamento entre as águas e as separou no 2º dia. Criou as árvores, as ervas, floriu e frutificou tudo, no 3º dia.
Fez o sol e a lua no 4º dia.
O macaco só quer perguntar...
Que luz Deus criou no 2º dia de criação e que planta frutificou se ele só criou o sol no 4º dia?
É sabido que a energia escura é bem mais potente que a energia clara, e quem a criou a escuridão?
Me dá a entender que quem publicou isto, não sabia a diferênça entre uma azeitona e um rola-bosta.
Eduardo Medeiros disse…
Levi, a metáfora do nascimento do contraditório na história da rebelião dos anjos é formidável.o céu, lugar do pensamento único, de repente é visitado pelo contrário, pelo questionamento.

mas na narrativa bíblica, os anjos que ousaram questionar e foram expulsos, foram condenados; estão fora de qualquer possibilidade de voltar ao "perfeito estado" e nem conseguem fazer a síntese necessária.

o que isso significa?

"Ah, se pudéssemos compreender... quer mostrar exatamente a impossibilidade de viver sem a ambivalência, sem esse confronto dos afetos contraditórios. A história do cristianismo é uma história inversa de um Deus correndo atrás do homem."

é isso mesmo levi, bem observado. a história da religião bíblica é a de deus sempre correndo atrás do homem para uma re-ligação.

" 'Eu vim buscar o que se havia perdido', dito por Cristo. E o que se havia perdido ou jogado fora, nada mais é do que o outro lado da moeda, que representam os nossos afetos transgressores,"

gostaria que você falasse mais sobre "o que se havia perdido" como sendo nossos afetos transgressores.
Eduardo Medeiros disse…
altamirando, você é ateu e vive se dirigindo a deus lhe dando adjetivos como se ele existisse...levi explica? kkkkkkkkkkk
Eduardo Medeiros disse…
altamirando, tudo bem, o levi já explicou...rss

"Na verdade, considero a história de Deus, como a história do Homem. A “imago Paterna” que se esconde lá no mais profundo de nós, reflete apenas os afetos do próprio homem. Quando ele é generoso vê seu Deus altruísta. Quando ele se encontra raivoso vê um Deus vingativo."

é isso. a história da bíblia é a história antes do homem que de deus; ou a história do homem tentando compreender a história como se ele de fato não fosse o seu autor, projetando no seu deus o que se origina nele próprio.
Eduardo Medeiros disse…
altamirando (de novo kkkk), meu nobre confraterno, sua pergunta deveria ser posta em lugares mais confessionais e conservadores que com certeza dariam mil desculpas de exegese mal feita para confirmar a cientificidade de um texto que nunca se pretendeu científico e sim, simbólico.
Eduardo Medeiros, Quem te afirmou que sou ateu?
Eu me explico: Só estou tentando me inserir no contexto já que os tópicos das discussões sempre descambam para religiosidade.
Sou ateu, graças a Deus!...He, he..
Eduardo Medeiros disse…
rodrigo e levi: sobre a dualidade:


"Não aprenderíamos mais sobre nós mesmos e os outros, se pudéssemos considerar as dualidades: “ Trevas — Luz”, “Mal e Bem” como elementos indissociáveis ou intrínsecos de nosso psiquismo ou natureza."

o dito de isaías que faz deus dizer que cria a luz e as trevas parece confirmar o que o levi está expondo.

deus é aquele que conhece o bem e o mal, segundo o gênesis e vive digamos, em perfeito equilíbrio entre esses dois pólos necessários para se ter uma visão amadurecida da vida e de si mesmo.

(levi, eu sei que você deve estar pensando: mas cadê o monismo que o edu defendia? kkkkkkkk deixemos essa discussão para ocasião propícia, mas creio que a dualidade não contadiz o monismo)

deus (pai) simbolicamente queria deixar o filho(adam) somente com a inocência do bem e da luz mas deus sabia que assim ele seria incompleto e não seria "como um de nós".

mas se a intenção divina foi criar um ser à sua imagem e semelhança, como destituir dessa criatura a possibilidade de equilibrar bem e mal?

dizem os rabinos que a intenção divina sempre foi que adam comece do fruto e percebesse a contradição do seu ser mas a mulher (sempre ela...rs) precipitou as coisas e adquiriu essa percepção de uma maneira que não conseguiria manter o equilíbrio, por isso, foram expulsos do paraíso (lugar simbólico do equilíbrio que deve existir em nós).
Eduardo Medeiros, claro que a explicação do Levi cai como uma luva em mim e em quem quer que seja.
Todos nós temos uma "imago paterna" religiosa no subconciente provocada por ensinamentos na infância que pode ser a favôr ou contra o cristianismo ou a qualquer religiosidade. Mas isto eu também falei, existe Deus para todos os gostos, já que cada um faz o seu. O que eu seguia era mentiroso e seus preceitos e ensinamentos bíblicos não tem sustentação. O que me traz indignação é o fato de ter sido enganado com mentiras tão escabrosas e ainda existirem pessoas que deteem certa cultura e se declaram evangélicas, como Marina Silva. E quando tem chance querem pregar a mesma ladainha. Eu me defendo dizendo a que vim.
Eu não sou ateu. Eu estou ateu, graças ao Deus dos outros. He,he..
Eduardo Medeiros disse…
altamirando, o quê?


"e ainda existirem pessoas que deteem certa cultura e se declaram evangélicas,"

aí você ofendeu, cumpadi, eu sou batista graças a deus...kkkkkkk
Levi B. Santos disse…
Edu e Altamirando

O pai dos tempos arcaicos, guerreiro e heróico é a “encarnação” do Deus ocidental. A história mítica do Gênesis mostra esse Deus, tal qual um pai rigoroso reinando sobre as famílias e decidindo castigo aos filhos que dele discordasse.

Mas veio o tempo do diálogo trazendo em seu bojo a revolta que permitiu voltar a opressão para direção oposta. Com o nascimento do diálogo nasce concomitantemente a oportunidade do discordar. A força mortífera e devastadora do Pai, dá lugar a seu contrário. É quando aparece a outra face desse Deus, que surge agora como porta voz de uma rebelião simbólica do filho contras os abusos do próprio poder paterno.

Por isso se diz que a religião do filho (cristianismo) é fundada no luto do pai todo-poderoso. Finda-se o gozo masoquista do Pai e surge a adesão a um pai não poderoso que se cala diante da violência da maldade humana.

Quando estava na cruz, Cristo começa por pedir uma explicação ao Pai, supondo que Ele poderia, se quisesse, ter o poder de o livrar da morte. Deus passa agora, a ser um símbolo, para além da potência do mal e do bem.

Hegel, diz que há uma certa mensagem atéia no seio do cristianismo. Diz ele, que é pelo cristianismo que se completa a destruição dos deuses.
Cristo (como filho portador de afetos ambivalentes) inverteu os pólos antes imutáveis, ao dizer para os da religião de Javé: “Vos tendes por Pai o Diabo!”.
Levi B. Santos disse…
Cristo disse o "Reino de Deus está dentro de vós" Dentro de nós está a dualidade ou os desejos ambivalentes que dialogam entre si, para que haja em nós, transformações pela renovação contínuada do nosso entendimento. E para isso é imprescindível o diálogo.

"O desejo do Senhor é para os seus Súditos, assim como os desejos dos súditos é para o seu Senhor"

Em nossa carne (psique) efêmera, Deus inteiro corre perigo. Não poderá achar o que se havia perdido se não cuidarmos disso e não o ajudarmos.
É dever nosso ouvir-lhe o Seu Grito e correr ao seu encontro para nos salvarmos ou nos perdermos com Ele
(Nikos Kazantzákis)
Levi B. Santos disse…
”mas se a intenção divina foi criar um ser à sua imagem e semelhança, como destituir dessa criatura a possibilidade de equilibrar bem e mal? (Eduardo)

Vejamos um exemplo de como nasce o bem e o mal através das ações

Acho que todos nós já passamos por situação como essas, quando éramos tenras crianças:

O menino berra querendo se apropriar do brinquedo do outro. A criança dona do brinquedo fará de tudo para não ser extorquida. Mas aí surge a mãe (da cultura ocidental) e diz para o filho portador do brinquedo: “para ser bonzinho meu filho você tem que ceder seu brinquedo ao outro que está chorando”
O menino que renuncia o brinquedo em favor do outro passa a ser tido como um menino do bem e o outro egoísta passa a ser visto como um menino mal..
Aqui, aparentemente,a boazinha é aquela que perdeu a posse do que tinha. A egoísta foi má, porque se apropriou indevidamente do que não era dela.
Por esse caso podemos dizer que o “bem” nasce depois do “mal”. Nasce como uma renúncia às pressões do “mal” . Pela rendição ou fraqueza nasce o generoso que a cultura transformou em virtude para satisfazer o egoísta.

Vejamos o outro lado da moeda: A criança virtuosa que entregou o brinquedo passou a se sentir forte e superior por ter doado o que o outro não tinha. E a outra ficou como a parte mais fraca, por não ter vencido a tentação de querer o que não era seu.

O generoso num primeiro instante foi fraco ao ceder o que era seu ao mais forte. Mas só cedeu, devido a ordem que veio da mãe. Em psicanálise dizemos que o generoso, às vezes, é aquele que cede revoltado, por uma ordem interna (do Superego) contrária a sua.

Em suma o generoso é aquele que se considera forte por ter se sacrificado em favor do egoísta. E o egoísta aquele que se sente fragilizado por ter que depender do outro em sua satisfação, passando a invejar o altruísta.

Por sua vez, o generoso, com o tempo, passa a se sentir parasitado pelo egoísta, e começa a invejá-lo.
O bem e o mal trocam de lado conforme as circunstâncias

Agora, passo a bola para vocês (rsrs)
Eduardo Medeiros, então você se ofendeu por eu ter dito que não entendi por quê algumas pessoas que deteem certa cultura, se dizem evangélicos.
Agora eu não entendi você.

Não entendo como uma personalidade que teve acesso à cultura, sabe ler e "interpretar" textos, é seguidor de um livro que para ser entendido lhe é dado a interpretação que melhor lhe convier. Se engana pelo prazer de ser.
Assim como não entendo o jogador compulsivo que sabe só ter ínfimas chances de ganhar e continua blefando.
A carga religiosa que eu recebi como cultura na infância me deixou marcas indeléveis no sub conciente que até hoje eu tento apagar. Se você for lá no meu perfil verá que minha leitura é destinada a combater a imbecilidade que me foi imposta.
Para ofender alguém, eu tenho que me ofender primeiro e acho que não estou só.
Me desculpe, mas não entendi você.
Levi B. Santos disse…
Bravo, Altamirando!


Essa sua frase, vou colocá-la no “Pensamento do Dia”:

Para ofender alguém, eu tenho que me ofender primeiro e acho que não estou só.

Com essa sua emblemática afirmação, você resumiu maravilhosamente o epilogo do texto que postei:

“Pontos de vista e formas de ser parecidas nos fazem sentir acolhidos, enquanto as diferenças e a diversidade de opiniões nos fazem sentir sozinhos e desamparados”.

Seu ponto de vista foi igual ao meu, por isso me senti acolhido, ou em outras palavras: gratificado (rsrs)
Hubner Braz disse…
Levi texto fantastico,

Nossa vida é recheada de forma paradoxal em ambiquidades diferenciadas que depende do lado da moeda.

Fico até sem jeito de comentar diante de tantos comentários ricos em conteudos e diversidades culturais que nós traz conhecimentos sem fim.

A minha demora, para comentar no seu texto, e que estava em Balneário de Camboriú-SC... demorei 13 horas para chegar lá e 12 horas para chegar em casa. Isso numa viagem de 6 horas para ir e 6 horas para voltar...

Mas emfim, depois de 4 horas de engarrafamentos, pontes que cairam, barreiras que impediam a passagem dos carros e acidentes terrivéis.

Estamos em casa Graças a Deus. E já poderemos iniciar a difícil arte do diálogo.
Levi Bronzeado, de início, obrigado. Não foi minha surpresa você se sentir"acolhido". Quando eu disse que não estou só, è abrangente a ofensa a mim mesmo. Sei que requer coragem para dizer que me tornei ateu por culpa de uma religião que se fundamenta num Deus simbólico, perverso e mentiroso que acolhe em sua sombra os Silas Malafaia e os Paulos VI.
Atavés da cultura (eu disse cultura) eu tentei protejer meus filhos do assédio de Fernandinho Beira Mar e Edir macedo.Será que estou errado?
Você me fez sentir acolhido, obrigado.
guiomar barba disse…
Levi, estou numa correria, estou indo novamente para Bolívia em busca das minhas ovelhas feridas, que eu amo demasiado. rsrs

Fazem uns 4 anos que nos conhecemos virtualmente, até hoje eu não sei quando você vai sair de cima do muro.
Dou graças a Deus que você não tenha se convertido aos dogmas daqueles que queriam lhe proibir você brincar seu carnaval, etc e tal, mas por outro lado, fico triste de perceber que as vezes você crer em Deus, outras vezes você fala como um cético.

Vivíamos no paradisíaco colo de nossa mãe, e nos sentíamos como uma extensão dela (Èramos UNO), até que fomos expulsos desse Éden para existir, para o “bem” ou para o “mal”.

E os milhares que nunca tiveram o colo paradisíaco de uma mãe, mas sim a crueldade de quem o pariu?

Eu creio, que, o que nos faz falta mesmo é estarmos em paz com Deus, restaurados à sua imagem conforme a sua semelhança. Este para mim é o melhor lugar do mundo.
guiomar barba disse…
Levi, gostei da pergunta do Edu, mas veja outras traduções: "Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar "o" perdido. (Lucas 19.10 versão SBB) Mas, não fique ai, veja o contexto. Jesus falou exatamente quando se murmurava porque ele estava na casa do publicano Zaqueu, que na hipocrisia dos murmuradores, era indigno. Veja que Jesus diz: "Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.

E quem entende de gramática, pode também, lendo o contexto perceber claramente que Jesus estava falando que veio buscar O homem perdido.
Veja a parábola da ovelha perdida.

Te amo amigão.
guiomar barba disse…
Altamirando meu amado, quero muito bem a você, sabia?
De ateu você não tem nada, você odeia Deus porque acha que Ele é tirano e omisso. kkkkkkk
Busque o Deus verdadeiro, este que eu amo tanto. Beijão.
guiomar barba disse…
Altamirando, leia por favor, Não Há Silêncio Que Não Termine da Ingrid Betancourt, refere-se aos ano dela no cativeiro colombiano.
Guiomar Barba, minha flôr.

Eu não odeio Deus. Ele (se existe) não pode ser responsável pela maldade humana cometida em seu nome. Tenho ódio dos hipócritas que se arvoram em seu nome. Como não sou caolho, também não o considero autor das bondades. Se ele não existe para umas, não existe para outras. Só acredito naquilo que se move e faz sombra. E não age com provas de oitiva.

Vou procurar o livro indicado e lerei com prazer. Há tempos li um similar; "Se me deixam falar" de Domitilla. Sobre o mineiros bolivianos.

Abraços.
Eduardo Medeiros disse…
altamirando, eu não me ofendi não, estava apenas brincando...

você não acha que dizer que pessoas com cultura não deveriam ser religiosos e ter fé é um certo preconceito ou uma opinião no mínimo distorcida?

cultura e religiosidade não são autoexcludentes, meu amigo, não se exaspere em ver alguém culto e dizendo "creio em deus", isso é uma coisa muito normal.

eu acredito que a tal da "imago dei" não é aprendida, ela é inata à nossa espécie. primeiro vem o que é inato, depois vem as construções sobre aquilo que inato é. a partir do momento que nossa espécie desenvolveu a linguagem simbólica, ali os deuses nasceram.

realmente eu sinto muito que muitos ateus são ex-crentes, teístas que deixaram de crer no deus que antes acreditaram por perceber que a "imago dei" que ele cria não é verdadeira. mas aí jogam o bebê junto com a água suja...

"Não entendo como uma personalidade que teve acesso à cultura, sabe ler e "interpretar" textos, é seguidor de um livro que para ser entendido lhe é dado a interpretação que melhor lhe convier. Se engana pelo prazer de ser."

altamirando, é certo que a bíblia pode ter diversas interpretações de acordo com épocas e circunstâncias mas isso é um atributo que ela mesma se impõe.

a compreensão do deus de israel jamais foi monolítica, homogênea e pétrea, ela sempre foi, desde o princípio do javismo, maleável e dinâmica, e eu sei que você sabe disso. logo, esse é um julgamento sem sentido, pois os sábios rabinos jamais quiseram definir a mensagem da torá e dos profetas em algo imutável; da mesma forma, o espírito da reforma de lutero e cia era reformar sempre reformando.

eu não precisava dizer isso pois eu sei que você conhece a histórica bíblica melhor do que eu. procure adentrar a níveis mais profundos da mensagem e do texto bíblico (como faz o levi com suas abordagens psicanalísticas) e poderemos encontrar tesouros por baixo do monturo da literalidade crua e simples.

mas vamos voltar ao tema do levi que é muito importante e está rendendo excelentes comentários.
Eduardo Medeiros disse…
levi, sobre o que você disse

"Em suma o generoso é aquele que se considera forte por ter se sacrificado em favor do egoísta. E o egoísta aquele que se sente fragilizado por ter que depender do outro em sua satisfação, passando a invejar o altruísta.
Por sua vez, o generoso, com o tempo, passa a se sentir parasitado pelo egoísta, e começa a invejá-lo.
O bem e o mal trocam de lado conforme as circunstâncias "


com isso você declara que bem e mal não existem como absolutos; mas você acredita que formas de mal podem tornar-se absolutas por jamais poderem ser relativizadas como o bem?

esse conceito é vasto e capaz de abarcar toda e qualquer atitude como passível de ser relativizada?

a expressão "absoluto" designa algo perfeito, acabado, como por exemplo, em estética, o belo absoluto; e se tem a discussão se absoluto é sempre o oposto de relativo, pois sem um não pode existir o outro, logo, para se haver relativos, tem-se que ter o absoluto diante do qual pode-se relativizar o outro.
Levi B. Santos disse…
Eduardo


“gostaria que você falasse mais sobre "o que se havia perdido" como sendo nossos afetos transgressores (Edu)

Peço-lhe desculpas, por que você fez a pergunta acima, lá atrás, e não dei a atenção devida. Mas, para uma melhor degustação vou postar um texto no “Ensaios & Prosas”, possivelmente amanhã, sobre essa questão dos afetos transgressores de nossa alma (rsrs)

Quando eu citei a seguinte frase;

“O bem e o mal trocam de lado conforme as circunstâncias " , Eu quis dizer aquilo que os nossos ancestrais resumiram nesse famoso e significativo ditado: “Todo mal traz um bem” – grande verdade psíquica. Mas isso, amanhã, dissecaremos melhor, no texto que irei postar, que vou aqui antecipar o título: A Dimensão “BEM —MAL” em Nossa Cultura”

A discussão vai continuar por lá. Isto é, se vocês não estiverem de saco cheio e quiserem continuar nessa difícil, mas agradável arte de dialogar. (rsrsrs)
Levi B. Santos disse…
Hubner


Você chegou quase no final do banquete.

Mas vamos a sobremesa (rsrs), isto é, a uma perguntinha, para você soltar o que o espírito lhe mandar falar:

Você acredita que do ”céu” de nossa psique expulsamos ”anjos caídos todos os dias? (rsrsrs)
Levi B. Santos disse…
Altamirando

Esse deu$ perverso e mentiroso que acolhe em sua sombra os Silas Malafaia e os Paulos VI é um Deus com ”d” minúsculo e um cifrão no fim. (rsrs)

Esses cara de paus são exploradores do “sentimento religioso" inerente a raça humana, para fins espúrios.
Levi B. Santos disse…
“Fico triste de perceber que as vezes você crer em Deus, outras vezes você fala como um cético. (Guiomar)

No texto que escrevi usei os elementos míticos bíblicos como metáforas para explicar os nossos afetos contraditórios. Isso não é pecado, ou é Gui?

Gui, nós somos como uma moeda em repouso . Há uma face sempre oculta, que quase sempre não aparece em nossos discursos religiosos maniqueístas.
Como aquele pregador que ao chegar a sua casa, após o término dos seus fantásticos sermões, executava a velha rotina: despia-se de sua colorida indumentária, lavava o rosto, para retirar as tinturas da pegajosa maquiagem, e vestia o seu pijama de pura seda, para mergulhar, em seguida, na sua imensa e macia cama.
Mas, teve uma noite, que antes de deitar, ele deu uma olhadinha no espelho do seu quarto para ver a sua imagem refletida, e ouviu como que uma voz a soar nos seus ouvidos: “Quem é você depois daquele bonito sermão?”

Ósculos santos nas suas duas faces (rsrs)
Eduardo Medeiros,

A religiosidade nada tem a ver com cultura. Independem. Você pode ser o maior intelectual ou o melhor cientista do LHC, NASA e ter suas crenças sem acreditar que foi criado pelo Deus cristão há 6000 anos, nem evoluiu de um macaco há 50000 ou de uma ameba há 3,5 milhões de anos.

Eu tenho minhas crenças e dentre elas há um criador, ou diretor, ou maestro, ou presidente, ou uma figura que se pode dar o nome de Deus que através de uma energia rege o universo com toda sua grandeza e complexidade.
Para toda ação há uma reação.
Eu nasci, sobrevivi, bebi, cresci, comi, estudei, trabalhei, procriei, envelheci e morri.
Mesmo com caráter ilibado mas sem pertencer a nenhum dos Deuses, fui para o inferno. Não foi para isto que eu vim. Deve haver um motivo mais nobre, útil ou justo.
Estou vivendo um universo onde dois corpos ocupam o mesmo espaço e mesmo ínfimo, uma parte procura um norte. Não tenho como referência o ponto zero, então, na bíblia eu não vou achá-lo.
Ter cultura não é só saber ler, ler eu já aprendi.
Eduardo Medeiros, eu não preciso de explicação melhor do que esta:

"altamirando, é certo que a bíblia pode ter diversas interpretações de acordo com épocas e circunstâncias mas isso é um atributo que ela mesma se impõe". He, he, he..

Obs: O he, he, he é meu.

Abraços.
Guiomar Barba disse…
Altamirando, tem muita coisa que você nunca viu se mover, imagina fazer sombra, e você acredita, e pior... depois descobrem que foi equívoco.

Uma dica: eu comprei o meu livro em uma livraria por 49 mas neste site:http://compare.buscape.com.br/proc_unico?id=3482&kw=nao+ha+silencio+nao+termine você compra bem, mais bem mais barato e ainda recebe em casa.
Pena que eu só soube depois.
Beijo.
Guiomar Barba disse…
Levi, No texto que escrevi usei os elementos míticos bíblicos como metáforas para explicar os nossos afetos contraditórios. Isso não é pecado, ou é Gui?

Eu não tenho paranóia com pecado rsrs


Gui, nós somos como uma moeda em repouso . Há uma face sempre oculta, que quase sempre não aparece em nossos discursos religiosos maniqueístas.

Você continua em cima do muro. Não me respondeu.
Eu sei das nossas ambiguidades. Mas cada lado da moeda é definido, por mais complexo que seja.

Eu odeio quando me percebo hipócrita e isto poderia não ter nada haver com Deus. (Parece que sai do racíocinio, mas assim sou eu).
Beijão.
Guiomar Barba disse…
Levi,

Você não falou nada sobre o meu comentário quanto a afirmação de Jesus: Eu vim buscar e salvar o que se havia perdido.

Edu você leu meu comentário?
Eduardo Medeiros disse…
ok, altamirando, gostei do discurso. e o he, he, he não é seu não...heeeeeeee
Levi B. Santos disse…
Guiomar

Você continua em cima do muro. Não me respondeu.Eu sei das nossas ambiguidades. Mas cada lado da moeda é definido, por mais complexo que seja.

Ah minha amiga, existe uma face (a nossa sombra) que é feita de impulsos excessivamente dolorosos, constrangedores ou desagradáveis de aceitar. O crente diz, sobre essa face obscura: “só Deus conhece esse meu lado”. A psicologia diz: “não sabemos porque sentimos o que sentimos”

Ao julgarmos o outro por uma suposta transgressão (ou blasfêmia contra Deus), estamos simplesmente o repelindo, porque ele ameaça a moral religiosa; porque ele expõe a nudez que deve está sempre vestida com os trajes reacionários do discurso moralista-religioso.

“Só Deus reconhece na máscara o sintoma de um corpo que teme ser ele mesmo” (citação do rabino Nilton Bonder)

Repelimos o herege ou o transgressor, porque ele coloca em perigo a nossa tradição.

Guiomar, Você poderia até dizer que saí de cima do muro com essa constatação psicanalítica da face que sustenta a religião, que transcrevo agora:

“Na verdade, Satã (metáfora da outra nossa face) não seria tão importante se as questões que ele traz à luz não fossem as grandes questões humanas.

Pense nisto...

Abraços heréticos (rsrs)
Levi B. Santos disse…
Sobre Zaqueu

Guiomar, não esqueça, que Zaqueu era estigmatizado publicamente como pecador que não merecia perdão. Ele, significa em psicanálise o desejo de ver Jesus, simboliza o filho pródigo da parábola, o desejo do auto-conhecimento, o desejo de enxergar dentro de si.

Só ao reconhecer o mal que nele habitava, e ter reconhecido o seu violento instinto de prejudicar o outro, de fazer do outro uma escada para o seu sucesso (como fazem os mercadores da fé em evidência na TV) é que pode deixar de valorizar o TER, para enfim reconhecer-se como um SER ambivalente. Despiu-se perante o mestre dos mestres: “Olha eu aqui nu”. Quando cada um de nós assim o faz, liberta-se de um pesado fardo.

Abçs
guiomar barba disse…
Levi

“Na verdade, Satã (metáfora da outra nossa face) não seria tão importante se as questões que ele traz à luz não fossem as grandes questões humanas

Não necessitamos de satã para trazer à luz as questões humanas, o outro lado da moeda deixa elas tão claras como a luz do sol.

Meu amigo, sem religião, sem dogmas, sem hipocrisias, quero você bem cheio de Deus, eu te amo muito. Beijão.
guiomar barba disse…
Levi, exatamente como você explica, o homem estigmatizado, estava diante daquEle que veio buscar o perdido. Ele estava perdido nos seus pecados, nas suas ambições, mas tinha um coração sedento de justiça e percebeu que sozinho não podia restaurar a sua imagem, essencialmente seu espírito e foi ter com aquele que derramou sangue limpo para purificação dos nossos pecados.

O lindo, foi que ele se desnudou porque sabia diante de quem estava, e não tava nem aí para a hipocrisia dos religiosos.

Amo Jesus!
guiomar barba disse…
Mesus confrades, amo você com muito carinho também. Estou viajando hoje para a Bolívia, me aguarda muito trabalho, portanto, não sei se terei o luxo de vir comer aqui e me deliciar, mas com certeza vocês estarão sempre presentes no meu coração e nas minhas orações.

Amo cada um em especial. Beijão pra todo mundo em cada bochecha.
Levi B. Santos disse…
HOJE É DIA DE POSTAGEM

O confrade Marcio está sobrecarregado com o trabalho e a Faculdade.

Acho que a vez é da Paulinha, tanto pela ordem (antiga), como pelo critério de quem mais tempo está sem postar.

Confirma aí Edu, e vê quem dessa ordem anárquica dos autores, vai publicar o seu texto.

Tem também o Evaldo e o Hubner que passaram batido em sua vez de postar.

Desses que eu citei, quem for mais rápido no gatilho, posta (kkkkkkk)
Eduardo Medeiros disse…
levi, creio que deve ser paulinha mas como ela está de "férias", talvez evaldo que também "tirou férias"...talvez o único que esteja com algum texto para postar seja hubinho. e aí hub?
Eduardo Medeiros disse…
se nenhum desses postar, então o rodrigo tá com a vez
Levi B. Santos disse…
O texto que postei sobre “A Arte Difícil do Diálogo” está sendo corroborada, aqui na nossa própria confraria com todas as tintas, pois estamos há dois dias, esperando que apareça alguém com um texto que nos estimule a dialogar.

Acorda gente!
E aí, vocês não se decidem?
Sigam a ordem de ´postagem, quem não quiser passe a vez.
Levi B. Santos disse…
Altamirando


Esperemos mais duas ou três horas para ver se o Rodrigo ou os confrades anteriores a ele, postam algum texto.

Caso não apareçam, você é o candidato natural para mandar brasa no seu texto.

No impasse, o que vale é o voto do mais velho - "Gerontocracia" (vide Aulete ou Aurélio)
Levi B. Santos disse…
Em nome da C.P.F.G. quero agradecer a passagem por este blog, do ilustre Historiador, Psicanalista Clínico e Pastor Batista – Lamarque (Mauá – SP) – nosso seguidor de Nº 191.

Contar com a sua colaboração, Lamarque, através de comentários e críticas aos textos postados, seria de grande utilidade, além de um grande prazer para nós da confraria.

Seja bem-vindo, e faça desse espaço, sua casa (rsrs)


Abraços
Hubner Braz disse…
Pessoal, se a paulinha não postar até 00:00hs de hoje, eu postarei.

Thanks
Levi B. Santos disse…
Altamirando

O Hubner não apareceu, portanto, publica o teu texto no vácuo deixado por ele e pelos demais.
Hubner Braz disse…
Levi apareci,

Foi mal pela demora, sabe como é... Rsrsrs